— Por mais que eu diga que a Marinette "é só uma amiga"... Já não me consigo convencer a mim mesmo.

Desta vez, é o Nino quem sorri.

— Então acho que já tens a tua resposta.

O loiro levanta a cabeça e sorri, um pouco mais confiante.

— É... Eu acho que sim...

— Este sim é o meu melhor amigo! - comenta o Lahiffe, com um ar de felicidade estampado na cara. Ele mal podia esperar para contar aquela novidade à Alya.

— Obrigado Nino...

Os dois rapazes continuaram a lanchar, mudando o rumo da conversa.

O Adrien até estranhou que a secretária do seu pai não lhes tenha chamado à atenção por causa do barulho, sendo que ambos se empolgaram demais. Principalmente, quando o Nino bateu com as mãos na mesa com certa força.

Mas, mal sabia ele que tanto o seu pai como a Nathalie não estavam no escritório mas sim no esconderijo do Hawkmoth, onde um plano importante estava a ser formado.

* * *

No dia seguinte, o Adrien levantou-se mais cedo do que o costume, surpreendendo até mesmo a sua tutora.

— Bom dia Adrien. Não esperava ver-te de pé tão cedo...

— Ah... É que... - o loiro tentava formular uma desculpa para dar. Geralmente era a Nathalie quem o ia chamar ao quarto, mas desta vez, o Agreste mais novo foi o primeiro a acordar. É lógico que não podia dizer "Sabes Nathalie... Eu dormi muito mal esta noite porque uma certa "amiga" não me saía da cabeça. Aliás, eu não a vejo só como uma amiga mas sim como algo a mais... E ESTIVE TODA A NOITE A PENSAR COMO DEVO FALAR COM ELA E CONFESSAR-LHE OS MEUS SENTIMENTOS!".

Pois... É lógico que ele não podia dizer o que lhe ía na mente...

— É que... Eu prometi ao Nino ajudá-lo com... os trabalhos de casa! Pelos vistos ele tem algumas questões por fazer e como eu sou bom a matemática... Prometi ajudá-lo...

— Sei...

A secretária olhava-o com certa desconfiança mas mudou de assunto. Calculou que o filho do seu patrão quisesse apenas passar mais tempo com os amigos antes das aulas começarem e até mesmo ela não via mal algum nisso. Desde que...

— Já fizeste todos os teus trabalhos de casa?

— Fiz!

— E as lições de piano?

— Também!

— Ótimo. - a morena deu um mínimo sorriso, satisfeita pelo Adrien não se ter esquecido dos seus deveres. Em seguida, ela olha para a agenda que estava nas suas mãos e diz:

— Hoje há tarde tens lição de esgrima às três em ponto. Não te atrases.

— Ok.

— O motorista irá buscar-te como sempre. A sessão de fotos que estava marcada para as 18 foi adiada para daqui a dois dias. Tem bom apetite. - dito isto, a Nathalie sai da sala.

O Agreste continua a comer o seu pequeno-almoço, olhando de vez em quando para o ecrã do seu smartphone.

— Parece que o tempo não passa... - resmunga ele. - Quero ir para a escola e ver a Marinette... Mas... Não sei como agir ao pé dela...Talvez deva pedir ajuda ao Nino...

— Olhem só quem está completamente apaixonado... - provocou o Plagg, que por sua vez tinha saído de dentro do casado do Adrien.

Geralmente, o Agreste ria-se e/ou respondia algo à altura. No entanto, desta vez, foi completamente diferente. O rapaz engasgou-se com um pedaço de pão e começou a tossir sem parar. A sua face estava mais vermelha do que um tomate... E isso foi o suficiente para que o Plagg desatasse a rir descontroladamente.

— Não acredito!!!! Ahahaha!!!! Estás mesmo caídinho pela Marinette Dupain-Cheng!!!! - o kwami continuava a rir, com as suas pequenas patas pousadas sobre a barriga.

Depois de beber água e de recuperar algum fôlego, o loiro finalmente pronúncia-se:

— Plagg! Mais baixo. Ou queres que alguém te oiça? - sussurra o jovem, ao olhar para a porta da sala de jantar, que se encontrava entre-aberta.

— Ena... Tens assim tanto medo que alguém descubra? - disse agora mais baixo, mas ainda num tom de gozo.

— N-Não! Não é nada disso! Só não quero que alguém te veja! Sê mais discreto!

Dito isto, o pequeno kwami em forma de gato volta para debaixo do casaco do Adrien, sem dar mais um pio.

E do lado de fora, uma figura pequena observava os dois.

— Parece que as coisas estão a tomar o rumo certo... Não é, Plagg?

* * *

Em casa da Alya, as suas irmãs mais novas faziam uma grande birra por não quererem ir para o infantário. Elas preferiam ficar a ver desenhos animados em casa. E tanto a morena de óculos como a sua mãe tentavam acalmar as duas crianças, dizendo que elas tinham de ir se não, ficavam de castigo e sem ver televisão durante uma semana.

— Mas não é justo! - disse uma das gêmeas, depois de bater com o pé esquerdo no chão. - A mana pode ficar em casa e nós não? Porquê? Porquê? Porquê? Porquê? Porquê? Porquê?

— Porquê? Porquê? Porquê? Porquê? Porquê? Porquê?

A outra irmã gêmea juntou-se à festa, fazendo com que as duas não parassem de gritar "Porquê" durante vários segundos (e que aos olhos da Alya, e da sua mãe, pareciam mais horas). Sem mais paciência para aquela grande birra, a mãe eleva a sua voz para que ambas possam ouvir:

— Já chega! Ou as duas se comportam imediatamente ou ficam de castigo não só durante uma semana, como também ficam sem ver televisão e não vos levo ao novo parque de diversões que abriu na cidade ao lado!

Dito isto, as duas pararam de imediato. Foram buscar as suas malas em forma de urso e pararam em frente à porta.

— Mamã... Vamos embora?

— Ah... - suspirou pesadamente. - Sim, vamos... Alya, não te esqueças de trancar a porta.

— Sim mãe...

Depois de dar um beijo na testa da sua filha mais velha, também ela pegou na sua mala e calçou umas botas, pegando num casaco e nas chaves de casa, logo a seguir.

— Meninas, dêem as mãos uma à outra e vamos descer as escadas com cuidado, ok?

— Ok!!! - responderam as gêmeas, em uníssono e com um sorriso estampado na cara.

— Dêem tchau à vossa irmã. - pediu ao abrir a porta de casa.

— Tchau mana Alya!

As duas despediram-se em coro e assentaram brevemente.

— Tchau meninas! E portem-se bem!

Ao abrir a porta, a mãe deu passagem às mais pequenas e quando ía sair, reparou que alguém tinha acabado de chegar.

— Oh! Olá Nino! Entra.

— Olá senhora Césaire! Bom dia!
— Fiz um bolo delicioso ainda à pouco. Podes comer o quanto quiseres. Tenham um bom dia na escola! E portem-se bem!

Dito isto, a matriarca fecha a porta depois do seu genro entrar.
— Nino!

A morena corre em direção ao seu namorado e abraça-o, sendo prontamente correspondida. Em seguida, o seu namorado dá-lhe um beijo na cara.

— Bom dia Alya!

— Porque vieste tão cedo? Ainda estou de pijama!

— É por causa daquela novidade que eu te queria contar.

— Ah! Aquela novidade que não me podias contar pelo *telemóvel...

— É exatamente essa! - responde o Lahiffe, com um sorriso na cara.

— Ok... Então espera um pouco. Vou trocar de roupa primeiro para não nos atrasar-mos. Se quiseres podes contar-me essa tal de "novidade" - a rapariga fez aspas consigo uns dedos, sorrindo ao mesmo tempo. - enquanto tomo o pequeno almoço. Aliás, já comeste?

— Já. Mas não vou recusar comer outra vez. Principalmente depois da tua mãe me ter dito para comer o bolo que fez à pouco.

Os dois riram e enquanto que o Nino foi sentar-se à mesa (pois ele fazia questão de comer ao mesmo tempo que a Alya), a jovem foi tomar um banho rápido, mudar de roupa e pentear-se.

(...)

— O quê?! O Adrien FINALMENTE deu-se conta de que gosta da Marinette?!

O casal de namorados já estava a comer. O Nino contou tudo o que se tinha passado no dia anterior.
A Alya colocou uma fatia de bolo de chocolate na sua boca, tentando comê-la toda de seguida. Aquela novidade era demais! Ela estava tão contente! E... Nervosa ao mesmo tempo. Por isso, ela comia e comia enquanto ouvia o que o seu namorado estava a contar.

Aliás, o próprio Nino também não parava de comer enquanto fazia pausas na sua descrição.

O Lahiffe adorava a comida que a mãe da Alya fazia. Não era por menos que ela era a melhor chefe de cozinha que o hotel Grand Paris (que pertence ao pai da Chloé) tinha.

— Há num eea sem eeembo!

— O quê?

A Alya engoliu o bolo e repetiu:
— Eu disse: já não era sem tempo!

— Ah!

Os dois começaram a rir.

— Aquele Adrien... É mesmo muito tapado... - suspira a morena, ajeitando os seus óculos.

— Nem me digas... Eu juro que tentei dar-lhe dicas durante um bom tempo! Mas mesmo assim ele não entendeu! - comentou o Nino, frustrado. - Mas talvez agora tudo fique bem... Afinal de contas o Adrien quer falar com a Marinette sobre o que sente por ela.

— Sim... Talvez fique tudo bem...
A Alya fica pensativa durante uns segundos.

— O que foi meu amor? Em que estás a pensar?

— Estou a pensar... Quem será essa rapariga que estava sempre a rejeitar o Adrien?

O Nino assentiu em concordância.

— As únicas colegas que são mais próximas dele são da nossa turma. Especialmente eu e a Marinette.

— Suponho que podemos riscar a Chloé da lista.

Os dois riem-se de novo.

— Sim, lá isso podemos. Ela não o ía rejeitar de modo algum!

O silêncio preencheu a sala, e desta vez, durante mais tempo.

Os dois comiam sem falar nada mas de vez em quando, o Nino olhava para a Alya, tentando decifrar os seus pensamentos. Até que...

— Ok... Desisto!

A Alya riu-se e perguntou o porquê de ele desistir.

— Aliás... Qual o motivo exatamente? - indagou ela, um pouco confusa.

— Estás mais pensativa do que antes. E não consigo decifrar o que está na tua mente.

A Alya riu-se de novo. Mas desta vez, pela expressão que o seu namorado tinha na cara.

— hahahahaha! Tem calma. Não é nada demais. Quer dizer... Espero eu...

Vendo que o Lahiffe tinha um ar ainda mais confuso, a Alya prossegue.

— É que... Não sei se já reparaste mas... A Marinette e o Luka andam muito próximos.

— Entendo... Estás com ciúmes?

— Não! Nada disso... É só que... Só de olhar para o Luka eu consigo ver o que ele sente por ela.

— O quê?! Tu achas que o Luka gosta da Marinette?!

— Não sei porque é que estás surpreso. Aliás, acredito que a Rose e a Juleka também já suspeitam disso.

— E será que a Marinette... Também...

— Pois... É isso que eu não sei...

(Continua...)