Não fui eu! escrita por Karina A de Souza


Capítulo 1
O Olho da Princesa


Notas iniciais do capítulo

Olá. É Páscoa, eu não tinha nada pra fazer... Então aqui estou eu, postando esse conto Missol, que só existe por causa da minha amiga Gizelle ♥
Gi, não era exatamente o que você queria, mas... Aqui está.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/758148/chapter/1

—Nós não precisamos de babá. -Missy disse, alto demais, interrompendo seja lá o que o Doutor estava falando. Ele parou por alguns segundos, olhando pra ela, então decidiu ignorar e voltou ao seu monólogo.

Por algum motivo desconhecido o Doutor decidiu acompanhar Missy e eu no aniversário dela. Ele não contou o por que, simplesmente nos levou para um museu, e não parou de falar um minuto sequer.

—Ah, olhem isso!-Se aproximou de um quadro, que retratava um homem de cabelos brancos e expressão metida. -Meu primeiro rosto. O pintor desse quadro decidiu fazer isso depois que eu salvei toda a criação dele de um cão selvagem e carnívoro do planeta Adlar.

—Pena que o cachorro não te devorou. -Missy murmurou, revirando os olhos.

—Esse colar era da Cleópatra. Meu presente de aniversário pra ela... E esse vaso... Tem uma história curiosa. Eu estava na China, quando...

Missy colocou o dedo na frente dos lábios e fez um gesto me pedindo para segui-la. O Doutor estava tão distraído que nem percebeu, apenas continuou seu monólogo sem fim.

O único motivo aparente para ele ter vindo com a gente, era para ficar de olho em Missy. Talvez ele quisesse ter certeza de que ela não era um perigo, ou que eu conseguia controlá-la.

Mas, eu não podia excluir a opção “O Doutor estava se sentindo solitário e precisava se exibir para alguém”.

—Se eu ficar mais um minuto escutando as histórias do vovô guitarrista, vou cometer um homicídio. -Missy avisou.

—Confesso que estava ficando irritada também. Tem alguma ideia do por que ele ter vindo com a gente?

—Nenhuma. Será que ele está tramando alguma coisa?

—Até onde eu sei, você é a pessoa dos planos mirabolantes. -Piscou pra mim e sorriu.

—Ah, você me conhece tão bem. Acredito que a gente possa ir comprar uma porção de batata frita e voltar sem que o Doutor perceba que saímos. Acho que tem uma saída por aqui que leva até um restaurante... Oh, está aqui, está aqui!-E saiu correndo como se fugisse do cofre. Suspirei e fui atrás dela, encontrando-a em frente à um pedestal onde havia uma bela joia azul. -Era da Princesa G. Ela governou por anos o planeta Azul, e ganhou essa joia de alguém que a cortejou.

—Como isso veio parar na Terra?

—Você não acreditaria se eu te contasse sobre o Mercado Negro Interplanetário. Ah, corujinha, você não faz ideia de quanto essa joia vale. Se chama Olho da Princesa. Eu poderia comprar três exércitos e cinco planetas com ela!

—O que, eu espero, você não vai fazer. -Olhou pra mim.

—Claro que não. Esses dias ficaram para trás. Eu sou uma boa garota agora. -Cruzei os braços. -Mas essa joia ficaria linda num colar. E combina com meus olhos.

—Missy, você não... -Tirou a chave de fenda do Doutor do bolso. -Como foi que pegou isso?-Olhei em volta. -Você não vai roubar essa joia no meio do dia, vai?

—Ninguém está olhando.

—Há câmeras de segurança!

—Sol, você olhou na minha cabeça, sabe que eu já saí de situações muito piores.

—Se o Doutor descobrir, e ele vai, nunca mais te deixará sair do cofre.

—Então esse segredinho fica entre... -Franziu a testa. -Sou só eu ou tem algo errado aqui?-Olhei mais uma vez em volta, então abri a boca num “O” prefeito.

Todo mundo estava paralisado. Sério. Sem brincadeira. Era como se tivessem virado estátuas. As pessoas tinham congelado no meio de um passo, ou de uma frase. Uma moça tinha a garrafa de água colocada na boca, mas o líquido parecia sólido.

—Missy, o que foi que você fez?-Gritei.

—Não olhe pra mim! Eu sou uma psicopata, corujinha, não viciada em manequim challenge. Que, aliás, está fora de moda.

—Se não foi você, então quem foi? E por que nós duas não fomos afetadas?

—Como eu vou saber? Você subestima minha inteligência para as artes do mal. Estou totalmente fora dessa. Seja lá quem for o responsável, quero apertar a mão dele e oferecer uma aliança.

—Missy!

—Okay, nada de alianças malignas!-Guardou a chave de fenda sônica. -E aí, quer fazer o que?-Olhou pra mim sugestivamente.

—Nada nem um pouco parecido com se agarrar no banheiro. A gente tem que resolver isso!

—Por quê? O Doutor vai resolver, de qualquer forma. -Corri até a entrada da outra galeria.

—Ah, é? Bom... Então você devia dizer isso pra ele... Depois de descongelá-lo.

—Ele também?-Se aproximou, e começou a rir quando viu o Doutor. -Parece um sonho virando realidade! Será que é isso o que está acontecendo? O mundo todo congelado, tirando você e eu...

—Nós não vamos começar a nos agarrar no meio de uma crise. -Suspirou, revirando os olhos.

—Como acha que vamos resolver isso?

—Eu não sei. Por que não usa sua mente de gênio do mal pra tentar descobrir?

—É isso o que vocês humanos chamam de DR?

—Ah, pelo amor de Deus. -Me aproximei do Doutor, passando a mão em frente aos seus olhos. -Olá? Está me ouvindo? Doutor?

—É óbvio que ele não pode te ouvir. Está congelado no tempo. Como... Oh. -Olhei pra ela. -Eu devia ter notado isso antes.

—Notado o que?

—Bem, eu acredito que você se lembre dos incidentes com os aviões congelados no céu. Sem querer me exibir, mas... Fui eu.

—Por que não estou surpresa?

—Por alguma razão, acho que as situações tem muito em comum. Talvez a mesma tecnologia esteja sendo usada aqui. Algum ladrão de museu pode estar planejando um assalto agora mesmo e... Não.

—Que foi?

—O meu Olho da Princesa não!-Se virou e correu. Suspirei, mais uma vez, e fui atrás dela. -Ótimo, minha bela joia está aqui.

—Ela não é sua, e você não vai roubá-la. Ou eu vou ter que contar para o Doutor.

—Ah, você tem que ser estraga prazeres. Tudo bem, vamos focar no problema. O que o Doutor faria?

—Desafiaria o inimigo? Pensaria nas formas de deter seu oponente? O mandaria ir embora ou teria que impedi-lo? Faria alguma coisa estúpida que acaba sendo inteligente?

—Eu estava pensando em “faria um discurso irritante”, mas acredito que isso que você falou serve. -Respirei fundo.

—Por que não fiquei em casa maratonando Reign?

De repente, o som de risadas veio da galeria ao lado. Missy e eu nos olhamos, surpresas. Como alguém podia estar rindo, se todo mundo estava congelado?

Seguimos o som das vozes. Missy empunhando a chave de fenda sônica roubada como se fosse uma arma.

Havia uma garota e uma mulher, sentadas na galeria ao lado, ainda rindo. Ficaram quietas quando nos viram. A mulher acenou.

As duas simplesmente eram Missy e eu.

—Ai, meu Deus. -Murmurei.

—Desculpem pelas risadas. -A Outra Eu pediu. -Mas toda essa discussão foi engraçada.

—Como isso é possível?

—Viagem no tempo. -As duas Missy’s responderam, então se encararam, satisfeitas.

—Não façam isso de novo, é estranho. Vocês duas sabem por que está todo mundo congelado?

—Claro. -A Outra Eu respondeu. -Fomos nós.

—O que? Por quê? Não diga que ela nos convenceu a roubar a tal joia estúpida!

—Não. Missy não conseguiu nos levar para o lado negro da força. Nós só viemos impedir vocês duas de roubarem. Se fizerem isso, o Doutor nunca mais deixará que se vejam. Fim de relacionamento.

—Eu sei o quão tentador é ver essa joia linda e indefesa. -A Missy do futuro disse. -Então achei que você precisava de uma ajudinha pra lembrar do que pode perder caso saia da linha.

—Vocês não podiam só ter ido falar com a gente?-Perguntei.

—E que graça isso teria?-Piscou para sua eu do passado. -Nós sabemos nos divertir, corujinha.

—Vocês estão juntas?

—Nada de spoilers!-Ficaram de pé. -Acredito que a gente tenha que ir. Não se esqueçam: não roubem a joia.

—E, por mais que seja tentador... -A Outra Eu começou. -não deem sonífero para o Doutor. Ele tem um bom motivo para estar andando com vocês duas.

—Qual?-Missy perguntou, morrendo de curiosidade. Nossas eu’s do futuro compartilharam um olhar divertido, então exclamaram:

—Spoilers!

Aí elas sumiram.

O mundo descongelou rapidamente, as pessoas agindo como se não soubessem do que tinha acontecido. Missy e eu voltamos para perto do Doutor, enquanto ele tagarelava sobre uma coroa que Elizabeth I tinha mandado fazer para ele, seu marido.

Missy colocou a chave de fenda sônica de volta no bolso do amigo, sem que ele percebesse.

Atenção, o museu fechará em dez minutos. Por favor, dirijam-se para as saídas...

—Ah, que pena!-O Doutor exclamou, virando para nós. -Eu podia passar dias aqui. O tempo passa rápido quando estamos nos divertindo. -Missy segurou o riso. Tentei permanecer séria. -Nem tivemos uma aventura... Estranho, não? Que tal paramos no caminho de volta para uma porção de batatas fritas? Posso terminar de contar sobre a minha coroa como Rei da Inglaterra. -Começou a andar para a saída. -Sabe, Elizabeth I era uma mulher e tanto. Nós...

—Definitivamente quero colocar sonífero na bebida dele. -Missy resmungou.

—Eu não posso culpá-la. -Confessei. -Também estou quase apelando para medidas drásticas.

O alarme do museu soou. Passamos pelo pedestal do Olho da Princesa, ele estava vazio agora.

—Não fui eu!-Missy avisou, erguendo as mãos em gesto de rendição.

—Espera, aquela é a River bem ali?-O Doutor perguntou, apontando para uma mulher loira correndo para fora do museu. Missy bufou.

—Aquela arqueóloga espertinha roubou a minha joia!

Então eu fiz a única coisa que podia.

Comecei a rir histericamente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tadãã! É isso!
Yep, no fim das contas a Missy não conseguiu roubar a joia. Será que foi mesmo a River?
Então, era o momento perfeito para Missy e Sol enfrentarem algum inimigo juntas, mas não dava pra resistir à um encontro delas com suas versões futuras.
No próximo conto... Talvez alguém tenha uma boa notícia para contar... #Mistério



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Não fui eu!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.