O vermelho de Copenhague escrita por Letícia Matias


Capítulo 2
Dois


Notas iniciais do capítulo

Oi!!!! Tudo bem?
Bem, como prometido na segunda, aqui está o segudo capítulo da história.
Espero muito que gostem.



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Meu quarto nos dormitórios da faculdade era um pequeno cubículo de paredes de tijolos marrom-avermelhados. Havia uma escrivaninha de madeira com muitas partes descascadas, uma cama de solteiro encostada na parede, uma pequena janela de vidro com persianas e um guarda-roupa minúsculo ao lado da porta de entrada do quarto. Eu não fazia a mínima ideia de como organizar todas as minhas roupas naquilo, pois mesmo estando uma semana lá, eu ainda tinha roupas na mala de rodinha debaixo da cama. Eu não podia reclamar, pois todos os quartos tinham banheiros e, ei, eu estava sozinha! Não dividia o quarto com ninguém!

Me sentindo friorenta, parti para tomar banho no banheiro minúsculo onde havia nada mais do que uma privada, um chuveiro pequeno embutido na parede e uma pequena banheira para acompanhar. A cor dos azulejos era de um verde enjoativo e feio. Mas, eu estava sozinha! Era um crédito.

Me despi e após entrar debaixo do chuveiro, lembrei-me que havia deixado a toalha em cima da cama, o que fez que eu tivesse de caminhar nua para fora do banheiro com o corpo arrepiado.

Após estar seca, limpa e com menos frio, sentei-me em frente à escrivaninha onde o computador jazia esperando por mim. Um e-mail esperava para ser lido na minha conta aberta. Havia sido enviado por um tal de Frederick Zarch. Comecei a ler em voz baixa.

"Cara srta. Cooke, este e-mail é estreitamente proibido de ser repassado e contém informações sigilosas sobre seu estágio como enfermeira na casa da família Zarch.

Você foi selecionada dentre outros intercambistas para prestar cuidados para o sr. Zarch, quem sofre com esclerose lateral amiotrófica. Não se preocupe em ter que atender suas necessidades fisiológicas. Estará aqui para dar um suporte moral e cuidados mais leves, junto de uma equipe de cuidadores extremamente qualificada.

Pedimos para que a senhorita compareça amanhã ás oito da manhã no endereço informado abaixo para que possamos cuidar da parte burocrática do processo. Contratos serão assinados além de conhecer mais o ambiente de seu trabalho.  Qualquer dúvida, não deixe de nos consultar.
Atenciosamente,
Betty Ashlof.

Eu não fazia a mínima ideia de quem aquela Betty Ashlof era. Julgava ser alguma secretária ou advogada da família Zarch. Atentei-me ao número de telefone e ao endereço onde eu deveria estar na manhã seguinte. Copiei o endereço e joguei-o no Google Maps que me mostrou uma aparente mansão de muro alto cor de chumbo e uma porta discreta de madeira.

***

Aproveitei aquela sexta-feira para pesquisar um pouco mais sobre a esclerose lateral amiotrófica e descobri que era a mesma doença que o Stephen Hawking tinha. O pavor de não saber lidar com nada daquela situação me assombrou. Eu não sabia se, assim como o gênio, o sr. Zarch falava com a ajuda de um aparelho que deixava sua voz robótica ou ele tinha problemas em sua fala, que faziam com que as pessoas o compreende-se com um pouco mais de dificuldade. E se eu não conseguisse compreendê-lo? E se eu agisse como uma completa pateta? Seria meu primeiro emprego como enfermeira, um estágio. Eu me sentia estranha, apavorada, como se não soubesse nada sobre cuidados, como se não estivesse a poucos meses de me formar na faculdade.

Também vi que a doença era bem rara. Havia uma quantidade de alguns milhares de pessoas que descobriam a doença por ano, mas, ainda assim, era considerada uma raridade. Talvez os menos afortunados acabassem a desenvolvendo.

Mais tarde naquele dia, depois de ter jantado e comido umas três bananas deliciosas e amarelinhas - vovó estaria orgulhosa de mim se me visse - decidi ir correr um pouco. Mesmo que estivesse frio, coloquei um short de lycra azul marinho, uma regata branca e uma jaquela de moletom cinza por cima. Fui até o banheiro para prender minhas madeixas ruivas e onduladas em um rabo de cavalo alto. Meus olhos castanho escuro pareciam ainda menor. Eu me sentia um pouco sonolenta e ainda estava um pouco cedo para dormir. Além do mais, eu não queria perder meus hábitos de me exercitar.

Peguei o celular em cima da escrivaninha e desconectei-o do carregador ligado no computador. Peguei o fone de ouvido e conectei no smartphone colocando a lista de músicas no aleatório. Eu raramente gravava músicas no meu celular, de modo que ouvia sempre o que o aplicativo me sugeria. Era uma boa forma de conhecer músicas novas e não enjoar das que você já havia conhecido e gostado. Também peguei uma garrafa de água vazia que eu encheria no corredor, no bebedouro.

Saí do quarto trancando a porta escura atrás de mim e me deparei com outras portas fechadas no corredor mal iluminado. Havia luzes verdes e amarelas iluminando o estreito espaço. No chão, um tapete extenso e vermelho ficava sobre o capete de madeira. Passei por algumas pessoas no corredor conversando entre si em inglês e outras línguas. Eu tinha conhecido apenas uma menina do Japão que se esforçou para falar comigo em inglês naquela semana e ela aparentemente não estava naquele andar e eu não sabia em qual estava.

Parei no bebedouro mais próximo e comecei a encher a garrafa d'água. A água tinha uma pressão lenta, o que fez com que a tarefa demorasse muito mais do que deveria.

Senti alguém me cutucar no ombro. Eu estava  prestando atenção na música e me assustei ao sentir alguém me tocando. Olhei para meu lado direito e vi um rapaz alto e grande nos ombros com cabelos escuros e lisos com um sorrisinho no rosto.

– O quê? - perguntei tirando os do ouvido.

– Eu disse que você tem que abrir o registro desse troço, senão, não vai encher tão cedo.

Franzi o cenho e acompanhei sua mão que foi até uma espécie de interruptor e puxou uma minúscula chave para cima. Assustei-me com a rapidez que a água começou a sair e encher a garrafa. Senti-me estúpida e forcei um sorriso para ele que já me olhava achando a maior graça. Seus olhos eram escuros assim como seu cabelo.

– Ah.

Ele riu permitindo ver que seus dentes eram alinhados e brancos. Sinceramente, ele parecia ter saído de alguma revista da Abercrombie. Ri também, mas sem achar tanta graça.

– Obrigada. - falei e fechei a garrafa d'água.

– Sem problemas. Você é americana?

– Sim. - concordei com a cabeça. -Você também é?

– Sim. Sou da Philadelphia.

– Ah! Califórnia. - disse apontando o dedo para mim mesma.

Ele sorriu de novo e começou a encher uma garrafa d'água.

– Bem, eu... tenho que ir. - falei.

– Está indo correr?

– Sim.

– Se importa se eu ir junto? Também estava indo.

Olhei para seu traje. Ele usava mesmo um short de lycra e uma regata, além de um tênis esportivo. Dou de ombros.

– Claro.

Senti-me um pouco nervosa com aquilo. Era estranho alguém conhecer você e já pedir para fazer companhia. Mas ele era americano e eu ansiava em ter alguém para conversar. Além do mais, o cara era um Deus! Pensar assim fez com que meu rosto fervesse e eu olhasse para meus pés enquanto o esperava.

– Eu sou o Louis, aliás.

Olhei para a mão gigante que ele estava me estendendo e a apertei de leve. Ele me deu outro sorriso que fez com que meu estômago se revirasse, nervoso.

– Não vai me dizer o seu nome?

– Ah! - me toquei que não havia dito o meu, realmente. Que diabos está acontecendo com você, retardada? - Eu sou Wendy. Wendy Cooke.


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Notas finais do capítulo

Bem, o Louis vai aparecer bastante na história, já digo de antemão. Adoraria saber o que acharam desses dois capítulos até agora e dos personagens apresentados até aqui.
Espero muito que estejam gostando... Não deixem de dar a opinião de vocês nos comentários. Elas são sempre bem-vindas ❤
Um grande beijo e enorme abraço. Até sexta com o capítulo 3!!! ❤❤❤
Lê.



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