Eu, Ela e o Bebê escrita por Lara


Capítulo 8
Caso Assassinato de Hollywood


Notas iniciais do capítulo

Oii Cupcakes ♥! Eu sinto muito por não ter postado ontem, mas é que eu não estava me sentindo bem e acabei preferindo ir descansar do que escrever. Mas, aqui estou eu.

Muito obrigada Isabelle, Pequena Rosa, Suh Souza, kaialasilva, maya, Kah Mocchi, Juliana Lorena, Nanda, isabelsilva, Renataafonso e Mrs Ackles pelos comentários que me inspiraram tanto. Eu realmente gostei de escrever esse capítulo e espero que vocês também gostem. Boa leitura...



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Capítulo VII – Caso Assassinato de Hollywood

 

“Num dia como o de hoje, quando nada funciona do modo como planejamos, no meu mundo imaginário, minha noite teria terminado assim: Cansada por causa da semana agitada, pensando em cair na cama e só levantar de lá três dias depois, eu seria surpreendida pelo garoto me esperando na portaria do jornal. Com um lindo sorriso, ele me diria que havia me preparado uma surpresa. Claro que eu insistira em saber do que se tratava, mas ele negaria, prometendo que tudo seria revelado no momento certo.”

Azul da Cor do Mar – Marina Carvalho

 

Donna Smoak era radiante. Com os cabelos loiros e os olhos tão cristalinos e azuis quantos os de Felicity, não havia dúvidas de quem Felicity havia herdado a beleza. Se não fosse pelas roupas que escondiam mais do que deviam e todos os esforços de minha colega de trabalho para se manter discreta ao mundo, ela poderia ser ainda mais parecida com sua mãe. Entretanto, havia algo ainda surpreendente que encontrar a mãe de Felicity na cena de um crime. De todas as profissões que eu poderia imaginar que Donna pudesse exerce, eu jamais cogitaria a de atriz de filmes eróticos.

A mulher estava com o rosto manchado pelo o choro intenso de instantes antes. Ela abraçava a filha com força e fecha os olhos, com um bonito sorriso nos lábios. Ela provavelmente se sentia mais tranquila por ter encontrado com a filha depois de ter presenciado a morte de uma pessoa.

Felicity suspira e retribui ao abraço da mãe. Havia algo de complicado na relação das duas, ainda que eu duvidasse que fosse pior que o meu relacionamento com o meu pai. Apesar de tudo, Donna parecia realmente se importar com Felicity e demonstrava estar feliz por reencontrar a filha, ainda que em uma situação tão desagradável quanto a cena de um crime. A mais nova se afasta e analisa a mãe. Donna usava um roupão de seda branco por cima da roupa que estava usando para gravar o filme. Vejo a mais nova suspirar e sorri forçado para mãe.

— O que você está fazendo aqui, bolinho? - Pergunta Donna com preocupação. - E por que não me contou que estava em Star City?

— Tio Alec sugeriu que eu viesse trabalhar com ele e eu aceitei. Eu me mudei tem apenas uma semana. - Responde Felicity, soando um pouco cansada. Donna parece notar que a filha não estava bem e a encara com seriedade.

— Por que eu sinto que você está me escondendo alguma coisa? - Questiona a mais velha, direcionando um olhar desconfiado a filha. Tommy e eu nos encaramos, surpresos com o instinto maternal de Donna. Felicity encara a mãe com seriedade e como em uma conversa silenciosa, a mulher parece entender que a filha não diria nada. - Tudo bem. Não irei me envolver em sua vida. Mas admita que foi injusto minha própria filha não me dizer que voltou.

Felicity suspira e me encara, como se implorasse por ajuda. Eu realmente não estava entendendo o porquê de minha colega de trabalho querer tanto fugir da mãe. Arqueio minha sobrancelha e, depois de ver que ela realmente estava incomodada, suspiro.

— Desculpa Sra. Smoak, mas se importaria de me dar uma entrevista? - Pergunto e ela finalmente se afasta de Felicity para me encarar. A mulher me analisa por alguns instantes e sorri maliciosa.

— Quem é ele? Seu namorado, bolinho? - Pergunta Donna, encarando a filha com um grande sorriso.

— Mãe! Eu acabei de ficar viúva. - Felicity responde a mãe com o rosto corado. 

— Exatamente! Só se esquecer de um grande amor com um novo grande amor. Até quando pretende sofrer por aquele cara? - Questiona Donna, cruzando os braços e encarando a filha com repreensão. Algo em seu tom de voz me dizia que ela não gostava do genro.

— Mãe, eu estou viúva há somente dois meses. Poderia ao menos uma vez na vida agir como uma pessoa normal e respeitar o meu momento de luto? - Repreende Felicity, chateada com a atitude da mãe.

— Então ela é viúva? - Sussurra Tommy, encarando-me surpreso. Com toda a confusão que teve com meu pai e a surpreendente descoberta da gravidez de Felicity, nós ainda não havíamos explicado a meu melhor amigo a situação complicada que nossa colega de trabalho enfrentava.

— Sim. - Sussurro de volta. - O marido dela morreu há dois meses, atropelado por um carro desgovernado. Acho que no momento em que preenchi a ficha de atendimento dela no hospital, fiquei com a ideia de que ela é casada e acabei colocando como seu estado civil. Eu fiquei como o responsável dela, então ele deve ter entendido que eu era o marido dela. - Suponho e Tommy balança a cabeça, concordando.

— Espera um pouco. - Tommy segura o riso. - Sua mãe te chamou de bolinho?

— Que apelido adorável. - Comento humorado e Tommy começa a ri.

Encaro Felicity que parece ainda mais envergonhada por termos notado como a mãe dela a chamava. Donna abre um sorriso orgulhoso e se aproxima de mim, pegando em meu braço. Os olhos de minha colega de trabalho parecem dobrar de tamanho ao notar o que a mãe pretendia fazer.

— Eu realmente amei esse rapaz. - Afirma Donna, abraçando meu braço. - Qual o seu nome?

— Oliver Queen, Sra. Smoak. - Respondo, sorrindo galanteador. Felicity abre e fecha a boca várias vezes, parecendo não acreditar que eu estava me divertindo com sua mãe. – É um imenso prazer conhecer uma dama tão bela quanto a senhora.

— Oh, querido, não precisa de tanta formalidade. Você pode me chamar de Donna. - Afirma a loira, sorrindo simpática.

— Tudo bem, Donna. - Concordo, rindo um pouco de sua animação. - E quanto a minha entrevista? Não pense que eu vou deixar você escapar tão fácil assim de mim.

— Bolinho, é oficial! Eu realmente quero esse pedaço de mal caminho e Deus grego da atualidade como meu genro! - Declara a mulher e Felicity parece não saber onde se esconder. - Ele é totalmente meu tipo! Se eu fosse vinte anos mais nova, nós iríamos nos casar agora mesmo.

— Para com isso, mãe! - Choraminga Felicity, em desespero. Ela então se vira para mim e me encara sem graça. - Não dê atenção a minha mãe, Oliver. Ela é louca e não tem senso comum. E para de agarrar ele, mãe!

Felicity puxa a mão que já tinha começado a passar a mão em minha barriga e bunda. Em outras situações, eu provavelmente teria me afastado o máximo possível daquela mulher tão escandalosa, mas de alguma forma, Donna era divertida e sua energia parecia ser contagiante. Então, eu apenas ria junto com Tommy, observando as tentativas inúteis de Felicity de tentar controlar a mãe.

— Eu apenas estava conferindo o material. - Defende-se Donna, sem se importar com o olhar repreendedor de Felicity. A mais velha então respira fundo e assume uma expressão mais séria. Ela provavelmente havia se cansado de provocar a filha. Ela me encara com intensidade. - O que você quer saber?

Um pouco surpreso pela mudança inesperada de humor de Donna, pego meu gravador às pressas e o coloco próximo a mulher para que eu pudesse gravar suas respostas. Tommy pega sua filmadora para gravar a entrevista, que seria disponibilizada na versão online do jornal. Felicity, com seu inseparável bloco de notas e uma caneta, observa a mãe com atenção.

— A senhora conhecia a vítima? – Questiono e Donna suspira com evidente tristeza, balançando a cabeça em concordância.

— Eu não sei o nome verdadeiro dele, mas ele é conhecido como Charles Brandon. Nós filmamos alguns filmes juntos, mas trocávamos somente algumas palavras. Ele era um ótimo ator para se trabalhar. Respeitava a todos e ficava na dele. Preferia não ter muito contato com as outras pessoas. Nas poucas vezes que conversamos, ele me contou que não sentia orgulho desse trabalho, então estava sempre participando de testes para se tornar um “ator de verdade” como ele mesmo dizia. – Conta Donna, com um sorriso fraco em seus lábios vermelhos intensos. Ela limpa o rosto que ainda tinha alguns rastros de lágrimas e respira fundo antes de continuar. – Eu soube por alguns colegas que ele finalmente tinha conseguido papel em um filme grande. Não era nada que tivesse destaque, mas já era alguma coisa.

— Poderia nos contar, com detalhes, o momento em que a vítima foi assassinada? – Peço, observando as ações de Donna, que parece não se sentir bem ao lembrar daquele momento.

— Foi bem assustador, na verdade. Nunca imaginei que presenciaria uma cena como aquela. Nós estávamos filmando uma cena externa, quando ouvimos alguns tiros vindos da cobertura do Night’s Motel. Tudo estava bastante escuro, mas era possível ver sombras e muita movimentação. Em seguida, teve mais confusão para depois ter mais troca de tiros entre eles. Nós ficamos bastante assustados. Não sabíamos se deveríamos continuar na rua, correndo risco de sermos baleados por quem quer que estivesse dentro no último andar do prédio ou se nos escondíamos no próprio Night’s com as chances de darmos de cara com os assassinos. – A mulher suspira e aponta para o prédio onde aconteceu o crime. – Eu vi pelo menos umas quatro pessoas lá em cima batendo em Charles. Depois dos últimos disparos, dois deles pegaram o corpo e o arremessaram sem qualquer piedade.

— A senhora conseguiu ver os rostos deles? – Pergunto com curiosidade. A história estava cada vez mais interessante.

— Não. Estava muito escuro e eu fiquei assustada demais com os tiros. A minha maior preocupação foi encontrar um lugar para me esconder. – Responde, dando um sorriso sem graça. – Mas lembro que eles usavam roupas grossas e pareciam esconder o rosto com algo preto, deixando apenas os olhos a vista. O mais estranho de tudo é que todos ficaram esperando que depois de jogar o corpo de Charles do último andar, os assassinos fossem sair do prédio e usariam armas para atirar em quem atrapalhasse a fuga deles. No entanto, nada aconteceu. Passaram-se aproximadamente dez minutos até que tivéssemos coragem para nos aproximar de Charles. O diretor e nosso cinegrafista junto com a polícia entraram no prédio a procura dos criminosos, mas tudo que encontraram foram manchas de sangue na cobertura e roupas, pelo que eles me disseram.

— Por acaso se lembra a que horas, aproximadamente, o crime ocorreu? – Questiono e Donna leva a mão no queixo, pensativa.

— Creio que há menos de uma hora atrás. Se fosse para chutar, eu diria que foi há quarenta minutos atrás. Não faz muito tempo, na verdade. Nós começamos a gravar eram 18h30min, porque Roger, o meu parceiro de cena de hoje, se atrasou trinta minutos. Pouco tempo depois, uns cinco ou dez minutos, a confusão começou. Assim que ouvimos os primeiros tiros, ligamos imediatamente para a polícia. Acho que menos de cinco minutos depois, o corpo de Charles foi jogado. Dez minutos depois a polícia chegou e foi o momento em que o diretor Franklin e o Michael entraram no prédio. No máximo quinze minutos depois vocês apareceram. A polícia nem mesmo chegou a nos interrogar ainda. – Revela Donna e essa informação me surpreende.

— A senhora disse que a polícia não os interrogou ainda? – Repito a fala de Donna e ela aquiesce, confusa.

— Sim. – Afirma Donna. – Eu estava conversando com o detetive que vai investigar o caso quando vocês apareceram. Ele disse que teríamos que conversar ainda hoje, mas esperaria que todos se acalmassem para poder pegar seus depoimentos. Por causa de toda aquela confusão de tiros e ainda ver um corpo cair e se quebrar em diversos pedaços me fez ficar tão assustada que antes que eu percebesse, eu estava chorando e ele parece ter se sensibilizado com o meu estado.

— Estranho. – Sussurro para mim mesmo.

 

Olá. Eu me chamo Bruce Wright. Eu estou no Night’s Motel e acabo de presenciar um assassinato. – Revela Bruce do outro lado da linha. – Nós estávamos gravando um filme, quando no meio da cena um corpo é jogado de cima do prédio. Imaginei que isso pudesse ser uma grande matéria.

— Com certeza é. – Afirmo, sorrindo satisfeito. – Bruce, eu me chamo Oliver Queen. Em no máximo quinze minutos, eu estarei chegando.

— Tudo bem. A polícia está conversando com as testemunhas, então duvido que eu possa ir muito longe tão cedo. – Responde Bruce com indiferença.”

 

— O que é estranho? – Pergunta Felicity, intrigada com o meu comentário.

Faço sinal para que Tommy parasse de gravar e desligo o meu gravador. A minha atitude deixa todos ainda mais confusos e curiosos. Eu, por outro lado, me sentia preso a um mistério interessante e que podia dar uma matéria ainda melhor do que eu imaginava. Sorrio para Tommy e Felicity, que parecem entender que eu tinha uma carta na manga que poderia nos trazer destaque mundial mais uma vez.

— Fala logo o que aconteceu, Ollie! – Pede Tommy, sem esconder sua curiosidade.

— Antes disso, eu preciso saber de uma coisa. – Digo, passando a encarar a mãe de Felicity. – Donna, você sabe o nome de todos que trabalham na produção do seu filme, certo?

— Sim. Eu gosto sempre de me manter próxima das pessoas que vão me filmar. – Afirma, ainda mais confusa. – Por quê?

— Por acaso você conhece alguém com o nome de Bruce Wright? – Questiono e Donna faz uma expressão pensativa.

— Bruce Wright? – Repete a loira, que nega logo em seguida. – Não tem ninguém na equipe com esse nome. Mesmo entre as pessoas que trabalham no hotel, não há ninguém que se chame Bruce. Eu tenho certeza disso.

— Oliver? – Chama Felicity, quando permaneço em silêncio por muito tempo com um sorriso satisfeito em meus lábios. – No que você está pensando?

— Eu posso estar ficando louco e sei que as chances de minhas suspeitas serem verdadeiras são mínimas, mas eu acho que conversei com um dos assassinos de Charles Brandon por telefone. – Revelo a Tommy e Felicity, que arregalam os olhos e me encaram com esperanças. – Eu sei que pode parecer loucura, mas meus instintos me dizem que eu estou certo.

— Como assim? – Pergunta Tommy, guardando a filmadora que estava em suas mãos. – Bruce Wright não foi a pessoa que entrou em contato com você?

— Exatamente. – Concordo, sorrindo levemente. Eu realmente estava em êxtase com a possibilidade de realmente ter tido contato com o assassino.

— E como foi que você chegou a conclusão que pode ter sido o assassino de Charles Brandon que conversou com você? – Questiona Felicity, ainda parecendo confusa com a minha suspeita.

— Eu recebi a ligação aproximadamente às 18h50min. e agora são 19h39min. – Conto, encarando meu relógio. – Donna disse que o filme começou a ser gravado às 18h30min e a briga de Charles com os autores de seu assassinato aconteceu entre 18h35min e 18h40min. Cinco minutos depois, o corpo da vítima foi jogado do prédio.

— E cinco minutos depois você recebeu a ligação. – Completa Felicity, parecendo entender a minha linha de raciocínio. – Esse intervalo é curto demais para uma pessoa que não esteja envolvida no caso tenha entrado em contato com a gente.

— E não é somente isso. – Afirmo, fazendo todos me encararem ainda mais instigados. – Quando eu recebi a ligação, “Bruce” estava calmo demais para quem tinha acabado de presenciar um assassinato. Ele deu a entender que fazia parte da equipe de filmagem, quando disse “nós estávamos gravando um filme”. Ele falou que achava que seria uma matéria interessante e me garantiu que não poderia ir a lugar algum, porque a polícia estava interrogando as testemunhas.

— Mas não houve interrogatório. Eu tenho certeza absoluta disso. – Garante Donna e o sorriso de Felicity se alarga. Assim como eu, ela sentia que aquele caso traria um sucesso tão grandioso quanto o caso da família Madson.

— Uau! Você conversou com um dos assassinos de Charles Brandon! Não há dúvidas disso! – Exclama Tommy, sem esconder sua animação. – A polícia terá que trabalhar com a gente para descobrir o assassino e isso vai nos deixar muito a frente de qualquer outro jornal do país.

— Vamos com calma, Tommy. Não há certeza alguma de que eu realmente conversei com o assassino e eu não tenho provas, além da minha palavra, do que Bruce me disse. A polícia não concordaria com uma colaboração apenas com isso.

— Droga! – Resmunga o outro, desanimando-se com a minha resposta. Felicity, por outro lado, não parecia estar tão certa da minha falta de sorte.

— Se ele for realmente um dos assassinos, nós temos que pensar no motivo dele ter escolhido você entre todos os jornalistas que existem nessa cidade. – Relembra Felicity, com o olhar distante.

De fato, isso era um mistério. Pessoas desconhecidas geralmente ligavam para a central do jornal e eram transferidas de acordo com a área que gostaria de falar, mas tudo isso era feito com as secretárias fazendo um cadastro prévio antes de transferir a ligação. Quem ligava diretamente em nossos telefones eram somente pessoas conhecidas e geralmente eram apenas nossos contatos espalhados pela cidade. Naquele momento, por estar tão enfurecido pela briga que tive com o meu pai, eu não me toquei desse detalhe.

— Você por acaso conhecia a voz dessa pessoa? Ela disse se foi indicada por alguém? – Questiona Tommy, parecendo entrar na mesma linha de raciocínio que Felicity.

— Não. Tanto a voz quanto nome são completamente desconhecidas para mim. – Afirmo, tentando lembrar de mais algum detalhe que eu havia deixado passar. – Ele também não falou nada sobre ser indicado por outras pessoas.

— Por que ao invés de parecerem preocupados por um assassino ter entrado em contato com o Deus Grego, vocês estão felizes, bolinho? – Pergunta Donna a Felicity, que bufa ao ouvir a risada abafada de Tommy. – Depois você diz que sou eu que não tenho senso comum.

— Isso se chamar oportunidade, Donna. – Respondo, lançando uma piscadela para ela, que ri animada. Felicity bufa mais uma vez, como uma adolescente envergonhada e irritada pelas atitudes da mãe. – Se um assassino resolveu entrar em contato com a mídia, isso significa que temos vantagem de termos informações exclusivas sobre o caso. É como Felicity disse. Dentre todos os jornalistas investigativos, por que ele me escolheu? Por que ele me disse o que havia acontecido e onde havia acontecido?

— Por que você é incrivelmente bonito? – Supõe a mulher, dando uma piscadela. Rio diante de sua brincadeira.

— Mãe! – Felicity repreende a mulher, que dá de ombros, sem se importar com o olhar ameaçador da filha. – Será que dá para levar as coisas mais a sério?

— Você precisa relaxar mais, bolinho. Eu apenas estou querendo amenizar esse clima pesado. – Responde Donna, entediada. – Vocês podem achar esse assunto interessante, mas eu já tive muita tensão por um dia só. Vi meu colega de trabalho morrer, presenciei tiroteios e ainda vou ter que ser interrogada por vários policiais feios. Você viu como os investigadores são barrigudos e estranhos? Se ao menos fossem tão bonitos quanto seus amigos, eu até ficaria mais animada.

— Eu concordo com a sua mãe, bolinho. Você precisa relaxar mais. – Fala Tommy, divertindo-se com a vergonha que Felicity sentia.

— Me chama de bolinho de novo e eu vou ter o prazer de deformar o seu amiguinho. – Ameaça Felicity com um olhar assassino. Ela olha para as pernas de Tommy, que prende a respiração e coloca as duas mãos como proteção a suas partes intimas. – E eu acho que você não vai querer isso. Então cuidado com o que você fala, Tommy.

— Tudo bem. – Responde meu melhor amigo, rindo nervoso.

— De qualquer forma, vamos voltar ao trabalho. Eu quero voltar para casa o mais rápido possível para poder analisar esse caso com mais cautela e atenção. – Digo, pegando meu gravador novamente. – Se Bruce realmente me escolheu, deve ter algum motivo para isso. Então eu não vou descansar até descobrir quem está por trás da ligação que eu recebi sobre o assassinato de Charles Brandon.

 

¶¶¶

 

Após conversar com alguns atores e com a equipe de filmagem do local, além do depoimento de alguns policiais com quem Felicity tinha contato, nós fomos embora. Donna, infelizmente, teve que ficar para prestar depoimento sobre o ocorrido então apenas se despediu de nós, prometendo aparecer no jornal algum dia para me ver, o que geral claro desespero em sua filha, que parecia fazer de tudo para fugir da personalidade extravagante de sua mãe.

Por sorte, nós já tínhamos pego nossas coisas no jornal, então não precisamos voltar ao prédio. Eu estava exausto e não via a hora de chegar em casa para tomar um banho e começar a revisar todo o material que eu consegui com as entrevistas. No entanto, eu acabei ficando com a missão de levar Tommy e Felicity em casa. E por ter a casa mais próxima entre nós três, em poucos minutos eu cheguei em frente ao prédio de meu melhor amigo.

E por estar cansado demais, Tommy apenas se despediu com um aceno e um desejo de boa noite, algo bem atípico para o palhaço da turma, como ele é conhecido em nosso departamento. Mas eu o entendia. O dia havia sido pesado. Eu havia perdido as contas de quantas vezes chegamos aos nossos extremos em pouco tempo. Eu estava aliviado que aquele dia havia chegado ao fim e, ao mesmo tempo, preocupado com Felicity.

Ainda que todos digam que a gravidez não é uma doença, eu me lembrava com clareza do quanto minha mãe havia sofrido durante a gestação de Thea. Felicity é desengonçada e impulsiva, combinações perigosas para alguém que carrega um outro ser dentro de si. Tudo parecia complicado demais e ainda que todos os meus instintos me dissessem para me afastar, algo na loira mandona e complicada ainda me atraia e me puxava para ainda mais perto de suas loucuras.

— Desculpa pela minha mãe. – Fala Felicity, de repente, em um momento em que a baixa melodia do rádio havia se tornado o único som audível dentro do veículo. – Espero que você não se sinta ofendido por causa dela.

— E por que eu me sentia ofendido? Donna é uma pessoa divertida e radiante. – Respondo com sinceridade. Eu realmente estava grato pelas brincadeiras da mulher que me trouxe um pouco de alegria para aquele dia tão intenso e cansativo.

— Mas você não sente...nojo? – Pergunta a loira de maneira hesitante. Desvio meu olhar, momentaneamente, da pista para encarar o rosto apreensivo de Felicity, que me observava com atenção.

— O trabalho de sua mãe não define quem ela é, Felicity. Eu não sei o que se passa na sua cabeça, mas valorize a mãe que você possui. Ainda que ela não seja tão perfeita quanto os seus critérios do que é ser uma boa mãe, ela continua sendo a pessoa que te colocou no mundo e que te ama mais do que qualquer outra pessoa. – Aconselho, sentindo meu peito arder apenas por lembrar de minha própria mãe. – E eu digo isso por saber muito bem o que é experimentar o amor de uma mãe e o sentimento de perde-lo de uma hora para outra.

— Eu sei. Eu só... eu amo a minha mãe. Apesar de todos os seus defeitos e de sua profissão, eu tenho orgulho dela. Gostaria de ter a mesma positividade e carisma que ela possui. – Confessa Felicity, encarando as próprias mãos. Ela suspira e observa a paisagem, pensativa. – Ray não gostava da minha mãe. Tinha nojo da profissão dela e não concordava com as atitudes dela. Por vir de uma família muito conservadora, ele condenava bastante o comportamento da minha mãe.

— Independentemente do que seu marido achava de Donna, ela ainda é sua mãe, Felicity. Então não a despreze e nem a afaste como você fez hoje. Não importa a dor ou a vergonha que ela tenha te sofrido no passado. Eu tenho certeza de que ela jamais a machucaria de propósito. – Afirmo, parando o carro em frente ao local em que o GPS havia indicado. – Antes de serem mães, elas são seres humanos. E agora que você será mãe, precisa ter isso em mente. Mães erram assim como os filhos. Não há manuais ou coisas do tipo que as orientem, certo? Então perdoe sua mãe e aproveite sempre o tempo em que tiverem juntas.

— Obrigada, Oliver. – Agradece a loira, pensativa.

— Você está entregue. O dia foi cansativo, então descanse bastante. – Sugiro, sorrindo cansado. Eu tiro meu cinto e desço do carro para abrir a porta para ela. Felicity me encarava com um olhar perigoso. – Boa noite e até amanhã.

A loira desce do carro com sua bolsa em mãos e sorri discretamente. Aquele sorriso faz um frio subir pela minha espinha, como uma espécie de mau pressentimento. Fecho a porta do carro e aceno para Felicity, desejando me despedir o mais rápido possível. No entanto, o riso perigoso de minha colega de trabalho se torna ainda maior quando começo a me dirigir de volta ao meu carro.

— Aonde você pensa que vai? – Questiona a loira, cruzando os braços. Ela possuía um sorriso travesso e um olhar intenso.

— Para casa? – Respondo cauteloso.

— Não tão fácil assim. – Afirma a mulher, dando de ombros. – Eu disse que eu faria da sua vida um inferno. Não se lembra?

— Mas você já vai começar a fazer isso hoje? Será que não podemos deixar o início para amanhã? – Pergunto, esperançoso. Eu realmente queria ir para casa. Felicity ri e a imagem que vem a minha mente é a de uma bruxa das histórias de princesa que eu assisti quando criança.

— Não seja bobo. – Responde, rindo. – Para que eu vou esperar até amanhã, se eu posso começar a me vingar hoje mesmo? É como o próprio ditado diz: “Nunca deixe para amanhã o que se pode fazer hoje”.

Suspiro, cansado. Não havia como discutir com Felicity. Eu precisava cumprir com a minha sentença. E para ser sincero, eu estava com um pouco de medo do olhar intenso e meio psicopata que a loira me lançava. Algo me dizia que era melhor eu fazer o que ela estava me mandando ou as consequências seriam ainda piores.

— Tudo bem. O que você quer que eu faça? – Pergunto, dando de ombros, enquanto travava o carro. Felicity sorri e começa a me guiar em direção a sua casa.

O jardim da entrada da casa de Felicity era florido e bem decorado, algo que jamais imaginei que a loira seria capaz de fazer. Ela pega a chave de casa dentro de sua bolsa e abre a porta. Ela me dá passagem para que eu entrasse e a fecha em seguida. Tudo estava muito escuro e no momento em que ela acende as luzes, eu me surpreendo com o que vejo em sua sala de estar.

Havia dezenas de caixas grandes espalhadas, além de alguns móveis ainda empacotados distribuídos pela casa. E ao ver o sorriso maldoso nos lábios de Felicity, eu entendi exatamente o que ela disse sobre começar sua vingança. O brilho divertido contido em seus olhos mostrava o quanto ela estava adorando ver a minha cara de desespero e cansaço. Ela realmente queria que eu montasse sua casa sozinho.

— O quanto antes você começar, mais rápido você termina. – Afirma, sorrindo, enquanto se dirige para o corredor, onde provavelmente levaria ao seu quarto. – E você precisa terminar de montar os móveis antes da meia-noite.

— Mas já são 21h15min, Felicity. – Choramingo, imaginando o quanto eu teria que correr para montar todos aqueles móveis que haviam naquela casa de tamanho mediano.

— O tempo está passando. – Grita de seu quarto e eu bufo, frustrado.

— Mandona. Tirana. – Resmungo, enquanto subia as mangas de minha camisa social.

— Eu ouvi isso. – Afirma a mulher, voltando para a sala de estar. Encaro-a desanimado e ela sorri ainda mais. – Eu estou falando sério. Você tem até meia-noite para terminar.

Ignoro o sorriso sádico nos lábios de Felicity e vou atrás de ferramentas para começar a arrumar os móveis da cozinha. Assim que eu encontro a caixa com os equipamentos necessários, começo a desempacotar os móveis sob o olhar atento da loira. Ela realmente não iria fazer nada para me ajudar e algo me dizia que ela estava apenas começando com o seu jogo de vingança.

E apesar de estar extremamente cansado e revoltado pela petulância de Felicity ao colocar os pés para cima, enquanto tomava uma limonada, eu estava feliz por ver que seu humor havia melhorado. Ainda que eu soubesse que sua situação era delicada, ela parecia ter começado a aceitar a situação. Talvez, depois ter encontrado a mãe, ela estivesse tentando ver o lado positivo das coisas. Talvez ela tivesse entendido que não estava sozinha e assim como Tommy e eu havíamos dito, a melhor solução naquele momento fosse deixar as coisas acontecerem.

Então, mesmo sentindo as dores do dia e finalmente ter me dado conta da queimadura que sofri em minha mão quando briguei com meu pai, instalo as duas televisões que haviam – uma na sala e outra em seu quarto -, arrumo os pés do sofá que estavam soltos, prego os inúmeros quadros que Felicity tinha nas paredes, monto sua escrivaninha e as estantes de livros em seu escritório e arrumo as portas da sapateira. Para minha sorte, tanto a cama quanto os armários da casa já estavam presos em seus respectivos lugares.

Diferente do que eu imaginava, Felicity permaneceu o tempo todo concentrada em seu trabalho e me observava vez ou outra para certificar que eu realmente estava sofrendo carregando peso e lidando com o tempo que estava passando rápido demais. Mas, surpreendentemente, eu consegui terminar a parte barulhenta e mais pesada dentro do prazo estipulado por Felicity. Agora restava apenas colocar os objetos dentro das caixas em seus devidos lugares e, mais uma vez, faria tudo por conta própria e sem descanso algum.

— Cada caixa tem o nome do cômodo em que informa para qual lugar ela deve ir. – Avisa Felicity, enquanto passas suas anotações para o notebook. Provavelmente já estava escrevendo o artigo da publicação do assassinato de Charles Brandon, que descobrimos na verdade se chamar Eric Schneider.

— Seria muito legal da sua parte se você pudesse me dar uma ajuda aqui. – Digo com dificuldade, enquanto carregava duas caixas pesadas para o quarto de Felicity.

— Não. Você está se saindo muito bem. – Afirma, sorrindo maldosamente. Suspiro, cansado. Eu estava com fome, suava intensamente e meu corpo doía consideravelmente. Eu realmente precisava dormir.

E em certo momento da madrugada, enquanto Felicity tomava uma xícara de café e lia um livro tranquilamente, eu me vi implorando por nem que fosse um gole do meu vício. Com os olhos semelhantes aos de um cachorro, eu encarava Felicity com intensidade e me sentia cada vez mais fraco e exausto.

— Ao menos me dê um pouco de café.  – Peço e ela ri, dando mais um gole invejável em seu café.

— Você toma café demais. Pense que eu estou fazendo um bem para a sua saúde e volte a trabalhar. – Responde Felicity, voltando a ler o seu livro em seguida. – Eu quero que até o amanhecer, tudo esteja em seu devido lugar.

Reviro os olhos diante de seu comentário e resolvo que era melhor mesmo eu terminar aquela mudança. Felicity estava determinada a me torturar e eu ainda tinha muita coisa para fazer. E assim que seu café acabou, Felicity leva sua xícara para a cozinha, no entanto, enquanto se dirigia ao cômodo, desatenta ao que ocorria ao seu redor, Felicity chuta uma das caixas que servia como base para outras quatro caixas que estavam empilhadas na cozinha.

E em uma espécie de efeito borboleta, as caixas atingem uma cadeira, que cai e acerta mais outras três caixas. Como resultado uma das cristaleiras de havia no local é atingida com força e vai em direção a Felicity. Por impulso, acabo usando meu corpo como seu escudo e consigo deter que ela se machucasse. No entanto, como resultado, eu acabo recebendo todo o impacto da queda do móvel em minhas costas e não me lembro de mais nada além dos chamados desesperados de Felicity.


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Notas finais do capítulo

Oii Cupcakes ♥! O que acharam? Eu sei que vocês provavelmente esperava mais interação do casal nesse capítulo, mas lembrem-se que eles ainda estão desenvolvendo a confiança entre eles. Enfim espero que tenham gostado do capítulo. Beijocas e até mais ♥

Cupcakes da Lara: https://www.facebook.com/groups/677328449023646
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