Hormona escrita por PW


Capítulo 4
1x02: Burned Secrets - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Primeira parte do capítulo, escrito por Jaime Pinheiro e Márcio Vinicius.

Link para conferirem fotos/intérpretes dos personagens:
http://fdchroniclesproject.blogspot.com.br/2018/05/cast-hormona.html



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A biblioteca era lugar mais calmo de toda a escola, onde todos os problema pareciam sumir quando Clair pegava um livro. Ao contrário da maioria das pessoas que conhecia, a jovem tinha um verdadeiro prazer pelos estudos.

Com seus olhos claros como um dia de verão, Clair dedilhava um livro grosso sobre grandes nomes da literatura, perdida em seus pensamentos e no conhecimento que estava adquirindo.

O silêncio ao seu redor foi quebrado quando passos determinados ressoaram no piso. Clair ergueu o olhar, a tempo de ver Gloss e Megara vindo em sua direção. Uma destilando um vívido brilho rosa, enquanto a outra usava uma maquiagem escura e pesada.

Se Scream Queens e American Horror Story fossem pessoas, seriam essas duas.— O pensamento a divertiu.

— Precisamos conversar. - Megara disse, tentando agir naturalmente. - Já sabemos o que o nojento do Chad tentou fazer com você.

O olhar de Clair se escureceu de repente, como se uma nuvem de chuva estivesse ali. Logo, uma lágrima despontou e caiu em seu colo.

— Não tenho nada para falar, por favor, me deixem em paz! - Colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e fingiu estar concentrada no que lia.

Gloss foi mais incisiva, tirando o livro da mão dela e atirando-o para longe, deixando Clair estremecida com o gesto. O livro atingiu a testa de Parker, que passava naquele exato momento ao lado de Daniele e Bea, mostrando o resto da escola para a novata.

— Ficou maluca, Gloriana? - Daniele perguntou. - Quer que mais um aluno morra?

Do outro lado da cômodo côncavo, a bibliotecária percebeu e ralhou uma reclamação plenamente ignorada.

— Ótimo, ainda bem que estão aqui. - E se virando para a garota morena, disse: - Bea, me faz um favor e vai procurar alguma coisa para fazer longe daqui.

Beatrice e Parker se entreolharam.

— Se é sobre a morte desse tal de Chad, o Parker me contou tudo o que ele sabe. - Bea disse, entrando na roda formada ao redor da Clair.

— O que aconteceu com o Chad? - Gloss insistiu. - Quero respostas e quero agora.

— Eu só estava tentando curtir a festa como todo mundo. - Clair se colocou na frente da jovem negra. - Eu estava muito nervosa depois da iniciação, foi quando encontrei o Chad no jardim e começamos a conversar. Ele disse que tinha brigado com a Libby e desistido da viagem no meio do caminho, por isso que nem se importou com a festa.

— Mas e depois? - Megara se sentou de frente para ela. - Quando vocês entraram na garagem?

— Ele começou a me tocar, mas eu não queria perder minha virgindade daquele jeito, com alguém que nem se lembraria do que aconteceu na manhã seguinte. - Mais lágrimas voltaram a verter. - Eu disse que não várias vezes, mas ele continuou mesmo assim.

— Se você acabou dando uma martelada para se defender é até compreensível, mas várias é um pouco demais. - Parker não pensou antes de falar.

— EU NÃO FIZ NADA! - Gritou, chamando a atenção de metade da biblioteca e da funcionária que ameaçou chamar o diretor. - Alguém chegou naquele momento e me defendeu. Foi quando eu saí correndo e você me encontrou, Megara.

Clair secou as lágrimas com as palmas das mãos, se controlando para não chorar mais.

— Alguém? - Beatrice perguntou, curiosíssima com o desenrolar da situação. - Não sabe dizer quem foi?

— Estava muito escuro. - Clair continuou. - Eu só sei que essa pessoa tirou o Chad de cima de mim, mas não fiquei lá para saber quem era.

— Se ela diz que não foi, eu acredito nela. - Daniele colocou o braço ao redor de Clair. - Mas se não foi ela quem matou ou causou o incêndio, onde todos estavam nesse curto período de tempo?

— Logan e Cameron estavam se comendo no andar de cima, Candace ficou chorando com a Faye e nós três logicamente não fizemos isso. - Gloss disse para Megara e Clair, confirmando que acreditava nelas.

— Nem dentro da casa da Libby eu estava. - Falou a garota de cabelos azuis. - Fiz meus negócios e meti o pé.

— Muito menos eu. - Bea levantou a mão. - Eu mal tinha chegado na cidade nessa hora.

— E eu fiquei o tempo todo com o Elliot depois da iniciação. - Parker disse. - Aquele garoto tem medo de tocar no próprio pênis.

— Você tentou pegar no pênis dele? - Bea perguntou, com uma visível malícia no rosto.

— Talvez. - Balançou os ombros. - Ei! Eu acho que estávamos falando de outra coisa.

— Okay, vamos esquecer um pouco o pênis alheio. - Retomou Gloss, espanando as mãos. - O Keith também estava dando uns amassos naquele professor, então não pode ter sido ele. - Gloss parou para pensar, tentando relembrar quem mais faltava. - Alguém lembra de ter visto o Louis?

Após um breve silêncio desconfortável, todos os olhares, com exceção de Beatrice, se voltaram para Parker em busca de uma resposta.

— O quê? O Louis? Ele não é tão burro assim para fazer isso. - Parker pareceu espantado por suspeitarem de seu amigo, mas também se questionou sobre o paradeiro dele. - Ou será que é?

XXX

Candace arrumava os livros no armário de metal do corredor, quando Logan surgiu para lhe contar as novidades.

— Quem matou o Chad quis parecer que ele foi morto no incêndio então? - Candace perguntou. - Bem, eu sei de muita gente que não gostava do Chad por vários motivos. Não seria novidade nenhuma ele aparecer morto qualquer hora.

— Ele foi o seu quarto ex-namorado? Ou teria sido o quinto? - Logan desatou a rir. - Sinceramente, eu nem sei em que posição estou nesse ranking, Candace.

— Meu Deus, Logan! - Ela bateu a porta do armário com bastante força, visivelmente incrédula. - Acha mesmo que eu fico contabilizando meus namorados?

— Seu histórico não mente. - Limitou-se a responder.

Chad não era ninguém importante para que Logan se importasse com a morte dele, mas ainda sim, muita coisa estava mal explicada ali.

Candace estava prestes a fazer um discurso sobre estar esperando a pessoa certa, quando Parker apareceu correndo sem fôlego e puxou Logan para longe da garota.

— Calma aí! - Logan reclamou. - Da última vez que um cara me agarrou assim, nós transamos.

— Você viu o Louis hoje?

— Não. - Balançou a cabeça negativamente. - Ele saiu cedo da Taverna ontem e depois não o vi mais.

— Mas na noite do incêndio, você lembra de ter visto quando o Louis saiu de lá?

— Parker… Vai direto ao assunto. - O encarou com seus olhos desiguais.

— Escuta, cara. Eu sei que o Louis é nosso amigo, mas eu acho que ele sabia sim que o Chad Grown estava na casa. E agora que sabemos que ele tentou abusar da Clair…

— O Louis odeia esse tipo de pessoa, principalmente depois do que aconteceu com ele na infância. - Logan começou a juntar as peças em sua cabeça. - Mas será que ele seria capaz de matar o Chad?

XXX

Tema: Sanctify - Years & Years

[https://www.youtube.com/watch?v=6aN4MJs8VEI]



“Louis, precisamos conversar urgentemente. É sobre o Chad Grown.”

O jovem de cabelos escuros relia a mensagem várias e várias vezes, intrigado. Ele sabia que Chad Grown tinha morrido na noite do incêndio da casa da Sra. Libby, fato que já completava 5 dias naquela quarta-feira. Mas não entendia o porquê de Parker querer falar sobre isso com ele… Muito menos no horário que seria.

Louis teria que atrasar os seus compromissos noturnos um pouco, mas por sorte a cliente tinha sido paciente. Nesses últimos dias, com a ausência de seu pai, o diretor da Crows Hills High, devido a uma viagem para um congresso, Louis iniciava os seus serviços um pouco mais cedo que o normal. Prometera não demorar tanto, e tentaria despistar Parker o mais rápido possível. Ele era um de seus melhores amigos sim, mas mesmo o rapaz não precisava saber dos seus segredos, assim como Louis não queria saber os dele.

O rapaz deixou o celular na bancada da pia do banheiro enquanto ele tocava uma música, e se despiu, pronto para tomar um banho. Enquanto sentia a água quente cair pelo seu corpo, lembrou-se do dia anterior, em que saíra mais cedo da Taverna sem ninguém suspeitar.

Ele já tinha desenvolvido técnicas para sair furtivamente de festas e baladas em geral, sempre tendo alguma desculpa para encobri-lo. E como na maioria das vezes, as pessoas ao seu redor estavam bêbadas, isso se tornava fácil.

— Ontem foi uma boa noite…

Mas obviamente sua reputação estava em jogo, principalmente depois daqueles vídeos que acabaram sendo jogados na Internet, mostrando os jovens sendo flagrados em atitudes questionáveis. E o de Louis mostrava ele conversando com o professor de Biologia, que ninguém sabia exatamente o porquê de estar ali. Exceto Louis, pois ele precisava muito daquela nota.

E uma noite de sexo também não faria mal a ninguém.

XXX

Dentro dos vestiários do ginásio da escola, Parker colocou a sua camiseta rapidamente, terminando de se vestir. O jovem tinha participado do treino de natação promovido pela escola, em que ele era um dos principais medalhões da equipe. Por ser um aluno relativamente problemático, muitas vezes Parker conseguia se desviar das punições exatamente por ser parte da equipe e os diretores Chermont e o adjunto Graner não estavam dispostos a perdê-lo.

— Parker, cê sabe que esse vídeo realmente vai sair do ar? – Um outro rapaz, sentado no banco, falou enquanto colocava uma bermuda. Era Charlie, companheiro de Parker dentro da equipe e um dos seus melhores amigos.

— Eu espero que em breve, sim. – Parker respondeu.

— Eu ainda tô preocupado por causa dele. – Charlie comentou.

— Nós temos um dos vídeos menos comprometedores entre os que foram liberados. – Parker falou, colocando o tênis. – Eu estou tranquilo... Na medida do possível.

— Parker, eu tenho medo disso cair nas mãos erradas. Ou melhor, na mão do meu pai, ele não vai aceitar um filho gay dentro de casa.

— Eu sei, Charlie. – Parker comentou, porém agora visivelmente transtornado. – Eu só… Só não tento pensar nisso.

Um silêncio constrangedor se fez naquele vestiário, enquanto os dois se olhavam. Parker and his friend, não era? Pelo menos não falaram que o amigo era o Charlie, menos mal pra ele.

— Mas o Cam disse que uma amiga dele já tá trabalhando para tentar excluir os vídeos. Ela é hacker, logo ela vai conseguir, Charlie. – Parker tentou tranquilizar o rapaz, enquanto sentava no banco ao seu lado e passava a mão no seu ombro.

— Tomara. Pelo menos, meus pais sabem que eu não tenho nada a ver com o incêndio, nem nada. Saí bem cedo da festa.

— É, esse é um fato real. Já eu, tenho que me preocupar com mais esse problema… Ao menos minha mãe não sabe da existência desses vídeos.

Charlie suspirou e olhou as horas no celular, falando em seguida:

— Acho que você já tem que ir pra encontrar o Louis, se não você se atrasa.

— É. Já tá na hora. Depois eu mando uma mensagem pra você passar lá em casa. Minha mãe não vai estar. – Ele soltou um riso malicioso. – E aí vamos jogar Overwatch.

— Com certeza, Parker. – Charlie falou, com um tom irônico. – Mas e sua prima?

— A Bea? Ela não tá nem aí. Quer que o mundo inteiro se exploda, se conheço minha prima bem.

XXX

— Dani, cê tá ligada que a gente precisa dar um jeito de sumir com esses vídeos logo né? – Um rapaz de cabelos loiros e oleosos, sentado em uma cama, falou.

— Eu tô ligada Jimmy. – Dani falou, dando uma tragada no cigarro. – Mas a amiga da Sienna já disse que vai dar um jeito nisso.

Sentada em um pufe roxo no loft de Jimmy, seu melhor amigo e companheiro nos negócios escusos que realizava, Dani estava pensativa sobre os últimos eventos que vinham ocorrendo ao seu redor. A morte de Chad a abalou de certa forma quando descobriu, apesar dela não dar a mínima para o garoto. Mas o que mais a machucou foi o relato de que Clair fora quase estuprada por ele.

— Se eu tivesse lá naquela hora, eu mesmo dava umas marteladas naquele filho da puta do Chad. – Dani comentou.

— Ainda não descobriram nada né? – Jimmy perguntou, depois de soltar fumaça pela boca.

— Mano, eu não sei os policiais... Mas a gente achou uma suposta pista sobre quem martelou a cara dele. – Dani falou. – Eu acho que o Louis está envolvido com algo.

— Louis? Louis Chermont, o filho do diretor que repetiu dois anos?

— Esse mesmo. O único Louis que eu conheço, no caso. O povo estava repassando os passos de todo mundo envolvido diretamente na festa, e só o Louis tem o paradeiro desconhecido.

— Cês acham que ele defendeu a Clair? Mas e aquele vídeo dele xavecando o professor? – Jimmy falou.

— Esses vídeos são de várias partes da festa, Jimmy. Não se faça de burro, já que você também tá envolvido com eles. – Dani falou, se referindo ao vídeo com seu nome. Dani and the trade.

— Velho, se eu descubro quem postou aquela merda de vídeo, eu juro que quebro a cara da pessoa. – Jimmy comentou. – Isso vai me fuder, ou melhor, nos fuder muito.

— Tráfico de drogas. – Daniele disse. – Bom, eu não tenho culpa de achar fascinante esse povo regredindo.

— Ainda bem que não perdi meu emprego no Subway. – Ele comentou, jogando a bituca de cigarro em um cinzeiro. – Mas Daniele, como amigo, fica mais atenta ao passar maconha pra galera. Quanto mais escondido melhor, eu não quero ter problemas com a porra da polícia daqui. Nem você, acredito.

XXX

— Keith, tem como você me ajudar com isso aqui? – Tiffany, a professora de Literatura, falou com o filho. Ambos estavam no principal supermercado da cidade.

— Mãe, pra que você vai comprar uma vassoura nova? – Keith falou, assustado. – Daqui a pouco vai estar comprando panela nova.

— Ah, bem lembrado filho! – Tiffany comentou, já andando na direção de tal setor.

— Mãe!

— Calma, filho, é brincadeira. Você tem que levar as coisas menos a sério. – Tiffany comentou.

— Um dia essa mulher ainda vai me matar do coração… – Keith balançou a cabeça. Os dois então viraram na direção do corredor seguinte, apenas para dar de cara com a pessoa que Keith menos queria ver naquele momento.

Ai meu Deus, por que essas coisas acontecem?

— Gabriel! Que surpresa! – Tiffany falou, apertando a mão do professor de Física.

— Tudo bem, Tiffany? – Gabriel respondeu. – Ah, olá Keith!

Keith apenas acenou com a mão, exibindo um sorriso no rosto, meio bobo. Os dois professores subitamente começaram a conversar sobre algum assunto, que o jovem conseguiu perceber ser sobre a Sra. Libby, e como Tiffany e Gabriel detestavam a megera. A cada instante que Keith ficava ali, se sentia mais constrangido. Afinal, sua mãe e seu professor, com quem ele tinha um casinho, conversavam tranquilamente… Bem na sua frente.

Keith conseguia perceber alguns olhares discretos de Gabriel sobre ele, retribuídos pelo rapaz e temeu que sua mãe tivesse percebido.

— Bem, foi bom te ver Gabriel. – Tiffany falou, se despedindo. Keith não pode evitar um suspiro de alívio, pois seu segredo ainda estava escondido.

Será?

XXX

Enquanto o céu se escurecia por conta da noite, a campainha da casa dos Chermont foi tocada. Louis correu para atendê-la e deu de cara com Parker e Logan.

Assim que os dois entraram e se acomodaram, Louis perguntou se eles aceitavam alguma coisa. Pouco depois, os três bebiam alguns goles de uma garrafa de cerveja, sentados na sala da casa dos Chermont.

— Então, sobre o que você queria falar comigo, Parker? – Louis perguntou, percebendo que seus dois amigos se entreolharam.

— Louis, a gente queria te perguntar uma coisa… – Parker começou a dizer. – Você sabe quem matou Chad Grown?

— Chad Grown… Não, claro que não. Por que?

— Louis, onde você tava quando o incêndio começou? – Logan perguntou, sendo direto.

— Espera, do que estão falando? – Louis perguntou, assustado. – Vocês acham que botei fogo na casa da Libby?

— O que acontece, Louis, é que depois da iniciação todo mundo se separou. – Parker disse, e depois continuou. –  Descobrimos que o Chad tentou estuprar a Clair momentos depois, na garagem da casa.

— Mas alguém a salvou. – Logan falou, depois de beber um gole da cerveja. – Essa pessoa supostamente defendeu ela e brigou com o Chad.

— Com uma martelada. Ou até mais. – Parker completou. – E nós refizemos os passos de todo mundo naquela festa, seu paradeiro é o único que não sabemos, cara. Onde cê tava no momento do incêndio?

Louis se levantou subitamente e andou na direção da janela do cômodo, olhando para o lado de fora.

— Eu tava resolvendo uns problemas… – Louis falou baixo.

— Com o professor de Biologia? – Logan perguntou, se referindo ao vídeo de Louis, e recebendo um tapa forte no vidro da janela em resposta.

— Se você falar que eu sou igual ao Keith e o professor de Física, eu arrebento tua cara, Logan. – Louis disse, com um tom de voz alterado.

— Louis, o que tá acontecendo? – Parker perguntou.

— Todos nós temos segredos, Parker. O problema é se eles estão escondidos ou não. Vocês leram o título do vídeo meu?

— Louis michê. – Parker falou.

— Exatamente. O que você acha que eu estava fazendo com o professor de Biologia? Por que eu tava recebendo dinheiro por isso?

— Louis, você é um garoto… – Logan começou a perguntar, mas foi cortado pelo próprio.

— Eu vou contar tudo pra vocês. – Ele disse, se virando na direção dos dois, que perceberam os olhos marejados do rapaz. – Mas sim… Fui eu quem matou o Chad.

XXX

Tema: Broken People - Logic & Rag’n’Bone Man

[https://www.youtube.com/watch?v=o9zRQijCN5w]

Louis retornava para a festa pelos fundos, por sorte ninguém teria notado seu sumiço após oferecer mais uma vez seus serviços. Mas apesar de tudo, estava muito preocupado com o que tinha acabado de ver.

Ele entrou pela portinha dos fundos, enquanto podia ouvir a gritaria emanar pela casa. Mas naquele ambiente, apenas ouviu os lamentos de alguém, gritos que eram abafados por outra pessoa.

— Me solta! Eu não… Não quero!

— Cala a boca, sua puta! – Um barulho de um tapa foi ouvido, seguido de um choro baixo. – Que anjo lindo você é, hein?

— Por favor…

Louis desceu levemente as escadas até ficar de costas para a cena. De onde estava agachado, podia ver mais claramente. Uma figura maior segurava a uma outra mais franzina com muita força, e parecia obrigar a outra a tirar a vestimenta que possuía.

— Que gostosa que você é… Para de chorar, sua vagabunda! – E então Louis reconheceu a voz. Era Chad Grown.

Louis ainda pôde ver Chad prender a vítima contra uma parede, enquanto a tocava em meio a tapas e arranhões que ele dava. Naquele momento, o recém-chegado à garagem sentiu seu sangue ferver como nunca.

Seu passado voltou com força total em sua mente, quando foi abusado sexualmente por uma de suas babás ainda na infância. Toda a sua tristeza, frustração, trauma e raiva se converteram em verdadeiro ódio e asco pela cena que passava em frente a ele.

Louis, em um movimento impulsivo, se jogou contra Chad, fazendo Clair se soltar imediatamente do rapaz, e finalmente sair correndo daquela cena de horror. Os dois se jogaram no chão enquanto se engalfinhavam em uma luta de socos e chutes.

— Filho da puta! Mexe com alguém do seu tamanho, estuprador de merda! – Louis gritou, antes de levar um soco no meio do rosto quando Chad subiu por cima dele.

Ainda meio desorientado, Louis precisava se defender de alguma forma. Só teve tempo de pegar o primeiro objeto que viu jogado no chão da garagem e o bateu contra a cabeça de Chad, que imediatamente caiu sobre o piso. Nesse mesmo momento, sentiu sangue cair sobre seu rosto e um lamento de dor. Louis ainda desferiu mais um golpe, e se levantou segurando o martelo manchado de sangue.

No mesmo momento, ouviu passos na direção da garagem. O rapaz saiu correndo na direção da mesma portinha que entrara, até sair do cômodo, deixando o corpo para trás.

Depois de correr um pouco e se sentar, ele sentiu lágrimas descerem pelo rosto, enquanto chorava baixo, relembrando a cena terrível. Segurou o martelo manchado de sangue mais uma vez e então sentiu o cheiro de fumaça.

Levantou os olhos apenas para ver uma grande labareda surgindo no meio da residência. O que tinha visto tornara-se realidade… Tinham conseguido.

XXX

— Foi isso que aconteceu naquela noite. Eu simplesmente estava no lugar certo na hora certa. Ou errada, se preferirem. – Louis comentou, cabisbaixo. – Eu tentei esconder ao máximo, mas…

— Eu não sei nem o que dizer… – Parker foi o primeiro a falar. – Mas você não… Colocou fogo na casa da Libby?

Louis balançou em negação, ciente de que falava a verdade.

— Não faz ideia de quem seja? – Logan perguntou, quebrando seu silêncio.

— Não. – Louis disse, confirmando o que contara para os dois, omitindo uma parte do que tinha visto naquela noite. – Falei tudo o que aconteceu.

Então os três viram algumas luzes piscando pela sala, e Louis correu para a janela, vendo um carro de polícia estacionando em frente a sua casa. Subitamente lembrou da mensagem que havia recebido logo na manhã seguinte ao incêndio… E era esse o motivo de Louis não estar contando tudo: a ameaça feita por outras pessoas. Ele havia visto demais naquela noite.

“Se falar pra alguém que fomos nós que botamos fogo na casa da velha, você morre, entendeu?

Você morre.”


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Não esqueçam de comentar, as reviews são muito importantes para continuidade do projeto.



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