Quebrei minha casca escrita por Eduardo Marais


Capítulo 31
Surpresa!




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Horas mais tarde, o grupo está entrando no apartamento onde Radu havia tirado a fotografia. Usando apenas seu distintivo e sua fama, Gold recebe autorização para visitar o lugar com o acompanhamento do síndico.

— Este apartamento pertence ao Sr. Radu Macneer? – Gold pergunta ao ver a porta ser aberta.

— Não. – o síndico entra e vai abrir as janelas como fazia todos os dias.

O lugar estava cheirando bem.

— O amigo da dona do imóvel o emprestou para Radu e os outros rapazes. Ela autorizou o uso e conversei com ela por telefone. Mas depois que Radu foi embora, esse senhor voltou apenas duas vezes aqui e não mais.

O síndico estende a mão e entrega a chave ao Chefe de Polícia. Observa os dois peritos começarem a vasculhar o local.

— Radu está morto? – ele pergunta assustado.

— Temos fé de que esteja vivo. – Yose fala e observa o cômodo principal. Depois se volta para o síndico e exibe seu sorriso poderoso, quebrando todas as defesas do pobre homem. – Nossa grande esperança é que ele esteja vivo e que nos ajude a desbaratar essa quadrilha de pessoas doentes e perversas, que já causaram três mortes de inocentes.

O síndico observa os outros policiais seguirem para os outros cômodos do apartamento.

— Radu é um homem gentil, mas sabíamos que era um prostituto. Ele sempre foi muito educado com todos e nunca se comportou de maneira vulgar aqui no prédio. – o síndico estende a mão para Yose. – Sou Salustiano, a seu dispor.

— Sou Yose. – o sorriso do policial corta qualquer amarra na alma do homem. – Precisamos encontrar algo que nos leve até Radu, antes que os criminosos o descubram e o matem como queima de arquivo. Radu fez algum comentário com você? Algo que possa nos ajudar a ajudá-lo e aos demais dançarinos da boate? Aliás, achar Radu poderá proteger e salvar a vida de todos de minha equipe e a minha vida.

O rosto de Salustiano fica lívido e ele busca apoio em um móvel qualquer. Mas são as mãos grandes de Yose que conseguem impedir seu tombo.

— A única coisa que sei é que Radu não confiava nos policiais. Disse-me uma vez que não confiava neles, porque eles eram os bandidos.

— Então é urgente que desmascaremos esses policiais ruins. A vida de minha chefe está em jogo. Radu lhe disse para onde iria?

— Para ninguém do prédio, porque acreditava que quanto menos soubéssemos, mais chance teríamos de continuar vivos.

— Então, você sabia das três mortes dos dançarinos?

— Sabia, policial. Eles viviam aqui com Radu e todos no prédio souberam quando as mortes começaram. Tudo aconteceu num espaço de três ou quatro dias em cada morte.

— Eu sinto muito que todos tivessem passado por isso. – Yose olha para a direção do cômodo onde Regina estava com Gold. – Qual era o seu relacionamento com Radu? Confie em mim, porque quero confiar em você.

Salustiano fica em silêncio, apenas invadindo aqueles pedaços do mar que estavam presos nos imensos olhos de Yose. Que olhos eram aqueles? Como o cara se atrevia a ter olhos como aqueles?

— Preciso saber de qualquer informação, Salus! Não somente minha credibilidade como policial está em jogo, mas a minha vida e a vida das pessoas a quem aprendi a amar! Aquela mulher que está lá dentro não é apenas a minha chefe! Ela é minha amiga e minha amada...não possa permitir que ela seja morta ou perseguida por aqueles sádicos e assassinos!

Cobrindo o rosto com as duas mãos, Salustiano não consegue esconder a reação ao ter seu nome chamado com tamanho carinho. Era a maneira como Radu o chamava na intimidade e aquele policial havia evocado lembranças boas e ruins.

— Você poderia vir ao meu apartamento, policial Yose?

Algum tempo depois, quando retorna para o apartamento que estava sendo vistoriado, Yose flagra os dois policiais peritos parados na porta de um dos cômodos, olhando atentamente algo que deveria ser interessante e prazeroso demais, pelas suas expressões.

Aproximando-se, ele segue na direção dos olhos dos policiais e encontra Gold e Regina inclinados na direção de um cofre, pintado em rosa, encontrado num nicho em uma das paredes.

Regina estava inclinada demais, exibindo toda a sua região costeira abundante e deliciosamente delineada pela calça justa, que pouco deixava para a imaginação. A visão era encantadora e quase libidinosa, mas não dava o direito de ser apreciada por qualquer olho masculino.

Os dois policiais não haviam percebido a aproximação do jovem, até que sua visão é interrompida pela presença de um corpo com grande massa e músculos, impedindo que continuassem admirando o que Regina exibia inocentemente ou não. Eles se mostram constrangidos e tentam sorrir, quando Yose levanta a mão e gesticula como se estivesse polvilhando algo sobre a própria cabeça.

— Diluam totalmente essa ideia, senhores. Essa mulher é minha e tudo o que ela exibe, também!

A fala de Yose atraia a atenção de Gold e Regina. Os dois se empertigam e afastam-se do cofre.

— Vocês conseguem abrir esse cofre? – Regina sorri e pergunta sem comentar a fala do parceiro.

— Esse cofrezinho caseiro tem uma combinação de seis números com trava dupla. – diz um dos peritos. – Não será complicado e eu o abro em quinze minutos, Srta. Mills.

Sorrindo, Regina aponta para o cofre. Sente o toque de Yose em seu braço e atende ao chamado dele. Gold também os acompanha.

— Consegui um nome de banco, um número de cofre e uma chave de um cofre neste banco, nesta cidade.  Mas hoje é sábado...

Gold levanta o queixo e fica aguardando o novo pedido. Algo um pouco mais complicado do que conseguir autorização para entrar num prédio residencial

— Desista, Yose. Apenas na segunda feira, poderemos visitar o cofre.

— Mas o senhor é Chefe da Policial e poderia pedir ao gerente a abertura do prédio. É uma prioridade para saber o que cofre contém que pode nos ajudar.

— Sei disso, menino, mas sem mandato será mais complicado.

— E se o senhor pusesse o gerente do banco para conversar com seu amigo Thomaz ao telefone ou numa pequena videoconferência para ser mais crível. Por favor, Sr. Gold, na segunda feira precisaremos estar de volta à nossa cidade!

Inspirando profundamente, Gold olha para os lados, encara Regina e depois se volta para Yose.

— Quem lhe deu essa chave? Você esteve fora do apartamento por quase uma hora inteira.

— Mostro o milagre, porém, escondo o milagreiro. Pode nos ajudar ainda mais?

Regina toca o braço do policial mais velho e sorri.

— Por favor, Sr. Gold! - ela amua e faz beicinho.

— Vou precisar de pelo menos duas horas para conseguir encontrar o gerente do banco. Vou falar com meus contatos. Com licença!

Quando o cofrezinho do apartamento é aberto, todo o seu conteúdo é retirado e despejado sobre a cama do cômodo. Eram algumas caixinhas femininas e delicadas, além de cartas e dois álbuns de fotografia.

Regina assume a tarefa de verificar as caixinhas, enquanto Yose abre os álbuns e não consegue esconder o choque com o que vê lá dentro.

— Regina...

Consternada, a policial sente o rosto desbarrancar com o conteúdo das cartas e para quem estavam direcionadas. Sente os olhos queimarem pelas lágrimas atrevidas que insistem em tentar sair.

—  Essa mulher é Miwa Miamuki...era a esposa de Kane e nós a chamávamos de Mia. Ela morreu faz três anos...

— Este apartamento pertence à esposa de Kane? O nosso Kane?

Regina concorda incrédula. O silêncio ali se torna tão poderoso quanto em um sepulcro.

Naquele mesmo dia, horas mais tarde, no gabinete de Gold...

— Todas as informações sobre o apartamento estão aqui. – um dos peritos entrega o resultado de sua pesquisa nas mãos de Regina. – O apartamento pertence à Miwa Miamuki e não tem débitos. Consegui saber que o Sr. Elijah Kane é quem paga os tributos, todos em débito em conta bancária. Segundo o síndico, ele nunca viu Kane. Quem vinha ao apartamento era um amigo da dona.

— Então, Kane sabia que Radu morava no apartamento com os outros dançarinos? – Regina pergunta ainda incrédula.

— O síndico me falou que um amigo da proprietária era o contato de Radu. Foi ele quem trouxe os dançarinos para o imóvel. Ele possuía a chave e tinha livre acesso. – Yose fala em tom baixo.

— E o síndico nunca pediu identificação do tal amigo?

— Ele me disse que as regras do prédio exigem identificação e o cara apresentava os documentos, sim.  Conversou com ele e afirmou que Mia tinha autorizado numa conversa por telefone. Alguém se passou por ela nessa conversa.

— Kane não pode estar envolvido nessas mortes, Yose. Seria terrível!

— Ele pode não saber que o apartamento estava sendo usado sem autorização dele. – sugere Gold tentando amenizar a dor da policial.

Os olhos tristes de Regina não se levantam.

— E como este “amigo de Mia” conseguiu as chaves?

— Vou retornar ao prédio e conversar um pouco mais com o síndico. Ele mostrou que tem confiança em mim.

Gold gesticula para um dos seus policiais.

— Leroy, quero que acompanhe o policial Yose até o apartamento e o traga em segurança. Tenho ordem do governador Thomaz para zelar pela integridade dele.


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