Nigth End escrita por Suzy Chan


Capítulo 13
O Labirinto


Notas iniciais do capítulo

Continuando, mais um pouquinho desse romance e aos poucos laços vão se formando



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— Trancou a porta direito? – perguntou Ryan à Natali

Natali verificou e a porta estava trancada.

— E aí, o que pensou? – perguntou o garoto

— Então, dê uma olhada nisso... – Natali entregou um envelope para Ryan

Sr. Lins

Desculpe interromper seus planos. Mas gostaria que Ryan viesse fazer uma rápida visita. Estamos cientes do perigo, mas creio que será seguro, tomaremos todas as medidas que forem necessárias.

Atenciosamente Sra. Morgan

Ao final da carta havia uma assinatura, exatamente igual ao da Sra. Morgan, dona do orfanato, mãe adotiva de Ryan e Natali.

— Como você conseguiu fazer uma assinatura perfeita assim? – Ryan estava vislumbrado.

— Hora, isso foi fácil, depois de anos vendo, e quando não tinha nada pra fazer, eu ficava brincando de rabiscar assinaturas – riu Natali ao lembrar

— Isso é perfeito, é claro que ele vai deixar eu ir ao orfanato, afinal temos uma passagem subterrânea do orfanato pra cá e subtendendo-se que é só uma rápida visita... então eu iria e voltaria sem me expor ou ir tecnicamente para a superfície... – Ryan abriu um sorriso de retribuição para Natali

— Você sabe das minhas condições... eu vou com você.

— Tá. Eu vou colocar a carta amanhã de manhã no correio dele. – Ryan olhou mais uma vez para a carta – Isso é perfeito, eu sabia que você não me decepcionaria.

— Ah, também não é pra tanto, isso foi fácil pensar. Eu demorei um pouco mais do que eu falei, mas era porque eu estava ocupada com outras coisas – disse Natali se achando muito inteligente

— Bom trabalho, essa é minha dupla – Ryan puxou Natali, abraçou-a com força e depois soltou, deixando a garota vermelha. – A gente se vê amanhã.

— Tá, boa noite – disse feliz.  Muito sorridente, Natali saiu do quarto e foi para seu dormitório

                                                 ✞

Allan passou a visitar Kiara várias noites para saciar sua sede. Kiara já tinha se acostumado, andava o tempo todo com os punhos enfaixados, onde eles eram revezados por Allan, enquanto um cicatrizava, o outro estava pronto para mais uma mordida. Os vampiros possuíam medicamentos avançados, o que lhe permitia fazerem o que estavam fazendo sem afetar a vítima, as tonturas vinham de vez enquanto, mas era passageira e não muito intensa, as vezes vinha como uma pequena dor de cabeça, mas nada que os produtos medicinais dos Monray’s não resolvessem.

—  Então quer dizer que não teve nada... – perguntou Alice interessada, se aproximando mais de Kiara que estava deitada na cama

— Do que você ta falando... acontece sempre, ele vem à noite, faz o que tem que fazer e vai embora. – respondeu Kiara

— Mas além disso... – disse Poline, sentada do outro lado da cama

— Bem... as vezes a gente conversa, mas não é muita coisa, Allan não gosta muito de falar, você sabe disso.

— Não é disso que estamos falando! Para de fingir que não está entendendo – disse Alice se arrumando na cama

— Então me expliquem direito, porque assim não ta dando pra entender. – respondeu Kiara

— Eu tenho certeza que você sabe, bem... quando um vampiro tem contato assim com sangue, isso é prazeroso para ele. Além do mais, vampiros trocarem sangue é um ato de amor – explicou Poline

— Eu não estou trocando sangue com ele, eu não sou vampira, ele só se alimenta e vai embora, isso não é troca e não tem nada a ver com amor – respondeu Kiara em um tom óbvio.

Alice e Poline se entreolharam – Então não teve nada mesmo Poline – disse Alice frustrada

— Eu te disse, um sangue puro com uma humana... isso é impossível. – Poline se levantou e foi passar espanador no armário

— Já fazem duas semanas que ele mantém ela aqui e sinceramente isso não é como os outros prisioneiros... – tentou se justificar Alice

— É, mas... esquece isso...

— Sabe Senhorita Mont, quando eu e meu amado Ton estamos juntos, sabe... – Alice estava abraçada com a vassoura, olhando pra cima como se sonhasse. – Quando as presas dele cravam meu pescoço, eu o sinto ficar quente, e eu fico também... – Alice suspirou

— AH! Pare com isso Alice, que nojo! – repreendeu Poline

Kiara já estava corada de vergonha, sentada na cama só olhando e ouvindo as duas conversarem, sem entender muito bem o sentido da conversa.

— Você é tão amarga! Deveria arrumar um namorado também... – disse Alice chateada de ser cortada de sua breve lembrança.

— Não me faz falta – respondeu Poline rispidamente

— Então, me digam... os vampiros atacam as pessoas e matam elas bebendo seus sangues e isso é... prazeroso? – perguntou Kiara intrigada

— Bem, mais ou menos... quando atacam apenas para se alimentar, eles sugam até a morte, é prazeroso sim aquele momento, mas é um prazer diferente, como saciar uma fome. – respondeu Alice – mas, quando não tem intenção de matar, isso é controlado, ocorre uma química entre os indivíduos e principalmente se for o gosto sexual da pessoa, isso significa algo mais.

— Eu sou sua presa. O objetivo é se alimentar! E ele só não me mata porque quer mais estoque. – respondeu Kiara contestando

— Aí entra o impasse – respondeu Poline – é uma coisa atípica

— Isso já aconteceu antes? – perguntou Kiara

— Não – responderam as duas ao mesmo tempo.

— Ele sempre matou todos – respondeu Poline passando do guarda-roupa para o armário – Alice, dá pra continuar seu trabalho, não pode só ficar conversando.

— Eu já terminei, não ta vendo?! – disse enquanto apoiava cotovelo na vassoura. – Só não entendi porque ele prefere seus pulsos do que o pescoço... O pescoço tem muito mais sangue, será que você é fraquinha demais pra aguentar?

Kiara colocou a mão no pescoço e lembrou o que Allan dissera... naquele dia ele disse para esperar quando ela tivesse preparada... Agora parou para pensar no que falara, o que ele queria dizer com isso afinal?

— Só sei que você é uma garota de sorte... qualquer uma daria tudo para estar no seu lugar. – disse Poline

— Ah isso é verdade! Eu adoraria – disse Alice dando sorrisinhos

— Pare com isso Alice! Se o mestre ouvir isso... – repreendeu Poline

— Desculpe – disse Alice sorrindo

Qual o problema dessas garotas?... esses vampiros são muito estranhos... quem que gostaria de uma coisa dessas.” — pensou Kiara, a situação à levou a lembrar de quando ela e Allan estavam juntos, inevitavelmente se sentiu envergonhada ao relembrar de sua proximidade com Allan quando fazia suas visitas. Naquela primeira vez, eles estavam colados, era quase como se fosse algo íntimo. Talvez conseguisse entender em parte um pouco desse costume estranho deles.

Allan apareceu mais cedo, dessa vez já dentro do quarto, próximo a cortina. Alice e Poline imediatamente fizeram longas reverências ao perceber a presença de seu mestre e saíram uma atropelando a outra.

Estava no começo da noite e ele vestia o uniforme da High Five.

Kiara o olhou, pensou em perguntar porque tinha vindo mais cedo, mas preferiu ficar calada e esperar que ele falasse primeiro.

— O que acha de poder dar uma volta na casa? – perguntou Allan

— Ótimo – respondeu Kiara apreensiva

— Vou pedir para não trancarem sua porta, você pode circular na mansão quando quiser e poder ir ao jardim se assim desejar – respondeu em seu tom calmo e sério de sempre

Kiara ficou calada, apensar observando-o

— Só para lembrar, a Foice está vigiando você 24 horas, se tentar fugir, terá... – Allan fez uma pausa – ...consequências... a minha águia, tem sentidos muito apurados e é incomum como você pôde perceber, então eu aconselho não tentar nada arriscado... ´pois eu saberei. – em seguida veio o olhar de fuzilamento, fazendo um arrepio na espinha de Kiara.

Allan desapareceu logo em seguida, provavelmente teria ido à High Five.

Kiara se animou, tinha conseguido dar mais um passo. Ganhara a confiança de Allan e agora podia circular livremente. Não demoraria para achar um jeito de pedir ajuda ou planejar um fuja. Mas antes disso precisava conhecer melhor a mansão e os arredores.

Levantou depressa da cama, calçou uma sapatinha, a primeira que encontrou e saiu sorridente do quarto, para sua surpresa a porta estava destrancada, diferente de todas as outras vezes, Alice e Poline sempre deixavam trancado, dessa vez não trancaram ou foram rápidas em destrancar.

Aquela primeira parte já conhecia, quando tinha ido jantar com Allan, andou pelos outros corredores, as portas estavam todas destrancadas, haviam muitos quartos em cima também, salas, escritórios, outros completamente vazios, no terceiro andar encontrou até uma espécie de mini teatro, o mais incrível, tudo estava limpo e arrumado, como será que eles conseguiam manter a organização de tudo?! Tinha passado tanto tempo conturbada em cárcere privado que esqueceu de perguntar para Arthur ou para suas amas. Kiara descansou quando se deparou com uma varanda que dava de frente ao jardim dos fundos. O jardim era enorme, havia uma fonte no centro, um labirinto muito grande na lateral, muitos bancos e árvores. Kiara teve a impressão de ter visto o jardineiro entrando no labirinto. Apesar da noite, haviam vários postes de iluminação, decorados como as demais coisas da Mansão.

Vislumbrou a paisagem e curtiu o ar fresco que tocava seu rosto, estar em um local sem ter paredes ao seu redor, já lhe dava uma sensação de alívio e liberdade. Apesar de estar bem longe do ideal, e do que queria, já sentia melhoras no seu humor.

A mansão era grande demais, sem pessoas, ficava um pouco mal assobrada e vazia. Lembrou que não sabia como descer... não tinha achado a passagem para os últimos andares da outra vez que procurou. Aproveitou o momento de energia para procurar pelo terceiro andar o acesso ao segundo andar. Demorou procurando, entrando em todos os lugares que aparecia na sua frente, mas não achou. “Será que os vampiros construíram esse lugar sem acesso?”— pensou. Eles não precisavam utilizar escadas, talvez isso fizesse um pouco de sentido agora ao pensar nessa possibilidade.

Rodou em todos os lugares e parou novamente no globo, ao centro do terceiro andar. Se aproximou do artefato, passou a mão nele e rodeou-o, Era bonito e tinha duas vezes o seu tamanho, Kiara deu mais uma volta no pátio e quando estava prestes a desistir, escutou um barulho às suas costas. Um buraco estava se formando no chão, e progredindo, percebeu então que era uma escada descendo em forma de caracol igual a escada do terceiro andar de onde estava. Tinha finalmente achado o acesso. Verificou se estava firme e desceu, saindo em um vão no segundo andar que já tivera passado várias vezes antes. Agora estava mais familiarizada com o ambiente, era quase como se estivesse em casa. A primeira coisa que fez foi ir para o salão central, ao olhar a porta se sentiu muito tentada a sair, mas não era estúpida o suficiente pra fazer uma besteira dessas, logo quando tinha conseguido sua pequena liberdade.

Kiara escutou um som vindo de um dos corredores, era de algum instrumento que não dava pra identificar, foi seguindo o som e conseguiu identificar o que era. Alguém estava tocando um órgão, a música era fúnebre e estava muito alta.

Como de costume, a mansão estava um pouco escura, aquele ambiente com essa sonoridade passava um pouco de medo. Ao aproximar-se do vão de abertura do salão de música, identificou de longe aqueles cabelos loiros sedosos.

Era Arthur que estava tocando e parecia distraído. Kiara se aproximou devagar para não atrapalhar e parou alguns metros de distância.

— Olá – disse Kiara tímida

Arthur parou abruptamente de tocar e se virou sorrindo – OI – disse empolgado

— Você não tinha uma música menos...

— Fúnebre? – completou

— Digamos que é isso... – concordou Kiara

— Do que você gosta? Rock... uma clássica...? – perguntou Arthur

— É, pode ser clássica, ou uma mais animada – disse sorrindo

— Entendi – Arthur se levantou e puxou Kiara pela cintura e colou em seu corpo – Você dançaria comigo? – perguntou em tom galanteador

— N... Não, não foi isso que quis dizer – disse Kiara tímida.

— Conceda-me essa dança Senhorita Mont – nesse mesmo momento vários instrumentos começaram a tocar sozinhos, produzindo uma música animada.

Sem ter muita saída Kiara tentou seguir os passos de Arthur. A música era divertida, ele a rodava, jogava e puxava, tinha um ginga muito boa e contagiante. Arthur sorria e fez Kiara sorrir bastante. Dançaram duas músicas e pararam.

— Cansei – disse Kiara ainda sorrindo e ofegante

— Muito rápido – provocou Arthur também sorrindo

— Aliás, você não foi pra escola hoje? – perguntou respirando fundo

— Não, hoje tem uma aula chata de história da sociedade, o professor é um saco e o assunto é mais um saco ainda – disse Arthur fazendo cara feia que na verdade não tinha como ficar feia.

— Você não tem jeito mesmo né – Kiara balançou a cabeça suavemente de forma negativa, desaprovando as atitudes do vampiro. – Ei, eu tenho uma curiosidade... como vocês conseguem manter a mansão limpa?

— Ué, os empregados limpam durante a tarde e são muito mais rápidos do que quando você limpava... umas dez vezes mais rápido...

— Quantos são? – perguntou enquanto se sentava no bando retangular, acolchoado do órgão que Arthur estava tocando anteriormente,

— Sei lá, uns cem empregados no total... contando com jardineiros, motoristas, guardas... Talvez mais. – disse Arthur pensativo, tentando contar mentalmente

Kiara abriu a boca de surpresa com a quantidade de gente que trabalhava para os Monray’s. Mas era de se esperar que um lugar desses fosse precisar de tanta gente pra fazer a manutenção. Só que... com tantas pessoas já trabalhando no local, e sendo vampiros, com certeza eram muito mais eficientes do que Kiara... porque os Monray’s tinham contratado um humano? A pergunta veio como um estalo. Não fazia sentido ela ter sido contratada. Uma sensação de medo veio inevitavelmente, estava tão preocupada com outras coisas que havia esquecido totalmente o sentido de estar ali.

— Escuta... – disse Kiara serena – Porque vocês me contrataram?

— Porque você está sempre fazendo perguntas difíceis? – perguntou Arthur de volta.

— É uma curiosidade... – insistiu Kiara

— Foi coisa de Allan... apesar de sermos meio irmãos, ele não me conta muito as coisas dele... eu sempre tenho que ficar investigando – disse Arthur se apoiando no órgão – isso é um saco às vezes.

— Mas você não tem nem uma ideiazinha?

— Ideiazinha, eu tenho – disse Arthur tentando imitar o tom da humana. – Você é um petisco bem apetitoso, consigo sentir pelo seu cheiro, isso para um vampiro principalmente sangue puro, deve saltar na boca..., mas também existe outros petiscos bons por aí... então não me resta muitas suspeitas, ele gostou de você por algum motivo, ou o contrário você já estaria morta desde o primeiro dia que você pisou aqui... Eu achei que era o que ele ia fazer naquele dia que te encontrei na escada e disse que você estava perdida, mas me surpreendi de ainda te ver no outro dia... e bem, estamos aqui – sorriu Arthur – É a primeira vez que eu faço amizade com uma humana...

— E isso não é bom? – perguntou Kiara – também é a primeira vez que eu faço amizade com um vampiro

— Não, na verdade é tentador. É difícil conversar com você enquanto eu sinto suas veias pulsando... – disse Arthur mostrando um sorriso como se tivesse dito qualquer coisa normal.

— Você é assustador... – disse Kiara desconfortável

— Eu sei... Bom eu vou dar uma volta na casa de uns amigos – Arthur saiu andando normalmente, deixando Kiara para trás.

O vento no jardim estava frio, a água na cascata cintilava no reflexo da lua. Estava silêncio e alguns grilos cantavam em algum lugar um pouco distante. O banco de mármore que Kiara sentou, estava gelado, mas nada que incomodasse tanto. O céu estava muito estrelado, nunca tinha visto um céu tão bonito em toda sua vida. Analisou-o até cansar e sentir dor no pescoço, então deitou-se no banco de maneira que conseguisse ver mais confortavelmente o céu.

O que será que iria acontecer dali para frente? Queria que as coisas tivessem acontecido de forma diferente, seu emprego bem-sucedido, último ano da escola, baile de formatura no final do ano e talvez fosse conseguir entrar em uma faculdade com a ajuda de Malu..., Mas agora, estava tudo arruinado, era uma prisioneira de um vampiro nobre, mantida em segredo para saciar a sede de monstros sugadores de sangue. Provavelmente não entraria em uma faculdade, e morreria a qualquer momento... Nunca tinha imaginado uma vida assim, gostaria de acordar desse pesadelo e poder continuar a viver sua vida normal.

Kiara não tinha ideia de que horas eram, mas ficar naquele banco duro já estava desconfortável, não queria voltar para o quarto, tinha passado tanto tempo nele que estava entediada e enjoada de ver a mesma coisa. Olhou para o labirinto e não pensou duas vezes antes de entrar. Não sabia o tamanho dele, mas isso não importava... não tinha mais nada a temer à essa altura das situações.

Kiara andava lentamente, virando aleatoriamente para qualquer lado, sem rumo e sem objetivo, apenas pensativa. Cada vez que andava mais, ficava mais escuro. Haviam vários vãos dentro do labirinto, alguns tinham chafarizes, outros umas estátuas que deveriam ser de vampiros importantes. Kiara sentiu falta de flores nos jardins dos Monray’s. Não haviam em lugar nenhum, nem na área externa e pelo visto nem no labirinto. Kiara cansou de andar e parou em um vão com uma espécie de mausoléu no meio. Pensou em descansar, mas sentiu um grande mau estar, o labirinto estava escuro, onde não sabia a saída nem onde estava, e ainda por cima do lado de um mausoléu. Deu a meia volta e começou a tentar voltar, estava com medo, uma sensação estranha de pavor.

Kiara andou, virou várias vezes, estava desesperada e havia se arrependido de ter entrado ali... quando saiu novamente em um vão, deu de cara com o mausoléu. Seu coração começou a acelerar de pânico, voltou correndo pelo mesmo caminho que estava vindo. Correu e correu, sem conseguir achar o caminho de volta. Na terceira vez que saiu no mesmo lugar e viu a construção novamente, começou a chorar, lágrimas escorreram dos seus olhos. Não sabia o que fazer, encostou em uma árvore que havia ao lado do mausoléu e se encolheu. Parou de choramingar quando escutou um barulho entre as folhagens vindo das paredes do labirinto. Estava com muito medo, sabia que não poderia se defender de nada, caso corresse perigo.

— Está se divertindo no seu passeio? – aquela voz a confortou de uma maneira inexplicável, lhe trouxe segurança e paz.

— Allan! – Kiara se levantou e correu em direção a ele, sem se dar conta de qualquer coisa racional, o abraçou, pulando em seus braços, suas lágrimas molharam rosto do vampiro.

Allan afastou-a e a olhou nos olhos como se tentasse ler o que estava se passando. – Você está...

Kiara se lembrou que no estado em que estava, era perigoso ficar perto de Allan, conseguia sentir sua própria carótida pulsando em seu ouvindo. Colocou a mão no pescoço rápido e andou dois passos para trás.

Os olhos de Allan mudaram do cinza para o vermelho ali na sua frente, e antes que pudesse pensar qualquer coisa, foi teleportada com Allan pra debaixo da árvore. Ele puxou a mão de Kiara que tampava seu pescoço e encurralou-a na árvore. Kiara estava ofegante, era muita sensação em um curto espaço de tempo.

Allan comprimiu-a na árvore e cravou seus dedos em seu cabelo, pegando-a pela nuca. Com a outra mão, pegou em sua cintura por debaixo da blusa. Kiara pela primeira vez percebeu através do olhar, que Allan fazia esforço. Estavam de testa com testa, encarando um ao outro, apenas a respiração falava pelo momento.

Kiara sentia seu corpo se aquecendo, todo o medo tinha se convertido em excitação, agora não tinha dúvidas, estava excitada. Kiara agiu no impulso do momento e beijou-o. Ela o desejava, não tinha dúvidas. Os lábios de Allan eram macios e quentes, mas agora sentia com seus próprios lábios e não com sua pele.  Allan não retribuiu o beijo.

 Kiara muito envergonhada pelo que tinha feito, afastou-se e empurrou-o com as duas mãos. Ele não se moveu nenhum centímetro, embora tivesse colocado muita força, pareceu que não tivesse colocado força alguma.

Ela não conseguiu encará-lo, pensou em pedir desculpas, mas não conseguia falar uma palavra sequer. Se moveu para sair de seus braços, mas Allan a apertou mais ainda.

Ainda sem dizer nada, Allan reagiu. Beijou o pescoço de Kiara e lambeu-o lentamente. Fazendo Kiara estremecer. O único barulho era da respiração de Allan em seu ouvido.

— Você não tem noção, do perigo que corre quando está perto de mim nesse estado. – disse com a voz sedutora.

— Talvez eu tenha – respondeu baixinho

— Então te falta juízo...

— Ou então te falte coragem – Kiara soltou aquelas palavras sem nem pensar no que estava falando. Quando se deparou, já tinha falado.

Para sua surpresa, Allan retornou, liberando-a e havia um sorriso em seus lábios – Quando foi que você ficou tão ousada? – disse com os olhos fechados e depois abrindo-os lentamente encarando-a com aqueles olhos originais, azuis acinzentados de que tanto gostava.

Kiara não respondeu, estava com vergonha suficiente para ficar calada e com muita vontade de correr de Allan e se esconder. Mas era claro que isso era impossível. Então esperou quieta, ele tomar a iniciativa de levá-la de volta para a mansão.


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Notas finais do capítulo

Vou escrever esse final de semana, então espero não demorar.



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