Casamentos, perfumes e doses de tequila escrita por letgo94


Capítulo 5
As Doses de Tequila


Notas iniciais do capítulo

Bem galera, aqui está o penúltimo capítulo da fic. Chegamos ao nosso clímax.
Espero que todos façam uma leitura!



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Julho de 2014.

Dizer que Reiner achou aquela revelação normal seria a maior mentira do mundo. Muitas perguntas vagaram pela sua mente, mas a única que teve coragem de fazer foi:

— Mas como isso aconteceu? O Marco, ele é...

— Você não sabia? – a expressão de Bertholdt era de surpresa – Marco é apaixonado pelo Jean, que só tem olhos para a Mikasa.

— Eu... não reparei – respondeu com um olhar distante, tentando lembrar de alguma história parecida

— Estou realmente surpreso pela sua falta de conhecimento sobre o assunto. – Bertholdt colocou as mãos nos bolsos do seu calção – Afinal, você é o conselheiro do nosso grupo. Sabe tudo sobre todos.

Era um exagero a afirmação do amigo sobre ser o conselheiro da turma. Quem tinha essa função era o Marcel. Ok, algumas pessoas o procuravam para dar conselhos amorosos, apesar da sua total falta de experiência sobre o assunto: a única pessoa com quem namorou era lésbica e se relaciona com Ymir. Aliás, foi ele quem a ajudou as duas a ficarem juntas. Além das várias tentativas frustradas de juntar o Bertholdt com a Annie. Até o Connie ele ajudou. Talvez fosse por isso que era tão requisitado:

— Isso não significa que sou um ser onisciente – disse Reiner em um tom mais ríspido – Mas enfim, se o Marco gosta do Jean, por que diabos você ficou com ele ontem a noite?

— Porque eu quis. – respondeu Bertholdt dando os ombros, tentando esconder o rosto corado – Depois que me desentendi com a Annie, encontrei o Marco e o Connie indo comprar bebida – seus olhos se fixaram para o mar – Eu fui junto com eles. Quando o Connie foi dormir eu e o Marco ficamos conversando sobre como nossa vida amorosa era uma desgraça, bebemos um pouco e... o resto é história.

Um silêncio constrangedor pairou sobre os dois, que voltaram a caminhar. Reiner não queria ouvir mais detalhes a respeito da noite do amigo com o Marco, por isso, optou abordar outro tópico:

— O que há entre você e a Annie? E por que não me contou nada?

— Não te contei porque simplesmente não existe nada – disse Bertholdt enquanto olhava a expressão desconfiada do amigo antes de suspirar e dizer – Quero dizer, para ela pelo menos...

— Como assim?

— Porque ontem eu a vi  bem próxima do Eren. Fui embora antes de ver o resto. Quando nos encontramos tentei não falar sobre o assunto, mas escapou – contou o garoto em tom de voz triste – Perguntei se existia algo entre os dois e Annie ficou bem irritada dizendo para não se meter nos assuntos dela da mesma forma que ela não se mete nos meus, pois combinamos de não levar nada a sério no momento.

Ouvindo apenas um lado da história, Reiner ficou com um pouco de pena do amigo, que claramente não conseguia ficar com a Annie sem separar seus desejos de suas emoções:

— Aí eu acabei questionando o que existia entre nós dois – Bertholdt suspirou – E insinuei que ela estava me usando como substituto do Eren.

— Mas de onde vem esse seu ciúme irracional por ele?

— Quer que eu liste? – o moreno começou a enumerar – Eles treinavam juntos com frequência, já a notei o encarando várias vezes na época da escola e ele é bem bonito, inteligente e legal.

Reiner respirou fundo e olhou para o céu, se preparando para ajudar o amigo, que enxergava a si mesmo de forma distorcida:

— Em primeiro lugar – disse o loiro colocando a mão nos ombros de Bert – Você nunca se ofereceu para ser parceiro dela nas lutas, aposto que ela não negaria se pedisse – Reiner continuou a falar – Em segundo lugar, ela sempre deu mais prioridade em te ajudar do que o Eren. Sabia que foi a Annie quem questionou sua ausência na escola? E dos doces que ela te deu? Nunca a vi fazendo isso para mais ninguém. 

— Mas...

— Deixa eu terminar – interrompeu Reiner – Você também é bonito, inteligente e legal, mais que o Eren. E olha que eu adoro aquele garoto.

— Quer dizer que durante todo esse tempo o Eren foi uma ameaça maior para nós dois do que para a Annie e eu? – provocou Bertholdt enquanto abraçava o amigo – Traidor! Conseguiu me deixar com ciúmes.

— Não há necessidade – disse Reiner tentando esconder o nervosismo por estar próximo do amigo – Você é único e eu não te trocaria por nada nesse mundo.

Bertholdt sorriu para o amigo e os dois voltaram a caminhar pela praia, sob a luz do pôr-do-sol. Não se falaram até chegarem a casa, mas não era um incômodo aquele silêncio. Quando se aproximaram do portão, o moreno falou:

— Obrigada, por não ter me julgado quando te contei sobre ontem a noite.

— Estou surpreso, claro, mas não te julgarei. – ele deu um sorriso forçado, seu amigo não pareceu notar.

— Vou falar com a Annie, para me desculpar – Bertholdt foi caminhando mais rápido até a casa – Até mais.

Assim que o rapaz entrou na casa, Reiner concluiu que era um mentiroso de primeira. Julgava o amigo. Muito. Não entendia suas motivações ao esconder que também gostava de garotos: medo? vergonha? Ou é só uma fase? Descartou a última opção, pois sabia que Bertholdt não fazia o tipo "aventureiro". Estava com raiva por, aparentemente, ter sido o último a saber. Até a Annie parecia saber sobre o assunto.

E por que diabos tinha que ser o Marco?

Por que não o próprio Reiner?

Balançou a cabeça tentando eliminar essa ideia absurda da sua mente e fingir que nada disso aconteceu. Respirou fundo e voltou para casa.

   

Algumas horas depois, a área externa da casa dos Jaeger estava lotada: várias pessoas nadavam dentro da piscina, enquanto outras se amontoavam ao seu redor, fazendo uma pista de dança improvisada. 

Em um bar, um pouco mais afastado da piscina, Pieck preparava as bebidas ao lado de Zeke e Porco. O homem de óculos sempre recebia olhares mortais do Galliard mais novo toda vez que esbarrava na jovem de cabelos pretos por "acidente", alegando que o espaço era muito pequeno (uma clara mentira). Marcel parecia se divertir com o irmão ao mesmo tempo que bebia um Martini feito pelo Jaeger mais velho. Reiner estava ao seu lado com o corpo encostado no balcão do bar segurando uma caneca de cerveja pela metade:

— Pare de encostar seu corpo aí, bombadão – disse Porco rispidamente ao loiro – Vai quebrar o balcão.

— Pode ficar – interrompeu Zeke colocando uma mão no ombro de Reiner – É de granito, não quebra fácil.

O loiro acenou com a cabeça para Zeke, que foi na direção de Pieck. Ouviu Porco murmurar um "otário", fazendo seu irmão mais velho rir:

— Fala com ela, babaca – disse Marcel ao irmão.

— Cala a boca, você nem sabe do que está falando! – exclamou Porco antes de voltar a preparar as bebidas.

— Ah! essas pessoas que mentem para si mesmas! – exclamou Marcel antes de voltar sua atenção para o jovem que bebia cerveja ao seu lado – Mas então, parece que a irmã mais velha da Krista veio.

Ele apontou para uma mulher alta, de longos cabelos escuros e de olhos azuis conversando com sua irmã perto da mesa do DJ. O nome dela era Frieda e ela era a única pessoa da família que ainda falava com Krista após se revelar lésbica. Reiner a viu algumas vezes na época em que namorou brevemente a loira, mas eles nunca chegaram a conversar muito:

— Está interessado? – Questionou Reiner após pegar uma nova caneca de cerveja entregue por Pieck.

— Muito! Sabe se ela tem namorado? – Perguntou Marcel.

—Ymir disse que Frieda namora com o seu trabalho– disse  – Depois que ela venceu um caso muito difícil como advogada, muitas pessoas passaram a contratá-la – seu olhar se desviou para duas pessoas que conversavam em um canto mais isolado antes de voltar a falar – É um milagre ela estar aqui.

Marcel deu um pequeno sorriso antes de tomar um gole do seu Martini e voltar a falar:

— Parece que o destino nos uniu –  colocou o copo de bebida no balcão antes de perguntar – Mas e você? Não está interessado em nenhuma pessoa da festa?

Ouvir essa pergunta fez os olhos de Reiner voltarem para aquele local isolado onde Bertholdt e Annie conversavam. Os dois pareciam bem confortáveis um com o outro, diferente de alguns anos antes, quando o moreno mal conseguia olhar para a amiga e o loiro atuava como mediador.

Ver seu amigo crescer a ponto de conseguir falar com a garota que ele gostava e não se envergonhar das suas preferências era algo agridoce. Não sabia se ficava orgulhoso dele ou triste, porque agora o loiro não era mais necessário para Bertholdt. 

 Marcel notou o olhar entristecido de Reiner em direção ao casal:

— Qual dos dois? – perguntou o rapaz em um tom mais baixo para Reiner.

— Como?

— Está na cara que você gosta de um deles – Marcel indicou sua cabeça na direção de Bertholdt e Annie.

— Claro que gosto deles, são meus amigos – disse Reiner na defensiva – E se eu fosse apaixonado por um dos dois é óbvio que seria a Annie, não gosto de homens. Sou hétero.

— Se você diz...

A conversa foi interrompida por Pieck colocando quatro copinhos, algumas fatias de limão e um saleiro na frente dos rapazes sem falar nada:

— Sua intenção é nos embebedar? – perguntou Reiner enquanto observava Pieck preencher os copos com um líquido amarelado.

— Pra que eu vou embebedar um de vocês? Ouvir o Marcel falando o quanto ama o irmãozinho dele aos prantos? Ou te ver tirando a camisa para impressionar as pessoas? Não que seja uma visão desagradável, muito pelo contrário, mas eu passo –  a morena deu um sorriso malicioso antes de continuar –  Minha intenção é embebedar ele 

Ela apontou para o loiro de sobrancelhas grossas, que conversava com Levi do outro lado do bar:

— O Erwin? – perguntou Reiner.

Pieck não respondeu, apenas pegou os quatro copos cheios de tequila, além dos outros objetos necessários para dar um shot, foi até o outro lado do bar sem derrubar nada, e ofereceu as bebidas para eles. Levi, com muita relutância, bebeu apenas um, enquanto Erwin bebeu os dois e ofereceu o terceiro para a barwoman, que aceitou de bom grado, para a tristeza dos dois cavaleiros que também cuidavam das bebidas.

Reiner e Marcel riram da cena que acabaram de presenciar e pediram um shot para Porco, que entregou a contragosto. Os dois brindaram, lamberam o sal, tomaram o shot e morderam o limão. Ainda sentindo a garganta queimar, o Galliard mais novo se aproximou novamente e falou:

— Só passei para anunciar que eu cuspi na bebida dos dois. Tenham uma boa noite.

Porco deu as costas e se retirou do bar pelos fundos, impedindo que Reiner e Marcel o confrontassem. No final, ambos tomaram mais um shot, com o intuito de tirar o gosto ruim da boca antes de seguirem caminhos diferentes na festa: o rapaz de cabelos castanhos foi tentar falar com Frieda e o loiro se viu solitário caminhando pela festa sentindo a cabeça zonza por causa da bebida.

Já estava escuro naquele horário, mas as luzes da piscina e do globo colorido na pista de dança, iluminavam a área externa. Eren e Jean competiam para descobrir quem passa mais tempo embaixo d'água com Mikasa, Armin e Marco tentando impedir os dois, que não precisavam ser contidos para não afogarem um ao outro em decorrência de mais uma briga. Olhar o rapaz sardento o fez pensar nele ontem a noite com Bertholdt. Tal pensamento lhe trouxe náuseas.

Saiu de perto da piscina, e se dirigiu para a pista de dança. Várias pessoas se movimentavam descontroladamente tentando acompanhar o ritmo da batida eletrônica da música que preenchia o ambiente. Tomou alguns tapas e cotoveladas enquanto se esgueirava das pessoas, mas a dor foi amenizada em decorrência do álcool. Viu Annie dançando com um copo de bebida na mão junto com uma garota de cabelos pretos e maria chiquinhas chamada Mina, uma colega de faculdade dela, mas não viu Bertholdt em lugar algum, mas isso não o impediu de ficar um tempo no local curtindo o som.

Sentiu seu corpo bater com o de alguém. Era Connie, com Sasha logo atrás. O rosto do primeiro estava pintado de azul e ambos carregavam caixas que Reiner não tinha interesse algum de saber o que era. Em situações normais, deveria descobrir o que tramavam, mas ao invés disso, fez outra pergunta:

— Onde está o Bertholdt?

O casal de namorados se olhou e aparentemente contiveram uma risada antes de Sasha responder:

— No bar.

— E ele perguntou de você e da Annie. – disse Connie

— A Annie está logo ali com a Mina, caso queiram avisá-la. – Reiner notou que sua voz estava mais mole em decorrência da bebida, mas não se importou – Vou para o bar, pois preciso de mais bebida.

— Como quiser – disseram em uníssimo tentando conter o riso.

Reiner apenas andou de volta ao bar, que aparentemente estava mais movimentado que a pista de dança: as pessoas se aglomeravam no local. Inicialmente, o rapaz achou que era por causa da bebida, mas na verdade era por causa de duas pessoas que dançavam em cima do balcão de granito: a primeira era Jean, que vestia sua roupa de banho. Nada de surpreendente. A pessoa que dançava ao seu lado com uma garrafa de tequila na mão e virando como se fosse água era o verdadeiro centro das atenções:

— Bertholdt? – disse Reiner ao notar seu amigo em cima ao lado de Jean.

— O que está acontecendo? – disse uma voz feminina ao seu lado – Connie e Sasha me arrastaram até aqui. Por que o Bertholdt está lá em cima?

— Não faço a mínima ideia, Annie. Cheguei agora.

A música eletrônica foi trocada por uma música dos anos oitenta, que era sucesso no clube das mulheres. O público foi a loucura quando Bertholdt tirou a camisa e a jogou no rosto de Porco, fazendo Marcel rir:

— Quem deu bebida para ele? – perguntou Reiner retoricamente

— Bertholdt parecia querer um pouco – disse Pieck que apareceu por trás do loiro – Sem falar que graças aos dois, as vendas aumentaram e Zeke está bem feliz com o dinheiro que está arrecadando.

  –  E ele caiu em suas mãos, Pieck –  provocou Reiner –  Se Bert vomitar no quarto, você vai limpar. 

— Mas a festa não é open bar? – contestou Annie mudando de assunto.

— Olha só, parece que o Erwin está me chamando – disse Pieck ao ver o rapaz de sobrancelhas grossas acenando para ela – Preciso ir.

E ela desapareceu rapidamente, deixando Annie indignada por ter sido ignorada. Reiner parecia não se importar a atitude de Pieck por estar ocupado demais olhando o moreno alto que dançava sensualmente no bar. Desde quando o corpo de Bertholdt era tão definido? E sexy? Onde ele aprendeu a dançar assim? Na outra vida ele era um go-go boy? Perguntou para si mesmo sem reprimir seus pensamentos pela primeira vez.

Os espectadores se demonstravam animados com a cena que se desenrolava, até Mikasa, que estava na frente e ao lado de Eren parecia se divertir. Reiner puxou Annie pelo braço, apesar dos seus protestos, e os dois foram juntos para mais perto do bar, afinal, como dizia a mãe do rapaz: se está no inferno, abraça o capeta. Não exatamente com essas palavras, mas a mensagem era a mesma.

Quando conseguiram chegar perto, viram os dois rapazes distribuíam shots de tequila para os convidados, que precisavam pagar uma taxa cobrada por Zeke. Como a maioria das pessoas presentes estavam bêbadas, elas pareciam não se importar com a situação absurda. Contudo, o que ninguém esperava era a frase proferida pelo tímido Bertholdt após dar mais alguns goles na garrafa que segurava:

— Alguém quer body shot?

Várias vozes femininas e algumas masculinas gritaram "sim", para o choque dos dois amigos de infância do rapaz:

— Precisamos tirá-lo de lá – disse Annie enquanto via Zeke organizando uma fila para os interessados em tomar o body shot.

— Concordo com você – disse Reiner tentando se aproximar do amigo que já estava deitado no balcão com um pedaço de limão na boca – Ber...

Um braço o impediu de passar e ele logo reconheceu Zeke:

— Não pode furar fila – disse o homem

— Mas ele não está raciocinando direito – argumentou Reiner

— Exato. Bert bebeu demais hoje – reforçou Annie

— Regras são regras – respondeu Zeke sem se importar – Como vocês são amigos do meu irmão, não vou cobrar nada, mas entrem na fila.

Antes que Annie ficasse nervosa e tentasse derrubar Zeke, uma voz conhecida proveniente do bar gritou:

— Annie! Reiner! Venham aqui! Quero que vocês sejam os primeiros.

A fala ambígua de Bertholdt fez Marcel, que assistia tudo ao lado de Frieda, rir muito:

— Uau! Um pedido desses não dá para negar Vai que é tua Reiner e Annie!– ele gritou antes de fugir da fúria de Annie, levando a advogada junto.

Com essa fala, o estrago já estava feito: os dois foram empurrados pela multidão em direção ao rapaz deitado no bar, enquanto Jean segurava o sal e a garrafa. Reiner colocou a mão no ombro do amigo e falou:

— Anda Bert, você bebeu demais, vamos dormir.

— Só se for na mesma cama que a sua – disse o moreno claramente alterado, deixando seu amigo totalmente sem reação.

Ele acabou de dar em cima de mim? Perguntou para si mesmo:

— Qual é Reiner, estamos em uma festa – foi a vez de Jean falar – Relaxa.

— Exato, pare de enrolar e tome sua bebida – protestou Eren que, misteriosamente, era um dos poucos homens que se encontravam na fila.

Não podia negar que a proposta era tentadora, mas precisava se conter na frente dos outros, que passaram a se agitar para que o processo acelerasse fazendo Leonhardt bufar. Jean colocou a bebida na barriga de Bertholdt, que já estava com o limão na boca. O rapaz com a garrafa ofereceu o sal para Annie, que perguntou para o loiro em um tom de indiferença:

— Onde você quer que eu coloque?

— Como? Não, eu não vou participar disso! – respondeu.

— Como quiser – ela deu os ombros.

— Nada disso, você vai tomar sim – protestou Bertholdt tirando o limão da boca – Se não quiser comigo, temos o Jean.

— Oi? – interrompeu o rapaz com a garrafa na mão ao ouvir o seu nome sendo mencionado.

— O que? Não! Eu vou com você – disse o loiro derrotado – Annie, pode colocar o sal no pescoço dele.

Muitas pessoas vibraram. Ninguém, muito menos o próprio Reiner, esperava que veriam tal cena se desenrolando. Annie colocou sal no pescoço do moreno tocando suavemente o seu braço e se afastou para dar espaço para o loiro, que não pensou muito e chupou o pescoço de Bertholdt, sentindo um leve cheiro de erva doce. Em seguida, tomou a bebida do seu abdômen até a última gota e pegou o limão da boca dele e o mordeu, levando os espectadores a loucura.

Saiu de perto do bar ainda sentindo a adrenalina de ter sua boca no corpo do moreno. Lamentou por ter durado pouco, mas valeu a pena. Não podia pedir mais que isso do amigo, embora quisesse beber mais tequila daquele abdômen.

Na vez de Annie, ela optou por colocar o sal no peitoral do amigo. Lambeu até o último grão de sal e também bebeu até a última gota. Na hora de morder o limão, Bertholdt segurou o rosto dela e os dois se beijaram até Jean perguntar se eles queriam um quarto. A loira se afastou e foi para perto da piscina enquanto o moreno cuspia o limão da sua boca, que acertando acidentalmente a cabeça do pobre Armin.

Reiner pela primeira vez na vida sentiu muita inveja da Annie.

A distribuição de shots se arrastou por mais um tempo. Jean ficou muito decepcionado, porque Mikasa ficou na fila apenas para acompanhar o Eren. Estranhamente, a jovem asiática não parecia se incomodar em ver seu objeto de afeto bebendo álcool da barriga de um cara, diferente de Reiner, que tinha uma aura assustadora enquanto olhava outras pessoas lambendo a barriga de um certo moreno. Para não fazer um escândalo, tomava mais e mais canecas de cerveja em uma velocidade absurda.

Chegou um ponto da noite em que Connie e Sasha iniciaram uma guerra de tinta em pó perto da piscina, interrompendo a distribuição de body shot, para o alívio de Reiner.

Todos os membros da festa, com exceção de Zeke e Levi, aderiram a brincadeira. Porco não parava de jogar vários punhados de tinta na cabeça do irmão, que simplesmente o ignorava por estar beijando Frieda. Outro casal apaixonado no meio da multidão era Ymir e Krista, que trocavam carícias ao mesmo tempo que tentavam acertar Levi, com a finalidade de fazer parecer que foi o Zeke.

O cérebro por trás desse plano maléfico era Ymir, obviamente.

Enquanto isso Jean e Eren não paravam de bombardear um ao outro de tinta, esvaziando vários sacos com pó. Até Annie parecia se divertir junto com Pieck, Erwin e Levi, que tentava a todo custo não se sujar.

Reiner, por sua vez, jogou um pouco de pó roxo dentro da camisa de Marco e saiu correndo. Sabia que era uma atitude infantil, mas o álcool tirara todo seu pudor. Avistou uma figura alta travando uma batalha com Mikasa, que por um milagre não estava grudada com Eren. O loiro se aproximou por trás, e despejou boa parte do saco em pó na cabeça de Bertholdt, que revidou acertando sua cara de pó laranja. Antes que pudesse revidar, sentiu algo dentro de suas roupas, ao se virar, notou Annie com um pacote de tinta rosa com um sorriso irônico. O rapaz revidou virando toda sacola nela, que, por algum milagre, não ficou brava.

O céu escuro, ficou mais colorido com a tinta em pó que se espalhava pelo vento. Aqueles jovens dançavam e se divertiam como se o amanhã não existisse. Reiner nunca se sentiu tão feliz quanto naquela noite. Se ele tivesse coragem de fazer algo que ansiava há tempos, a noite ficaria melhor ainda.

O momento perfeito foi quando todos jogaram ao mesmo tempo a tinta para cima, criando uma grande nuvem colorida. Olhou para Bertholdt, que estava bem na sua frente, o encarando com uma certa intensidade. Supondo que aquilo deveria ser um sinal, o loiro colocou a mão no rosto dele e o beijou brevemente nos lábios, surpreendendo o moreno.

Totalmente envergonhado com sua atitude, Reiner murmurou um pedido de desculpas, para o amigo e foi em direção a casa sem olhar para trás. Foi direto para o quarto sem se importar de tirar a tinta do corpo.

Deitado na cama, tentou não pensar nos lábios macios de Bertholdt, sem sucesso algum. Torcia mentalmente para que amanhã o moreno se esquecesse do que aconteceu, ou que pelo menos aceitasse seu pedido de desculpas.

Contudo, precisava admitir para si mesmo: nunca tinha sentido nada igual com um beijo tão efêmero.

Dez minutos depois de ter entrado no quarto, a porta se abriu bruscamente mostrando um Bertholdt com o rosto e o torso totalmente pintados de rosa, roxo e azul. Ele fechou a porta com força e mal conseguia ficar de pé. Reiner se levantou, um pouco assustado, com o intuito de tentar ajudar o amigo, que falou:

— Escuta aqui, Reiner – era claro que o rapaz estava bêbado – Temos que tratar de assuntos pendentes.

— Claro, campeão – respondeu enquanto ajudava o amigo a deitar no seu leito e a tirar seus calçados – Amanhã converdamos.

— Amanhã? – Questionou o moreno se sentando ao lado do amigo na cama com uma velocidade impressionante para alguém no seu estado – Sério Reiner? Por que não aqui?E  agora?

Antes que pudesse responder algo, Bertholdt envolveu seus braços no pescoço do loiro e o silenciou com seus lábios. Apesar do choque, o corpo de Reiner parecia se mover sozinho, colocando uma das mãos nos cabelos negros do rapaz e a outra na cintura dele. Movia sua boca, correspondendo o beijo assiduamente como se a sua vida dependesse disso.. Decidiu aproveitar o momento. Os dois estavam bêbados, afinal de contas. Não se lembrariam de nada no dia seguinte.

Reiner colocou a mão na nuca do amigo, com o intuito aprofundar o beijo. Sua boca tinha gosto de chiclete misturado com limão e álcool, uma combinação peculiar e agradável. Sentiu seu lábio inferior sendo mordido e não pode conter um longo suspiro indicando que estava em êxtase.

Ficou muito surpreso se viu sem camisa e deitado na cama, enquanto Bertholdt ficava por cima, o beijando com voracidade, descendo até seu pescoço, dando uma leve mordida. Sentiu um ótimo cheiro de erva cidreira invadindo suas narinas. Suas mãos passearam pelo corpo do moreno, que esse encontrava quente naquele momento.

Não conseguindo se conter, Reiner ficou por cima, passando a dar beijos mais lentos arrancando mais e mais suspiros no seu parceiro. Mordeu o lóbulo de Bertholdt, que soltou um pequeno gemido de prazer. Em seguida, passou a chupar seu pescoço, onde sentiu o cheiro de erva cidreira impregnado no amigo. Desceu um pouco mais e lambeu o abdômen do moreno, sem se importar com o fato de que sua boca ficaria colorida. Voltou a beijar sua boca.

Seu corpo ficava cada vez mais quente. Era como se Reiner fosse um vulcão adormecido que voltou a ativa por causa dos lábios de Bertholdt. Os dois se beijaram um pouco mais até o moreno cair no sono com um sorriso sereno nos lábios.

O loiro riu fracamente enquanto o cobria. Só o Bert para fazer algo desse tipo, pensou. Sentindo seu corpo ainda em chamas, decidiu tomar um banho frio para se acalmar. A festa ainda continuava, apesar da aparente queda de movimento.

De banho tomado, Braun apagou a luz e deitou na sua cama para tentar dormir. Bertholdt repousava na cama ao lado com um sorriso nos lábios. O loiro não pode deixar de corar com aquela visão: concluiu que seu amigo brilhava mais que a luz da lua naquela noite.

Um pouco antes do sono chegar, Reiner finalmente admitiu o que sentia.

Ele estava apaixonado.


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Notas finais do capítulo

O último capítulo sai na semana que vem!
Espero que tenham gostado dessa aventura. Aceito comentários e sugestões :)



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