Nigth End escrita por Suzy Chan


Capítulo 11
O Jantar


Notas iniciais do capítulo

Saindo do forninho mais um capítulo e mais alguns segredos sendo revelados, espero que gostem, deixem mensagem do que estão achando, beijos.



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— Eu não vou mais esperar, vou lá na casa dela. – disse Malu preocupada

— Será que ela adoeceu? – Talita deu a primeira mordida na maçã do seu lanche.

— Igual Ryan? Que não aparece desde aquela loucura? Eu não vou pagar pra ver

— Tem razão, em menos de uma semana... Será? – Talita franziu o cenho – Eu vi ela sábado... – Talita pensou na carta de Ryan, mas decidiu não comentar com a amiga, já que ele pediu segredo.

— Depois da aula a gente corre lá, pra da tempo de ir pra casa antes de anoitecer, qualquer coisa se ela não tiver em casa, não perde tempo, já fala com seu pai. – Malu baixou a cabeça

Talita se levantou – Eu não tinha parado pra pensar em algo assim... mas não sei, eu to com um pressentimento estranho... ‘’logo depois daquela carta... o último dia que eu a vi... foi no dia da carta” Eu acho melhor a gente ir logo...

Malu concordou sem hesitar, se levantou em um pulo e saíram em passos largos da escola.

                                           ✞

Ryan foi novamente na recepção, que na verdade não era nada receptiva, era um cubículo escuro onde tinha uma escrivaninha com várias estantes atrás, possuindo números de 1 à 100. O local estava vazio e só uma tocha na parede iluminava o ambiente.

O número 20 estava na segunda fileira de estantes, de longe avistou que não tinha nada ali. Deu a meia volta e voltou ao seu quarto. Tinha a certeza de que não encontraria nada, tinha ido 3 vezes olhar durante o dia, e os correios só chegaram pela manhã. Mas sentiu a necessidade de verificar novamente.

A única oportunidade de ver a luz do sol, era nos treinamentos em grupo, uma vez por semana, eles faziam o treinamento aberto na floresta. O local que treinavam escondidos era alto e sempre ficavam vários vigias cercando a área para avisar se algum perigo se aproximasse.

Viver escondido da sociedade não era uma tarefa fácil, Ryan tinha a esperança de em breve conseguir sua vingança e poder ter a vida que sempre sonhou.

No dia seguinte, pela manhã, se reuniu aos demais no refeitório e comeu um omelete de frango, uma fruta e tomou um café bem quente. Hoje finalmente teria um treinamento ao ar livre. Passou seus 30 minutos de refeição conversando com Natali sobre a decisão de qual seria o pior lugar para morar, o orfanato ou o ECV.

— Lá era mais iluminado, dava para ter iluminação natural de dia e a ver a lua à noite. – disse Natali com a boca cheia de pão.

— Nesse subterrâneo a gente não sabe nem que horas são, não tem janelas aqui. Eu só sei que é de manhã quando chegam os correios.

—  1 ponto para o orfanato – disse Natali com empolgação. – Lá também dava pra ver mais pessoas, tinham as crianças do orfanato e o pessoal lá fora.

— É, dava pra olhar a movimentação da rua pela janela, mais 1 ponto pro orfanato. – Ryan se lembrou que estudava pela manhã e a tarde tinha tempo livre pra ficar admirando as pessoas passando na rua, que diferente da sua, tinham uma vida livre e feliz.

— Você ia sagradamente para aquela janela do corredor do último andar olhar as meninas do colegial passarem. – Natali riu em provocação.

— Não eram só garotas que passavam ali – rebateu

— Não seja defensivo, você sabe que não tem ninguém mais observadora do que eu... Tinha uma garota bonitinha de cabelos bem pretinhos e compridos que seus olhos brilhavam quando ela passava... – Natali ficou séria – Você nem me contou se conheceu ela quando foi pra escola

— Não é da sua conta. – Ryan se levantou e saiu na frente pra pegar suas coisas e esperar o restante do pessoal para o treino. Natali sabia de tantas coisas que as vezes era irritante, sentia que sua privacidade era invadida. Ter insistido para ir à escola, tinha lhe dado também um pouco de sossego, gostava de ficar sozinho de vez em quando.

Em poucos minutos, chegando um a um, todos estavam na sala de preparação. Eram onde haviam várias armas, roupas de combate, escudos e elmos. Sempre antes de qualquer treinamento, os usuários pegavam a arma de sua escolha, a qual possuía maior maestria, e após o treino guardavam todo o material que fora retirado.

Havia uma arma especial guardada em uma sala em anexo a esta. Era um arco diferente, feito do mesmo material da adaga sumida de Ryan, junto com o arco, haviam cinco baús com várias flechas também desse mesmo aço nessa sala anexo. Ninguém a usava, era guardada para um momento especial, quando realmente fossem necessitar.

Ryan tinha grande maestria com arcos e adagas. Preferia armas leves, para ter uma boa movimentação, a escolha da adaga junto com o arco, lhe dava duas opções de ataque, tanto a distância quanto curto alcance. Natali sabia um pouco de arco, por influência de Ryan, mas preferia usar espada de duas mãos. Era também muito ágil, embora não como Ryan, e sua maestria era incrível.

Após todos se equiparem e colocarem suas capas, o capitão, treinador Wills chegou e fez uma fila para poderem sair. Andaram pelo corredor em direção ao fundo do esconderijo, após passarem por uma grande que bloqueada o pequeno vão rochoso, começou uma subida ingrime para a superfície.

Ao final da longa subida, eles saíram em uma colina rochosa, em um terreno alto, depois de todos saírem e a pequena porta de madeira coberta de grama se fechar, era impossível reconhecer que ali havia uma passagem,  terreno era cheio de árvores altas de todos os formatos, perfeito treinamento de combate.

O treinador Wills separou todos em dois grupos de 16 e em seguida foram feitas duplas. Natali e Ryan ficam na mesma dupla como de costume, e a missão foi dada. Haviam diversos alvos espalhados em toda a área. Um grupo  ia ficar no centro, onde haviam a maior parte dos alvos e o outro ia invadir o local. Eram dois tipos de alvo, um quadrado e outro redondo. O quadrado apenas o time de invasão poderiam atingir e o redondo apenas o time do centro. Alguns estavam muito próximos e outros sobrepostos, com apenas uma parte do outro aparecendo.

O Objetivo do treino era precisão em batalha. Em uma cena real onde inimigos e aliados estão misturados lutando, um pequeno erro de precisão pode dar vantagem ao inimigo se um aliado atingir o alvo errado. A dupla teria que acertar todos os alvos de seu time em menos tempo possível.

O capitão Wills esperou que o grupo invasor se escondesse e acenou para começar quando todos já estavam em posição.

Ryan subiu em uma árvore de 5 metros em uma fração de segundos, longa distância era sua especialidade, então ficar escondido em cima era uma boa posição tática. Natali ficou em baixo esperando o primeiro ataque do time invasor, para terem autorização do time central começar.

Um homem alto e moreno foi o primeiro a cravar um dos alvos, no mesmo instante começaram a brotar pessoas de todos os lados lançando facas, flechas e até lança. Natali avançou desviando de todos que passavam e todos as ataques ao mesmo tempo que atingia os alvos redondos. Parecia que dançava no meio da confusão, era uma guerreira graciosa e muito perigosa em combate. Ryan se manteve pulando nos galhos das árvores e atingindo seus alvos com uma velocidade incrível, a flecha cortava o ar de uma forma que se tornava quase imperceptível, um ataque daqueles em uma mata fechada com certeza seria impossível desviar. Segundo as instruções de Wills, eram 50 alvos para cada time. A dupla acabava atingindo o mesmo alvo duas vezes em algumas situações de rápido reflexo.

Natali se distanciou pela direta e Ryan foi para a esquerda depois que limparam o centro. Em 5 segundos Ryan abateu 7 alvos, 5 no centro e 2 na lateral. Em mais 10s terminou sua ala aterrizando no chão e soltando 3 flechas de uma só vez, que atingiram 3 diferentes alvos. Correu para o centro e chegou quase o mesmo tem que Natali. Como de costume foram os primeiros. Os dois comemoraram com uma batida de de mãos.

— Do que estão comemorando ? – perguntou o capitão enquanto mais 3 duplas chegavam atrás.

— Terminamos primeiro. – respondeu Natali

— 30 segundos e 2 milésimos de segundos para ser mais exato – completou Ryan

— Natali tem um corte na perna – disse o capitão sério – Isso significa que vocês falharam.

Natali olhou para a lateral de sua perna e tinha um corte com sangue escorrendo. – Foi mal, nem percebi. – disse se dirigindo a Ryan

Todas as duplas já estavam reunidas no centro, o capitão se dirigiu a todos em voz alta – Em combate, não basta acertar o inimigo e se defender dele. Evitar um ataque a um aliado, desviar e se defender de um ataque de um companheiro às vezes é necessário. Vejo que a maioria de vocês tem arranhões e cortes. – O capitão colocou as mãos para trás e começou a andar ao redor do grande grupo – Do que adianta acertar os inimigos e vocês mesmo se machucarem? Que tipo de aliados vocês são ? – O capitão falava fazendo pausas firmes – Devemos estar preparados para emboscadas e contra ataques. Evitar danos é obrigação de vocês, principalmente quando se trata de ataque aliado. ENTENDERAM? – gritou.

— Sim senhor! – um coro respondeu

— Agora todos os que estão feridos vão formar duplas e ficar no centro. E o restante faz o outro grupo e vamos seguir as mesmas instruções... AGORA!

As duplas se formaram rapidamente, Ryan ficou com o homem moreno que tinha feito o primeiro ataque do grupo invasor e começaram a dinâmica novamente. Apesar do treino cansativo e repetitivo, a sensação de estar ao ar livre agradava à todos. Ao pôr do sol, todos os alvo e destroços foram recolhidos e levados vários troncos de madeira para dentro. A madeira servia para fazer instrumentos e novos bonecos para o treinamento interno. Eles aproveitavam essa saída semanal para recolher o máximo de material possível da superfície.

O restante do material, comida e encomendas, chegavam diariamente pelo túnel da frente que haviam vários acessos espalhados na cidade. Ryan e Natali aproveitaram e colheram algumas frutas e colocaram na mochila. Ao voltarem, os feridos foram para a ala da enfermaria, fazer os devidos cuidados com as duas enfermeiras e o médico que tinham sobrado depois da guerra. A maioria já sabia se cuidar sozinho, devido a rotina, mas em alguns casos precisavam da ajuda das profissionais.

Natali andou dedicando uma parte do seu tempo para aprender cuidados médicos e já auxiliava em alguns procedimentos. A alta da enfermaria vinha de um dia para o outro, eles tinham uma rápida regeneração tecidual e resposta metabólica. Portanto a enfermaria só ficava cheia após os treinos, em especial os externos, que eram mais intensos.

Ryan estava totalmente ileso e bem ativo, esquecera de passar na recepção antes do treino, devido ao seu desentendimento com Natali, mas foi correndo verificar sua caixa de correios após o treino. Se dirigiu direto ao número 20 da segunda prateleira e ali estava, um pequeno envelope branco endereçado para ECV, R020.

Pegou o envelope e foi para o quarto. Entrou e trancou a porta, sem muitas cerimônias abriu o envelope branco.

Querido Amigo R020,

Desculpe estar lhe mandando essa carta, eu certamente não deveria saber como lhe corresponder se não tivesse visto a carta que você enviou para Kiara. Bom, eu estava com ela quando ela recebeu.

Eu não sei o que você ta tramando, mas gostaria de saber se Kiara está com você nesse ECV, se sim, me informe o mais rápido possível, se não, então nossa amiga está desaparecida. A casa está vazia e a senhorinha que mora aqui não à ver a mais de quatro dias. A Malu não sabe nada sobre você, estou mandando essa carta escondida. Prometo guardar seu segredo.

Talita

OBS: mande para o endereço de Kiara, vou vir todo dia antes da escola olhar a caixa de correios dela. Quando eu tiver mais informações lhe aviso. Abraços

                                           ✞

Kiara recebeu duas amas dos Monray’s, Alice e Poline a única coisa que diferenciava as duas era o corte de cabelo, Poline tinha o cabelo curto em um corte chanel e Alice cabelos compridos até a cintura, tinham um tom de castanho avermelhado e eram bem escorridos. As gêmeas limpavam o quarto todos os dias, trocavam a colcha de cama e acordavam Kiara para comer sempre nos mesmos horários. Tinha recebido vestimentas novas e visita de Arthur todas as noites.

— Vamos, fala alguma coisa... Já é a terceira vez que eu venho aqui te ver e você não me responde – insistiu Arthur puxando o lençol de uma só vez de de cima de Kiara. – Você não ta comendo, olha seu prato de almoço intacto aqui hoje também. – Arthur foi até a cabeceira de Kiara, pegou uma colher do almoço e colocou na boca. – Cof, Cof, que troço horrível, é por isso que você não come essa porcaria. – disse cuspindo.

— Mas você deve gostar disso não é? Esses negócios de inseto, verde... como é o nome disso mesmo? Tomate? Não, é Alface eu acho... ou é Cenoura, tanto faz, tudo gosto de terra. – Arthur olhou para Kiara e cruzou os braços.

O almoço na verdade era delicioso, Kiara comeu o primeiro dia. Mas começou a fazer greve de fome. Se fosse ser devorada, queria parecer menos nutritiva possível para esses monstros.

Houve duas batidas na porta e Poline apareceu – Hora do jantar senhorita Mont. – Alice entrou logo atrás.

Kiara estava imóvel na cama, como se estivesse sozinha no quarto, não tinha qualquer ânimo para nada, não teria motivos para tal, estavam apenas mascarando o show de horrores que deveriam estar preparando para ela. Se perguntava se o Sr. da Candy Coffee também fora mantido prisioneiro antes de cometerem aquela atrocidade. Não sabia nem se ele ainda estava vivo para contar.

Alice e Poline fizeram reverência para Arthur – Sr. Pedimos sua licença para preparar Kiara para o Jantar, à pedidos do Sr. Allan.

Aquele nome fez Kiara arrepiar-se. Não o via desde o dia que invadiu a biblioteca.

— Está com sorte Kiarinha, nosso príncipe Allan quer jantar com você...

Kiara congelou, “ele quis dizer jantar comigo? Ou me jantar...

— NÃO! – disse se sentando de uma vez na cama. – EU NÃO VOU! Por favor, me deixem ir para casa.

— Olha veja só... estava com saudade da sua voz – Arthur sorriu. – Você é a primeira garota que recusa o Allan... Uma garota difícil, interessante.

Poline e Alice puxaram Kiara da cama, elas eram muito fortes, embora fizesse força para não ir, pareciam não fazer esforço algum para locomover Kiara. Elas eram muito fortes.

Entraram no banheiro e começaram a despir Kiara.

— Vocês não podem fazer isso, me soltem! – debateu Kiara

— Nos desculpe Srta. Molt, vamos estamos seguindo ordens.

Kiara sabia que nada do que fizesse adiantaria, só iria gastas suas energias que já não tinha muito. Então cooperou, entrou na banheira por conta própria e deixou as meninas fazerem o resto. Foram adicionados sais de banho de morango champanhe na banheira que tinha espaço para três pessoas. Alice e Poline subiram o vestido até o joelho e amarraram como uma espécie de nó para não molhar e entraram na banheira para banharem Kiara. Esfregaram suas costas e lavaram seu cabelo, eram tantos cheiros diferentes que ia sair uma salada de frutas dali.

Após o banho Kiara vestiu um roupão e voltou para o quarto. Arthur já tinha saído, e como péssimo costume, deixado a janela escancarada, entrando um vento frio no quarto. Poline fechou os janelões e as cortinas e Alice escolheu um vestido preto liso, com as mangas caídas, seu comprimento ia até o joelho e uma sandália prata de salto alto. Após as meninas escovarem e secarem seu cabelo, Kiara se vestiu.  Não sabia o Porquê de se arrumar tanto para ser servida de jantar. Ao se olhar no espelho, se admirou. Nunca tinha se vestido assim tão elegante, na verdade a única festa que talvez fosse se vestir assim, seria seu baile de formatura no final do ano que provavelmente não iria mais comparecer.

— Você parece uma nobre. – disse Alice sorrindo, satisfeita com sua escolha na combinação.

Poline abriu a porta do quarto – Vamos, estamos atrasadas, você demorou muito no cabelo dela. – disse se dirigindo à Alice

— Eu não tinha notado que era tão comprido – respondeu Alice

Poline foi na frente, Kiara nunca tinha visto como era o último andar da mansão, era parecido com os demais andares, exceto por ter menos mobílias e as paredes eram cinzas ao invés de bejes.

Continuaram andando pelo corredor até parar em um mezanino, Kiara olhou através do parapeito e viu o terceiro andar lá em baixo. No centro da grande abertura tinha uma esfera gigante de metal, era uma decoração diferente, parecia meio futurista. Kiara desceu em uma escada curva que rodeava a abertura e chegou ao terceiro andar. Logo a direita tinha uma porta grande de duas folhas, Poline abriu as duas portas de uma vez e se posicionou de lado fazendo sinal para entrarem.

Kiara entrou e as portas se fecharam nas suas costas. O salão estava escuro e haviam muitas velas, havia uma mesa comprida no centro, muitas janelas a esquerda e o local parecia vazio. Na cabeceira mais próxima, a mesa estava posta. Kiara olhou para trás, pensou em sair, olhou pra mesa novamente e resolveu se aproximar. Estava bem farta, com diversos tipos de carne, frutas, saladas, comidas com caldo, aquilo tudo serviria 10 pessoas tranquilamente.

Antes que pudesse pensar em sentar, a cadeira se arrastou, fazendo-a da passo para trás no susto. Várias velas foram se acendendo nas paredes nos dois lados e um alto castiçal ao centro da mesa iluminou a cabeceira do outro lado, onde Allan estava sentado.

— Sente-se

Kiara se sentou devagar e puxou a cadeira se acomodando. Seu estômago estava doendo e aquele cheiro de comida estava muito tentador.

— Soube que não estava se alimentando esses dias – quebrou o silêncio

Kiara continuou calada olhando para o prato, não queria se entregar facilmente.

— Sirva-se

— Não estou com fome

— É claro que está, não come nada a dias. – Allan olhava fixamente para Kiara, lendo suas expressões.

— Porque se importa se eu estou comendo ou não? Faz alguma diferença pro seu paladar? – Kiara encarou-o desafiando.

Allan sorriu – Ah! Então era isso... – disse pegando uma taça com um líquido vermelho e tomando um gole. – Sabe, é verdade, o gosto muda... mas para tirar prova eu terei que experimentar, e farei exatamente isso se você não comer – desfiou Allan de volta.

— Isso é sangue? – Kiara olhou para o copo na mão de Allan

— É! Mas não é tão saboroso quanto o seu. – Allan sorriu de lado e encarou-a como se tivesse flertando com Kiara.

O estomago de Kiara embrulhou, ficou com vontade de vomitar, mas não havia nada ali dentro para retornar. – É do dono da Candy Coffee? Seu outro sacrifício.

— Tome cuidado com suas palavras mocinha. – Allan ficou sério – Eu não tomaria aquele sangue podre, ele não serve para nós...

— Como assim?

— Aquele velho não é um humano como você pensa, ele é uma espécie de sangue impuro, igual o seu amiguinho Ryan.

Kiara fez cara de espanto – O que? Ryan é um Vampiro também?

— Ah não, mas que ofensa... ele é... bem... se você comer eu vou lhe contar. – disse Allan jogando as mãos para trás de sua cabeça e se encostando na cadeira como se tivesse muito confortável.

“ Droga “— Ok, você venceu. – disse Kiara chateada

Allan sorriu satisfeito e observou-a comendo, viu-a se servindo de salada, dois tipos de carne, um pouco de purê de batata e algumas frutas. Kiara estava com tanta fome, que não se importou de ter alguém observando-a comer, seu estado de necessidade de sobrevivência falou mais alto.

Allan observou quieto e em silêncio enquanto ela comia e ele saboreava seu coquetel de sangue fresco. Ao final Kiara limpou a boca com um guardanapo de pano e olhou para Allan esperando sua resposta.

— Para quem não estava com fome... – Allan sorriu para Kiara.

Kiara se segurou ao máximo para não cair nas graças de Allan, desviava o olhar para ajudar na sua firmeza. Não sabia porque, mas olhar para ele assim e aquele sorriso, não parecia que ele era um monstro.

— Bem, Ryan é um Guardião... é como eles se chamam. É uma espécie assim como nós, diferente dos humanos. Ele não bebe sangue, então não é um vampiro... digamos que, nossas espécies não se dão bem...

— Porque? E o que eles tem de diferente de nós?

— Eles tem mais agilidade, força e controlam alguns elementos, é o que vocês chamam de magia. E o porque de nós sermos inimigos bem... é uma longa história.

— Conte-me por favor – insistiu

— O que você me da em troca? – brincou Allan

— Pare de barganhar comigo, não é justo!

Allan sorriu “Que gracinha“— Então se você não tem nada pra me oferecer... – Allan se levantou da cadeira

Kiara se levantou da cadeira também e jogou os cabelos de lado espondo sua nuca. – Pegue, não é isso que você quer?! Só não me mate antes de me contar toda a verdade.

Allan se dissolveu como um vulto e apareceu atrás de Kiara agarrando-a pela cintura e encostando a boca em seu ouvido do lado da nuca exposta.

— Não brinque com fogo, ou se arrependerá – Allan virou Kiara de frente para ele e puxou delicadamente o cabelo de Kiara de volta, escondendo sua nuca. – É muito tentador, mas você está muito fraca para isso... me prometa que vai comer direito e se comportar e eu posso liberar seu passeio pela mansão ao invés de ficar trancada no seu quarto.

— Mesmo?! – se surpreendeu Kiara

— Sim... e lhe contarei o que quiser. – Allan sumiu como um vento, deixando Kiara sozinha em pé, no salão enorme e mal iluminado do terceiro andar.


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Notas finais do capítulo

Postarei o próximo capítulo assim que puder.



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