Quebrei minha casca escrita por Eduardo Marais


Capítulo 19
Movendo peças




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Na manhã seguinte, Ruby chega à delegacia e encontra Regina apenas sentada, olhando as fichas criminais dos dançarinos de Manson. Estava tentando encontrar algo sobre o passado do sócio do empresário.

— E aí? Alguma novidade? – Ruby pergunta e toca o ombro da líder.

— Fui para cama com Yose, fizemos um sexo incrível, mas ele me expulsou da casa.

— Como é?

Regina para o que está fazendo e vira-se de lado para encara a outra policial.

— Eu fiquei a metade da noite pensando onde havia errado e descobri minha cagada. Então, passei a outra metade de noite, tentando acertar minha própria a bunda com meus chutes.

— O que houve? O que fez?

— Chamei o homem mais lindo e gostoso que já conheci, de “fofo”, depois de fazermos loucuras na cama. Mão naquilo, aquilo na mão, aquilo naquilo...uma aventura e ele sequer se preocupou se estava com uma mulher mais velha.

Ruby começa a rir. Faz uma careta engraçada e aguarda maiores informações.

— Chamar um homem com aquele...de fofo. É quase bizarro! Ele deve ter se sentido um gato de rua.

— Foi uma noite maravilhosa, sem nenhum pudor, sem neuroses...ele é lindo sem roupas! Eu o vi no palco, mas numa cama, o cara fica estupendo porque está sem defesas ou pré-conceitos. – Regina fecha um dos olhos e faz uma careta engraçada. – Mas a moçoila aqui, tinha de abrir a boca e chamar o homem de “fofo”! E ainda o agradeci pelo sexo que fizemos! Fui uma tonta!

Ruby espalma a mão na testa e ri ainda mais.

— Você o pagou?

— Não!

— Então, por que o agradeceu? Ele lhe fez algum favor?

— Não, Ruby!

— Então, você é tonta mesmo!

Algumas horas depois, além de uma fotografia, informações sobre a vida de Vladimir Tedescu chegam para Regina. Era o sócio de Manson que havia viajado em um período bastante delicado para a boate.

— Preciso saber se algum juiz concederia outro mandato em tão pouco tempo. Quero saber com quem este Vladimir conversou na semana antes da morte do último dançarino. – ela espreme os lábios e aguarda uma resposta positiva de Ruby.

— Yose tem muitos contatos. Por que não vai falar com ele?

Puta merda! Ela estava evitando aquele contato, mas não poderia protelar aquele contato. Certo!

Durante seu trajeto até o prédio do arquivo, Regina se encontra com seu eterno parceiro. Os dois se olham e trocam um sorriso amável.

— Como você está?

— Bem. – ela mantém o sorriso.

Marcus estava constrangido. Demonstrava estar ciente de que havia se exaltado sem motivos, mas estava incomodado com as intromissões de uma força especial em sua cidade, sobretudo, sabendo que era por ordem do governador.

— Acabei de conversar com seu menino de ouro e pedi desculpas pela minha atitude de ontem.

— Isso é sinal de maturidade, Marcus.

— Na verdade, não estou sabendo digerir a sua independência. Sempre a vi dependendo de minhas ordens, minhas dicas e de minha proteção. Agora, a vejo linda e sensual, tendo sua própria equipe e em um caso tão perigoso quanto este...

— Você estava na equipe, Marcus. Porque eu sempre valorizei o seu conhecimento, mas você nos preteriu. Apenas pedi o caso, porque acreditava que você iria gostar de sair um pouco do nosso campo de atuação.

Marcus arqueia as sobrancelhas a abaixa a cabeça por vergonha.

— Preciso me aposentar...

— Não precisa de nada disso! Você precisa mesmo é assumir que temos de unir nossas forças. Não sou nada sem você, meu amigo.

Marcus concorda com a cabeça, mas se afasta sem dizer nada. É observado por Regina durante alguns segundos e depois ela segue para cumprir seu objetivo.

Caminha pensativa, organizando suas prioridades, mas ainda se sentindo perdida nas palavras do amigo sobre a aposta feita para saber o prazo de validade de sua equipe.

Ao chegar ao prédio onde os arquivos eram organizados, Regina é recebida com sorrisos e galanteios dos colegas. Um deles arrisca entregar o número de seu telefone e outro providencia um copo com chocolate. A beleza da mulher, revelada por conta da nova fase de sua vida, mostrava quanto tempo eles haviam perdido sem conseguir descobrir aquele diamante. Conviviam com um belíssimo e raro diamante e o usavam como peso de papel.

— Ei, Regina! Como está?

O coração de Regina se derrete dentro do peito, quando vê aquele policial que recusara seu convite para uma bebida. Suas palavras rudes e a conversa que ouvira naquela manhã retornam com força em sua mente e provocam muita raiva. Taylor era o nome que a perseguia.

— Está livre esta noite? Poderíamos ir à inauguração de um bar dançante! O que acha? Depois, poderíamos terminar a noite em meu apartamento. – ele sorri e toca o braço dela, como se estivesse sendo queimado.

— Ah! Eu sinto muito! – ela altera o tom de voz e atrai a atenção de quem estava por perto. – No momento, eu estou disputando com outro cara, para saber quem mija mais longe e quem tem o pênis maior! E sabe de uma coisa? Eu vou precisar usar de muita gana para ganhar esta disputa!

Taylor sorri e olha para os lados.

— Como você está vendo, meu tempo é precioso demais e toda oportunidade gasta com “coisinhas” desnecessária podem prejudicar uma verdadeira diversão. – ela bate levemente no ombro do homem. Olha para os lados e mexe rapidamente o dedo indicador na direção de uma policial. – Querida, você sabe onde poderei encontrar Yose?

— Dentro do meu coração. – ela ri da própria piada. - Tudo aquilo está no segundo andar, trabalhando na digitalização de um arquivo! Mande um beijo de língua para ele!

— Será dado! – Regina pisca um dos olhos para o policial e afasta-se dele.

Lá em cima, observa Yose entretido na organização de um material. Ele estava ainda mais bonito do que ela se lembrava. Cabeça baixa, usando óculos de armação grossa e escura, parecia-se com um estudante do colegial, entretido em uma pesquisa para obter boas notas. Ou um Clark Kent policial.

Uma jovem policial estava debruçada junto à mesa dele e esfregava propositalmente um dos seios no ombro de Yose. Queria que ele sentisse sua proximidade, seu calor e tivesse interesse pelos seus peitões siliconados.

— Vou estourar esses balões. – rosna Regina, falando de si para si.

Ao se aproximar da mesa, Regina recebe as duas mais lindas piscinas límpidas, protegidas pelos longos cílios negros, e que Yose chamava de olhos, em sua direção. Instintivamente, ele sorri e nada mais em volta tem importância. Ele não estava furioso!

 

— Poderíamos conversar?

— Sabe que sim. Você é minha chefe! – ele pede licença para a policial peituda e vai conseguir uma cadeira para que Regina se sentasse.

Ela encara a policial e exibe aquele olhar “saia do meu território ou arranco suas próteses”. Sorri e ao sentar-se, cruza as pernas, puxando a barra da saia para mais acima. Sente os olhos de Yose aumentando sua dimensão e o observa engolir em seco.

— Precisamos falar sobre uma descoberta que fiz. – Regina arregala os olhos e expulsa a outra mulher daquele espaço. – Descobrimos informações sobre o sócio que Manson tem...

— E você tem?

Um sorriso involuntário surge nos lábios pintados de Regina. Ela se torna ainda mais linda aos olhos apaixonados de Yose.

— Sócio? Ainda não, mas o destino está reservando um para mim.

— Tenho certeza que sim. – ele arrasta a cadeira para mais perto de Regina.

— O que descobriu?

— O cara saiu do país depois da morte de Radu. E Manson citou superficialmente a existência dele, quando estávamos nos aprofundando nas informações.

— Talvez, a informação fosse sem importância. O cara pode ter viajado em busca de mais dançarinos. - ele sorri.

— Ou pode ter matado os dançarinos e pedido para que alguém usasse o mesmo ritual feito com os outros. Estamos focando as investigações nos quatro médicos da lista vip.

— Disso eu sei, chefe.

— Akinnagbe conseguiu a quebra de sigilo telefônico e está fazendo o cruzamento das ligações com os números de celulares dos mortos. – a proximidade de Yose começa a fazer Regina se atrapalhar com seus pensamentos. Aquela boca bonita estava implorando para ser beijada. – Mas preciso de um novo mandato para investigarmos o sócio de Mason...

— E onde eu entro nisso? Ou em quem eu devo entrar?

— Akinnagbe me disse que você tem muitos contatos. Conseguiria algum telefone de um juiz camarada para um mandato após outro tão rapidamente? – o rosto de Regina começa a queimar, quando Yose encosta seu narigão ao rosto dela.

— Você cheira tão bem...

Ela sorri e empurra delicadamente o rosto dele.

—Preciso que consiga um mandato urgente. – ela entrega um papel com o nome dele.

— Considere feito, Regina. Até o final da tarde, terá o seu mandato de quebra de sigilo, mas não me diga que sou fofo ou ficarei mal criado com você. – ele desce os olhos para os pequenos seios dela e sente a boca encher de água. O sabor deles ainda estava em sua língua.

— Vou à sua casa, mesmo sem convite, menino. – Regina se levanta delicadamente e acaricia a nuca do policial. Inclina-se para frente e cochicha. – Deixe-me contar-lhe um segredinho feminino: quando uma mulher segura a nuca de um homem, não o está comparando a um gato de rua, mas está louca para direcionar os lábios dele, para os seios dela.  


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