O Funcionário do Fast-Food escrita por Ellaria M Lamora


Capítulo 5
V — Não tenha medo


Notas iniciais do capítulo

CHEGAY!

Mais cedo do que o esperado, eu sei (agradeçam ao feriado KKKKKKKKKK) Realmente queria postar um capítulo gigante como o passado, mas preferi cortar e deixar esse aqui separadinho, organizado e mais bonito. Vocês vão entender o porquê, haha. E POR FAVOR, PERDOA SE EU NÃO TIVER RESPONDIDO ALGUÉM, JURO QUE VOU FAZER ISSO O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL! É que eu gosto de sentar, ler a resposta toda bonitinha e responder com atenção, fazendo o maior textão OPKOAPSKASD. Odeio mandar um só "obrigada por ter lido, flw". Gosto de conversar com vocês, então sempre tento fazer isso. POR ISSO, SE EU DEMORO, É POR UM BEM MAIOR, OK?

Estamos entendidos?

Então boa leitura!



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O CELULAR VIBROU uma vez. Duas. Cinco. Dez. Quinze. Na vigésima vez, Sasuke esticou a mão e tateou o colchão, procurando pelo aparelho irritante que não o deixava em paz, sem conseguir abrir as pálpebras para facilitar sua busca. Bufou frustrado e desconfortável pela dor na cabeça, como se houvesse algo martelando nela. Resmungou, sabendo ser efeito da forte ressaca que o acompanharia durante o dia. Droga! Por que aquele celular não parava de tocar?

Atendendo a ligação, estava prestes a xingar o ser enviado do inferno que se dava ao trabalho de atrapalhar seu sono, mandando-o para o além, quando uma conhecida voz feminina trovejou pela linha, irada:

— Eu acho bom me dar explicações, Uchiha Sasuke! Não consegui pregar os olhos preocupada com você essa noite. Seu egoísta de merda, da próxima vez vou te deixar sozinho, para aprender a ser mais responsável! Custava enviar uma mensagem dizendo que chegou bem em casa? Custava ligar para desabafar? Não! Você tinha que ir para a puta que pariu, encher a cara e quase matar o Itachi de preocupação! Juro por deus que hoje mesmo vou aí na sua casa te matar!

Ele gemeu, afastando o celular da orelha e olhando as horas, checando que não eram nem dez da manhã. Conhecendo a amiga, sabia que ela devia ter cochilado e acordado com Ino cobrando algum trabalho delas, despertando um demônio interior da rosada, que aproveitava a raiva acumulada pelo Uchiha e o usava como bode expiatório. Não que pudesse reclamar, pois sabia que tinha culpa. Infelizmente, não era acostumado a pensar direito quando se encontrava no fundo do poço e fazia merda atrás de merda. Merecia muito bem aquele sermão e seu dever era ouvir a sobrecarregada Haruno.

Todavia, Sasuke também estava exausto. Como a futura médica, ele passara a noite acordado, velando o sono de um certo loiro e só conseguira descansar quando o sol nascera e alguns raios perfuraram a cortina escura, iluminando aquela face bronzeada, fazendo com que os cabelos tão dourados brilhassem, trazendo uma estranha luz e paz para o quarto tão sem vida do universitário. Assistindo à respiração contínua do Uzumaki, que dormia como um anjo, ele teve a certeza de que aquele rapaz estava bem e conseguiu relaxar, permitindo-se enfim dormir. Até aquele momento.

— E o Naruto! — Sakura continuava em seu monólogo — Ficou morrendo de preocupação quando avisei que você estava na merda! Um amigo desses não se acha mais hoje, então espero que você tenha tratado ele muito bem, Sasuke. Juro, que se não o tiver, irei te capar. — Ela pareceu dar-se conta de algo e arfou — Sabe se ele chegou bem em casa? Mandei mil mensagens e ainda não fui respondida.

— Está aqui. — Respondeu baixinho, virando-se para o lado e encontrando o Uzumaki dormindo profundamente — Ele dormiu aqui essa noite.

A mulher ficou em silêncio e Sasuke soube que ela estava surpresa.

 Dormiu? Você o convidou? — Um tom incrédulo era expressado.

— Sim.

— Isso foi inesperado. — Admitiu e Sasuke revirou os olhos — Ah, por favor! Você nunca leva ninguém aí, aposto até que fui a única a conhecer a residência dos Uchihas.

— O apartamento não é meu, Sakura.

— E daí? O Itachi sempre reclama que você não leva ninguém.

Sasuke segurou-se para não espumar raiva. Odiava como o irmão e a amiga sempre cobravam que ele fosse sociável e trouxesse pessoas para o apartamento de Itachi. Oras, ele já convivia o dia inteiro com os colegas do trabalho e faculdade, para quê vê-los depois do término das atividades? Só para lembrar-se que precisava se esforçar mais? E sequer tinha tempo para ficar na própria residência! Quando isso acontecia, aproveitava a liberdade para ficar em paz, no silêncio.

— Olha, Sasuke — A Haruno voltou a se manifestar depois do longo silêncio — mais tarde vou passar aí e vamos ter uma conversa decente.

— Não dá, irei levar o Naruto na casa dele.

A mulher assobiou e uma risada anasalada preencheu a ligação.

— Quem é você e o que fez com meu amigo?

— Por deus, Sakura. — Bufou, apertando o celular contra a boca para não falar alto e acordar o rapaz ao seu lado — O idiota me acompanhou a noite inteira, vou só retribuir isso.

— Você pode ser um egoísta alcoólatra, mas confesso que quando está bêbado torna-se um amorzinho. — Ela riu com gosto — Nossa, como eu daria tudo para ter visto você convidando o Naruto para dormir aí!

— Depois conversamos. — Rugiu, encerrando a ligação.

Jogando o celular contra a mesa de cabeceira, Sasuke revirou os olhos com o exagero da amiga. Oras, sempre diziam que ele era um ogro e quando tentava contornar isso, sendo um ser humano decente, tinha que aguentar aquela chatice. Era detestável e irritante. Ele só tinha sido empático! Nem era grande coisa assim.

Pensando na noite anterior, tentou recordar-se dos detalhes, mas sua mente era um borrão turvo. Viu-se revelando para Itachi a tragédia da Coréia do Sul, a decepção nos olhos dele. Lembrou-se de que andou por horas pelas ruas da cidade, parando em um bar e pedindo todo tipo de bebida possível, ignorando a clientela suspeita e falante. Daí para frente, perdeu a noção das horas. Lembrava-se vagamente de beber em silêncio, refletindo sobre... O que mesmo? Talvez sua desgraça e desprezível existência. Em certa hora, pegou o celular e mandou um áudio para... quem? Itachi? Naruto? Sakura? Não recordava. Sabia que o Uzumaki tinha ido salvá-lo, mas não conseguia dizer o que haviam conversado. Sasuke só conseguia focar nos cabelos louros, nos olhos azuis tão preocupados e em como ele segurou seus ombros, entregando-lhe um presente.

Uma coisa ele não esqueceria: Uzumaki Naruto tendo um colapso exaustivo, chorando aos prantos pelo tanto que trabalhava e a dura vida que possivelmente levava. Sua dor, desespero e aflição grudaram-se na memória de Sasuke, que se odiou por não poder fazer nada. Lembrava com exatidão de como estava quase dormindo, quando ouviu aqueles ruídos suspeitos vindos de sua cama. De como pegara seu celular e iluminara o loiro, obtendo uma imagem que o assombraria para sempre.

Sasuke não se considerava sensível, mas o Uzumaki sufocando suas lágrimas o afetou. Mexeu com alguma coisa lá dentro de sua alma. E o Uchiha recordava o medo que sentira daquele bobalhão quebrar, sumindo em uma nuvem de poeira. Ah, ele lembrava sim do medo que Naruto tinha feito ele sentir por mostrar que não era de ferro. Que ali, embaixo da fachada sorridente e que trazia uma paz reconfortante, existia alguém com milhares de problemas. Alguém que sofria. Sofria muito.

Virando-se na direção do dorminhoco, Sasuke fixou as órbitas negras naquele rapaz tão puro. As sobrancelhas loiras estavam relaxadas e os cabelos claros eram uma confusão que o deixavam com um aspecto engraçado, caindo por toda sua face. Olhando pela primeira vez com atenção para o rosto do Uzumaki, o moreno notou que em cada bochecha sua era visível três finas e claras marquinhas horizontais, riscando toda aquela região do rosto. Aquilo o pegou de surpresa e ele se questionou se era algum tipo de cicatriz ou marca de nascença.

A paz do Uzumaki o deixou confortável e Sasuke viu-se tentado a acariciar a face dele, permitindo que seus dedos sentissem o calor daquele corpo, imaginando a textura da pele bronzeada. Ali, deitado lado a lado, o Uchiha viu-se orando os possíveis deuses do universo, implorando para que a felicidade fosse direcionada para o sem-noção.

Continuaria sua prece, se não fosse um som contido de uma risada desviando-lhe de seus pensamentos. Correndo os olhos na direção da porta, encontrou o irmão com o celular em mãos, espiando a cena dos dois deitados na cama. Sasuke levantou-se em um pulo e correu na direção de Itachi, o empurrando para fora de seu quarto.

— Pode apagar a foto! — Ordenou, tentando pegar o aparelho.

 — Vocês estavam tão bonitinhos — Afirmou, provocando — Já enviei para a Sakura também. Ela adorou.

— Você não fez isso! — Protestou, imaginando o que a amiga diria — Ita!

Um sorriso contido confirmou a ação do Uchiha e Sasuke arquejou, batendo a mão contra a própria testa, largando-se no sofá.

— Só estava dando um apoio moral para o dobe. — Choramingou baixinho, quando o irmão se sentou ao seu lado, levantando uma sobrancelha confuso.

— Há algum problema com o Naruto?

Sasuke assentiu e o irmão compreendeu que ele não iria dar detalhes.

— Entendo. — O mais velho declarou, parecendo pensativo — Sasuke, sei que não está a fim de conversar e não vou te forçar a nada, mas você deveria dar valor para o Naruto. Como estava bêbado, não deve lembrar de nada, mas percebi que o Uzumaki não parava de se preocupar com você. Amigos assim são raros.

— Eu sei.

— Então agradeça ele depois. — Sasuke bufou sem jeito e Itachi sorriu, olhando na direção do quarto do irmão — Bom dia, Naruto! Dormiu bem?

Seguindo o olhar dele, encontrou o Uzumaki encolhido e parecendo meio perdido, com uma expressão carregada pelo sono e bocejando. O Uchiha sentiu vontade de rir de como ele estava desnorteado, sequer conseguindo abrir os próprios olhos.

— Bom dia. — Bocejou, todo molenga — Dormi sim, obrigado.

— Desculpa se o Sasuke te acordou, ele não tem noção de convívio social. — O mais velho brincou e Sasuke resmungou — Sinta-se à vontade para dormir mais, se quiser. Sei que o meu irmão deve ter ficado te infernizando antes de dormir.

Naruto arregalou os olhos, provavelmente lembrando de sua crise durante a madrugada. O Uchiha mais novo assistiu seu corpo encolher-se e seus olhos tornarem-se vacilantes, enquanto as palavras sumiam de sua boca. Sasuke quis dizer para ele que estava tudo bem, não precisava reagir assim.

Por sorte Itachi pareceu perceber a situação e lançou um olhar significativo para Sasuke, que retribuiu implorando por ajuda.

— Que tal tomarmos café da manhã então? — Itachi sugeriu, quebrando a atmosfera tensa — Só vou precisar sair para comprar algumas coisas.

— Eu vou. — Sasuke ofereceu-se, ficando em pé — Por que não me ajuda, Naruto? Depois disso eu pego o carro do Itachi e te levo até sua casa.

O loiro assentiu e dez minutos depois os dois já estavam trocados. Sasuke pediu para que o Uzumaki esperasse em seu quarto, enquanto procurava pelo dinheiro das compras na cozinha, aproveitando esse momento para refletir o que falaria para o loiro. Itachi o acompanhava com seus olhos inteligentes, os braços cruzados em frente ao corpo e uma expressão de quem queria dizer algo.

— Ele está com medo e vergonha de você. — Sussurrou.

— O Naruto?

— Sim. Ele teve uma crise de choro, não é?

— Deu para ouvir?

Itachi confirmou.

— Sei que detesta ser transparente com os outros, mas vai precisar ser direto para acalmá-lo, Sasuke. Diga que vocês são amigos e ele não precisa ter medo de você. Às vezes as emoções falam mais alto e não podemos controlar elas — Explicou, apoiando-se no balcão — Cite o exemplo de você mesmo, que o acordou no meio da noite para que o Uzumaki fosse ao seu socorro. — Brincou, rindo.

— Não foi desse jeito — Retrucou, achando o dinheiro atrás do liquidificador.

— Só converse com ele.

Guardando as palavras do mais velho em mente, Sasuke o deixou para trás e caminhou até o próprio quarto, encontrando o Uzumaki cochilando perto de seu laptop, em cima do gigantesco livro facilmente confundido com um tijolo: Um Pilar de Ferro — uma grandiosa obra sobre o romano Marco Túlio Cícero, um dos maiores políticos da Roma Antiga e que ajudava o Uchiha a compreender alguns aspectos de sua faculdade, principalmente quando estudava a oralidade do homem.

O rapaz tinha a cabeça apoiada em uma das páginas, ressonando baixinho. Sasuke enxergou uma boa oportunidade naquela situação e viu-se na obrigação de fotografá-lo. Não perdeu tempo e salvou a foto como contato de seu celular, achando engraçado como combinara com Naruto. Ele provavelmente o mataria, mas valeria o risco a se correr. O Uchiha também enviou uma cópia para Sakura, que ficou maravilhada.

Obrigou-se a acordar o Uzumaki e os dois saíram para a rua, dividindo um guarda-chuva vermelho. A chuva torrencial do meio do outono o irritou, mas nada comentou, caminhando pelas ruas vazias da manhã de um domingo frio e preguiçoso. Naruto, ao seu lado, tinha as mãos nos bolsos da jaqueta e sua respiração virava vapor no tempo tão gelado. Sasuke percebeu que ele evitava contato visual e verbal.

— Dobe. — Chamou, cansado daquilo.

O outro indicou que estava ouvindo.

Sasuke parou de andar e virou-se para ele, obrigando o loiro a encará-lo.

— Para com isso. — Ordenou e notou que o Uzumaki fitava os pés — Dá para ao menos olhar para mim?

Naruto obedeceu, assustado com aquele tom.

— O que se passa nessa sua cabeça oca?

Os olhos azulados o fitaram com confusão.

— Pare de agir tão esquisito, seu idiota. — Ralhou, enfurecendo-se — Se for sobre o que aconteceu ontem... Porra, nós só tivemos nossos momentos. Só isso.

— Eu sei — Naruto pronunciou-se pela primeira vez, falando diretamente com o Uchiha — É só que... desculpe por você ter presenciado aquilo. Não foi certo. — Pelo jeito que ele mordeu o lábio, Sasuke soube que estava se reprimindo.

— Certo? Vai se foder, Naruto! Você foi me buscar bêbado no meio da noite, me salvando de acabar morto ou assaltado. Eu quem devo desculpas a você, seu imbecil. — O punho atingiu o ombro do loiro, sem nenhuma força e ele teve um vislumbre do que acontecia no interior do sem-noção — Não estou bravo por ter cuidado de você, dobe.

— Não?

— Não.

Naruto o fitou estupefato e Sasuke sustentou o olhar com firmeza, para confirmar a veracidade das palavras. Conseguiu enxergar a desconfiança do outro sendo substituída por um contagioso alivio, ao passo de que a tristeza e hesitação abandonavam as órbitas azuladas, permitindo que um sorriso desbotasse na cara daquele tapado. Antes que Sasuke conseguisse processar a extrema mudança de humor, sentiu-se sendo envolvido por um apertado abraço do Uzumaki.

— Você é o cara, teme! — Exclamou, em uma doce gargalhada.

Sasuke percebeu como sentira falta daquele bom humor único do loiro.

Isso antes de constar que naquele brusco movimento o guarda-chuva voara de suas mãos, fazendo com que a chuva caísse diretamente em seus corpos.

— O guarda-chuva, seu idiota! — Trovejou, correndo para buscar o objeto vermelho, sendo acompanhada pela risada infantil de Naruto e agradecendo internamente por, finalmente, as coisas estarem voltando ao normal.


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Notas finais do capítulo

QUEM GOSTOU BATE PALMA, QUEM NÃO GOSTOU PACIÊNCIA!!! (brincadeira, quem não gostou me explica o motivo, pfvr, vamo conversar e chegar em um consenso).

Eu sei que esse capítulo foi mais simples e não foi tão POW PAFT PEW como o outro, mas né, todo mundo precisa respirar depois de uma tensão tão grande _q. E nossos meninos precisavam encarar o drama do capítulo anterior e conversarem um pouquinho, para voltar ao normal e a história seguir sem problemas. Em principal o Naruto, que ainda está arrumando uns probleminhas com seu complexo de inferioridade e tudo o que sente :( MAS VAMO QUE VAMO POARRR!!

Queria agradecer todo mundo que comenta, favorita e me dá apoio. GENTE EU AMO TANTO VOCÊS, SE PUDESSE PAGAVA UMA PIZZA PRA TODO MUNDO, PRA GENTE CONVERSAR SOBRE ESSE SHIPZAO E SHIPPAR ELES SEM PARAR PADKSOPAKSOPSKD ♥

Provavelmente vejo vocês no domingo, então até lá!
Beijinhos ♥