Quando O Amor Chegar escrita por kcaldas


Capítulo 16
O presente


Notas iniciais do capítulo

Continuando o capítulo anterior, a festa de casamento e a noite de núpcias. Um presente inesperado...



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Os noivos foram convidados a assinarem o livro da Igreja. Julieta agora, finalmente deixara o Bittencourt para trás, agora era, oficialmente, senhora Julieta Sampaio Cavalcante. Os padrinhos assinaram o livro testemunhando a União e iniciaram o cortejo. Puxando a fila Estilingue vinha novamente fazendo sua performance, seguido por Jane e Camilo, Ema e Ernesto, Elisabeta e Darcy Williamson, Mariana e coronel Brandão, Charlote e Olegário, Jorge e Amélia. Os padrinhos se enfileiraram ao final do tapete de vermelho fazendo um corredor para os noivos passarem. Sorridentes, Aurélio e Julieta se olharam trocaram um beijo ainda no altar e iniciaram juntos a primeira caminhada casados. No início da trajeto foram ovacionados pelos convidados. Ao passarem por seus padrinhos receberam a tradicional chuva de arroz, eles se encaminharam para a carruagem.

Os convidados permaneceram no jardim enquanto os noivos se encaminharam para a casa, onde Julieta foi retocar a maquiagem e Aurélio a aguardava para a voltarem à festa. Ele foi até a cozinha a procura de Mercedes, precisava checar com a empregada e cúmplice que a surpresa que faria para Julieta estava pronta.

— Não confia mais em mim senhor Aurélio? Está tudo pronto. Assim que vocês saírem para a festa eu deixarei tudo como o senhor pediu.

— Claro que eu confio em você Mercedes, minha melhor cúmplice!

— Pois então, deixa comigo senhor!

— Arrume tudo e depois eu não quero mais ninguém na casa, por favor cuide disso também!

— Isso já está resolvido senhor. Iremos para a fazenda Ouro Verde com o senhor Darcy!

— Ótimo! Mais uma vez muito obrigado Mercedes, ficaria tudo mais difícil!

— Imagina senhor Aurélio. O senhor faz dona Julieta tão feliz! Ela até aumentou nosso salário! Todos nós gostamos muito do senhor e só temos a agradecer. Desde que o senhor chegou, essa casa só teve alegrias!

— Obrigado Mercedes!

Julieta foi até o seu quarto, retocou a maquiagem e aproveitando que estava sozinha gastou um pouco mais de tempo se olhando no espelho. Como estava feliz. Os olhos chegaram a marejar, porém ela olhou pra cima, respirou fundo inclinando levemente a cabeça para trás e sorriu. “Nunca estive tão feliz! O amor é realmente transformador!” – pensou.

Julieta estava quase em um transe com o seu estado de felicidade, mas foi interrompida por três batidinhas na porta.

— Entre

— Meu amor, está tudo bem?

— Está sim Aurélio, me desculpe eu me distraí com meus pensamentos.

— Distraída pensando em quê?

— Em como eu sou feliz com você ao meu lado.

— E agora para sempre, meu amor. – falou beijando a esposa.

Era para ser só um beijo rápido, mas aquelas bocas não obedeciam a razão quando se uniam. O beijo foi ficando demorado, até que...

— Aurélio, nossos convidados...

Aurélio beijava o pescoço da noiva, já se encaminhando para o colo, agradecendo a Ema em pensamento por ter desenhado um modelo decotado na medida de seu desejo.

— Meu amor... me desculpe... foi mais forte do que eu... você está tão linda...

— Não se desculpe, eu também preferia ficar aqui, mas vão sentir nossa falta.

— Tem toda razão... eu vou esperar do lado de fora.

— Não precisa. Espere só mais um minuto e vamos juntos.

Aurélio ficou sentado na beirada da cama, olhava para Julieta através do espelho. Ela retocava a maquiagem aproveitando para cruzar com os olhar dele pelo espelho. Eles se paqueravam e se desejavam como se fosse a primeira vez.

Julieta se levantou.

— Pronta!

— Então vamos para a festa senhora Julieta Sampaio Cavalcante, minha mulher.

Julieta sorriu.

— Vamos, senhor Aurélio Cavalcante, meu marido.

À entrada da festa a banda parou de tocar. E um músico gritou:

— Senhoras e Senhores aí vem os noivos.

Os convidados cercaram a entrada e aplaudiram a entrada do casal que recebiam as palmas com sorrisos. Enquanto eles passavam, eles iam fechando a passagem até formar um grande círculo em torno deles. Julieta e Aurélio se olharam. Os músicos iniciaram a música previamente combinada ( https://www.youtube.com/watch?v=7mjQooXt28o )

Julieta riu quando escutou as primeiras notas. Era a música que dançaram a primeira vez juntos na noite em que foi pedida em casamento. Aurélio realmente pensava em tudo.

— Me da a honra dessa primeira dança com a minha esposa? – disse Aurélio pedindo a mão de Julieta.

Ela sorriu e concedeu. Flutuaram pela pista de dança como se não houvesse ninguém observando. Os convidados se emocionaram pela melodia e pela felicidade que eles exalavam. Ao final todos aplaudiram e eles se beijaram puxando mais uma leva de palmas.

As palmas foram cessando, porém o som de palmas insistentes vinha da entrada da tenda montada no jardim, se aproximando da roda e fazendo abrir passagem por entre os convidados. A roda se abriu e um corredor se formou entre a intrusa e os anfitriões da festa.

— Ora, que pena que cheguei tão atrasada, perdi esse momento único!

Vestida de preto com um olhar sombrio pela maquiagem carregada em preto estava Suzana.

— Quem diria Julieta, a viúva negra Rainha do Café, casando, vestindo um... deixa eu ver... off White quase branco... quase uma virgem levada ao altar pelo falido ex inimigo da família. Ai é muita patetice para o meu gosto!

— Ninguém te chamou aqui Suzana, ponha-se daqui pra fora!

— Sempre acostumada a mandar não é Julieta? Eu sei que você provavelmente se esqueceu de me mandar o convite, mas eu não podia deixar de vir prestigiar esse dia tão feliz não é mesmo? Afinal, foram tantos anos de amizade e dedicação que eu me senti na obrigação de vir para te dar meu presente.

— Não queremos nada de você Suzana, vá embora!

— Ora, ora, vejo que Julieta já lhe domou direitinho senhor Aurélio. Ela é rápida mesmo e não brinca em serviço.

— Chega Suzana! Vá embora, ou será retirada a força!

— Não se preocupe Julieta, eu já estou de saída. Vim mesmo apenas para te dar meu presente!

— Seja lá o que for leve embora com você!

— Meu presente para vocês é esse dia feliz!

Todos se espantaram com as palavras audaciosas, Suzana continuou:

— Isso mesmo querida Julieta, vocês terão esse dia todo de felicidade, aproveitem, porque eu voltarei para cobrar o que é meu, e acredite, eu não vou descansar até ver a sua derrocada!

— Saia daqui!

— Ahhhh é um prazer sair da sua presença deprimente de noivinha feliz. – Suzana já se retirava mas olhou para trás para um último recado.

— Não sei se percebeu, mas você com esse vestido clarinho, uma imagem frágil, e eu assumindo o preto, cor que sempre mostrou a sua força, será que os papéis se inverteram Julieta? Veremos quem será a nova Rainha do Café!!! – falou isso e saiu em disparada montando num cavalo preto que a esperava.

Os convidados estavam estupefatos com o derrame de palavras de ódio de Suzana contra Julieta. O burburinho crescia.

— Amigos, não vamos deixar que essa senhora intrometida estrague a nossa festa. Suzana é apenas uma pessoa não grata que traiu a confiança de Julieta e por isso foi expulsa da vida dela. Não há motivos para se preocuparem! Dito isso, música, por favor, vamos continuar a festa.

A música voltou e aos poucos a multidão voltava aos afazeres de uma festa. Comiam, bebiam, dançavam. Entretanto, Julieta estava abalada com o escândalo que Suzana aprontou. Amparada por Aurélio, Jane, Camilo e Ema que tentavam acalmá-la.

— Calma meu amor, não há nada que Suzana possa fazer contra você.

— Eu não sei. Suzana tinha muito ódio no olhar. É muito gananciosa, não vai descansar até conseguir se vingar de mim. Eu não temo por mim, mas temo pela nossa família Aurélio.

— Não tema. Eu estarei do seu lado.

— E nós também! – disse Ema olhando para Jane e Camilo que endossaram as palavras de Ema.

Estilingue vinha empurrando a cadeira de rodas do Barão.

— Eu quero dizer que pode contar comigo também Julieta!

— Barão, até o senhor?

— Mas é claro! Se meu filho escolheu você como esposa, então eu escolho proteger você, assim como fiz com Ema e Aurélio. E essa filhote de cascavel não tem a menor chance contra o Barão de Ouro Verde!

— Pode contar conosco também Julieta! – disse Darcy Williamson junto com a esposa.

Coronel Brandão e Mariana chegavam para aumentar a roda de solidariedade à Julieta.

— Eu e meus homens estaremos sempre prontos a ajudar também dona Julieta.

— Pode contar comigo também dona Julieta. Faço o que a senhora mandar para acabar com a raça daquela picareta. – falou Olegário.

— Viu meu amor, você está cercada de amor e amizade, nunca mais estará sozinha.

Julieta não continha a emoção. As palavras de Aurélio traziam paz ao coração de Julieta. Ela realmente não sentia medo quando ele estava ao seu lado, e agora se via mais forte ainda cercada por tanto amor de tantos amigos queridos ao seu lado.

— Muito obrigada meus amigos! É muito importante saber que tenho vocês ao meu lado na minha vida. Vocês tem razão, Suzana não pode contra esse exército de amor! Não vamos deixar que ela estrague a nossa festa, por favor aproveitem, foi tudo feito com muito carinho para vocês.

Julieta demonstrou que estava em paz com aquela acolhida selando com um beijo em Aurélio. Todos aplaudiram e voltaram à festa.

Bem longe da fazenda Cavalcante (sim, oficialmente, agora, era fazenda dos Cavalcante), Suzana cavalgava no limite das forças de seu cavalo puro sangue, seu não, porque tirando o veneno, a coitada não tinha nada de seu. O cavalo era de Xavier, amante e comparsa dela que não fazia ideia dos planos da parceira.

A megera corria com o cavalo e sorria triunfante comemorando o sucesso de sua passagem pela festa de Julieta. Conhecia muito bem a ex patroa para ter a certeza que conseguiu mexer com os nervos de aço de Julieta. Não saber os passos do inimigo era uma das poucas coisas que assustavam Julieta.

Ao chegar na fazenda de Xavier, apeou do cavalo e foi cantarolando direto para seus aposentos. O mal caráter estava na sala e acompanhou a entrada esfuziante de Suzana. Sem entender o que estava acontecendo foi ter com ela:

— Suzana, posso saber o porquê dessa alegria toda? Faz mais de duas horas que você montou em Trovão e saiu em disparada sem dizer nada.

— Senhor Xavier, pensei que já tinha entendido que eu não sou mulher de dar satisfações da minha vida. Em breve o senhor saberá o que fui fazer porque precisarei da sua ajuda. Por hora, apenas peça para alguém cuidar de Trovão, acho que eu judiei um pouco do bichinho tadinho!

— Posso perguntar ao menos aonde foi?

— Fui à casa de Julieta! Fiz questão de ir pessoalmente desejar felicidades à minha amiga.

— Amiga?! Sei... desde quando vocês são amigas Suzana? O que está tramando?

— Chega de perguntas! Já respondi demais! Quanto menos o senhor souber dos meus planos, menos atrapalha! Agora saia! Vá cuidar de Trovão e me deixe sozinha com os meus pensamentos.

Contrariado, Xavier obedeceu e deixou Suzana sozinha.

— Aproveite meu presente Julieta, essa felicidade está com os dias contados!

A festa estava animada, a lua já anunciava a chegada da noite e os convidados ainda se fartavam de boa comida, bebida e muita dança. Julieta conseguiu também aproveitar a festa. Sempre acompanhada por Aurélio perambulavam de um lado para o outro na tentativa de dar atenção e receber os cumprimentos de todos.

Aos poucos, começando pelos mais velhos, os convidados iam se despedindo do casal anfitrião e deixavam a fazenda. Restaram por último os amigos mais próximos, mas que se preparavam para partir. Elisabeta iniciou os cumprimentos de despedida.

— Julieta o seu casamento foi inesquecível, uma verdadeira celebração ao amor, como você merece.

— Faço minhas as palavras de minha esposa. Julieta, sua festa foi um sucesso, assim como tudo o que você faz. Parabéns! Parabéns Aurélio!

— Obrigado por compartilhar dessa alegria conosco Darcy. Vocês são amigos muito queridos.

— Somos amigos, sócios e agora padrinhos do seu casamento e testemunha do amor de vocês Julieta. Eu que tenho que agradecer tamanha cumplicidade!

Coronel Brandão e Mariana, seguidos por Jorge e Amélia também se despediram.

— Meus amigos, parabéns pelo casamento, pela festa, estava tudo impecável.

— Obrigado Brandão!

— Aurélio, você além de um advogado brilhante nos mostrou também que é um excelente anfitrião, a festa de vocês estava perfeita.

— Imagina Jorge! Esse mérito eu deixo pra Ema que mais do que ninguém sabe organizar uma festa de casamento!

Todos riram!

— Modéstia a parte, nisso papai tem razão! Não vejo a hora de organizar o meu casamento!

— Deus me defenda desse Carcamano anarquista...

— Vovô!!!! Esse Carcanamano será o meu marido!

— Deixa Ema... seu avô tem que manter a pose de durão, mas no fundo nos damos muito bem!

— O Barão adora odiar, veja o que ele fazia comigo... não desanime Ernesto, essas palavras são só para disfarçar o afeto que o Barão tem por nós, os agregados da família Cavalcante!

— É Julieta, você me venceu mais uma... primeiro tomou minha fazenda, agora está levando meu filho também...

— Papai, não vai começar...

— Mas tenho que confessar que dessa vez eu estimo muito essa vitória! Não só estimo, como gostaria de ver os frutos dela!

— Papai!!! O senhor está variando já! Acho que tomou muito vinho!!!

— O que é isso Aurelinho? Bem se vê que Julieta é moça ainda... isso não seria impossível e com certeza me daria mais uns bons anos aqui para viver essa felicidade com vocês...

— Vovô! Vamos, está deixando Julieta constrangida...

— Não estou não Ema! Na verdade, fico muito feliz em ver que meu sogro finalmente me aceita como parte da família.

Com lágrimas nos olhos, emocionando a todos os presentes o Barão finalizou sua despedida, erguendo os braços para receber o abraço da nora.

— Te recebo como uma filha Julieta! Cuide bem do meu Aurélio.

O abraço foi apertado e sincero, selando para sempre a paz entre os antigos inimigos. Aurélio muito emocionado também abraçou o pai e só conseguiu dizer:

— Obrigado papai.

Também emocionada Ema interrompeu:

— Bom vovô, chega de emoções por hoje não é mesmo? Vamos embora que já passou da sua hora de tomar os seus remédios e se preparar para dormir.

— Ema, você sempre me tratando como uma criança. Aliás, a noite está tão agradável, eu não quero já ir embora...

— Ah, vamos sim vovô! Os noivos precisam ficar sozinhos você não acha?

— Ah... ah é... Aurelinho pode me poupar dos detalhes, mas pensa com carinho no que eu te falei!!!

Todos voltaram a gargalhar com as palavras do Barão.

— Chega! Vamos indo vovô. Darcy, será que você poderia nos dar uma carona?

— Claro Ema! Vamos para a fazenda Ouro Verde, faço questão de acomodar a todos por lá!

— É muita bonança para um dia só! Casar meu filho, virar sogro da Rainha do Café e ainda ter uma noite nos meus antigos aposentos de Barão!

— Sim Barão, tudo como o senhor merece!

— Pois muito bem, tchau Aurelinho. Até logo Julieta, amanhã eu volto para o jantar, viu!

— Claro Barão, e será muito bem vindo!

Todos partiram, quando os noivos se entreolharam e Aurélio levantou Julieta no colo:

— Enfim, sós!!!!

Ela riu.

— Nossa! Pensei que a festa ia virar a madrugada! Foi inesquecível, mas eu já não aguentava mais.

— Espero que não esteja muito cansada...

— Para ficar só com você eu me renovo meu amor...

Ele ri. Beija a esposa e seguem de volta a casa da fazenda. Param na porta e quando Julieta vai abrir a porta, Aurélio a segura.

— Calma meu amor. Hoje é nossa noite de núpcias.

— Mas Aurélio eu só ia entrar em casa...

— Eu quero que seja tudo perfeito... desde nossos primeiros passos, que esse dia e essa noite sejam inesquecíveis para você, que o amor seja para você fonte de luz e inspiração, assim como é pra mim, por isso quero te pedir para fechar os olhos...

— Aurélio...

— A senhora, minha esposa, não confia no seu marido?

— De olhos fechados... – Julieta sorriu e fechou os olhos.

Aurélio se abaixou e tirou os sapatos da esposa.

— Aurélio...

— Calma meu amor, não tenha medo, eu estarei do seu lado.

— Eu não tenho medo de nada com você Aurélio.

Aurélio também tirou os seus sapatos, abriu a porta da mansão e lentamente conduzia Julieta pela casa. Ao primeiro passo Julieta sentiu que não estava pisando no seu tapete persa, mas sentia a maciez de pétalas de flores sobre os seus pés.

— Aurélio eu não acredito que...

— Calma meu amor, você já vai abrir os olhos...

O cuidado de Aurélio era apenas para encaminhar Julieta um pouco mais ao centro da grande sala.

— Pronto! Pode abrir!

Julieta mal podia acreditar que estava na sala de estar da sua casa. A sala estava toda iluminada por velas. Os candelabros de prata brilhavam e refletiam a luz das chamas, mas não era só isso, Aurélio cobriu toda a sala com pétalas de rosas vermelhas.

— Rosas vermelhas! Minhas rosas! Meu amor, como você me conhece!

— Julieta sua vida até aqui pode não ter sido fácil, mas daqui pra frente quero que ela seja assim, um mar de rosas. E eu te prometo que no que depender de mim, ela será!

— Só a sua presença na minha vida já faz isso meu amor. Minha paz e felicidade se resumem no seu sorriso mais sincero, desde que você chegou para ficar eu tive a certeza que a felicidade realmente existe. Eu te amo Aurélio e tive sorte de te encontrar e ser profundamente amada e acolhida pelo seu amor.

Aurélio de tão feliz com a declaração da esposa pegou um pouco das pétalas e jogou para cima, fazendo uma chuva de pétalas de rosas por sobre eles.

— Eu te amo Julieta!!! E quero estar ao seu lado por toda a minha vida!

Eles trocaram beijos, o desejo os consumia. Julieta avançou tirando o paletó do noivo e afrouxou o nó da gravata enquanto o beijava lascivamente, mas Aurélio...

— Não! Calma Julieta! Hoje é a nossa primeira vez como marido e mulher.

Julieta riu. Aurélio a pegou no colo e subiu as escadas. O caminho era todo em pétalas, os olhos de Julieta brilhavam iluminados apenas pelo caminho de velas que se fizeram pelo caminho. Ao entrarem na suíte do casal, mais rosas pelo chão e sobre o leito dos pombinhos. Sobre a penteadeira, um enorme balde com o champanhe mais caro e preferido de Julieta descansando no gelo, duas taças de cristal altas e finas, uma tigela com morangos.

Aurélio entrou com a noiva, que, é claro, não acreditava em tudo que via. Julieta não sabia se estava mesmo vivendo aquela noite ou sonhando acordada. Ele rodopiou com ela ainda em seu colo antes de coloca-la no chão:

— É tudo para você meu amor. Para ser a noite mais perfeita que eu puder te dar.

— Você pensa em tudo. Eu tive a sorte de encontrar você no meu caminho, nem sei se mereço tanta felicidade. – falou deixando escapar uma lágrima.

Aurélio a colocou de pé, prontamente enxugou a lágrima.

— Claro que merece meu amor, você é quem me faz o homem mais feliz desse mundo.

Eles se abraçaram e se beijaram. Agora sim, estavam prontos para se entregarem aos desejos. A luz da lua invadiu o quarto. Aurélio estourou o champanhe. Julieta segurava as taças. Eles cruzaram os braços brindando ao amor.

Entre beijos e sorrisos pouco a pouco se despiam. No meio de um beijo, Julieta começou a abrir a camisa de Aurélio. As mãos de Julieta eram delicadas e transpiravam frio, resultado que Aurélio sempre provocava nela. Ternamente o marido desabotoava cada botão de pérola das costas do vestido de Julieta. As mãos desciam seguidas de beijos e carícias.

Ajoelhados na cama beijaram-se. Ela se inclinou levemente para que Aurélio deitasse primeiro e ela ficasse por cima dele. Maliciosa mordeu um morango e beijou-o em seguida convidando-o a provar o morango diretamente de sua boca. Regavam-se com o champanhe. Experimentaram o amor regado a champanhe e morangos.

— Eu espero que você tenha gostado do meu presente. Essa noite foi pensada especialmente para ser inesquecível.

— Você é o meu melhor presente. Todos os dias são especiais e inesquecíveis com você.

— Você está tão linda. Seu sorriso é minha inspiração.

— E o seu sorriso é o meu passaporte para a felicidade. Eu te amo senhor Aurélio Cavalcante, meu marido.

— Eu é que te amo senhora Julieta Sampaio Cavalcante, minha esposa e meu amor!

Passaram a noite assim, entregues aos braços um do outro. Trocando juras de amor eterno e amando-se como se fosse o último dia de suas vidas e o amanhã não existisse. Não queriam dormir. Um desejo juvenil fortalecia os corpos que não se cansavam de se amar. As palavras de Por fim, adormeceram quando a aurora começava a colorir o céu.

Já passava de meio dia, mas a casa estava silenciosa. Aurélio combinou com Mercedes que os empregados só deveriam voltar para a casa para o jantar. Até lá gostaria de aproveitar aquele raro momento só com Julieta.

Ele acordou primeiro, mas ficou em silêncio e acarinhando a mulher deitada no seu peito. Algum tempo depois ela se mexeu ao primeiro despertar e sorriu.

— Eu vivi para ver esse sorriso ao acordar todos os dias. Bom dia meu amor.

— Bom dia. Você acordou e não disse nada, ficou me olhando.

— Eu pensei que estava sonhando.

A esposa estranhou o silêncio.

— Aurélio, que horas são?

— Não sei, mas certamente já passa de meio dia. Por que meu amor? Não me diga que tem algum compromisso?

— Não, claro que não, mas estou achando nossa casa muito quieta. Ema e o Barão disseram que só voltariam mais tarde, mas não ouço nenhum barulho. Para o tanto de gente que essa casa tem é no mínimo intrigante um silêncio tão profundo.

— Eu dispensei os empregados. Desculpe se não te consultei quanto a isso, mas queria aproveitar esse raro momento só com você. E não se preocupe, eles devem chegar para o jantar junto com os outros na comitiva da fazenda Ouro Verde.

— Sim, e até o jantar nós morreremos de fome? Ou vamos viver embriagados de champanhe e comendo morangos até eles voltarem?

— Ah, não me decepcione querida esposa, você acha que eu não pensei nisso? Pois espere um minutinho aqui que eu já volto para saciar a fome da minha mulher.

Ela o puxou de volta.

— Eu tenho fome é de você!

— Julieta...

Ela o calou com um beijo. Depois de fazerem amor novamente, Aurélio conseguiu, esquivando-se dos braços da esposa que o puxavam de volta para a cama, vestir-se e sair do quarto.

Julieta aproveitou para vestir-se. Havia abandonado por completo as roupas pretas. Apesar de se sentir atraente com a lingerie negra, escolheu para a noite de núpcias uma camisola de cetim vermelho sangue e um robe de seda e renda da mesma cor. Sentou-se na beirada da cama à espera de Aurélio. Não sabia ao certo, mas sentia que um tempo grande já havia passado. Aurélio não costumava deixa-la por tanto tempo esperando. Incomodou-se um pouco mais com a demora. Já inquieta, levantou-se e quando se preparava para sair do quarto para ir atrás de Aurélio foi surpreendida por um vulto preto que arrombou a porta, era Suzana.

— Aonde vai Julieta? Mal acabou a noite de núpcias e você já pensa em sair apressada.

— O que você está fazendo aqui Suzana? Você não cansa de ser inconveniente? Não chega o papelão que você fez ontem?

— Ontem eu não podia deixar de vir dar o meu presente aos noivos... aliás, morangos, champanhe, vejo que aproveitou bem o presente que eu te dei não é mesmo? – Suzana ria debochadamente. – Vejo que a farra foi boa! Coitado do senhor Aurélio, aguentar uma mulher que há tantos anos não via um homem, imagino que ele teve que ser forte!

Julieta enfurecida estapeia Suzana.

— A Rainha do Café, como sempre muito corajosa. Não perde a pose nem quando não está em condição para isso, mas tudo bem, você deu sorte, eu estou com paciência hoje, mas farei questão de cobrar com juros esse tapa que me deu.

— Diga logo Suzana, não me faça perder o meu precioso tempo com as suas bobagens. O quer aqui?

— Pois muito bem, hoje eu vim cumprir minha promessa! Eu aprendi com você minha querida que a palavra dada vale ouro!

— Mas é muito petulante, ponha-se daqui pra fora Suzana, você não é mais bem vinda nesta casa!

Ignorando as palavras de Julieta, Suzana estava com ar de deboche:

— Ora, ora, eu vejo que abandonou mesmo o preto. Pensando que a ver assim, me dá vontade de rir Julieta. Se bem que, tadinha, mal saiu do luto, seria uma pena tão logo ter que voltar a ele.

— Aurélio???!!! – Julieta gritou correndo para porta, mas foi barrada por Suzana. – O que você fez com Aurélio? Por que ele não voltou? O quer aqui?

— Calma Julieta. Por enquanto nada. Na verdade, quem vai decidir o que fazer com ele é você Julieta, não eu.

Pela primeira vez, desde quando vida com Aurélio começou, Julieta sentiu medo. Não sabia o que estava acontecendo, mas tinha certeza que Suzana não estava brincando. Pressentia que algo de ruim estava por vir.

Com raiva pela afronta da ex amiga, jogou-a para o lado desobstruindo sua passagem e do alto da escada pôde ver Aurélio desmaiado e amarrado, escoltado por dois enormes trogloditas.

No seu encalço Suzana a segurou e a impediu de descer as escadas correndo e lá de cima ordenou:

— Levem ele daqui para o local combinado, rápido seus idiotas! E tragam o outro também. Juntem os dois!

— O que é que você está fazendo Suzana? Você enlouqueceu? O que você quer afinal? Quem é o outro?

— Ora Julieta, você já foi mais inteligente! Quem seria o outro?

— Camilo? Suzana não me tire do sério! O que é que você quer com Aurélio e Camilo?

— Vista-se! Ou vai querer fazer uma reunião de negócios de camisola?

— Eu não tenho nenhum negócio a tratar com você Suzana! – esbravejou Julieta.

— Desculpa querida, mas as cartas aqui sou quem dá. Não sei se percebeu, mas não está em condições de querer ou não querer alguma coisa. Vamos, troque de roupa. Esperarei no escritório, e nem tente nenhuma gracinha, se algo aqui sair errado, nunca mais você vai ver o seu querido filho e o seu querido maridinho!

Sem saída, Julieta, pela primeira vez, cumpriu uma ordem.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo! Se puder, deixa um recadinho pra mim. Um beijo, e até o próximo!



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