Capítulo 10.

 

 

Passado algum tempo, reparei que, além da garota que estava se agarrando com o Diego, havia mais uma solteira... E, adivinha? Ela tava de olho no MEU NAMORADO.

Se insinuava descaradamente, como se ele não estivesse segurando minha mão. Na verdade, como se eu nem existisse. Resolvi ser tão falsa quanto as outras e fui falar com ela.

 

_Oi!! Acho que não nos apresentamos... Não lembro de ter te visto...

 

_Claro que nos apresentamos, tá maluca? Você é Bárbara, namorada do Felippe.

 

_Sério que você me viu? Achei que só tivesse visto o meu Lippe...

 

_Claro que eu vi... Mas eu tava olhando pra ele pra ver se ele me reconhecia... Ele era meu melhor amigo quando éramos crianças...

 

_Jura? Ele nunca falou sobre você... A propósito, qual seu nome?

 

_Ele nunca falou de mim?

 

_Nun-ca. Nunquinha. Qual seu nome?

 

_Gisele.

 

_Realmente... Esse nome nunca saiu da boca do meu namorado.

 

_Poxa...

 

_É... parece que ele te esqueceu. Agora, com licença, eu vou me sentar ao lado dele de novo. Não aguento muito tempo sem beijá-lo. Foi um prazer conhecer você.

 

Nem deixei ela responder, voltei pro lado do Lippe o mais rápido que pude. Assim que me sentei, puxei-o pela nuca e dei um beijo de tirar o fôlego. Pelo menos eu fiquei sem o meu...

Os amigos dele gritaram, assobiaram, apaludiram... E eu morri de vergonha.

 

_Babi, o que foi isso?_ ele perguntou, sussurrando.

 

_Um beijo, ué.

 

_Tá mas... eu tava conversando e você chegou do nada e me deu um beijo desses...

 

_Calma Lippe, respira. Foi pra mostrar pra aquela garota, a Gisele, que você já tá acompanhado. Ela fica se insinuando e...

 

_Tá com ciúme?

 

_To, e daí?

 

_Nada... mas, você disse Gisele?

 

_É, porque?

 

_Olha!! Não sabia que ela tava aqui... Eu a conheço desde criança...

 

_Ela disse que eram melhores amigos...

 

_Pfff... não chegava a tanto... Ela era uma boa companhia, gostava de brincar com garotos... Mas nunca fomos melhores amigos...

 

Yeah! Babi Namorada 1 x 0 Gisele Atirada.

 

Só me dei conta de que Lippe estava levantando quando um de seus amigos falou comigo, não com ele.

 

_Ei, aonde o Lippe ta indo?

 

_Falar com a Gisele.

 

Gisele Amiguinha 1 x 1 Babi Sem Companhia.

 

10 minutos depois, Lippe voltou. Se sentou ao meu lado e tentou me beijar, mas eu virei a cara.

 

_Ah, Babi! Não faz assim. Eu não tava conversando só com a Gisele, eu fui atrás do meu irmão e conversei com ele também...

 

_Você disse que não sabia onde ele tava.

 

_Procurei e achei. Ele tá voltando. Quando ele chegar você pergunta. Agora me dá um beijo.

 

_Quando ele chegar você me pede um beijo.

 

_Aff.

 

E ele não insistiu mais. Segurou minha mão e eu tentei soltar, mas ele não deixou e em seguida entrelaçou nossos dedos. A outra mão dele ficou em cima da mesa. Ou seja, ele não estava mandando nada pro Diego... Xii... Acho que desconfiei em vão...

 

_Lippe...

 

_Oi?

 

_Desculpa...

 

_Pelo que?

 

_Você vai mesmo fazer eu dizer o motivo?

 

_Calma... eu só perguntei porque acho que você não tem que se desculpar...

 

_Não?

 

_Não... Você sentiu ciúme, ok. Eu também sinto...

 

_Jura que não tá bravo por eu ter desconfiado?

 

_Juro!

 

_Yes! Me beija?

 

_Óbvio!

 

Na hora de ir embora, Gisele veio se despedir de nós. Ou melhor, do Lippe.

 

_Então tchau, Lippe... Pena que a gente tenha perdido contato... Aposto que eu seria melhor namorada do que essa pirralha.

 

_Ei! Antes pirralha do que vadia e desaforada!

 

_Quem pensa que é pra me chamar de vadia?

 

_Oh, eu não sabia que era uma vadia nobre...

 

_Ora, sua...

 

_CHEGA! As duas, parem. Gisele, quem você pensa que é pra falar assim com a minha namorada?

 

_Mas Lippe, ela me chamou de vadia...

 

_E você se mostrou uma o tempo todo que esteve aqui. Fingiu que não via a Bárbara ao meu lado. Pensa que eu não vi você se insinuando? Isso é ridículo. Por isso que resolvi manter distância de você. Você não é meu tipo de garota. A Babi é.

 

A vadia colocou as mãos no rosto e começou a soluçar alto, fingindo chorar.

 

_Ah, pelo amor de Deus... Vamos embora, Babi.

 

Assim que saímos, a felicidade pela ‘vingança’ foi substituída pelo medo da briga. Eu estava ficando cada vez mais nervosa, já que Lippe se mantinha em silêncio e nem me olhava. Mas aí, ao se aproximar dos amigos ele parou.

 

_Ei, pessoal!

 

_Fala, cara.

 

_O que vocês vão ver agora é a prova de que eu gosto só de uma garota, ok?

 

_Lippe, o que você tá fazendo?_ aquilo me deixou mais nervosa do que o silêncio.

 

_Provando pra você que não é qualquer Gisele que vai me fazer deixar de te adorar.

 

_Como?

 

_Fazendo isso...

 

Ele se aproximou e me deu O beijo. Aquele dos filmes em que a garota é levada até quase o chão, sabe? Como em uma dança...

Enquanto nos beijávamos seus amigos diziam coisas como ‘uoooooooou’, ‘ainda bem que não tem crianças por perto’, ‘vocês precisam é de um quarto...’. Só coisas fofas e que não me deixam envergonhada.

 

_Garoto, você ainda me mata e se mata por falta de ar.

 

_Se for pra morrer te beijando... Então que seja.

 

_Credo, Lippe! Prefiro você vivo!

 

_Calma! Era pra você ter achado fofo...

 

_Quem disse que eu não achei?

 

_Ei, vocês, a gente ainda tá aqui..._ reclamou Diego, que foi apoiado pelos amigos do Lippe.

Andamos todos juntos por mais algumas quadras e então cada um seguiu seu caminho. Aliás, Diego foi com eles. Só eu e Lippe fomos na direção das nossas casas.

 

_Lippe... você não conhece minha mãe ainda...

 

_É verdade... Quero conhecer minha sogra!! Ela tá em casa?

 

_Não... E amanhã eu tenho que sair com ela... Mas durante a semana ela tá... Quer dizer, ela trabalha, mas quando eu volto da aula falta pouco pra ela chegar, entendeu?

 

_Entendi sim! Fala com ela e a gente marca um dia pra eu aparecer ou pra vocês irem lá em casa... Minha mãe ta doida pra que você jante conosco.

 

_Mesmo? Que tenso.

 

_Sério! E é tenso porque?

 

_Você fala de mim pra ela?

 

_Falo, claro.

 

_E como seu irmão ainda não sabia?

 

_Porque eu falo só pra minha mãe.

 

_Aah... Cara, eu não sei nem o nome da sua mãe!

 

_Aah, mas ela sabe o seu...

 

_Então, tá errado...

 

_Aredite, você não vai ter muita oportunidade de falar quando estiver com ela... Eu e o Diego temos a quem puxar a respeito da tagarelice. A propósito, o nome dela é Christina.

 

_Bonito nome...

 

_É. E o da sua, como é?

 

_Flávia.

 

_Bonito nome, também. É um dos nomes que eu colocaria em uma filha...

 

_Mesmo?

 

_Aham. Aliás, eu pretendo ter pelo menos 2 filhos... Uma menina e um menino...

 

_É? Legal... Sabe que eu tembém?

 

_Opa! E com quem?

 

_De preferência, com você.

 

_Que ótimo... porque eu penso da mesma forma.

 

Quando ele acabou de falar, estávamos na frente do meu prédio. Ele se virou de frente pra mim. Uma das suas mãos segurou a minha e a outra me puxou para ele, acariciando meu rosto em seguida. Ele me beijou carinhosamente e nos despedimos.

 

 

 

O domingo passou lentamente... e eu já não aguentava mais entrar em loja. Minha mãe, louca como só ela, decidiu que, como eu tava namorando, devia comprar roupas novas. Eu sei, loucura!!!

 

Cheguei em casa tão exausta que nem liguei pro Lippe ou entrei no meu MSN. Apenas jantei, tomei um banho rápido e dormi.

 

Sonhei com ele a noite toda. Na melhor parte, óbvio que meu celular despertou! Tá pensando o que? Que só porque o Felippe existe e eu namoro com ele que meu celular vai me deixar desfrutar dos sonhos??? Pffffffffffffffff.

 

 

Como era segunda, Diego estava lá de novo. Dessa vez, não tinha nada que o impedisse de voltar comigo no fim da aula... a não ser seu irmão mais velho. Lippe obrigou Diego a ir de ônibus pra que pudéssemos ir sozinhos. Ele concordou... contrariado, mas concordou. Ah, Felippe me levou mais uma flor, claro. Dessa vez era uma tulipa. Linda ela, por sinal.

 

No caminho, fomos rindo alto, falando besteira e combinamos que Lippe conheceria minha mãe na quarta. Quando disse a ela que Lippe nos visitaria, ela ficou tão feliz... Decidiu até que ele jantaria conosco.

 

As aulas de terça e quarta foram as mais longas que eu já tive. Eu estava ansiosa demais pra que quarta a noite chegasse.

 

O sinal da última aula tocou e eu saí quase correndo. Quando fui atravessar, notei que Lippe não estava me esperando, como de costume. Fiquei preocupada, então liguei pro seu celular. Mal começou a chamar, eu ouvi meu toque bem atrás de mim. Me virei assustada, apenas para dar de cara com aquele sorriso safado. Ele me beijou e me entregou um lírio.

 

_Lippe, daqui a pouco não vai ter mais flor pra você me trazer...

 

_Vou sim! Se acabarem os tipos de flor, eu repito... mas mudo as cores! Você não vai ter nenhuma igual, nunca.

 

_Então tá...

 

Seguimos até a minha casa rindo que nem loucos. Eu estava muito feliz, mas também estava nervosa. Minha mãe nem sempre gostava fácil das pessoas e não era de muita brincadeira... Se ela não gostasse do Lippe certamente me faria morar com meu pai fora do país. O que eu não queria de jeito nenhum.

 

Entramos e, como eu imaginava, minha mãe ainda não tinha chegado do trabalho.

 

_Lippe, tá com fome?

 

_É... to.

 

_O que quer comer?

 

_O que você for comer.

 

Segui até a cozinha e ele foi atrás. Preparei dois sanduíches e nós fomos comer no sofá.

Depois de comer, fui lavar a louça. E lá foi Felippe atrás de mim. Ele secou e depois eu guardei.

 

Sentamos no sofá e ficamos vendo TV. Quando olhei no relógio, já eram 19:47. Algo errado. Minha mãe nunca chega depois das 19:30.

Lippe percebeu minha inquietação.

 

_O que foi?

 

_Minha mãe... já era pra ela ter chegado!

 

_Há quanto tempo?

 

_20 minutos, mais ou menos...

 

_Ah, não é tanto... Vai ver tem muito trânsito ou...

 

Nesse momento o telefone tocou.

 

_Alô?

 

Filha!

 

_Mãe! Onde você tá? Porque tá demorando?

 

Calma, filha. Desculpa não ter ligado antes. E eu vou demorar mais ainda. Hora extra... Peça desculpas ao Felippe por mim.

 

_Ah, mãe... Que pena!

 

É... Mas, olha, ele não precisa ir embora agora. Se vocês quiserem jantar...

 

_Mas, mãe, o que você vai comer? Eu espero você! Se o Lippe quiser ir...

 

Não não! Não esperem. Comprem alguma coisa pra comer que eu me viro na rua quando tiver indo.

 

_Tem certeza?

 

Claro! Agora deixa eu desligar que ainda tem bastante trabalho. Não se preocupem comigo. Se cuidem... e se comportem.

 

_Mãe! Tudo bem... Beijo. Se cuida também.

 

Te amo. Beijo

 

_Também te amo.

 

Desliguei e me virei para Lippe, que estava confuso.

 

_Minha mãe vai ter que fazer hora extra. Ela disse pra gente não esperar ela. Mandou eu ir até a padaria comprar algo pra comermos... Se importa?

 

_Claro que não!

 

_Ótimo. Que tal uma pizza?

 

_Maravilha.

 

Fomos até a padaria e compramos uma pizza de calabresa, minha preferida e a dele também.

Chegamos e eu fui colocar a pizza no forno.

Enquanto ela assava, arrumei a mesa e depois sentei de frente para Lippe, que brincava com a bisnaga de catchup. Ele começou girando ela entre os dedos. Estava tão concentrado em sua brincadeira que nem reparou que eu o observava. Então ele parou e ficou encarando seu prato. Parecia pensativo... Em seguida fez o que eu menos esperava que ele fizesse: abriu a bisnaga e começou a colocar catchup no prato.

 

_Lippe, que tá fazendo??

 

_Calma... já te mostro. Não espia!

 

_Tá bom...

 

Cerca de um minuto depois, quando eu já estava impaciente, ele levantou o prato, se escondendo atrás dele.

Não sei como ficou a minha cara, mas era certo que nela tinha um sorriso bobo e apaixonado.

Lippe tinha desenhado um coração e dentro tinha escrito F + B.

 

_Isso... isso é... lindo!

 

_Jura que gostou?

 

_Juro!!

 

Ele então tirou o prato da frente do rosto e seus olhos brilhavam. Ele tinha um sorriso igual ao meu. Então o dele foi se desmanchando e ele fez uma careta.

 

_Babi, que cheiro é esse?

 

_Ah, meu Deus! A pizza ta queimando!

 

Antes que eu pudesse levantar, Lippe já tirava nossa janta do forno.

 

_Aah, nem queimou muito.

 

_Ainda bem né... Viu o que você faz comigo? Até esqueci a comida!

 

_Você viu o que você faz comigo? Antes de te conhecer eu jamais faria algo assim... e certamente acharia frescura se alguém me dissesse que fez... Mas tudo porque antes de te conhecer, eu não sabia o que era gostar de alguém. Não sabia o que era tá apaixonado.

 

Ei, ei, ei! Eu ouvi direito? Ele disse mesmo apaixonado???

 

_Lippe... o que... o... o que você... disse?

 

_Hã? Ah... apaixonado? Pois é... Eu... eu to apaixonado por você, Babi!

 

Oh meu Deus!!! Ele tá apaixonado por mim!!! Aaaah!!

 

Eu sentia meus olhos lacrimejarem. Pode parecer besteira, mas eu sonhei muito com isso... literalmente. Sorri e ele retribuiu. Em seguida, ele se levantou e se abaixou ao meu lado. Pensei que ele fosse falar mais alguma coisa, mas aí ele me beijou.

 

_Bom... agora temos que comer.

 

_Ei! Você me faz quase chorar de emoção e eu não posso dizer nada?

 

_Fala, então...

 

_Eu também to apaixonada por você, Lippe!

 

_Mesmo? Tipo, apaixonada mesmo? Mesmo mesmo? Ou você só gosta de mim? ?Ou você só ta dizendo porque eu me declarei pra você? Ah meu Deus, você ta apaixonada por mim!

 

_Calma, garoto! Você não acredita? É claro que to! Se não eu não teria ficado tão feliz!

 

_Legal!!

 

Aí ele me beijou de novo.

 

Depois de comermos a pizza, que estava ótima, por sinal, lavamos os pratos e fomos até a locadora pegar um filme. A garota estava prestando tanta atenção no meu namorado, que nos empurrou o primeiro filme que viu pela frente, dizendo que era ótimo.

 

Peguei o filme, sem nem ver o titulo, ou seja nem reparei sobre o que contava.

 

Voltamos pra minha casa e eu fui fazer pipoca, enquanto ele colocava o filme.

Sentei ao seu lado e ele me puxou para o seu peito. O filme começou e só então percebi que era uma daquelas comédias que não tem graça nenhuma. Onde eles debocham de Deus e o mundo.

Lippe deve ter pensado o mesmo a respeito do filme, pois puxou meu rosto na direção do seu e, antes de me beijar, sussurrou:

 

_Tem coisa melhor pra fazer do que ver esse filme...

 

_Tem?

 

_Com certeza...

 

_Tipo o que?

 

_Tem certeza que não sabe?

 

_Absoluta.

 

_Então me deixa te mostrar...

 

_Claro...