A Rainha do Fogo escrita por gwenhwyfar


Capítulo 6
Sexto




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No capitulo anterior...

- Não tenho nada, mestre. Estou apenas preocupada com meu irmão. E tenho pena da mulher com quem ele esta se casando.

E sabia que estava sendo sincera. Apesar de todos os receios que tinha de Sakura, aos quais se misturavam ódio, sentia também pena dela – casava-se com um homem que não amava e amava um homem que não podia se casar.




Capitulo VI


Sakura estava cansada das comemorações. Avistou Naruto, conversando com vários convidados e vindo lentamente para a mesa dele. Finalmente ele se aproximou, junto com Neji e Sasuke, e sentou-se ao seu lado.

- É o primeiro momento que realmente tenho pra falar com você.

Ela estendeu a mãozinha.

- Eu entendo. Isso está mais parecendo um Conselho de guerra do que uma festa de casamento.

Naruto sorriu pesaroso:

- Todos os acontecimentos de minha vida se parecem com um Conselho de guerra. Um rei não faz nada que seja privado. Bem – disse ele, corrigindo-se e sorrindo ao ver as faces pálidas de Sakura tingirem-se de vermelho – Quase nada. Acho que haverá algumas exceções, minha querida esposa. A lei exige que nos veja indo para cama juntos, mas o que acontece depois disso, só a nós interessa.

Ela baixou os olhos, sabendo que Naruto percebera o rubor em suas faces. Envergonhada, Sakura percebeu que mais uma vez o esquecera, e só olhava para Sasuke, pensando, com a doçura de um sonho, no quanto desejava que fosse ele o seu noivo naquele dia, e não Naruto. Sasuke, no entanto, desviou o olhar dela antes que Hinata se aproximasse.

Naruto imediatamente abriu um espaço no banco ao seu lado e estendeu a mão para a irmã:

- Sente-se aqui comigo irmã – convidou, e Hinata aceitou sua mão, indo sentar-se ao lado de Naruto, que sem qualquer constrangimento, passou o braço pela cintura da morena, trazendo-a mais para junto de si. Em seguida, comentou:

- Eu não sabia que além de ser sacerdotisa, você cantava tão bem irmã. Será que também nos enfeitiçou com a sua musica?

Hinata riu e desfez-se delicadamente do abraço do irmão:

- Espero que não, senão não ousaria cantar novamente. Como é mesmo aquela velha história sobre o druida que enfeitiçou os gigantes do Oeste, transformando-os em um circulo de pedras?

- Essa historia eu não conheço – interrompeu Sakura – mas as freiras do meu convento contavam a historia de um santo que transformou um circulo de feiticeiras, em meio ao seus ritos malignos, em pedras.

- Se eu fosse druida ou bardo – disse Sasuke – e tivesse tempo pra estudar filosofia, tentaria descobrir quem fez aquele circulo e por que.

- Em Atlântida se sabe a razão – retrucou Hinata, sorrindo – Tsunade poderia lhe dizer.

- Mas o que as sacerdotisas dizem, podem não ser mais verdade do que as fábulas das irmãs do convento de Sakura – observou Sasuke e, virando-se para Naruto, corrigiu-se imediatamente – Perdoe-me Naruto, eu deveria dizer, minha senhora e rainha, mas eu já a chamava pelo nome quando era mais jovem...

Hinata, que conseguia entender os sentimentos a sua volta pela Visão, sabia que ele só buscava uma maneira de dizer o nome de Sakura em voz alta.

- Meu amigo, se minha dama não se importa, quem sou eu pra me importar? – disse Naruto, brincando distraidamente com uma mecha dos compridos cabelos de Hinata – Deus me livre ser um daqueles maridos que prendem suas mulheres em casa, longe dos outros seres humanos. O homem que não consegue manter a fidelidade e o respeito de sua mulher, provavelmente não os merece.

E virou-se para Sakura, beijando sua pequena mão. Os olhos de Sasuke chamejaram, desesperados.

- Essa festa está ficando comprida demais pro meu gosto. Quanto falta pra cavalaria ficar pronta, Sasuke?

- Acho que falta pouco. Quer que eu verifique, meu senhor e rei?

Ele está se torturando, pensou Hinata, observando o rosto contraído de Sasuke não suporta a visão dela junto de Naruto, mas também não quer deixa-los sozinhos. E disse em voz alta, fazendo uma brincadeira com a verdade:

- Acho que o casal real quer ficar sozinho, Sasuke. Porque você não me mostra os cavalos?

- Senhor Naruto – disse Sasuke incisivamente, antes que Sakura abrisse a boca para protestar – peço permissão para me retirar.

Naruto assentiu e Hinata pegou a mão de Sasuke, que se deixou levar, embora virasse um pouco a cabeça, como se não lhe fosse possível tirar os olhos de Sakura. Ouviram Naruto dizer, enquanto se afastavam:

- Até ontem, eu não sabia que o destino, ao me mandar uma noiva, me mandava também uma linda mulher.

E ouviram Sakura responder:

- Mas não foi o destino Naruto, foi o meu pai.

Antes que pudessem ouvir a resposta de Naruto, já estavam muito longe. Atravessaram o campo de treinamento em silencio, Sasuke pensativo e Hinata com o coração apertado. Não queria ter que testemunhar a atração de Sasuke por Sakura, ali, na frente de toda a corte de Naruto.

Chegaram em um pátio de terra, onde a enorme estrebaria estava lotada de cavalos castanhos, negros e brancos. Em volta, os ninjas e samurais se preparavam para a exibição no campo.

Um dos homens viu Sasuke, e gritou:

- O Hokage está pronto para nos ver? Não quero soltar os cavalos agora, eles ficam muito agitados e podem se machucar.

- Daqui a pouco – respondeu Sasuke.

Aproximaram-se do homem e a luz revelou o rosto masculino, tão parecido com o de Hanabi. Era Neji.

- Ah prima! – cumprimentou Hinata – Sasuke, no que estava pensando? Este não é um lugar para damas. Você ainda quer montar aquele cavalo branco?

- Quero apronta-lo para Naruto, para a próxima batalha, nem que eu quebre o pescoço para isso.

- Não brinque com essas coisas – censurou Neji.

- Que disse que estou brincando? – retrucou o Uchiha – Vou exibi-lo no campo de treinamento, em homenagem a Rainha!

- Sasuke, não se arrisque por isso – disse Neji serenamente, sacudindo a cabeça – Sakura não sabe distinguir um cavalo do outro, e ficaria impressionada mesmo se você montasse um pangaré pra dar umas voltas, como se estivesse vendo os feitos do próprio centauro.

Sasuke o olhou com desprezo, mas Hinata pode ver, claro como água, uma indagação na mente dele: Como ela pode compreender sua necessidade de mostrar-se superior naquele dia?

- Vá montar Neji, e diga aos homens que daqui a meia hora, quero todo mundo pronto.

Neji foi-se e Hinata tocou a mão do rapaz ao seu lado:

- Me mostre aquele cavalo selvagem que você vai montar.

Ele a levou para a cocheira, por entre as fileiras de animais amarrados e parou em frente ao ultimo cavalo, ao lado de uma pilha de feno. Focinho pálido e prateado, a longa cauda de fios brilhantes como o linho – um cavalo enorme, mais alto que o próprio Sasuke. O animal mexeu a cabeça e seu resfolegar foi como o vapor de dragões que soltassem fogo.

- Veja, que beleza! – e o moço colocou a mão no focinho do garanhão – Treinei-o pessoalmente. É meu presente de casamento pra Naruto, que não tem tempo de treinar um pessoalmente.

- Um bom presente – comentou Hinata.

- Não. Foi só o que eu pude dar a ele. Não sou rico, você sabe, e de qualquer modo ele não precisa de ouro, jóias ou dinheiro, já esta cheio dessas coisas. Este presente só eu poderia lhe dar.

- Um presente seu mesmo – murmurou Hinata, olhando para Sasuke espantada.

Como ele ama Naruto! É por isso que esta sofrendo tanto! O que o tortura não é o fato de desejar Sakura, mas é que ele não ama menos o Naruto!

- Queria monta-lo. Não tenho medo de nenhum cavalo.

- Hinata, você não tem medo de nada? – perguntou Sasuke rindo.

- Oh não, primo, tenho medo de muitas coisas – disse ela séria.

- Bem, eu não sou tão corajoso quanto você. Tenho medo das batalhas, de morrer antes de provar de tudo na vida... e tenho medo de que tanto Atlântida quanto os cristãos estejam errados, e que não haja Deuses, nem céu, nem vida depois da morte... Tenho medo de morrer para sempre – e calou-se abruptamente.

Depois de um momento, Hinata comentou suavemente:

- Não acho que ainda reste alguma coisa pra você provar.

- Ah, mas há sim Hinata, há muitas coisas que eu desejo, e quando vejo uma delas, me pergunto que fraqueza ou que loucura me impedem de fazer o que gostaria...

E de repente, largou as rédeas e a envolveu em seus braços, beijando-a fortemente.

Desespero pensou Hinata amargamente quem é que estou tentando enganar? Não é a mim que ele deseja, só quer esquecer que Naruto e Sakura vão estar um nos braços do outro esta noite.

No entanto, deixou que Sasuke fizesse o que quizesse, sentindo o antigo desejo voltar e inundar todo o seu corpo, com um prazer que chegava a doer. As mãos de Sasuke acariciaram seus seios com grande habilidade e ela sentiu todo o corpo do rapaz pressionando o dela. Abriu a boca sob os lábios de Sasuke, cujas mãos passeavam por todo o seu corpo. Nem se lembrou de quando tinham deitado no feno. Mais para tomar fôlego, Hinata afastou-se um pouco e protestou debilmente:

- Ficou louco Sasuke? Tem centenas de homens de Naruto aqui...

- Você se importa? – perguntou ele e Hinata não soube o que responder. Ela se importava? Sendo sincera consigo, sabia que não. Apesar do ridículo da situação, há muitos anos desejava Sasuke e era melhor aquilo do que fazer Naruto sofrer.

No fundo da mente ocorreu-lhe com amargura: Uma princesa, Rainha do clã Hyuuga, princesa de Atlântida, tombada no estábulo como se fosse uma camponesa. Mas afastou o pensamento, procurando pensar apenas em Sasuke, nas suas mãos furiosas, na sua boca que mergulhava na dela com raiva. Sentiu que ele lhe puxava o vestido e começava a tira-lo.

Ouviram então vozes chamando, gritando, um ruído como o de uma martelada, um grito de medo, e de repente dezena de vozes gritavam ao mesmo tempo:

- Capitão Sasuke! Senhor! Onde ele está? Capitão!

- Por aqui, eu acho...

Um dos soldados mais jovens mais jovens desceu correndo junto dos cavalos. Xingando furiosamente, Sasuke colocou-se entre Hinata e o soldado, enquanto ela enterrava o rosto no quimono e encolhia-se, já seminua, para não ser reconhecida.

- Maldição! Será que não posso me afastar por um instante?

- Venha correndo senhor... é um dos cavalos do rei Inoichi... Havia uma égua no cio e dois garanhões brigaram, parece que um deles quebrou a pata...

- Merda.

Sasuke arrumou-se rapidamente, levantando-se e o rapaz viu Hinata, que esperou, num momento de horror, não ter sido reconhecida.

- Hum... será que interrompi alguma coisa senhor? – perguntou o rapaz com ar de riso, tentando ver além de Sasuke. Este, no entanto, o empurrou fortemente para frente, e o jovem quase cambaleou e quase caiu.

- Corra e procure Sai, e também um ferreiro, depressa!

Quando o rapaz sumiu, meio tonto, Sasuke voltou como um vendaval e beijou Hinata, que conseguiu ficar de pé.

- De todos esses malditos...

Apertou-a fortemente, beijou-a com tanta força que ela sentiu a marca dos seus lábios no rosto.

- Santo Deus! Logo esta noite! Maldição!

Hinata não pode falar. Apenas assentiu com a cabeça, entorpecida, enquanto ele se afastava correndo. Seu corpo todo gritava pela conclusão do que haviam começado ali. Momentos depois o rapaz que os havia interrompido voltou e a cumprimentou respeitosamente.

- Senhora Hinata? Meu nome é Kiba. O capitão disse que a senhora estava olhando os cavalos quando escorregou e caiu, e ao ajuda-la, começaram a chamar por ele. Ele mandou pedir-lhe desculpas e pede que volte para o castelo.

Bem, pensou Hinata, isto explicava a roupa amassada e o cabelo desfeito.

- Acho que torci o tornozelo – disse ela, apoiando-se fortemente no ombro de Kiba. Se tivesse caído e sofrido uma contusão séria, isso justificaria toda a palha na sua roupa.

Naruto dirigiu-se para as cocheiras, muito aborrecido, enquanto Kushina e Sakura enfaixavam seu tornozelo. Depois, foi colocada entre as duas na bancada real, para assistir as apresentações do exército de Naruto. O Hokage fez um breve discurso sobre o novo exército do país, com ninjas e samurais lutando juntos, e as vantagens de se combater a cavalo. Seu pai de criação, Kakashi, ficou muito satisfeito.

- Depois disso – declarou Naruto – ninguém mais vai poder dizer que os cavalos so servem pra puxar carroça! – e sorriu para Sakura, ao seu lado – O que acha dos meus cavaleiros, minha noiva?

- Sai monta tão bem quanto um centauro – comentou Kushina para Kakashi – Naruto você fez bem em deixa-lo fazer parte da cavalaria.

- Sai é muito bom guerreiro e muito bom amigo pra ficar definhando em casa – sentenciou Naruto com energia.

- Ele não é seu irmão de criação? – perguntou Sakura.

- Sim. Foi ferido gravemente na invasão dos rebeldes e não poderá mais ser ninja... mas ainda pode lutar tão bem quanto qualquer um na cavalaria.

- Vejam – exclamou Kushina apontando – a cavalaria derrubou todos aqueles alvos de uma só vez! Nunca vi coisa igual!

- Ninguém resistiria a um ataque assim – comentou o rei Inoichi – Que pena que Namikaze Minato não esteja vivo pra ver isso meu rapaz... perdoe-me... eu deveria dizer, meu senhor e rei...

- O amigo de meu pai pode me chamar pelo nome – sorriu Naruto – Mas as honras da demonstração cabem ao meu capitão, Sasuke.

Nagato, filho de Hanabi, fez uma reverencia para Naruto:

- Senhor, posso ir ver os cavalos serem desarreados na cocheira? – era um menino bonito e alegre, de seus quatorze anos.

- Pode – disse Naruto – Quando ele virá fazer companhia a Neji e Sasori, tia?

- Talvez esse ano, se os irmãos puderem lhe ensinar a lutar e vigia-lo – respondeu Hanabi, e em seguida gritou – Não! Você não Gaara!

Tentou alcançar o menino gorducho de sete anos, que corria atrás do irmão.

- Nagato, traga-o para cá!

Naruto riu e fez um gesto de assentimento, ao que Gaara sorriu e correu para a cocheira na frente do irmão.

- Deixe ele tia. Os meninos correm para as cocheiras como pulgas para os cães. Me contaram que quando eu era pequeno e morava ainda na corte, tentei montar o garanhão de Minato e quase quebrei a cabeça...

E, ao ouvir isso, Hinata estremeceu, lembrando do menino louro, branco como a morte, deitado no quarto escuro e frio, com várias sombras em volta...

- Seu tornozelo dói muito, irmã? – perguntou Sakura solícita, interpretando mal as lágrimas nos olhos de Hinata.

- Neji vai tomar conta dele – continou Naruto distraído – Ele é o melhor homem para treinar novos shinobis.

- Melhor do que Sasuke? – perguntou Sakura.

Ela só quer dizer o nome dele pensou Hinata, com raiva.

- Sasuke? Ele é o melhor guerreiro entre nós, embora seja muito ousado pro meu gosto – respondeu Naruto – Os garotos o idolatram, é claro, veja lá o seu pequeno Gaara, tia, andando atrás dele como se fosse um cachorrinho. Fazem qualquer coisa pra ter um elogio dele, mas para ensinar não há ninguém melhor que Neji: Sasuke é muito brilhante e gosta de se exibir, mas Neji ensina tudo passo a passo, com paciência. Neji é meu melhor mestre-de-armas.

E em seguida apontou:

- Vejam, lá vem Sasuke e aquele cavalo que está treinando para mim.

E deu uma gargalhada, enquanto Kushina observava:

- Que endiabrado!

Pois Gaara se pendurara como um macaco na sela e Sasuke, rindo, apanhara-o, colocando-o na sua frente e iniciando um galope rápido, em direção a arquibancada em que estavam. Galopou diretamente para eles, a toda a velocidade, de modo que até o rei Inoichi abriu a boca, espantado e Hanabi gritasse, lívida de medo. Sasuke conteve tão bem o cavalo, que ele ergueu-se sob as patas traseiras e rodopiou:

- Seu cavalo, senhor Naruto – disse ele com uma reverencia, segurando as rédeas com uma mão – e seu primo. Tia Hanabi, pegue esse demoniozinho e esquente seu rabo por mim.

Gaara escorreu da sela, para cair quase no colo da mãe.

- Ele podia ter morrido sob as patas do cavalo! – disse Sasuke, se afastando e obrigando o cavalo a realizar uma série de exercícios na frente deles.

Gaara nada ouvia dos ralhos de Hanabi, fixando em Sasuke os olhos verdes arregalados de adoração.

- Quando você for maior – disse Naruto, bagunçando os cabelos ruivos do pequeno – farei de você meu cavaleiro, e poderá sair combatendo gigantes malvados e salvando belas damas.

- Ah não! – interrompeu Gaara, com os olhos fixos no cavalo que Sasuke fazia andar de um lado para o outro – O capitão Sasuke vai me fazer cavaleiro, e então vamos sair juntos em busca de aventuras!

Kakashi disse, rindo:

- Ora, ora, parece que o jovem Aquiles encontrou o seu Pátroclo!

- Fui totalmente ofuscado – riu Naruto, com bom humor – Nem mesmo a mulher com quem acabo de me casar consegue tirar os olhos de Sasuke e agora meu primo prefere ser sagrado cavaleiro por ele! Se Sasuke-kun não fosse meu melhor amigo eu ficaria com ciúmes.

Inoichi, que observava calado Sasuke obrigar o cavalo a andar, desabafou:

- E aquele dragão miserável ainda esta escondido nas minhas terras, matando meu gado e acabando com as plantações. Talvez se eu tivesse um cavalo como esse... Acho que vou pedir para Sasuke treinar um cavalo pra mim e sairei novamente a caça ao dragão. Da ultima vez quase morri.

- Um dragão de verdade? – perguntou Gaara – e ele soltava fogo?

- Não, não menino – riu Inoichi – mas ele tinha um cheiro horrível e de sua barriga vinha um barulho como se sessenta cães uivassem lá dentro.

Kakashi então explicou:

- Os dragões não soltam fogo Gaara. Essa idéia surgiu de um costume antigo de chamar uma estrela cadente de dragão, porque ela tem uma longa cauda de fogo. Pode ter havido antigamente dragões que soltavam fogo, mas não na nossa época.

Paralelamente a essa conversa, Hinata, Sakura e Naruto assistiam Sasuke exercitar o cavalo enquanto o loiro dizia a noiva:

- Sasuke está preparando esse cavalo pra mim faz dois meses. Antes ele era tão selvagem quanto o dragão de Inoichi e veja agora como está manso!

- Pra mim ele parece ainda muito selvagem – comentou Sakura.

- Mas um cavalo de guerra não pode ser manso como um cavalo de senhora. Ele tem de ser forte... Meu Deus! – exclamou Naruto de repente, levantando-se.

Uma ave branca – talvez uma galinha ou um ganso – surgira de algum lugar e meteu-se sob as patas do cavalo. Sasuke, que montava distraído, com a atenção desviada, foi projetado para trás quando o garanhão empinou com um relincho nervoso. Procurou controla-lo, mas o cavalo começou a escoicear e Sasuke acabou caindo sob suas patas.

Sakura gritou e desabou na cadeira, desmaiada. As outras mulheres gritaram também, mas Hinata, esquecendo-se de fingir um tornozelo deslocado, pulou a mureta com agilidade e correu para Sasuke, arrastando-o para longe do cavalo. Naruto, que também havia corrido, agarrara as rédeas, afastando-o a força de Sasuke, que jazia agora inconsciente. Hinata ajoelhou-se ao lado do rapaz, passando a mão em sua testa que começava a ficar roxa, e de onde escorria um fio de sangue.

- Está morto? – gritou Sakura – Está morto?

- Não – respondeu Hinata áspera – Preciso de água fria e ataduras, acho que ele quebrou o pulso, tentando amortecer a queda.

Neji levou o animal de volta para a cocheira. A tragédia que por pouco não aconteceu deu fim as festividades, e os convidados, um a um, começaram a procurar suas tendas e quartos.

No castelo, Hinata concluiu o trabalho de atar a cabeça e entalar o pulso, antes que o moço recuperasse o sentido. Ficou com ele, embora Sasuke continuasse semi-consciente, apenas gemendo e revirando os olhos, sem visão.

Num dado momento, olhou-a e murmurou: - Mãe... – e o coração de Hinata quase parou. Depois ele mergulhou num sono pesado e tranqüilo e quando despertou, a reconheceu:

- Hinata, minha prima. O que aconteceu?

- Você caiu do cavalo.

- Do cavalo? Que cavalo? – perguntou confuso e quando soube de tudo, disse com segurança – Ora isso é absurdo. Eu não costumo cair de cavalos.

E voltou a dormir.

Hinata ficou sentada, deixando que ele lhe segurasse a mão. As marcas dos beijos de Sasuke ainda estavam em seus seios, doloridos, mas o momento havia passado e ela sabia disso. Não voltaria a quere-la, a não ser para diminuir a agonia em pensar em Sakura e no seu amor pelo rei e primo.

Escureceu de vez. Ouviu ao longe, no salão, Hidan tocando e cantando. Havia risos, canto e festa. De repente, a porta se abriu e o próprio Naruto, com uma tocha na mão, entrou.

- Irmã, como está o Sasuke?

- Vai viver. Tem a cabeça muito dura e resistente – informou Hinata com irreverência.

- Queríamos que você assinasse como testemunha, quando a noiva for levada para a cama, mas acho que ele não deve ficar sozinho e não gostaria de entrega-lo nem mesmo nas mãos de Sai.

Naruto se aproximou da cama e pousou a mão na de Sasuke, que gemeu e abriu os olhos.

- Naruto?

- Sou eu mesmo, meu amigo – disse e Hinata admirou-se por sentir tanta ternura na voz de um homem.

- Seu cavalo... está bem?

- Está. Mas não se preocupe com ele. De que adiantaria um cavalo se você estivesse morto?

Naruto estava quase chorando.

- O que aconteceu?

- Um ganso se meteu entre as patas do cavalo. O guardador fugiu, é claro, deve saber o que está lhe esperando: uma boa sova.

- Não faça isso – pediu Sasuke – ele é so um menino idiota, não tem culpa que o ganso seja mais esperto que ele. Prometa-me Gwydion.

Hinata ficou surpresa ao ouvir o velho nome de Naruto. Ele apertou a mão do ferido e inclinou-se para beija-lo no rosto.

- Prometo-lhe Galahad. Durma agora.

Naruto fez menção de se levantar mas Sasuke agarrou-lhe a mão com força e sorriu:

- Quase estraguei sua noite de casamento, não é?

- Quase mesmo. A noiva chorou tanto por você que eu fiquei pensando no que ela faria se fosse eu que tivesse quebrado a cabeça – comentou Naruto, rindo.

- Naruto, você precisa o deixar descansar! – Hinata foi energética.

- Está bem – Naruto ergueu-se – mas ele não deve ficar sozinho...

- Eu vou ficar com ele – prometeu ela, irritada.

- Bem, se você tem certeza...

- Volte para Sakura! – disse Hinata com raiva – sua mulher o espera!

Naruto suspirou resignado. Depois de um momento, revelou:

- Não sei o que dizer a ela. Nem o que fazer.

Isso é ridículo! Espera que eu vá ensina-lo ou ensinar Sakura? Mas, diante do olhar perdido do irmão, Hinata foi suave:

- Naruto, é simples. Faça como a Deusa mandar.

Ele parecia uma criança assustada. Por fim, numa voz rouca, lutando com as palavras, retrucou:

- Ela é só uma menina e está com medo. Ela não é a Deusa... Ela não é você. – Depois de um momento, explodiu – Hinata, você não sabe que eu ainda te amo...

Não poderia suportar o que ele ia lhe dizer:

- NÃO! – gritou com violência, tapando a boca de Naruto com sua mão – Naruto, lembre-se pelo menos de uma coisa. Para ela, você será sempre o Deus...

Estavam muito proximos um do outro, ela vermelha e ele de olhos bem abertos. Encararam-se por um tempo e de repente – Hinata não soube como – Naruto tirou sua mão e a puxou num beijo ardente.

E Hinata viu em sua mente, em rápidos flashes, ela e Sasuke deitados juntos no Erin, sorrindo um para o outro. Sakura no meio do pântano, molhada até os joelhos e chorando. Os gamos correndo, pressentindo o perigo da aproximação de Naruto. A caverna de manhã, Tsunade e as quatro relíquias na caverna, o nascimento de Gwydion...

Empurrou Naruto com força, sentindo seu rosto molhado. Naruto também tinha lagrimas nos olhos e tremeu, e acabou murmurando:

- Deus me perdoe, esse é o castigo... – e calou-se. Ficaram a olhar-se, incapazes de falar. Por fim, ele pediu:

- Hinata, não tenho nem o direito... você pode me dar um beijo?

- Meu irmão – suspirou ela e, pondo-se na ponta dos pés, beijou-o na testa. Depois marcou-o com o sinal da deusa – que ela o abençoe. Naruto, volte para sua noiva, prometo-lhe que tudo sairá bem. Juro.

O Hokage engoliu em seco, e Hinata pode ver os músculos do seu pescoço movendo-se. Naruto ainda tentou pegar sua mão, mas Hinata não podia agüentar mais. Afastou-se dele e caiu na cadeira, escondendo o rosto com as mãos. Ouviu-o ainda murmurar:

- Deus a abençoe, irmã.

A porta fechou-se atrás dele.



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Naruto encostou-se na porta de olhos fechados, imóvel, respirando pesadamente, atormentado pelas imagens da memória. Kakashi ensinava-lhe a controlar o chackra. O Gamo-Rei corria ao seu encontro, os chifres abaixados letalmente. Hinata nua, coroada de flores, os compridos cabelos escuros espalhados pelo travesseiro, rindo para ele. O rosto sombrio da Senhora da Magia, entregando-lhe a espada lendária Demonrage. Hinata escondendo o rosto, negando seu amor... havia apenas alguns minutos.

- Deusa! Porque esta me abandonando? – murmurou ele olhando para cima, mas tudo era silencio na escuridão opressora do castelo. Endireitou-se e se recompôs. Nada mais podia ser feito.

Sakura o esperava, junto de várias mulheres casadas, que lhe davam os últimos conselhos e consolo. Assim que ele entrou, elas lhe fizeram uma reverencia e saíram. O clique da porta fez morrer todos os outros sons. De repente, tudo era silencio no quarto de núpcias.

Estavam parados, Naruto olhando para Sakura e esta para o chão. Ele aproximou-se devagar e pegou a mão da noiva, beijando-a levemente. Reparou então que a moça tremia e a abraçou suavemente.

- Não precisa ficar com medo – murmurou ele, acariciando e beijando seus cabelos soltos. – Estou pronto para amá-la e honra-la como minha mulher.

Sakura então confessou com a voz tremula de emoção:

- Você é meu senhor e rei, e tudo o que desejo é te fazer feliz, Naruto.

Naruto beijou sua testa, as duas faces, os olhos e segurando seu queixo, pousou os lábios nos dela. O primeiro beijo de Sakura. Abriu-lhe a boca docemente, mostrando como se fazia. Ali de pé, nos braços do marido, Sakura sentiu-se mais protegida do que nunca e ficou mais segura.

Devolveu o abraço de Naruto e ele, entendendo como um consentimento, levantou-a nos braços, levando-a para o enorme leito matrimonial. Seu corpo era pesado sobre o seu, mas ela não reclamou. Deve-se deixar que o homem assuma o controle disse-lhe Hanabi pouco antes, Assim ele não vai poder reclamar de você. Não tinha idéia do que realmente significava o ato sexual e quando Naruto tentou tirar-lhe a camisola, Sakura não pode reprimir um grito de medo e se encolheu toda no canto da cama.

Naruto ergueu-se sobre os joelhos e Sakura percebeu que a olhava com pena. Ele estendeu o braço para afagar-lhe o cabelo, ao mesmo tempo em que dizia:

- Não vou te fazer mal, Sakura, mas você tem que confiar em mim, está bem?

Não é tão fácil – pensou Sakura amarga – Quando você nem ao menos sente atração pelo seu marido. Mas não deveria pensar assim, ou Naruto ficaria irritado e a deixaria por infidelidade... Será que ele sabia que ela amava Sasuke, e não ele? Mas Naruto não ficou mais sobre ela. Ao seu lado, segurando-a pela cintura, escorregou a alça, distribuindo beijos por todo o seu colo. Sakura sentiu-se mais confortável e passou a mão livre pelos cabelos de Naruto, que agora beijava seus seios.

Era algo novo, surpreendentemente bom, mas que causava um certo constrangimento para ela. Reprimiu algumas exclamações de prazer, seria certo aquilo? Naruto não ficaria irritado? Estremeceu quando a corrente de ar acariciou seu corpo nu. Naruto agora tirava suas ultimas peças de roupa.

Sakura queria virar o rosto, mas ao mesmo tempo não conseguia despregar os olhos dele. Naruto engatinhou entre suas pernas e deitou-se no meio dela, beijando-a novamente. Ela podia sentir o membro endurecido cutucando-a por baixo e voltou a ficar com medo. Quando sentiu a penetração, Sakura se encolheu novamente de dor. Naruto levantou a cabeça e disse serenamente, quase entediado:

- Você precisa se abrir pra mim.

- C-como assim? – ela ouviu-se gaguejar, com voz sumida.

Naruto segurou suas coxas e pediu: - Amoleça as pernas. Ela obedeceu ao mesmo tempo curiosa, ao mesmo tempo assustada. Naruto abriu bem sua perna e em seguida dobrou-a um pouco para cima. Esse movimento fez com que se ouvisse um estalinho e Sakura sentiu sua abertura quente exposta ao frio ar da madrugada. Mas aquela estranha liberdade não durou muito, porque Naruto voltou a ficar em cima dela, cobrindo com seu membro a abertura secreta do seu sexo.

Sakura sentiu ele avançar dentro de si e involuntariamente o segurou pelas costas. Sentiu ele se movimentar, procurando se colocar mais fundo nela. Sakura começou a despertar para o estranho que invadia seus limites. Ela sentiu muitas outras coisas indescritíveis, uma euforia interior e um excitamento. Naruto deu um ou dois gemidos, segurou-a forte e assim acabou sua doação para Sakura. Ela sentiu ele sair de dentro de si e deixar a abertura exposta ao frio. Fechou as pernas e agarrou Naruto, que afagou-lhe os cabelos olhando para cima. Por um instante, Sakura teve a certeza de ver uma expressão desapontada no rosto do rei, mas ele virou-se para ela e sorriu, e a beijou ternamente.

- Dorme, minha querida, dorme.

No entanto, foi ele quem dormiu primeiro e Sakura ficou olhando com uma ternura culpada, os cabelos de Naruto, que brilhavam ao luar, seu peito que subia e descia na respiração tranqüila. Lágrimas começaram a rolar lentamente pelo seu rosto.

Queria tanto amá-lo, pensou, amá-lo como é meu dever, porque é meu rei e meu marido, e é tão bom, merece alguém que o ame mais do que eu.

A volta dela, a noite parecia respirar tristeza e desalento. Porque? Perguntava-se Sakura Naruto está feliz, não pode reclamar nada de mim. De onde vem essa tristeza que paira no ar?


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Notas finais do capítulo

plz deixem reviews Cya♥



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