Primaveril escrita por morisawa


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Escute isso enquanto lê: https://www.youtube.com/watch?v=aGfbhoNZQVY

Boa leitura :D



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As pétalas rosadas pareciam dançar sobre as cabeças dos estudantes, sendo conduzidas pelo vento para dentro do grande ginásio. Sua coloração tinha um suave contraste contra o azul pastel do céu e o preto das aves, como se Deus houvesse permitido que um artista pintasse o céu lá fora naquela data tão especial, preenchendo de calor os corações de cada jovem ali presente.

Respirar nunca foi tão difícil quanto naquele momento.

As pernas de um certo aluno — agora ex-aluno — não aparentavam quererem se aquietar. A cada movimento, seu enervamento aumentava de proporção, agora, sem realmente dar-se conta do real tamanho. As batidas aceleradas de seu coração pareciam encaixar-se perfeitamente com a melodia da tradicional canção de formatura japonesa, “Hotaru no Hikari”, compondo-se uma combinação ideal considerada até que um tanto peculiar. A voz de todos ecoavam pelo grande espaço que era o jardim da escola, sem exceção, cantando.

E Killua, tão discreto quanto possível, entrelaçou seus dedos pálidos com um colega posto ao lado. Ainda trêmulo, não pôde impedir de suas bochechas corarem ao seu ato ser correspondido com tanta ternura. O frescor suave da primavera fez com que alguns de seus fios brancos voassem levemente. Ninguém havia percebido e, no momento, aquele afetuoso carinho era mais que o bastante para fazer suas pernas bambearem, ligeiramente, sendo controladas por suas emoções, algo raro para alguém como ele. O último dia, a tão esperada formatura, estava sendo especial por ter a companhia de Gon, que levou-o para a luz depois de tanto tempo situado nas penumbras da escuridão.

Mas a sua atual situação tudo eram rosas, no sentido literal da palavra, tanto que era engraçado como sua vida tinha mudado em tal tamanho num nem-tão-curto-assim espaço de tempo.

Pela primeira vez, sua mente estava mansa, situada uma deleitável maresia. Não havia o comparecimento abundante de pensamentos, que na maioria das vezes não eram nada positivos, tampouco uma preocupação incômoda e sem motivo real para estar ali qual habitava-o, normalmente, nas horas vagas e não-vagas. O tão especial mês de março estava no fim, carregando junto o costumeiro negativismo de Killua.

Ao levantar sua cabeça para observar o palco, onde encontravam-se os antigos professores e o diretor, percebeu o afável sorriso de Gon. Não direcionado a si, mas era por sua causa que estava alinhado naqueles lábios grossos. Um aviso subentendido de que tudo iria ficar bem, junto de uma agradável certeza da qual falava a verdade. Não era mais uma daquelas promessas vazias que Killua ganhava, pelo contrário, estava longe de ser disso e ele agradecia diariamente por ter a companhia de alguém tão extraordinário.

Estava evoluindo em seu próprio tempo por culpa de um certo alguém.

Por muito tempo achou que sua presença no mundo era dispensável. Não faria diferença alguma estar ou não ali, preso nos confins do universo, como um copo descartável, mas que nunca fora, realmente, usado alguma vez. Era inútil, por mais habilidoso que fosse em algumas coisas, não servia para nada além de quando tratava-se de fazer as coisas para si mesmo. Killua tinha ninguém por quem lutar além dele; vivia e amava apenas si próprio, estando, infelizmente, em um aflitivo relacionamento abusivo consigo mesmo. Um desagradável histórico acadêmico já lhe dava a asserção de que não tinha nenhum caminho para um futuro bom à sua espera, ademais, era de fácil conhecimento que os Zoldyck não eram uma família bem vista na sociedade. Além de tudo, era impossível para Killua imaginar-se em um relacionamento, seja puro como a amizade ou tão intenso quanto o amor, com outro alguém. Até porque, seria engraçado o fato de que seres tão medrosos como os humanos estarem junto de um “monstro” como ele; este era, sem dúvida alguma, o adjetivo que mais se encaixava com o seu eu antigo.

Pois agora, por causa visão de Gon sobre ele, Killua havia mudado até a forma como referia-se a ele próprio. Sua posição no mural de notas da escola tinha subido com felicitante ajuda, conseguindo voltar a se olhar no espelho e nem contendo mais tanto medo do escuro assim. No fim, se algo estivesse incomodando-o, precisava apenas ligar para Gon que tudo voltava a ficar devidamente em seu lugar. Um apoio que não tinha visto o quanto necessitava até consegui-lo, ou talvez sim, mas era covarde de mais para ir atrás.

E Killua percebeu que estava disposto a tentar, pela primeira vez não para benefício, mas sim por e com Gon.


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Notas finais do capítulo

Por favor, me avise caso encontre algum erro~



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