O Funcionário do Fast-Food escrita por Ellaria M Lamora


Capítulo 3
III — Domingo de Azaleias


Notas iniciais do capítulo

Capítulo fresquinho! Obrigada por todo o apoio que vocês estão me dando!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/758597/chapter/3


REGANDO AS FLORES PREGUIÇOSAMENTE, o rapaz questionou-se pela milésima vez o porquê de — em um domingo tão enfadonho — não estar no conforto de sua casa, deitado em sua casa e fingindo que não tinha três trabalhos para terminar, ao invés de estar ali, na Floricultura Yamanaka, cuidando das sensíveis flores cujas quais não tinha nenhum conhecimento. Ah, claro, também havia o fato de ter de lidar com aqueles estúpidos românticos, loucos para agradar namoradas e esposas, com seus discursos melosos e um repugnante olhar apaixonado. Isso quando não eram idosas irritando-o com perguntas pessoais e exigindo que ele soubesse cada mísero detalhe daquelas porcarias. Onde que seria útil saber que bico-de-papagaio crescia entre 2 e 4 metros?  Isso não mudava sua vida em nada! Eram somente plantas e precisavam ser regadas esporadicamente. Fim.

Limpando o jarro de uma muda de Camélias brancas, Sasuke pegou-se pensando em como torturaria Sakura. Mais uma vez a irritante Haruno o manipulara, convencendo o rapaz de que passar o dia na loja da família de Ino seria legal, enquanto eles levavam a loira e a amiga para uma palestra importantíssima no sul do Japão. Saco! Enquanto ele lidava com os idiotas apaixonados, as duas deviam estar aproveitando a beleza de Kyoto.

Que sejam massacradas pelo desprezo dos Kinki¹, refletiu espreguiçando-se. Ele pagaria uma boa quantia de ienes para assistir como as cabeças-quentes iriam reagir ao povo da região de Kansai ironizando o dialeto das duas nativas de Tóquio. Lembrava-se que Itachi frequentemente reclamava de suas visitas às áreas pertencentes à Kansai, mais ao sul de onde moravam — e como um bom pacifista que era —, sempre procurava entender o que eles viam de tão engraçado no sotaque do povo da capital japonesa e o porquê de tanta rixa com Tóquio.

Para Sasuke, nada disso importava. Sua mente não tinha tempo para aquelas trivialidades, já que ele precisaria anunciar logo para Itachi que estava cortado da viagem da Coréia, desculpando-se por falhar com o irmão daquele jeito. Contudo, isso seria em outra hora, pois o sino da porta de entrada da floricultura estava soando suavemente, anunciando a entrada de mais um cliente estúpido.

O Uchiha — que agora estava agachado e regando algumas tulipas — respirou profundamente, procurando alguma paciência em seu interior. Não a encontrando, virou-se na direção da porta, pronto para encontrar com algum idiota de terno ou uma idosa nanica, olhando-o como se ele tivesse as respostas do universo. Entretanto, ali estava plantado um rapaz de cabelos dourados, tentando disfarçar um sorriso tímido e, suspenso por um fio em suas mãos, um balão em forma de raposa.

— Você? — A voz surpresa de Sasuke escapou.

— Faz um tempo, hein? — Uzumaki Naruto respondeu, coçando a nuca.

Cinco dias, o Uchiha pontuou em sua mente e sobressaltou-se ao confirmar que lá estava ele, encontrando-se com o loiro em sua frente novamente — pois estava certo de que ao despedir-se do Uzumaki naquele dia, nunca mais voltaria a ter notícias daquele bobalhão sorridente. No entanto, ali estavam e o funcionário do fast-food o fitava com diversão.

Sasuke não soube se isso era bom ou ruim.

— O que foi? — Disparou, irritando-se.

— É meio estranho ver que alguém como você tem um trabalho tão... — o loiro pareceu meditar bastante sobre sua próxima palavra — delicado. Isso! Delicado.

— Falou quem veio comprar florzinha. — Seu tom era cruel e cheio de desprezo.

O rapaz de cabelos negros esperava que o outro revidasse com algum comentário engraçado, mas deparou-se com um Naruto desconfortável diante daquela crítica, destinando uma atenção desnecessária a uma flor qualquer: tocando-a com as pontas dos dedos para disfarçar seu embaralho. O Uchiha não conseguiu ver seus olhos, pois ele virou-se de costas e em uma voz mais frágil e falha, mudou o assunto:

— A Sakura-Chan está bem? Imagino que ela esteja furiosa comigo, porque não consegui responder suas mensagens ontem.

Aquilo pegou o universitário de surpresa: ele não fazia ideia de que a amiga e o Uzumaki estavam mantendo contato. De súbito, viu-se incomodado com aquele detalhe.

— Está, ela foi pra Kyoto.

— A terra dos samurais! — Naruto exclamou e ficou nítido que sua voz não estava tão empolgada como no dia que conhecera o futuro advogado ao seu lado.

O silêncio pairou e Sasuke viu-se obrigado a cortá-lo.

— Você precisa de algo?

— Só algumas azaleias.  — Respondeu, com as mãos enfiadas nos bolsos da jaqueta laranja e levantando os ombros, como se aquilo não fosse importante.

Sasuke foi novamente surpreendido, já que se lembrava da mãe de Ino quase implorando para que ele tomasse todo o cuidado do mundo com as tais azaleias, pontuando que elas eram para um cliente muito especial. Se fosse para apostar, ele apostaria que o cliente seria qualquer pessoa, menos o sem-noção.

— Estão aqui, me acompanhe.

Mas o Uzumaki já tinha saído na frente, demonstrando que conhecia muito bem aquela floricultura, caminhando para uma parte específica da loja. O excêntrico balão em suas mãos balançava suavemente, deixando aquela situação bizarra.

— Elas já tomaram sol? — Quis saber, sem fitar o atendente.

— Como?

— É que se não tomarem pelo menos 4 horas de sol diário, podem murchar. — Explicou, com um nítido carinho desnecessário em sua voz para simples plantas — Não tem problema, em casa eu coloco elas no sol, mas seria bom você colocar as restantes também, ou a senhora Yamanaka vai ter prejuízo.  

As palavras abandonaram o cérebro de Sasuke e ele viu-se incapaz de formular uma mísera resposta, tamanha era sua surpresa com o conhecimento do outro. Em sua percepção, Uzumaki Naruto não aparentava ser alguém que se prendia em detalhes tão importantes. Na verdade, se Sasuke pudesse julgá-lo, diria que o loiro era alguém mediano, só mais um nas grandes massas. Entretanto, Naruto toda hora quebrava um paradigma, revelando para o Uchiha que ele estava completamente errado.

Os dois enfim chegaram ao lugar destinado às delicadas azaleias, ao lado de uma grandiosa janela. O vento agradável de outono soprou por ela, balançando as mechas douradas e negras, empurrando o perfume das flores contra o fino nariz de Sasuke e ele logo percebeu que os botões rosados tinham um perfume mais adocicado. Ao seu lado, o universitário viu o rapaz fechar os olhos, enquanto suas mãos se cerravam e o Uchiha encontrou dificuldades em não encarar as profundas órbitas azuladas, quando Naruto abriu suas pálpebras. Sua expressão era intensa, carregada de uma emoção pesada, como se ele carregasse o mundo nos ombros.

— Tem uma história muito legal sobre as azaleias — A voz falha de Naruto afastou o silêncio e a ponta de seus dedos tocaram gentilmente algumas pétalas.

— É? Como é?

Sasuke não conseguia compreender o porquê instigava ele a continuar falando. Aquele idiota da bizarra jaqueta laranja o tirava do sério, com sua falta de noção e o péssimo gosto musical, sem mencionar o fato de que trabalhava para o fast-food que o moreno mais odiava. Todavia, o Uchiha sentia-se profundamente incomodado e afetado por aquela expressão tão dolorosa daquele bobalhão risonho e, mesmo que não gostasse de admitir, o rosto do Uzumaki combinava com sorrisos, não tristezas.

— Dizem que tinha um rei que sonhava toda noite com uma mulher — Começou e Sasuke percebeu que seus pensamentos estavam distantes, em outra época da vida —, nessa onda ele se apaixonou por ela. Não bastando isso, entrou em uma fase deprimida de sua vida, pois não podia ter o amor da mulher de seus sonhos.

— Que prato cheio para psicólogos. — Revirou os olhos com o clichê.

— Um dia, ao voltar de uma batalha estilo samurai, ele topou com um vendedor de azaleias que lhe fez muitas promessas acerca da planta. Esperançoso, o rei comprou-as e as plantou em seu jardim. Então, pouco tempo depois...          

— Ele encontrou a mulher — Sasuke adivinhou.

— Por aí — Confirmou, fazendo um biquinho ao péssimo humor do universitário — O rei então fez um chá com as pétalas da flor e tomou ele com a mulher. Aos poucos eles foram se aproximando e apaixonando-se.

— E viveram feliz para sempre — Comentou, tedioso.

Naruto suspirou, separando os botões que iria levar.

— É uma flor bem especial — comentou, com olhos tristes —, enquanto a maioria das plantas florescem em meses mais quentes, essa daqui luta e se torna a mais florida dos meses gelados — um sorriso melancólico acompanhou sua fala.

— Onde você aprendeu tudo isso? — O Uchiha não conseguiu controlar a curiosidade e expôs sua dúvida, hesitante.

— Quando meus pais se conheceram, meu pai presentou minha mãe com algumas azaleias roubadas de um vizinho dele. Naquela época, ele não sabia dessa lenda, mas achou curioso o interesse que minha mãe tinha pela Grécia e, como azaleias também simbolizam a Deusa Minerva, das artes e conhecimento, quis agradar ela. Nos encontros seguintes, continuou levando azaleias e como a desculpa da deusa não estava mais colando, quis enfeitar mais a história e achou essa lenda. Foi uma boa indireta para o que ele pretendia, né? — Riu, sem humor.

— Deu certo.

— Pode apostar, ele quase virou um jardineiro, só porque agradava ela. — Discorreu, ajudando o Uchiha com o que levaria — Tem bico-de-papagaio também?

— Por quê? Tem mais alguma lenda sobre amor e clichês?

— Não. — Respondeu, divertindo-se com a expressão tediosa do outro — Minha mãe sempre gostava de mandar algumas para meu pai enfeitar o escritório dele, afinal a cor vermelha fazia ele lembrar dos cabelos dela. Era uma forma dela estar perto dele e desejar boa sorte nas reuniões chatas do escritório.

— Ah, essas estão em falta, acho que vão chegar no meio da semana.

Os dois caminharam para o caixa e Sasuke computou a compra do Uzumaki em um silêncio pensativo. Naruto parecia ter crescido em uma boa família, cercado de amor e felicidade. Isso explicaria aquela alegria tão genuína e contagiante, mas não explicava a tristeza que tomava conta de seus olhos em alguns momentos. Refletindo sobre aquilo, Sasuke viu-se preocupado com o que poderia ter acontecido com o loiro para que ele expressasse tamanhas emoções esporadicamente.

Após pagar, Naruto estava quase despedindo-se, quando o Uchiha perguntou:

— Esse balão é para quê?

O sem-noção demonstrou espanto com a pergunta e Sasuke cruzou os braços, apoiando-se no balcão atrás de si e o fitando, com uma intimidade que jamais pensaria que pudesse ter com alguém como Naruto.

— É um presente — disse e após alguns segundos completou: — de um primo. Aquele pestinha sabe que eu gosto muito de raposas e pensou que seria uma ideia me fazer sair por aí carregando um balão nada chamativo.

— Combina com você — Sasuke sorriu de canto, quando o loiro lhe mostrou o dedo do meio.

— Sabe o que combina com você? A marca da minha mão na sua cara, teme.

Sasuke iria revidar com um comentário irônico, mas foi calado com a barriga do Uzumaki manifestando-se e riu em silêncio da expressão constrangida que Naruto fez. Entretanto, seu sorriso não durou muito, pois seu próprio estômago decidiu proclamar que também precisava de atenção.

— Seria isso o idioma dos estômagos? — Naruto brincou.

O moreno direcionou o olhar para o relógio na parede e viu que o ponteiro indicava que iria dar dez horas da manhã e ao dar-se conta disso, notou como estava faminto. Buscou as chaves das portas em seus bolsos e decidiu que faria uma pequena pausa.

— Está livre, Uzumaki? — Naruto assentiu — Então vamos tomar um café da manhã. Pelo que me lembro, você está me devendo alguns cafés do Ichiraku.

— Essa dívida tem me assombrado todas as noites! — O sem-noção arquejou — Sorte sua que o Ichiraku é aqui perto.

Sasuke sabia disso. Desde que provara aquele café, ia todos os dias até o Ichiraku comprar mais e, antes que pudesse dar conta, tornara-se um viciado no amargo da bebida escura que o simpático senhor sempre lhe servia. Ele nunca iria admitir em voz alta, mas seria eternamente grato por ter conhecido o Uzumaki e descoberto aquela preciosidade escondida em Tóquio.

Ele pegou sua bolsa, arrancou o avental vermelho, trancou a loja e caminhou com o loiro pelas ruas daquele bairro tão silencioso. Fizeram o percurso em silêncio, perdidos em seus próprios pensamentos e, após alguns minutos, contemplaram a pequena padaria que tanto amavam. O movimento naquele horário estava mais calmo e Sasuke encontrou uma pequena mesa livre no fundo do estabelecimento, onde acomodou-se com Naruto.

Fizeram seus pedidos, optando por comerem apenas algumas torradas e seus cafés, ignorando o café da manhã típico com arroz e sopas.

— É estranho ver você sem estar com aquele terno — Naruto quebrou o gelo, aguardando seu café e Sasuke o fuzilou pelo olhar — O que foi? Você parece ser do tipo que dorme com aquela roupa!

— Espero que o boné esteja inteiro, não guardei aquela porcaria atoa — Revidou, virando para sua bolsa procurando por seu celular. Acabou retirando um mangá de dentro do acessório e os olhos de Naruto brilharam, ao reconhecer o título da revista.

— Isso é Haikyuu?

Sasuke assentiu, embaraçado. Não gostava que os outros soubessem que em seu tempo livre ele ficava lendo histórias de colegiais jogando vôlei. Naruto, no entanto, parecia maravilhado com aquele detalhe, olhando fixamente para o mangá, quase como se fosse uma criança desejando um doce.

— É a última edição? Posso ver?

— É só um mangá. — Suspirou, entregando o desejo do loiro, que folheou as páginas em êxtase — Se quiser, eu te empresto.

— Sério?

— Por um café do Ichiraku. — Sorriu, vitorioso.

— Fechado então! Até o final da semana te devolvo, aí já te pago o café. — Fechando a revista, pareceu relutar sobre o que queria dizer.

— Desembucha, dobe.

— É que seria bom se você me passasse seu número, não? Ia ficar mais fácil para marcamos.

— Está com medo de mim, Uzumaki? — Sasuke bufou, não acreditando naquilo — Acha que eu vou te morder só por pedir meu número? Se fosse para te matar, teria feito isso no dia do vexame do fone.

— Não lembra disso! Ainda tenho pesadelos com aquele dia. — As bochechas escuras foram cobertas por um tom extremamente rubro.

— Eu também teria. Precisa ter coragem para ouvir Lady Gaga.

— Ela é uma das maiores cantoras da atualidade, teme! Aprendeu a tocar piano aos 4 anos e revolucionou o pop contemporâneo. — De repente ele pareceu lembrar-se de algo e começou a procurar algo em seu celular — Olha isso! Eu e a Sakura estávamos discutindo que música da Gaga você seria e chegamos à conclusão de que seria Born this way. — Ofereceu o fone ao Uchiha, que se curvou na direção dele e aceitou o acessório resmungando.

A música começou e Sasuke fuzilou ele pelo olhar, quando a letra de empoderamento e amor próprio fez-se presente. O moreno podia ver a amiga ironizando o seu egocentrismo e sentiu-se um tanto constrangido ao imaginar ela e o Uzumaki discutindo sobre si. Suas bochechas ficaram vermelhas ao saber que aqueles dois estavam conversando sobre si e ele tentou disfarçar, retirando os fones e declarando:

— Terrível.

— O bom gosto mandou lembranças para você, teme — Naruto resmungou e ficou calado quando o pedido deles foi servido, concentrando-se em devorar o alimento. Sasuke usou esse momento para salvar os números dos dois em seus respectivos aparelhos.

Eles comeram e trocaram mais algumas farpas amigáveis. Ao término da refeição, Naruto exigiu pagar os pedidos e, após uma discussão recheada de teimosia, Sasuke acabou cedendo. No fim, eles fizeram o caminho para a floricultura juntos e antes de despedirem-se, o moreno pediu para que o Uzumaki aguardasse um pouco, entrando correndo na loja e voltando com uma muda de uma flor específica.

— Toma — Grunhiu, jogando as flores contra o loiro.

Naruto pegou aquele conjunto em silêncio, analisando as cores tão douradas quanto seu cabelo e fitando o Uchiha em uma genuína surpresa.

— São boca-de-leão. — Sussurrou e Sasuke desviou o olhar, coçando a própria nuca, embaraçado.

Naruto ficou alguns segundos em silêncio, processando aquele presente. Antes que Sasuke pudesse abrir a boca, um sorriso gigante, mostrando todos os dentes branquinhos, surgiu no rosto do Uzumaki e seus olhos brilharam tanto que para o Uchiha pareceu que a floricultura tinha sido preenchida com a luz dourada daquele sem-noção. Ele fechou as mãos em forma de punho e socou o ombro do moreno, agradecendo. Em resposta, Sasuke revirou os olhos e foi para os fundos, despedindo-se bruscamente daquele idiota.

Naruto não podia ver, mas as bochechas do Uchiha estavam pinceladas com a cor vermelha da bico-de-papagaio. O loiro também não podia ler os pensamentos, mas se pudesse, veria que uma luta interna se passava dentro do universitário, que tentava compreender os porquês de ter dado aquela boca-de-leão para o outro. Era a única planta que Sasuke sabia sobre o significado e, naquela manhã de emoções tão distintas por parte do fã da Lady Gaga, conseguira enxergar que o Uzumaki precisava de forças. Portanto, em um impulso o presenteara com aquelas plantas, já que eram exatamente isso que as flores amareladas representavam: amizade e força para amigos que passam por momentos difíceis.

E ali — apoiando a cabeça na parede da ala dos funcionários —, Sasuke enxergou que tinha passado dos limites com Naruto, desprezando a importância que aquele pateta dava para as plantas. Não era sua intenção ser tão desprezível e por isso — em outro impulso — desbloqueou seu celular e com movimentos ágeis, deslizou as pontas dos dedos pela tela do aparelho, digitando um hesitante pedido de desculpas.

Estava quase enviando, quando uma mensagem chegou do próprio Uzumaki:

Dobe: oi! Só testando se você salvou o número direito

Uchiha Sasuke: Não. Aqui é o seu gerente.

Uchiha Sasuke: É claro que salvei, idiota.

Dobe: nossa, verdade haha


Sasuke não conseguiu reprimir a fraca risada que escapou por seus lábios, descrente com a inocência daquele idiota. Sabia que devia estar rogando pragas contra aquele tapado, mas com a barriga cheia e depois de uma refeição tão amigável, era impossível ficar bravo, ainda mais quando podia imaginar o tapado sorrindo envergonhado por aquela gafe e coçando o topo da cabeça dourada.


Dobe: ‘tô no metrô indo pra casa

Dobe: ‘tá tão cheio argh

Dobe: uns caras bateram no meu ombro e me desejaram boa sorte

Dobe: você sabe o que isso significa?

Uchiha Sasuke: Vai ver pensam que você está tentando agradar sua namorada

Dobe: QUE?

Uchiha Sasuke: É o óbvio

Uchiha Sasuke: Olha para o tanto de flor que você tá carregando

Uchiha Sasuke: No mínimo pensam que vocês passaram por uma briga e você está tentando reconquistá-la...

Uchiha Sasuke: Espera

Uchiha Sasuke: Seria isso mesmo?

Dobe: NÃO

Dobe: não tô pegando nem resfriado

Dobe: e com minha rotina não dá nem tempo pra isso


Compreensível, o Uchiha refletiu e ocupou-se em espiar a foto do WhatsApp do outro. Naruto estava com um homem de cabelos castanhos, com uma gigante cicatriz horizontal atravessando o rosto na abaixo dos olhos. O desconhecido tinha olheiras gigantes, mas um sorriso lutava em sua boca, enquanto ele era abraçado pelo Uzumaki ao lado, que tinha como objetivo de vida trazer alegria para foto, com seu sorriso e olhos fechados, revelando algumas ruguinhas incomuns para a pouca idade. Sasuke notou que aquele desastrado loiro sempre passava uma sensação de paz e felicidade.

Perguntou-se como isso era possível. Afinal, eram raros os momentos que o universitário conseguia parecer tão relaxado como o funcionário do fast-food sempre aparentava. Primeiro, Sasuke precisava beber muito e isso só acontecia em datas extremamente especiais, sem mencionar que geralmente vivia em tensão pura por causa da universidade e trabalho. Sua pessoa lógica não conseguia entender como era possível ser tão feliz, quando a vida de Naruto parecia tão conturbada.

O celular em suas mãos voltou a vibrar e Sasuke viu que não tinha respondido o fã da Lady Gaga.


Dobe: obrigado pela boca-de-leão

Dobe: significou muito

Dobe: mesmo

Dobe: e eu realmente sinto muito pelo dia que nos conhecemos

Dobe: desculpa também por te envergonhar

Dobe: e obrigado por não ter destruído o boné

Uchiha Sasuke: Você fala demais, dobe.


Sasuke titubeou ali, incerto sobre o que deveria escrever ou não. Seus dentes pressionaram o lábio inferior e ele fechou os olhos, sentindo o impulso de minutos atrás voltar. Não pensou, certo de que estava no clima correto para sua próxima mensagem.


Uchiha Sasuke: Vou colocar as azaleias para tomar sol

Uchiha Sasuke: Então volte mais vezes para comprar flores

Uchiha Sasuke: Elas parecem ser importantes para você

Uchiha Sasuke: Desculpe por não ter notado isso antes


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Kinki¹ = Caso alguém não tenha entendido, no Japão tem uma região chamada Kansai (e eles acham engraçado o jeito que o pessoal que mora em Tóquio, na região de Kanto, fala). Daí quem mora em Kansai pode ser chamado por "kinki".

Por fim, QUASE que esse capítulo não sai. Sério, eu já tinha ele na cabela faz SÉCULOS, mas simplesmente não conseguia sentar e escrever ele :( MAS AQUI ESTAMOS!!!!! Eu devia estar estudando pras provas do meu estágio, mas fiquei aqui finalizando só pra vocês lerem logo ♥ ISSO MERECE OU NÃO FEEDBACK?? _q.

Beijinhos ♥