Capuz Vermelho - 3ª Temporada escrita por L R Rodrigues


Capítulo 49
O Voo da Fênix (Parte 1)


Notas iniciais do capítulo

Capítulo 3x13.

Boa leitura.



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"E assim, rendida ao seu destino, a alma infortunada já não se sente mais parte do mundo que criou para se refugiar de seus próprios medos. Agora ela alcança novos horizontes... perdida e atormentada em memórias que tentam força-la a abraçar aquilo que sempre teve medo. Não existe nada que possa barra-la. Nada que possa impedi-la de voar sem rumo em busca de uma cura para seu mal... ou encontrar nesta aventura às cegas um jeito menos terrível de sucumbir à morte."

                                                                                          Trecho do Diário de Rosie Campbell; Pág 105(final).

***

Grande Londres; 22h50. 

Os canos daquelas metralhadoras de pesado calibre estavam apontados diretamente, à uma pequena distância, para a testa do recepcionista que se limitava a encarar os malfeitores com um olhar de pupilas nervosas em genuíno pavor, sua face empalidecida e sua boca trêmula movimentando-se de modo desajeitado, exprimindo nada além de balbucios toscos. O homem de meia-idade com cabelos ralos meio grisalhos e vestia um casaco verde escuro recuou uns dois passos, afastando do balcão de recepção erguendo levemente as duas mãos, conforme os criminosos exigiam à ele naquele instante.

Os três assaltantes usavam vestimentas maltrapilhas e rasgadas, além de máscaras de Halloween. O primeiro usava uma máscara macabra de um duende, o segundo uma de lobo negro de olhos totalmente brancos e o terceiro de uma bruxa de pele enrugada e face assustadora. 

— Anda rápido com isso, velhote! - ditou o "duende", ríspido, aproximando mais ainda o cano da arma em direção ao homem.

— Quanto... - gaguejava o recepcionista, com o caixa já aberto. - ... quanto vocês vão querer?

O "lobo" e a "bruxa" gargalharam com escárnio revoltante.

— Olha só isso, Matt! - disse o "lobo" dirigindo-se ao "duende", ainda rindo. - O velhote parece estar nos confundindo com simples ladrões que exigem uma quantia específica. Diz pra ele quanto queremos, vai!

— Por favor... - disse o homem, apavorado, fitando-os. - Façam o que quiserem, mas não me machuquem, por favor! Darei tudo o que quiserem! 

— É, acertou. - disse o "duende", mantendo a arma apontada. - Queremos absolutamente tudo. Nem um centavo a menos. O que está esperando?

O proprietário daquela loja de conveniência remexeu o caixa, retirando grandes quantidades de dinheiro dali de maneira frenética, suas mãos suadas e trêmulas. Logo foi passando para o balcão. O "lobo" e a "bruxa' baixaram suas armas e se aproximaram do balcão para pegarem as cédulas e moedas, empurrando para os bolsos de suas calças de péssimo estado.

— Mais rápido! - exigiu o "duende", estranhamente o único que não estava preocupado em roubar, exercendo unicamente o papel de intimidador.

— Espera... mas só isso? - perguntou o "lobo", parecendo insatisfeito. Entortou a cabeça levemente para um lado, encarando o homem com sua máscara medonha. - Hum... Deve estar escondendo algo bem atrás desse traseiro enrugado. Não é? - voltou a apontar a metralhadora. - Não gostamos que subestimem nossas intuições.

— Ele tem razão. - concordou a "bruxa", imitando o movimento do parceiro. - Melhor nos entregar tudinho, se não quiser que esta espelunca seja decorada com pedaços do seu cérebro.

— Mas eu já entreguei tudo, eu juro! - disse o homem, a face aterrorizada. - Me deixem viver...

— Decidam. - disse o "duende", virando-se para os outros dois. - O tempo está acabando, logo mais a polícia vai aparecer aqui e vamos estar encrencados.

— O que quer que a gente faça? - perguntou o "lobo", confuso. - Sabe que fazemos como manda o protocolo. "Elimine toda e qualquer testemunha".

O argumento soou como o prenúncio de uma sentença de morte para o homem vitimado.

— Não, não, não, não... - disse ele, baixinho, fechando os olhos, prestes a cair em prantos.

— É a última loja... e estamos com os rostos cobertos, ora. - disse a "bruxa", baixando a arma.

— Ah, não me diga. - retrucou o "lobo".

De repente, uma voz cortara a atmosfera tensa do local. Uma voz reconhecida como a de uma garota perto da casa dos 20 anos...

— Querem uma sugestão meio atrasada? - perguntou Rosie, com as mãos na cintura, olhando para os criminosos com postura desafiadora. - Se quisessem que o plano de vocês não falhasse, acho que teria sido melhor trocar de roupa e máscara a cada loja que fossem roubar. - deu um sorriso irônico. - Ah, é claro, tem as vozes também, então esta seria a única desvantagem.

— Ora, vejam só... - disse o "duende", hipnotizado com a fisionomia da jovem. - Pessoal, percebo que hoje é mesmo nosso grande dia de sorte.

— Concordo. - aquiesceu o "lobo", apontando a arma para Rosie.

— Eu também quero compartilhar sorte. - disse a jovem, dando alguns passos vagarosos até o bandidos, os outros dois logo reerguendo suas armas.

— Em primeiro lugar... Como você entrou aqui? - perguntou a "bruxa".

— Não acho que estejam na posição de fazerem perguntas, rapazes. - disse ela, chegando mais perto.

— Ah é? - disse o "duende", irritado. - Olha pra isso. Aliás, olhe para o velho aqui atrás... veja como ele está tremendo de medo. Se veio aqui procurando nos impedir... melhor sair enquanto ninguém está machucado. - ameaçou ele, o tom grave.

Rosie permanecera inabalável.

— Se abaixa. - disse ela, a expressão séria e a voz autoritária, dando uma discreta e rápida piscadela para o recepcionista, que logo tratou de ceder ao pedido escondendo-se na parte de baixo do balcão.

— O quê? - indagou o "lobo". - Ela perdeu a noção do perigo, não é? - perguntou, dirigindo-se aos comparsas.

— Completamente. - concordou o "duende", mantendo a arma apontada. - Não vamos nos abaixar coisa nenhuma.

— Eu não falei com vocês. - esclareceu ela, soando ríspida. Ergueu sua mão esquerda suavemente, logo movendo os dedos abrindo mais a mão de modo rápido.

As máscaras dos três criminosos foram retiradas de seus rostos telecineticamente, todas voando e caindo no chão em seguida. Por fim, as faces dos desgarrados foram reveladas.

— Conforme o protocolo... - disse a "bruxa", mirando em Rosie, pronto para atirar. - Sem testemunhas.

— Engraçado... tenho a sensação de que já estive numa situação semelhante. - disse Rosie, pensativa por alguns segundos. Tornou a olhar para os criminosos. - Se não fossem os covardes que são... já teriam atirado assim que notassem minha presença.

— Agora já chega! - disse o "lobo", um rapaz de cabelos pretos esbagaçados e rosto jovial e caucasiano, o dedo no gatilho mal movendo-se.

Rosie o fitou estreitamente, sorrindo com satisfação.

— Não conseguem esconder... o quão nervosos estão. - disse ela, impondo mais intimidação. - Vamos lá... atirem! - olhou-os com severidade e cólera, suas íris azuis destacadas. - O que foi? Estão sentindo algo... diferente... vindo de mim? Alguma coisa... no mínimo estranha?

O "lobo" nitidamente estava tremendo e suando profusamente. Já o "duende" - claramente o mais velho do grupo - e a "bruxa" se limitavam a ficarem inertes, mirando e encarando Rosie com grande fúria.

De súbito, um denominado "cúmplice oculto", parte de uma estratégia requisitada por aquela gangue somente quando houvessem empecilhos possíveis, surgira arrombando as portas duplas da loja, com um rifle de médio calibre, este usando uma máscara de porco, blazer de couro preto e calças sociais.

— Péssima hora, amigo. - disse Rosie ao virar-se para ele, logo erguendo sua mão direta para fazer o pescoço do malfeitor quebrar-se com um leve movimento dotado de telecinesia.

O mascarado caíra no chão após sua cabeça ter sido virada para um lado após a quebra de todos os ossos de seu pescoço, aterrorizando ligeiramente os demais que recuavam passos.

Rosie voltara para o trio, novamente utilizando sua espantosa telecinesia, tomando-lhes as armas e virando-as contra eles após gira-las. Finalizando seu ato de justiça, fizera com que os gatilhos fossem apertados, permitindo uma barulhenta saraivada de balas sair daquelas pesadas metralhadoras, seus portadores tendo seus corpos freneticamente sacolejados a cada projétil que transpassavam-os, as marcas com sangue surgindo em suas roupas em questão de segundos. O recepcionista se encontrava abaixado no balcão, com os ouvidos tapados, encolhido de medo.

A jovem deixara as armas caírem no chão. Aliviado que os tiros cessaram, o proprietário e recepcionista da loja de conveniência levantou-se e encarou tanto Rosie quanto os corpos ensaguentados dos bandidos largados próximo ao balcão. Suas mãos foram diretamente ao encontro do telefone, no qual discava o número da polícia.

— Eu não faria isso no seu lugar. - disse Rosie, o tom de ameaça, olhando-o com seriedade.

— Por favor... só falta me dizer que é um deles...

— De forma alguma. - interrompeu ela. - Não precisa fazer isso.

— Ora, mas porque? - perguntou o homem, aborrecendo-se.

— Recolha os corpos. - ditou ela, surpreendendo o lojista que deu um arquejo de pânico ao ouvir.

— Minha jovem... - a olhou estreitamente. - Mas quem é você, afinal? Você está bem? Como conseguiu parar esses desgraçados?

— Não recebeu minha ajuda para me interrogar sobre quem sou ou o porque de eu cumprir meu papel. - retrucou ela, despreocupada, prestes a sair da loja. - Se não quiser que mais pessoas saibam, sugiro que limpe a bagunça de dentro... que eu cuido da de fora. - falou, abrindo a porta para sair.

— Bagunça de fora...? - disse o homem, franzindo o cenho, sem ter entendido, mas suspeitando.

Ao se encontrar do lado de fora da loja, na calçada de uma rua deserta àquela hora da noite, Rosie parara e fitou o resultado de sua ação do outro lado da rua, a qual ela jurava até a si mesma que foi em legítima defesa.

Rosie olhava com uma visão de cansaço, os lábios tortos denotando decepção, três viaturas policiais viradas após capotarem e vários corpos de policiais seguindo uma trilha de sangue que dava para o início da rua, revelando a existência de uma perseguição contra a jovem até ali antes do assalto.

— E como sempre... fico com o trabalho pesado. - disse ela, em tom de frieza.

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CAPÍTULO 37: O VOO DA FÊNIX

Área florestal de Raizenbool - 48 horas antes. 

A porta da frente do Casarão fora aberta por Hector, que logo notara sua parceira agachando-se próxima a um tapete verde redondo que encontrava-se no centro da espaçosa sala de estar. Franzindo o cenho ao entrar, o caçador dirigira-se à ela, guardando as chaves da casa em um bolso externo do sobretudo.

— O que está fazendo? - perguntou ele, chegando mais perto.

Rosie levantara parte do tapete, descobrindo um sigilo inibidor desenhado no chão de madeira.

— Na primeira olhada - disse ela, levantando-se. - eu falei comigo mesmo: Não lembro de termos um tapete no meio da sala. Então, assumi que era preciso um bom motivo para ele estar aqui. - olhara para o chão, depois voltou-se para o caçador.

— É por precaução. - justificou Hector, andando devagar pela sala, tranquilo. - Nunca se sabe quando podemos receber certas visitas indesejáveis. E só pra constar: Foi ideia de Áker. - disse, levantando de leve o dedo indicador.

— É até meio desnecessário. - disparou Rosie, discordante.

O caçador virara-se para ela, olhando-a confuso.

— Ué... mas por que diz isso?

— Começo a imaginar que Sekhmet foi forçada a desistir. - conjeturou Rosie. - Ela tinha ligação com os Coletores, então é lógico afirmar que ela saiba nossa localização.

— Uma informação repassada aos seus soldados. - apontou Hector, aproximando-se da jovem. - E é aí que reside o X da questão. Quem garante que ela esteja na moita, esperando o momento certo para dar um golpe surpresa, enquanto seus soldados tentarem investir contra nós... aqui. - disse, o indicador apontado para o chão.

— Não seriam tão estúpidos. Nos atacariam quando estivéssemos fora. - retrucou Rosie, um pouco pensativa.

— Será mesmo? - indagou o caçador, incrédulo quanto ao argumento da jovem, levantando uma sobrancelha. Desviou os olhos para a extensão da sala, visando as janelas. - Áker gravou sigilos invisíveis em toda parte, pelo menos na maior parte das paredes.

— Vou refrescar sua memória teimosa: Áker não é nosso guarda-costas. - disse Rosie, olhando-o com rigorosidade.

Hector se limitou a assentir vagarosamente, olhando-a como se esperasse mais especificidade.

— Disso já estou plenamente ciente. Onde quer chegar com isso? - estreitou os olhos.

— Ele não vai estar disponível a todo momento, certo? - perguntou Rosie, a expressão friamente séria. - Somente ele pode ativar os sigilos. Como fará se caso um dos lacaios daquela vadia vier atrás de mim?

Hector, prontamente, retirara o amuleto de Yuga de um bolso externo do sobretudo. O mostrara para Rosie.

— É sério? - indagou ela, cética. - Até onde eu sei, o amuleto só serve para estabelecer contato com Áker e outros soldados.

— Bem, digamos que é a segunda e última função que nós, meros mortais, podemos executar com ele. - explicou Hector, pondo-o na palma de sua mão direita - Farei uma demonstração. Observe. - direcionou a mão aberta com o minúsculo objeto diante do tapete, com a finalidade de estimular a ativação do sigilo.

Poucos segundos foram precisos para que o amuleto brilhasse sua luz amarela, logo em seguida sendo a vez do sigilo abaixo do tapete acender-se completamente.

Meio boquiaberta, Rosie fitava o símbolo brilhante, relanceando o amuleto na palma da mão de Hector com espanto verdadeiramente controlado. Voltou-se para o caçador, a expressão de quem exige explicações de modo urgente e apressado.

— Isto foi... - ela parecia não ter palavras em mente para descrever. Sorrira fracamente. - ... incrível. Devemos muito à ele.

— Sem dúvidas. - aquiesceu Hector, tratando de guardar o amuleto no bolso. - Áker me garantiu que nenhum dos aliados de Sekhmet sabe que humanos podem usar os sigilos com a ajuda do amuleto. Usaremos a desinformação de nossos inimigos ao nossos favor. - andou até a entrada da cozinha, afastando a cortina, logo depois caminhando em direção à escada, no entanto, não subindo. O caçador voltara-se para Rosie, sério. - Sabe onde Lester está?

— Provavelmente ainda na loja de penhores. - respondeu Rosie, um tanto incerta, dando de ombros.

Para a surpresa de ambos, o caçador estrategista surgira entrando, assoviando ao carregar uma caixa com conteúdo misterioso.

— Lester - chamou Hector, andando até ele. - Por onde esteve? Acordei e você já havia saído.

— O que tem aí dentro? - perguntou Rosie, curiosa.

— Uma pergunta de cada vez, pessoal. - disse ele, encaminhando-se para a mesa que ficava próxima à porta dos fundos, em seguida pondo a caixa de papelão sobre ela. - Sabe, é tão estranho estarem tão...

— Preocupados com você? - arriscou Hector, olhando-o com estranheza.

Lester exibira um semblante de confusão, como se não soubesse a maneira correta de falar, movendo discretamente a boca para exprimir o que pensava em dizer.

— Ahn... eu ia dizer tensos. - disse ele, sucinto. - Olha, a coisa anda feia lá fora, eu sei, mas... Vamos encarar os fatos, pessoal: Nós podemos aproveitar esta trégua. Eu posso aproveitar. Só quero tirar o atraso.

— Quem dera pudéssemos. - disse Rosie, parecendo se referir ao tempo em que ficara em coma. Ergueu de leve o indicador direito, apontando para a caixa. - Reformulando a pergunta: O que tem dentro desta caixa que você faz parecer tão secreto?

— Munição extra. Tá bom pra você? - disse ele, sorrindo de modo brincalhão. - É bom voltar a ser criança.

— O ponto em que estamos nesta situação está longe de ser considerado uma trégua, Lester. - apontou Hector, cruzando os braços e recostando-se numa parede.

— Espera aí - disse Rosie, franzindo o cenho, sorrindo de leve e olhando para Lester. -, você costumava comprar armas com seus pais durante a infância?

— Foram só alguns bonequinhos baratos. - disse ele, dando de ombros. - E o mais triste: Aconteceu só uma vez. Agora crescido, posso ver que o comércio legalizado ameniza o sentimento ruim daquela época.

— Hum... entendo. - disse Rosie, assentindo positivamente, olhando para um ponto da sala.

— E quanto à você, Hector... - disse Lester, fitando o amigo com seriedade. - ... bem... se não é uma trégua... então não sei mais o que é.

— Rosie ainda está sob ameaça. - respondeu ele, lacônico, relanceando a parceira.

— Quem além das tropas de Abamanu está ameaçando a vida dela? - perguntou ele, parecendo estar por fora das últimas atualizações.

— Sekhmet. - disse Rosie.

— Esse nome me é familiar... - disse Lester, pondo um dedo no queixo, pensativo. - Antigo Egito e essas coisas...

— Obviamente, ele está nos livros de mitologia. - disse Hector, descruzando os braços. - Mas, na realidade, a figura mitológica é bem pior do que se imagina.

— Explicando melhor - disse Rosie, andando devagar pela sala, estralando os dedos. -, é uma divindade com sérios distúrbios psicológicos e tendências psicopatas.

O caçador estrategista notara o tapete no centro da sala, achando um pouco estranho.

— Item decorativo meio... destoante. - opinou, andando alguns passos sem tirar os olhos do tapete. - Não acham? - olhou de relance para os dois ao perguntar.

Rosie se prestou, meio insegura, a explicar com uma mentira bem elaborada e rápida.

— Ahn... Na verdade, foi Êmina quem comprou, mas só hoje que decidi inaugura-lo. - disse Rosie, com um sorriso leve, tentando passar naturalidade na fala. - Concordamos em deixar esse lugar mais... colorido.

— Que estranho. - disse Lester, a testa franzida e esboçando um sorriso que denotava descrença. - Ela nunca foi do tipo que se preocupa com a aparência do lar. Se fosse uma pintura nova nas paredes, cortinas melhores ou um verniz no corrimão da escada e nas portas eu até iria gostar sem achar esquisito. Mas só um tapete? - dera uma risadinha. - O talento decorativo dela é bem fraco, pelo que parece. Comparado ao da minha mãe... - assoviou, indicando que o suposto manejamento de Êmina para com decorações de cômodos era o mais inferior já visto. Ainda assim, persistia a desconfiança.

Hector interpôs-se, cortando a conversa ao andar em direção à caixa na mesa.

— Err... Eu vou por essa caixa lá em cima, deve estar muito pesada e você caminhou uma longa distância a trazendo... - disse o caçador, apontando para o objeto com o indicador direito.

— Não, não precisa, só pus aí para que eu pudesse descansar um pouco. - disse Lester, andando a largos passos até a mesa, em seguida pegando e levantando a caixa com as duas mãos e dando um grunhido devido ao peso do conteúdo. - Mas obrigado por se importar.

— Disponha. - respondeu Hector, assentindo.

— Então, um dos quartos do andar de cima vai virar uma espécie de depósito de armas? - perguntou Rosie, querendo saber se havia entendido errado.

— Agora que você falou... - disse Lester, subindo os primeiros degraus, a voz forçada. - Até que não é uma má ideia.

O corte na conversa dado por Hector serviu para atrair a facilmente desviável atenção de Lester para a caixa, a fim de desconcentra-lo quanto ao "misterioso" e inesperado tapete visto de surpresa ou sobre sua provável suspeita relacionada ao que estivesse por baixo dele. Caso uma descoberta fosse feita pelo caçador, ambos sentiriam-se obrigados a esmiuçarem a história por trás daquilo, consequentemente revelando a existência de Áker e, além disso, em uma conversa mais longa que o necessário para fazer o caçador processar as contingências idealizadas e se preparar à elas.

— E será o último do corredor. - avisou Hector, andando até Rosie.

— Justo o que eu pensava em limpar no próximo fim de semana. - disse ela, pouco sentindo-se disposta.

— E porque não o fez antes? - perguntou o caçador. - Medo de algum roedor ou inseto subir em você?

— Não vem com essa. - retrucou ela, sorrindo de canto de boca, achando um pouco engraçado. - Para sua informação, já tive um camundongo de estimação, escondido da minha avó. Tudo acabou quando ela descobriu a festinha que ele deu na cozinha junto com alguns amigos.

Hector deu uma risada leve, mostrando seu brancos dentes, aproximando-se da parceira de caçada.

Rosie o olhou de modo estreitado e analítico, sorrindo de maneira discreta, ao perceber uma coisa da qual sentia nunca ter testemunhado antes.

— Sabe... Me sinto numa primeira vez vendo você... sorrir mais abertamente. - disse ela, pouco à vontade. - É que não o faz com muita frequência, então essa é a primeira vez... em anos. - falara, a expressão séria ao desviar o olhar para um canto da sala.

— Isso depende. - disse Hector, olhando-a com suspicácia. - A faz se sentir melhor? Em vista de tudo o que já passamos?

A jovem mordera os lábios, tentando achar uma melhor forma de responder sem parecer estúpida.

— Não sei bem ao certo. - disse ela, virando-se para um lado e andando devagar. - Fazer alguém rir de uma piada ou historinha boba, até consigo entender, deixa minha mente mais leve. Mas... - fizera uma pausa um tanto longa para o caçador.

— Mas...? - indagou Hector, fitando-a.

— Não sei se eu chegaria a ser capaz de... - disse Rosie, o tom indeciso emanando de suas palavras. - ... fazer alguém feliz como merece ser. Minha avó, por exemplo, teve bastante trabalho em cuidar de mim, seja me levando à escola, me ajudando nos deveres de casa ou passando noites em claro para me acalentar quando eu chorava no berço por causa do escuro.

— Sempre teve um medo irracional da escuridão? - quis saber Hector, disposto a ajuda-la.

— Até os 9 anos, pelo menos. - revelou a jovem, engolindo a saliva, sentindo um desconforto em um lado da cabeça surgir de repente. Evitou por a mão na têmpora esquerda acreditando não passar de uma dor meramente passageira ou efeito de um estresse ao relembrar memórias ou pensar nos problemas atuais. - Ela chegou a contar à mim que uma vez que a luz e a escuridão se colidem... não há ordem nem caos. Elas apenas se completam... Como se fossem feitas única e exatamente para esse destino.

— Muito profundo. - disse Hector, assentindo positivamente.

A reflexão de Rosie contagiara o caçador de modo a deixa-lo extasiado ao pensar estar se tratando de um suposto paralelo entre suas tão distintas experiências de vida.

— Desde então, não senti mais nenhum medo. - dissera ela, ainda de costas para o caçador, mas a dor de cabeça aumentando, fazendo-a apertar os olhos com força. - Então, ela me incentivou a repetir o mantra: Enquanto eu estiver no escuro não vou me abater, nem esmorecer. Vou somente seguir em frente, acreditando em mim mesma e no meu destino. - suas pernas começaram a ficarem bambas, não tardando para o caçador notar que havia algo errado com a amiga.

— Rosie... Está tudo bem? - perguntou ele, aproximando-se vagarosamente dela. - Está tremendo...

— Ai... - balbuciou Rosie em tom doloroso, tocando o lado esquerdo da cabeça. Vencida pelo intenso peso, a jovem ajoelhara-se abruptamente. - Minha cabeça... - a mão direita tocou o chão.

— Rosie! - disse Hector, agachando-se próximo à ela para ajuda-la. - O que foi? O que está sentindo?

— Não sei... - disse ela, a voz enfraquecida e baixa. - Só... está doendo mais...

— Essa não... - desesperou-se o caçador, sem saber como proceder. - Aquela mesma dor que você havia sentido quando enquanto estávamos indo embora da cidade natal de Êmina. Aguente firme, estou aqui, para o que der e vier. Resista... até que cesse. Afinal, foi momentânea na primeira vez.

— Não... contaria com isso. - retrucou ela, queixando ainda mais da forte dor que soava como dois pesos de chumbo querendo esmagar seu crânio gradualmente.

— Lester! - gritou Hector, em direção à escada chamando o parceiro. - Rápido! - virou-se para Rosie, agachando-se novamente e tocando-a no ombro. - Seja forte, Rosie. Vou leva-la ao hospital, ficará tudo bem. Obviamente, isso significa algo grave, não podemos esperar.

— Não... - discordou ela, inclinando-se para frente, trincando os dentes e apertando os olhos com mais força. - Aaaaahhh! - gritara, indicando um aumento significativo da dor. Em sua mente transcorriam imagens sequenciadas em uma velocidade arrebatadora e extremamente difícil de acompanhar, como cenas de um filme mudo. Uma delas mostrava um lugar inóspito, dois pégasos e ela mesma diante deles. Atrás de sua figura, estava um ser de aspecto magérrimo, flutuante e uma face vazia observando-a. Outra imagem, passada em milissegundos, dentre as mais chocantes, apresentava a jovem arrombando uma porta com um chute e disparando um tiro de uma revólver contra um homem cujo rosto mantinha-se oculto. Sua expressão de frieza se fixou, fazendo-a questionar com veemência sobre tais visões aterradoras.

— Lester, depressa! - insistiu Hector, aflito.

— O quê?! O que foi? - perguntava o caçador, descendo as escadas rapidamente. Adotara urgência na expressão ao ver Rosie em posição quadrúpede no chão. - O que aconteceu com ela?

— Está tendo uma forte dor de cabeça. - disse Hector, tentando levanta-la. sacou do bolso externo do sobretudo a chave do automóvel estacionado há poucos metros do Casarão. - Tome. - jogara-a para Lester. - Ligue o carro, vamos leva-la direto ao hospital.

— Assim, tão de repente? - questionou Lester, intrigado. - Talvez seja algum tipo de tumor, sei lá... Pra fazer ela quase se bolar no chão de tanta dor...

— Lester, por favor, vá! Não temos tempo. - insistiu Hector, o tom autoritário e exasperado.

Repentinamente, Rosie indiciava sinais de uma possível melhora ao querer se levantar, embora ainda queixando-se da dor, mas, desta vez, aparentava estar sofrendo um sério delírio.

— O quê?! O que significa isso? - perguntava-se, em tom alto. - Para! Para! O que está fazendo?! - gritava ela, mantendo os olhos apertadamente fechados, as mãos na cabeça e a face angustiada. - Você não é real! Saia da minha mente! Agora! Saia! Saia! - balançava a cabeça freneticamente.

— Rosie!!  - exclamava Hector, segurando-a pelos braços. - Abra os olhos! Fique comigo! O que está vendo? Me fale!

— Não vou deixar... você me obrigar... - dizia ela, assumindo um tom raivoso e colérico. - Quando eu sair daqui... farei você queimar no inferno... sentindo uma dor indescritível... - soltara uma gargalhada mefistofélica, inclinando a cabeça para trás ao rir para o alto.

Lester franzira o cenho, balançando a cabeça em total negação.

— Olha... talvez seja melhor não chamarmos um médico, mas sim um exorcista. - disse ele, impressionando-se com o teor assustador do riso estardalhaçante de Rosie. - Que loucura, é essa?

— Ela claramente está delirando. - disse Hector, sem desistir de querer salva-la. Tocara a testa da jovem. - Como presumi. Está ardendo em febre... e aumentando. - constatou, apavorando-se com a velocidade com a qual a febre crescia. - Abra os olhos, Rosie. E todo esse pesadelo vai acabar.

— Vou mata-lo... e estripa-lo... até não sobrar nada. - dissera a jovem, em um espantoso estado que lembrava o de alguém possuído por alguma entidade maligna. Por um instante, Rosie pareceu querer abrir os olhos, mas muito pouco. Sua expressão suavizou-se. - Eu... pertenço às trevas. - disse ela, baixinho, o tom frio. A frase precedeu um súbito desmaio, para o aumento do desespero de Hector. O corpo da jovem caíra sobre o torso do caçador, que prontamente segurou-a firme.

— Rosie. - disse Hector, deitando-a de barriga para cima sobre seus braços, logo entregando-a a Lester. - Droga...

— Deixa comigo. - disse Lester, pegando-a. - E é mais pesada do que pensei. - olhou para Hector, preocupado. - Olha, cara... Isso aqui foi muito sinistro para uma dor de cabeça grave. Deve ser obra dessa Sekhmet. Tem uma teoria melhor?

— Teorias não vão me ajudar a encontrar a chave para a razão disto acontecer. - disse Hector, pensativo quanto ao caso. - Mas já sei a quem recorrer. Leve-a para cima. Não vou demorar. - falou, com ar decidido, andando até a porta.

— Você quem manda. - aquiesceu Lester, carregando Rosie sobre os braços até a escada, enquanto Hector fechava a porta da frente para ir ao encontro do único ser envolvido naquela situação capaz de ajuda-lo a desvendar as raízes daquele mistério.

Afinal, era a vida de Rosie que colocou-se em jogo.

                                                                                           ***

A parte da área florestal mais distante do Casarão foi o ponto de encontro selecionado por Hector, fazendo bom uso do clima pouco barulhento - limitado ao som abafado e quase inaudível do canto dos pássaros de diversas espécies - e ameno. O sol da manhã banhava a terra e as grandes árvores de troncos robustos com suas folhagens bem aparentadas e balançantes. Pisando no vasto espaço de folhas secas e quebradiças, o caçador pusera o pequeno objeto dourado - similar a um anel - na palma de sua mão direita e esticando um pouco o braço.

Fechou os olhos e mentalizou seu pedido, como se estabelecesse contato telepático, algo possibilitado pelo artefato e um meio que permaneceu desconhecido por Rosie.

O amuleto brilhara sua característica luz amarela. Em seguida, uma brusca corrente de vento irrompeu por detrás do caçador, fazendo boa parte das folhas no solo voarem e se afastarem.

— Olá, Hector. - cumprimentou Áker, a expressão denotando preocupação. - Assim que mencionou Rosie, não pude ignorar, mesmo estando concentrado em outro objetivo. Como ela está?

Hector virara-se para o arauto de Yuga com um semblante endurecido.

— E qual outro objetivo é esse que parece ser tão importante quanto salvar a vida de Rosie? - perguntou ele, duvidando das intenções de Áker ao suspeitar de algo escondido.

— Responda minha pergunta primeiro. - pediu o arauto, andando alguns passos adiante.

— Está inconsciente. A deixei sob os cuidados de Lester enquanto estou fora. - informou Hector, sério. - Logo quando ela começou a dar sinais específicos, senti que precisava chama-lo urgentemente, por ser a única fonte para as respostas ao meu alcance.

— Acredite, não é o único desesperado por respostas sobre isso. - disparou o arauto, olhando-o com firmeza. - Seu chamado veio na hora certa. E agora respondo sua dúvida: Eu estive investigando rastros que possivelmente me levariam à verdadeira fonte.

O caçador empertigara-se ao escutar tal informação, atentando-se ao máximo.

— Do que está falando? - perguntou, olhando-o desconfiado. - Por acaso sabe ou teoriza sobre quem pode estar por trás desse surto doloroso de Rosie? Por um momento, tive a impressão de ser uma forte dor de cabeça simplesmente tratável por médicos, mas de repente algo mudou... - fez uma pausa, lembrando-se do desconfortável momento. - Começou a falar e se manifestar de uma maneira que não parecia ser do seu feitio, como se outra pessoa estivesse em seu controle ou aflorado seu lado mais sombrio... E não foi a primeira vez.

— Quantas vezes isso ocorreu? - perguntou Áker, elevando sua preocupação.

— Esta foi a segunda. - respondeu o caçador. - Obviamente, estava completamente fora de si, até desmaiar. Além de uma febre o que creio ser medida em uns 40 graus e crescendo a cada segundo.

— Alguém despreparado afirmaria que o aumento de temperatura causou o delírio. - apontou Áker, pensativo ao olhar para um canto da floresta. - Serei honesto com você, Hector. A mesma coisa que pode ter sido a responsável por essa manipulação provavelmente possui o conhecimento para fazer isso parar. Afinal, ela acordará, cedo ou tarde, uma hora ou outra, então precisamos ser rápidos.

— E o que significa essa tal fonte? Como descobriu a existência dela? - questionou Hector, extremamente curioso.

— Obviamente, Rosie não contou a você. Eu... - fez uma pausa, andando vagarosamente ao desviar o olhar para o nada, refletindo profundamente sobre o assunto. - ... a peguei de surpresa ao envia-la para um mundo alternativo onde Abamanu se consagrou vitorioso na guerra.

— O quê?! - indagou Hector, franzindo o cenho, claramente sentindo-se confuso. Levemente balançou a cabeça em negação. - Quando isso aconteceu?

— Você ainda estava na casa da bruxa Eleonor. Rosie estava sozinha e se surpreendeu quando me viu. Desenhei um sigilo do tempo, que, uma vez ativado, é capaz de atrair um viajante como a força de um imã, só que aumentada exponencialmente, e o manda para o passado ou para o futuro, mas não no mesmo fluxo, e por essa razão ele não é totalmente perfeito. - explicou o arauto, logo voltando-se para o caçador novamente. - Assim que o viajante vai para o período que o controlador decide, ele altera a realidade, podendo desencadear efeitos imprevisíveis. O futuro que Rosie testemunhou... foi visto por mim primeiramente.

— Mas como assim? Você também tem uma espécie de dom premonitório? - perguntou Hector, procurando entender melhor aquelas informações atordoantes, dando alguns passos até o arauto.

— Não. Algo tentou me avisar. - disse Áker, pensando novamente em sua investigação. - Aquelas visões só pararam quando fui ao encontro de Rosie. Depois disso, combinamos de agir para evitar que uma era sombria se tornasse realidade. Bem, nós conseguimos. Mas ainda não acabou.

— Juntos nós faremos isso terminar. - salientou Hector, sentindo-se seguro ao lado de um forte aliado. - Se já estava no encalço dessa coisa misteriosa... O quão próximo você acha que está dela?

— Não tenho certeza. - retrucou Áker, balançando a cabeça ao negar. - Mas houve uma vez... em que isso se comunicou comigo em voz... era distante, mas sussurrando inúmeras vezes... quanto mais se falava, mais longe ficava... - fez uma pausa, suspirando longamente com os olhos fechados por uns segundos. - Fênix. - disse, ao abri-los.

Hector levantara uma sobrancelha, intrigado.

— O quê? Fênix?! O pássaro mitológico? Julgando pelo mistério, creio que o sentido possa ser metafórico. - teorizou ele.

— É o que vamos descobrir. - disse o arauto, inesperadamente erguendo a mão direita e colocando-a sobre a têmpora direita de Hector, transferindo uma informação direto para a mente do caçador que sentira um certo incômodo com o recebimento.

— O que é isso? O que acabou de fazer? - perguntou, o cenho franzido, sem entender.

— Esta é a localização exata de um dos lugares onde meu radar andou detectando um forte pressão psíquica. A maior que já registrei. Se o que infectou a mente de Rosie for também o mesmo que compartilhou aquelas visões comigo, então a emanação veio de lá. - afirmou Áker, a expressão de determinação estampada.

— Todo esse tempo e poderia ter simplesmente invadido a casa. - sugeriu Hector.

— Podia ser uma armadilha. Arriscar até aquele ponto arruinaria minhas chances. Parece ser algo que já ouvi histórias a respeito. Que tipo de criatura detém tanto poder psíquico capaz de infligir dor a um mortal a ponto de sucumbi-lo à insanidade? - se perguntou o arauto, disposto a acha-lo mais do que nunca. - Seja lá o que for, devemos nos apressar. Sinto que quer nos atrair. E Fênix é uma palavra-chave para desvendarmos todo esse mistério.

— Iria perguntar mais sobre Abamanu ter ganhado a guerra nesse futuro apocalíptico. - disse Hector, sorrindo fracamente. - Mas como não nos resta mais tempo, ficará para outra ocasião. "Então foi por isso que Rosie correu para me impedir de aceitar o acordo com Abamanu, temendo que eu fosse ceder à oferta. Ela mudou a história.", pensou ele, recordando-se da vaga resposta dada pela jovem na noite em que estavam diante da lareira após o carregado e conturbado dia da operação em Liverpool. Tudo ficara mais esclarecido, para o alívio confortante do caçador.

— Não sei como funcionam as regras para viagens temporais aqui ou se há penalidades. Mas não tive outra escolha. - afirmou Áker, afastando-se em alguns passos para ir.

— E quanto à Sekhmet? - perguntou Hector, lembrando-se da teoria de Lester.

— Estranhamente, ela tem andado inativa nos últimos dias. - informou Áker, também suspeitando. - Pode estar recrutando o máximo de insurgentes possível e planejando um contra-ataque que nos pegue desprevenidos. Não existe trégua quando se está em guerra com Sekhmet.

— Posso imaginar como é. - aquiesceu Hector, assentindo. - A única vez que a vi, no antiquário, tive a impressão de ser uma criatura bem hostil e obsessiva. Tem certeza de que ela não está o caçando?

— Absoluta. - respondeu Áker, pronto para ir embora. - Me contate quando precisar. Boa sorte.

— Idem. - disse o caçador, vendo o arauto desaparecer dali em milissegundos, as folhas ao redor voando.

O momento para agir finalmente havia chegado. Hector preparou-se, correndo na direção em que veio com a finalidade de pegar o carro e encaminhar-se diretamente para o endereço informado por Áker o mais rápido que fosse possível.

 

CONTINUA...


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