Eu, Ela e o Bebê escrita por Lara


Capítulo 21
Thea


Notas iniciais do capítulo

Oii Cupcakes ♥! Bom, estamos chegando ao fim da história. O próximo capítulo teremos o Epílogo e, consequentemente, o último capítulo dessa fanfic. Eu realmente espero ter me saído bem nesse capítulo. Prometo que até o próximo capítulo eu irei responder todos os comentários que ainda não foram respondidos.

Enquanto isso, quero agradecer a Marluci, Luana Amorim, Bruninha, Mockingjay, Senhorita Queen E, Aninha, Titânia, Isabelle, Patty, Tata Neves, kaialasilva, Juliana Lorena e isabelsilva pelos comentários incríveis e amáveis. Eu fico feliz por ver que gostaram tanto da interação familiar no capítulo passado. Espero que gostem ainda mais desse. Boa leitura...



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Capítulo XX – Thea

 

“Não me lembro de ter sido tão feliz antes. Não como estou agora. Fiz minhas escolhas e não me arrependo de nada. Pois é. Estamos juntos. Para ser precisa, hoje completamos seis meses de namoro, contados a partir da reconciliação. [...] E o melhor de tudo: não existe monotonia em nossa relação. Se não estamos trabalhando, sempre encontramos uma forma de preencher nosso tempo, seja fazendo nada juntos, seja curtindo algum programa de casal ou entre amigos”.

Azul da Cor do Mar – Marina Carvalho 

 

Um forte chuva caia e altos trovões ecoavam pela cidade. Era um pouco mais de uma hora da manhã quando sinto Felicity se remexer na cama. Ela se encolhe um pouco e se afasta de mim. Sonolento e preocupado, eu a encaro confuso. Ouço um baixo gemido de dor e isso é o suficiente para me acordar por completo. Levanto e ligo as luzes do quarto. Em seguida, aproximo-me de Felicity e a ajudo a levantar.

— Felicity? – Sussurro, enquanto acariciava as costas da loira. Ela respirava fundo, de olhos fechados, sentada na cama. Após alguns segundos, a dor parece ter diminuído e ela volta a abrir os olhos, encarando-me.

— Acho que chegou a hora. – Fala Felicity, suavemente. Um sorriso fraco, mas adorável molda seus lábios. Arregalo os olhos, assustado. Ela parece notar que eu estava prestes a entrar em desespero, pois no mesmo instante, Felicity pega em minhas mãos e tenta olhar em meus olhos. – Ollie, querido, fique calmo. Está tudo bem.

— Mas-mas-o-o-quê? – Gaguejo, desorientado. – O que eu faço? Quer dizer, o quê? Tem certeza?

— Ollie, você vai ligar para a Dra. Beatriz e vai avisar que eu entrei em trabalho de parto. E que... – Ela olha o relógio que havia ao lado da cama e parece calcular algo. – as contrações estão vindo a cada vinte minutos.

— O quê? – Felicity ri e dá um beijo em minha testa. Eu estava em pânico.

— Ollie, o celular. – Pede a loira, apontando para o criado mudo, onde estava meu celular.

Nesse momento, eu finalmente consigo assimilar seus comandos. Dou um sorriso nervoso e corro até o aparelho, não demorando a procurar o número da obstetra que cuidou da gestação inteira de Felicity. Enquanto isso, a loira se levanta da cama com um pouco de dificuldade e vai até o armário, procurando pela roupa que usaria para ir ao hospital. Ela pega uma caixa, que reconheci como a que tinha o primeiro vestido de grávida que ela ganhou de Donna.

Alô. — A voz rouca de Beatriz do outro lado da linha me desperta.

— Doutora, sou eu, Oliver. – Respondo, voltando a prestar atenção na ligação. – Felicity disse que acabou de entrar em trabalho de parto e que as contrações estão vindo em um intervalo de vinte minutos. O que eu deveria fazer? Elas vão ficar bem, certo? Eu tenho que levá-la para qual hospital? Tem alguma forma específica de leva-la ao hospital que coloque a vida de Thea em menor risco? O que eu...

Ei, Oliver. Fique calmo, por favor. Respire fundo e fale mais devagar. Eu já não estou entendendo mais nada. – A médica ri de meu desespero. – A bolsa já estourou?

Eu não sei. Eu... – Afasto-me do celular e me aproximo da porta do banheiro, onde Felicity tomava banho. – Felicity, a bolsa já estourou?

— Ainda não. – Responde com a voz afetada pela dor.

— Ela disse que ainda não. – Respondo e a médica permanece em silêncio por um tempo.

Certo. Vá para o Hospital Maternidade de Star City. Eu chego lá em mais ou menos trinta minutos. Peça para que ela vá contando o intervalo de tempo, está bem? E fique calmo, Oliver. Sei que você tem uma preocupação exagerada com Felicity e Thea, mas elas estão bem e logo você poderá ver o rostinho da nossa garotinha. – Orienta a médica e seu tom de voz era suave, quase como uma mãe acalmando o filho. Ela provavelmente estava acostumada com os surtos dos maridos de suas pacientes.

— Tudo bem. Obrigada, doutora. – Agradeço e desligo o telefone.

No mesmo instante, Felicity sai do banheiro vestida com a roupa da mãe e sorri ansiosa. Ela suava frio e talvez estivesse fazendo um grande esforço para esconder a dor, mas continuava a sorri e parecia incrivelmente calma. Observo-a por um tempo e dou um sorriso nervoso.

— Nós precisamos ir. – Avisa e eu balanço a cabeça, concordando.

Vou até o banheiro e apenas escovo os dentes e lavo o rosto para acordar o mais rápido possível. Desde que completou as tão esperadas quarenta semanas, eu estava dormindo na casa de Felicity. Nós decidimos que era mais fácil que eu ficasse perto para qualquer emergência e ainda para ajudar com os cuidados de Thea enquanto Felicity permanecesse de resguardo.

Troco de roupa e vou para o quarto de Thea a procura da bolsa em que tínhamos arrumado alguns dias atrás com todas as coisas que Felicity e a nossa garotinha iria precisar enquanto estivesse no hospital. Dou uma última olhada no cômodo e não conseguido evitar o sorriso ansioso em meus lábios. Em breve, aquele lugar seria preenchido pela presença de nossa princesa.

Bolinho? Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? — Ouço a voz de Donna vindo da sala e me aproximo do cômodo. Felicity havia ligado para a mãe. Sorrio e me coloco ao seu lado.

— Parabéns, vovó. A sua netinha está prestes a vir ao mundo. – Anuncia Felicity e Donna dá um grito no outro lado da linha. Nós rimos, adorando a reação da mulher.

Isso é sério? Ai meu Deus! Eu não acredito que finalmente poderei pegar minha menininha no colo! – Festeja Donna, animada com a notícia. – E onde você está?

— Ainda estou em casa. Oliver e eu iremos para o hospital agora. – Responde, encostando a cabeça em meu ombro. – Qual hospital, Ollie?

— Hospital Maternidade Star City. Aliás, olá Donna. – Cumprimento minha sogra, que ainda estava agitada ao conversar com a gente.

Oi meu Deus Grego! Você deve estar tão animado! – Comenta Donna, extasiada. – Assim como eu, você também não via a hora de conhecer Thea.

— Nem me fale. Ainda estou atordoado demais. – Confesso e ela ri, parecendo imaginar a cena.

— Ele está para enlouquecer, mãe. – Dedura Felicity, rindo e acariciando a barriga.

E como você está, Bolinho? – Questiona Donna, soando preocupada e ansiosa. – Qual o nível da sua dor no momento?

— Eu sinto como se minha barriga estivesse sendo dilacerada. Minhas costas doem de maneira insuportável e quando as contrações vem, eu sinto como se meu corpo fosse se quebrar em várias partes. – Conta e eu a encaro assustada.

É. Eu sei. Lamento que tenha que passar por isso, Bolinho. Mas não se preocupe, eu irei para o hospital imediatamente. A mamãe vai ficar com você a todo momento. — Responde Donna e Felicity sorri, aliviada.

— Obrigada, mãe. – Agradece Felicity, enquanto seguia em direção a garagem da casa. Assim que acredito ter pego todos os documentos e bolsas necessárias, eu a sigo. Com cuidado, ela se senta no banco da frente, enquanto eu colocava as bolsas no banco de trás.

— Donna, poderia avisar ao Alec e a Tommy? – Pergunto, assim que entro no carro.

Claro, querido. Não se preocupe com nada além de levar minha filha e minha neta para o hospital. – Afirma a mulher, parecendo animada ao pensar no assunto novamente.

— Obrigado. – Agradeço e encaro Felicity com ansiedade.

— Mãe, eu vou desligar. Eu te espero no hospital. – Avisa Felicity, parecendo sentir mais dor naquele momento.

Tudo bem, Bolinho. Até mais.— Despede-se Donna.

Ela se despede da mãe e suspira, fechando os olhos e relaxando o corpo no banco do passageiro. O portão automático finalmente se abre e eu saio o mais rápido que eu podia e conseguia ir com o temporal que caia sobre a cidade.

— A Dra. Beatriz pediu que monitorasse o intervalo de tempo de suas contrações. – Aviso e ela balança a cabeça, concordando.

— Não se preocupe. Eu já estou fazendo isso. – Afirma, sorrindo.

Eu a encaro brevemente e volto a prestar atenção na estrada, sentindo a tensão em meu pescoço. Muitas vezes eu havia imaginado esse momento, mas nada estava saindo como eu havia planejado. As lembranças do dia do nascimento de minha irmã mais nova acabam invadindo a minha mente. Eu havia perdido as contas de quantas vezes eu havia desejado não pensar naquele assunto, mas era inevitável.

Era um dia tão chuvoso quanto hoje. Os céus pareciam prestes a se desfazerem e os trovões ecoavam tão monstruosos quanto em um filme de terror. A luz havia faltado e eu não queria ficar sozinho em meu quarto. Ao ir para o quarto de minha mãe com meu inseparável ursinho e meu lençol, surpreendo-me ao encontrar minha mãe desmaiada no chão.

Eu me lembro perfeitamente do meu desespero e dos meus gritos, implorando para que minha mãe acordasse. Meu pai não estava em casa, como sempre, e a pessoa que veio nos socorrer foi uma empregada da casa que dormia em um dos quartos ao fundo da casa. Ela ligou para os bombeiros, que não demoraram a aparecer e a levar para o hospital.

Por causa dos inúmeros problemas de saúde, minha mãe precisou passar por uma cesariana de urgência ou minha irmã morreria antes do nascimento. Foi uma cirurgia complicada e Thea teve que ir direto para a UTI. Durante o tempo que esperava minha irmã prematura sair do hospital, sempre eu me encontrava com a minha mãe, eu via a felicidade dela pelo nascimento de Thea. Por outro lado, ainda havia o medo de que ela não sobrevivesse e, por isso, minha mãe sempre se culpava pela situação de minha irmã.

E por estar perdido em pensamentos, nem mesmo me dou conta de que Felicity havia me chamado. Desvio o olhar da pista para a loira, que aponta para baixo e me encara com os olhos um tanto quanto arregalados. A frase que mais esperei ouvir finalmente sai de sua boca, no entanto, não na situação que eu desejava.

— Ollie, a bolsa estourou. – Informa Felicity, engolindo em seco e mordendo os lábios em seguida.

A bolsa havia estourado no pior momento possível. Nós estávamos no meio de um gigantesco engarrafamento. A cidade estava um caos devido aos acidentes causados pela tenebrosa chuva que nos atingia naquele momento. Não havia para onde ir. Eu estava apavorado e tudo se tornava ainda mais aterrorizante ao encarar seu rosto pálido, marcado pela dor. Ela apertava a barriga levemente e era possível ouvir seus gemidos baixos uma vez ou outra. Talvez fossem as contrações vindas em intervalos de tempo menores. Eu sabia que ela estava tentando não me deixar ainda mais nervoso.

E apesar de tudo, ela não reclamava. Respirava profundamente e tentava se manter calma, assim como nós havíamos aprendido durante as aulas do curso de preparo para parto. O suor frio descia pelo seu rosto e seus olhos estavam fechados, como se ela estivesse em um transe. Olho desesperado para a fila de carros que havia a minha frente e o desespero começa a se tornar ainda maior. Nós estávamos naquele lugar havia mais de quarenta minutos e não havia nenhum sinal de que conseguiríamos sair tão cedo.  Nós estávamos longe do hospital e elas poderiam não aguentar a demora.

E de repente, todas as lembranças do que passamos para chegar a esse momento retornam a minha mente como um tsunami. O primeiro encontro, a primeira briga, os primeiros sorrisos, o primeiro toque de nossas mãos, nosso primeiro beijo. Não havia se passado muito tempo desde que tudo tivesse acontecido, mas era como se todos esses acontecimentos fossem de um passado muito distante. 

— Está tudo bem. - A voz doce da mulher ao meu lado quebra a tensão que havia dentro do carro. Ela pega em minha mão que estava no volante e a aperta, tentando transmitir um pouco de esperança.

Desvio meu olhar daquela situação caótica que o mundo parecia estar do lado de fora e a encaro preocupado. Eu queria acreditar que estava tudo bem, mas eu sentia medo. Mesmo que nós dois tivéssemos nos preparados a gestação inteira para aquele momento, assim que ela disse "a bolsa estourou", minha mente se esvaziou e eu fiquei em choque. O que eu deveria fazer? Eu deveria levá-la para qual hospital? O que eu deveria pegar?

— Ei, olha para mim. - Pede a loira, pegando em meu rosto para que eu me virasse para ela no momento em que ameaço olhar para o trânsito caótico mais uma vez. Suspiro, preocupado, e faço o que ela me pede. - Nós estamos bem. Nós duas vamos ficar bem. Então fique calmo. Vai dar tudo certo. Nós dois nos preparamos para esse momento. Apenas respire fundo, tente pensar mais positivamente e o universo se encarregará do restante.

E como se fosse um passe de mágica, os carros começaram a andar. Ela como sempre, ela estava certa. Sorrio e solto o ar preso em meus pulmões, aliviado. Levo minha mão a sua barriga, tentando tatuar em minha mente e em meu coração a sensação de sentir o agito daquele serzinho que ainda não havia nascido, mas que eu amava com todas as minhas forças. A hora havia chegado. Eu finalmente veria seu rostinho, conheceria a responsável por me fazer conhecer o amor de minha vida.

— Eu te amo. - Ouço a mulher ao meu lado sussurrar, como se estivesse contando o seu maior segredo. Eu amava ouvir aquelas três palavras. Elas me trazem o mesmo conforto e calor de estar ao lado de uma lareira em uma noite fria.

— Eu amo vocês. – Declaro e acaricio a barriga da loira mais uma vez. Um sorriso angelical se forma em seus lábios. Os olhos azuis brilham intensos. Eu sabia bem o que se passava em sua cabeça naquele momento, enquanto seguíamos ansiosos para hospital mais próximo. Essa era apenas o início da nossa família, que estava longe de ser perfeita, mas ainda era a nossa família.

E então finalmente chegamos ao hospital. Como dito por telefone, Donna já nos esperava no local com toda a sua animação e ansiedade de vó. Não demora muito para que Tommy também se aparecesse junto com Alec, que visivelmente estava tão assustado quanto eu. Todos nós seguimos para recepção, onde precisei preencher uma ficha sobre Felicity e o bebê, enquanto ela passava pela triagem acompanhada de Donna, que fazia questão de estar sempre ao lado da filha.

— Você parece a ponto de ter um infarto. – Comenta Tommy, dando um leve tapinha em meu ombro. – Não se preocupe, Felicity e Thea ficarão bem.

— Eu sei, mas é inevitável que eu me sinta tenso nessa situação. – Respondo e Alec me encara com compreensão.

— Lembre-se do que eu disse. As mulheres são seres muito mais fortes do que nós imaginamos. Ela vai se sair bem. – Garante meu chefe, lançando um sorriso encorajador. – Felicity é uma Smoak. Ela não desiste fácil e muito menos se dá por vencida.

— Obrigado, Alec. – Agradeço com sinceridade. – Obrigado mesmo. E a você também, Tommy. Obrigado por ter vindo.

— O que seria de você sem mim, não é mesmo? – Brinca Tommy, dando um abraço apertado de lateral. – Você é meu melhor amigo. É claro que eu viria. Esse é um momento muito importante em sua vida e eu quero estar presente nessa sua nova fase que começa hoje.

— O meu maior medo é de não ser suficiente para Felicity e Thea. De não ser um bom pai. – Confesso e eles me encaram surpresos.

— Não se preocupe, Oliver. Eu não tenho dúvidas de que será o melhor pai que Thea poderia ter. – Responde Donna, voltando com Felicity ao seu lado, que sorri e balança a cabeça, concordando com a fala da mãe. – E isso é tudo que importa.

Donna sorri e ajuda a filha a sentar na cadeira, enquanto esperava eu terminar de responder ao formulário com os dados de Felicity. Após entregá-lo a enfermeira, sento-me ao lado da loira e uso um pano que havia em meu bolso para limpar o suor que descia pelo rosto bonito e vermelho pela dor.

— Eu sempre acho adorável a forma como Oliver cuida de você, Felicity. – Comenta a Dra. Beatriz, aproximando-se de nós. – Oi Oliver. Olá acompanhantes do meu casal favorito. E como está a minha gestante favorita?

— Oi Dra. Beatriz. – Cumprimento, encarando Felicity preocupado. Ela ri e me dá alguns tapinhas nas costas. Donna, Alec e Tommy a cumprimentam com acenos.

— Ansiosa e dolorida. – Responde Felicity, sorrindo cansada.

— Eu imaginei. – Afirma a médica, encarando a loira com compreensão. – Que tal eu dar uma olhada nessa princesinha?

— Claro. – Concorda Felicity, tentando se levantar. Acabo tendo que dar apoio, pois a mesma não conseguia fazer movimentos muito bruscos.

— Certo. É só me acompanhar, Oliver e Felicity, enquanto seus acompanhantes esperam aqui. – Orienta Beatriz, sorrindo gentilmente.

— Doutora, eu também posso ir? – Pergunta Donna, levantando-se, enquanto eu ajudava Felicity a levantar.

— Infelizmente, não...

— Por favor, Beatriz. – Pede Felicity, encarando a médica com súplica. – Eu quero ter minha mãe comigo nesse momento tão importante.

— Bolinho... Quero dizer, Felicity é minha única filha e Thea é minha primeira neta, então eu gostaria de presenciar seu nascimento. – Explica Donna, acariciando o rosto da filha.

— Eu entendo, mas apenas uma pessoa pode entrar como acompanhante. No caso, damos preferência ao pai da criança. Se a senhora entrar, Oliver não vai poder participar. – Conta Beatriz, dando um sorriso amarelado. – A escolha é de vocês. Se souberem que permiti que dois acompanhantes entrassem, eu terei problemas.

Eu encaro as duas, pensativo. O nascimento de Thea foi o momento que mais esperei nos últimos meses, por outro lado, eu não poderia nunca atrapalhar a relação de Felicity e a mãe, que começou a melhorar agora. Eu sabia o quanto a presença da mãe era importante para minha namorada, por isso, apesar de querer muito ver o nascimento de minha filha, eu cederia meu lugar a mulher que se tornou quase uma mãe para mim.

— Tudo bem. Você pode ir em meu lugar, Donna. – Afirmo, dando um sorriso fraco. Todos me encaram surpresos. Talvez entendessem a importância que o nascimento de Thea tem para mim. Mas sendo realista, apesar de eu ter decidido criar e amar a bebê como minha filha, Donna ainda era a mãe de Felicity, a avó de Thea. – Acho que você tem mais direito do que eu.

— Não! – Nega Felicity, apertando meu braço com força. Naquele momento, ela parecia assustada e toda a tranquilidade que demonstrou até o momento foi embora. Encaro-a, preocupado. – Por favor, vai comigo. Eu realmente preciso de você. Por favor, Ollie.

— Mas, Felicity, a sua mãe...

— Eu agradeço que esteja abrindo mão desse momento para que eu possa presenciar o nascimento de minha neta, Oliver, mas eu não posso ir em seu lugar. Eu não me sentiria bem sabendo que você está aqui fora. Não mesmo! – Concorda Donna, interrompendo a minha fala.

Felicity então me abraça com intensidade. Ela tremia levemente pela dor e talvez pelo medo que estava presente em sua expressão. Respiro fundo e correspondo ao abraço. De certa forma, nós nos tornamos próximos de uma maneira inexplicável. Ia muito além de namoro. A amizade, a confiança e a conexão que tínhamos criado nesses últimos meses era algo singular. Um sentimento único que somente a gente entendia e sentia.

— Eu quero que você fique comigo. – Sussurra, apertando ainda mais os braços em volta do meu pescoço. – Por favor. Eu não quero ficar sozinha.

— Mas você não estará sozinha. Terá a sua mãe ao seu lado e...

— Por favor, Ollie. – Implora Felicity, que se encolhe em mais uma contração que sentia. Separo-me dela e todos me encaravam, principalmente minha sogra, a acompanhar a loira. Suspiro e, de maneira egoísta, eu me sentia aliviado por não ter que abrir mão desse momento.

— Tudo bem. Não se preocupe. Eu não irei sair do seu lado. Eu prometo. – Digo e, ainda encolhida pela dor que sentia, ela sorri aliviada. Viro-me para as três pessoas que mais acompanharam a gestação de Felicity ao meu lado e que mais me deram apoio. Aqueles três eram parte da minha família também. – Nós voltaremos em breve e com Thea em nossos braços.

— Boa sorte! – Deseja meu melhor amigo, dando um rápido, mas forte abraço em mim. Ele se afasta e abraça Felicity.

— Nós estaremos esperando. – Afirma Alec, também me  abraça e, em seguida, beija a testa de Felicity. – Força, minha menina.

— Obrigada, tio Alec. – Responde Felicity, abraçando o tio.

— Parece que a hora finalmente chegou. – Comenta Donna, aproximando-se de mim. – Fique ao lado de minha criança, querido. Felicity é o meu bem mais precioso e ela te ama e confia em você como ninguém. O nascimento de Thea vai te mostrar um mundo novo e não será nada fácil, mas lembrem-se que vocês não estão sozinhos. Eu confio em você. Por isso, grave com todos os detalhes esse momento em sua mente. Eu tenho certeza que essa será a cena mais emocionante, marcante e linda que você verá em sua vida.

— Obrigado, Donna. – Agradeço, abraçando a mulher com intensidade.

— Está na hora de irmos. – Avisa Beatriz, sorrindo gentil. Afasto-me de minha sogra, que se despede entre lágrimas da filha, emocionada e ansiosa para ver a neta.

Após todos os cumprimentos e acenos desejando sorte, nós seguimos Beatriz a um quarto onde Felicity dividia espaço com uma outra gestante que também estava em trabalho de parto. A médica examina minha namorada com atenção e depois de verificar a dilatação, Beatriz sorri e avisa que ainda não era o suficiente, por isso, teria que esperar mais um pouco antes do segundo estágio do parto, que seria a expulsão.

Para ajudar na dilatação, Felicity precisou andar e realizar alguns agachamentos. Eu me mantive ao seu lado a todo momento. A cada vinte minutos, Beatriz verificava o estado de Felicity e dava palavras de apoio a ela. Era desesperador ver o quanto ela sentia dor e não poder fazer nada além de segurar sua mão e acariciar suas costas. Eu me sentia inútil, mas permanecia sendo positivo, procurando acalmar e cuidar como podia de Felicity.

Foram necessária duas horas até que finalmente Thea estivesse pronta para sair. Felicity foi preparada e levada ao quarto onde o procedimento ocorreria. Assim como nós havíamos aprendido no curso de preparação, nós nos posicionamos. Eu me mantive ao lado de Felicity, segurando sua mão e a apoiando. Um dos enfermeiros iria filmar o parto, então me concentrei por completo em minha namorada.

Aos comandos de Beatriz, quando a dor vinha mais intensa, Felicity fazia força e voltava a respirar afoita quando ainda parecia não ser o suficiente. Luna havia explicado algumas vezes sobre a complexidade desse momento. Segundo a professora, é necessário conjugar forças com as contrações, o esforço do bebé e a força da gravidade, por isso, Felicity precisava ser paciente e agir de acordo com as orientações de Beatriz.

Não foi fácil e Felicity precisou ser muito forte, no entanto, quando Thea finalmente saiu e seu choro ecoou pela quarto, foi inevitável nós dois não chorarmos. Era tantas emoções que me rondeavam que era difícil de explicar. Era como se aquele choro alto e estridente de Thea fosse uma melodia mágica que tirou de mim todos meus medos, inseguranças e traumas.

— Oliver, que tal você cortar o cordão umbilical de Thea? – Sugere a médica, segurando Thea. Apesar de usar máscara, eu conseguia sentir que ela sorria largamente. – Venha dar as boas-vindas a sua garotinha.

Encaro a figura exausta de Felicity, que sorria e respirava com dificuldade. Eu estava um pouco inseguro, no entanto, a loira parecia entender o que se passava em minha mente, pois balança a cabeça, concordando e seus olhos brilham intensamente. Limpo das lágrimas que escorreram pelo seu alvo rosto e beijo sua testa antes de me aproximar hesitante de Beatriz.

Eu finalmente vejo o rostinho de Thea e novamente as lágrimas descem sem qualquer controle. Tão pequena e linda. Um enfermeiro me estende a tesoura para cortar o cordão, mas eu estava admirado e tremulo demais para perceber. Beatriz ri e o enfermeiro balança a mão em frente ao meu rosto. Com a orientação da médica, corto o cordão umbilical. Uma enfermeira pega Thea e a leva para tirar os pesos e as medidas da bebê. Observo tudo, atento e emocionado.

A enfermeira retorna com Thea e a estende para mim. Desajeitado e com medo de cometer um desastre e acabar deixando a garotinha cair, eu me aproximo ainda mais hesitante e tenso. Ela ainda chorava muito, mas por algum motivo, aquilo me fazia rir e chorar ao mesmo tempo. Era tão complexo o sentimento que explodia dentro de mim naquele momento.

— Bem-vinda ao mundo, Thea. – Sussurro, pegando-a no colo. Ela parece se acalmar um pouco mais. Pego em sua mão pequena e ela a aperta com uma força que jamais imaginei. Os olhos se abrem um pouco e o choro cessa. Era como se ela soubesse quem eu era.

Aproximo-me de Felicity, admirando cada detalhe daquela garotinha de cabelos tão loiros quanto o da mãe e os olhos azuis tão brilhantes quanto as estrelas. Ao ver a filha e a pegar no colo, Felicity age como eu. É impossível não ri e chorar ao mesmo tempo. Aquele momento, assim como Donna havia dito, era único, emocionante e o mais bonito de minha vida.

— Parabéns. A garotinha de vocês nasceu às quatro e trinta e dois da manhã do dia quinze de novembro de dois mil e dezesseis com três quilos e quinhentas e duas gramas, medindo quarenta e oito centímetros. – Informa Beatriz, abaixando a máscara que usava. Ela sorria e nos encarava com doçura. – E qual será o nome completo dela para que a enfermeira possa colocar na identificação.

Estranhamente, Felicity e eu nunca havíamos conversado sobre o nome completo de Thea. Permaneço em silêncio, observando a loira que encarava a filha com tanto amor e admiração que eu até mesmo duvidava que ela tivesse ouvido a pergunta da médica. De repente, ela levanta o rosto e encosta a cabeça em meu peito.

— Thea Smoak Queen. – Responde por fim. Ela levanta o rosto e me encara com um sorriso radiante e o olhos brilhando tão intensamente quanto jamais eu tinha visto antes. Ela deposita um beijo na testa de Thea.

— Você tem certeza? – Sussurro, com a voz rouca pelo choro recente. Eu ainda me encontrava atordoado demais para conseguir reagir e me expressar da maneira como gostaria. Ao ver o meu estado de choque, Felicity ri baixinho. – Quer dizer, eu quero que ela tenha meu sobrenome, mas eu...

— Eu sei que está preocupado com o fato dela não carregar nome de Ray, mas você que permaneceu ao meu lado e que me disse que seria o pai de Thea. Você é o pai dela, Oliver. Será você quem ela chamará de pai e irá ver como o herói dela. Por isso, eu não podia estar mais orgulhosa e satisfeita que isso.

— Então...? – Fala a enfermeira, com a caneta em mãos, pronta para escrever o nome de Thea na ficha da recém-nascida.

— Thea Smoak Queen. Esse é o nome completo dela. – Respondo e Felicity sorri ainda mais, enquanto abraçava com carinho a pequena loira em seus braços.

Observo as duas mulheres de minha vida com atenção. Eu não sabia o que o futuro reserva para nós. Ainda tenho inúmeros medos, não tive exemplos de paternidade e não tenho nenhuma experiência com criança desde que minha irmã mais nova morreu, mas a vida havia me dado uma chance de superar meus traumas e recomeçar mais uma vez ao lado de Felicity e Thea, por isso, não importa o que está para acontecer, enquanto eu as tive, isso é suficiente para mim. Apenas eu, ela e o bebê.


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Notas finais do capítulo

Oii Cupcakes ♥! O que acharam? Esse capítulo foi mais focado no próprio título dele mesmo. Eu estou tão ansiosa para saber como vocês reagiram a esse capítulo. Eu me dediquei tanto a esse capítulo, porque queria que fosse emocionante e fofo, mas acho que não saiu tão bem assim. Mas, espero que goste do último capítulo que sai na semana que vem. Até mais ♥

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