Imagine - SUPERNATURAL escrita por Sereia de Água Doce


Capítulo 17
Jack Kline




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Texas

“Oi, S/n. Aqui é o Jack, o garoto do parque. Não sei se você se lembra de mim, mas você me passou seu número a um tempo atrás. Desculpe só poder te mandar mensagem agora, as coisas estiveram uma loucura. Você e Thereza poderiam me encontrar lá, de novo?”

Você olhava atônita para o seu celular. Sabia o básico do flerte para entender que demorar alguns dias para ligar demonstraria interesse, não desespero - mas parecia que Jack não. Ele ter esperado 10 meses certamente embasava a teoria maluca dele te ter apenas dois meses de idade. Céus, e você pensava que havia sido direta demais e assustado o garoto! Mas ao mesmo tempo ficava curiosa com o que teria acontecido na vida dele para demorar quase um ano para te mandar uma mensagem. Pelo o que você se lembrava, Jack era um cara bem legal - e bem bonito, não faria mal outro passeio pelo parque.

“Mas é claro! É só me dizer o dia e a hora que ficaremos felizes em sair para passear.”

Jack estava nervoso no Bunker esperando pela sua resposta. Toda aquela confusão envolvendo a fenda e viagens a mundos paralelos haviam forçado-o a crescer, e já que tinha sobrevivido aquela merda toda, porque não tentar conversar com uma garota mais uma vez? Sabia que tinha Meg morando com ele no Bunker, mas não era a mesma coisa. Ela não fazia seu coração se descompassar e suas mãos suarem, além de não ter um cachorro folgado. Com um suspiro de alívio, soltou uma risada ao receber  sua mensagem de volta, saindo do quarto e indo ao encontro de Dean, avisando que precisava sair.

Porque apesar de Jack parecer ter vinte anos, ele só tinha um e não era muito confiável de sair sozinho - já que da última vez tinha encontrado um caminho só de ida para o mundo além da fenda.

—Dean! Você tem um minuto? - Jack o chamou ao entrar na cozinha e encontrá-lo abrindo uma cerveja.

—O que foi? - Ele não deu muita atenção de início.

—Eu vim te avisar que vou dar uma saída agora a tarde. - Ele disse na inocência.

—Como é que é, rapaz? - Dean olhou desconfiado.

—Eu disse que vou sair.

—Aonde o senhor pensa que vai? - Dean perguntou colocando a garrafa de cerveja na mesa, dando total atenção ao garoto.

—Me encontrar com S/n. - Ele respondeu como se fosse óbvio.

—Ela não era aquela garota que te encontrou quando você desapareceu? - Sam se intrometeu na conversa. Ele havia entrado na cozinha com Mary bem a tempo de ouvir o meio da conversa.

—Ela mesma-. Jack deu um sorriso de orelha a orelha, inocentemente.

—Porque? - Dean tentava a todo custo impedir que ele saísse de sua vista.

—Porque depois de tudo o que passei e vi, acho que está na hora de tentar conversar com uma garota sem provocar uma catástrofe.

—Mas e a Meg? - Sam estava curioso. - Vocês vivem conversando.

—Ela não tem a Thereza.

Mary sorria diante de tudo aquilo, entendendo perfeitamente aonde o garoto queria chegar.

—Só volta antes do anoitecer. - Sam pediu, liberando Jack.

—E deixa o endereço anotado aqui. - Dean deu a palavra final.

Jack passou o endereço e desapareceu na frente deles. Dean pegou o pedaço de papel, deu uma olhada e passou a mão na jaqueta e chaves do carro.

—Aonde você pensa que vai, Dean? - Sam estranhou.

—Alguém precisa ir vigiar o garoto. Não quero que ele se meta em outra confusão tão cedo. Você vem?

—Com certeza. - Sam seguiu ele.

—Vocês parecem os pais dele, sabiam? - Mary riu.

—Jack é da família, mãe. Não vou deixar ele estragar tudo de novo.

Ela sabia que aquele era o jeito carinhoso de Dean dizer que estava preocupado.

—Castiel! Nós temos que sair!

Mary só conseguia rir torcendo para que aqueles três não atrapalhassem o encontro do mais novo - porque estava mais claro do que água que nenhum deles tinha percebido as intenções de Jack.

Ele não era mais inocente havia muito tempo, mas ninguém tinha percebido até então.

***

—Ande, Thereza! Não queremos chegar atrasadas ao…. Isso chega a ser um encontro?

Até então você não tinha parado para pensar no que aquilo era. Ele tinha pedido para vocês encontrarem com ele no parque - não chamado para sair explicitamente. Tinha prometido para si mesma não criar esperanças sobre a tarde enquanto saía de casa. Você tinha acabado de completar dezessete anos ( havia mentido para Jack dez meses antes ao dizer que faltava pouco para seu aniversário) e não estava nada fim de quebrar a cara com um rapaz mais velho.

Definitivamente mais velho, já que achava até meigo ele mentir a idade tão descaradamente. Era excitante ter só dezessete e ser chamada para sair por um rapaz de vinte!

“ELE NÃO ME CHAMOU PARA SAIR, SÓ PARA ENCONTRAR COM ELE”— Você praticamente gritava em sua mente para firmar o pensamento.

—Acho que lá no fundo ele queria era sair mesmo com Thereza, e me usou só como desculpa. - Você suspirou diante da possibilidade, escutando sua cadela latir contente e se agitar, tentando se soltar da coleira para ir de encontro a Jack.

—Thereza! - Ele a cumprimentou, se abaixando e fazendo um carinho em sua cabeça, rindo ao receber uma lambida e um latido.

—Eu não acredito que eu estava certa!

—Tudo bem com você, menininha? - Jack continuava a acariciar Thereza.

—Sabe, normalmente as pessoas só usam como desculpa o telefone da cachorrinha para falar com a humana, sabia? - Você não se aguentou e soltou o que tanto te incomodava, se aproximando e ignorando o cachorro.

—Thereza tem um telefone? - Jack podia não ser mais tão inocente quanto antes, mas aquilo era algo muito provável de ser verdade.

—Tinha, mas ela o comeu. - Você disse séria, encarando o rosto dele.

Jack passou algum tempo em silêncio te encarando, até começar a rir.

—Você tá brincando comigo, não é?

—Até que demorou a perceber. Demorou bastante, né?

A cada palavra dita você só queria calar a boca e se jogar de um precipício.

“Porque raios eu não consigo ficar quieta?!”

—Quanto a isso…. - Jack se levantou, coçando a cabeça enquanto fazia uma cara de pensativo - Me desculpe. As coisas ficaram uma loucura desde que você saiu naquele dia.

—Loucura o quanto?

Jack queria tanto dizer que esteve preso em uma realidade alternativa por meses, que viajou entre mundos com a ajuda de Kaya, que travou uma luta com o Arcanjo Miguel e que pensou que fosse perder toda a sua família naquele mundo pós- apocalíptico, mas sabia que você nunca acreditaria nisso.

—Digamos que eu tive que sair do país. Não queria ter que fazer você pagar taxas internacionais falando comigo.

—A internet existe para isso.

Você achou uma graça quando viu Jack ficar pálido e confuso, jogando a cabeça para o lado.

—Eu… Eu não tinha pensado nisso. - Ele criou um vinco entre suas sobrancelhas, chateado por realmente ser uma desculpa óbvia.

—Já disse que você é adorável?

—Como? - Ele começava a abrir um sorrisinho.

—Essa sua postura inocente é cativante. Costuma usar isso com todas?

—Eu não estou forçando isso. E nem sou tão inocente assim, eu já tenho….

—Vinte? Dezenove?

—Não, um ano!

—Bem, você pelo menos parou de dizer que tinha meses de idade.

Jack percebeu que não iria a lugar nenhum se continuasse a dizer meias verdades.

—Não era mais apropriado. - Ele deu de ombros, sorrindo. - Mas então, o que você fez durante esse tempo?

—Nada de muito interessante, sabe? Só da escola para casa, de casa para escola. Saído com Thereza, tentado não pensar que te assustei sendo direta demais naquele dia, sem criar expectativas, sabe? Ah, e aniversário. Acho que dezessete anos não é tão errado assim, não?

Jack ficou te olhando por um tempo com um sorriso no rosto até finalmente falar, rindo:

—Você é bem direta, né?

—Infelizmente… - Seu tom de voz deixava claro o quanto estava constrangida por isso, adicionado aos seus ombros caídos. - Me desculpa, é sério. Eu só não consigo me segurar. É que você é tão… Tão… - Você estendeu os braços na direção dele, exaltando todo o ser dele, sem palavras para completar sua linha de raciocínio.

— Inocente?

—Também, mas…. Não é só isso…. Eu só não sei o que….. Me desculpa. Eu devo estar te afastando ainda mais.

—Não! Você não…. Não está. - A linha de raciocínio de Jack era fofa quando se formava bem a sua frente. - Na verdade, eu é quem devo me desculpar. Estou dando a impressão que estou assustado, mas na verdade é que não sei muito bem o que fazer. A verdade é que precisei dessa viagem para tomar coragem de te chamar para sair….

“ELE DISSE CHAMAR PARA SAIR!” — sua mente gritou.

—... Aconteceram coisas nela que me fez rever toda a minha forma de viver e percebi que ainda não tinha experimentado coisas o suficiente na vida, e que queria isso.

—O que aconteceu nessa viagem exatamente, Jack?

Ele suspirou antes de te olhar fundo e sussurrar.

—Eu quase morri. Quase perdi minha família, quase que não consigo voltar para cá. Isso mexe com você, sabe? Por isso que uma das primeiras coisas que fiz quando cheguei em casa foi te mandar aquela mensagem e torci para que ainda se lembrasse de mim. Não sabe a felicidade que fiquei com sua resposta, era muito importante para mim. Sam não entendia que falar com Meg era diferente do que com você. Eu disse que ela não tinha a Thereza, mas não é bem isso. Eu só…

Você jogou toda a sua compostura para o alto e puxou Jack pela camisa, beijando sua boca. A princípio você ficou ansiosa por ele não se mexer, mas logo sentiu as mãos dele encontrarem sua cintura de forma exitante. O suspiro que você deu foi o bastante para se apertar ao corpo dele, mexendo um pouco os lábios. Embora aquilo estivesse muito bom, você não aguentou a sensação de estar sendo a única a beijar e se afastou, ficando encantada com a visão de Jack de olhos fechados, mas…. Quando ele abriu os olhos….. Olhos não brilham, certo?

—...Nunca fiz isso. - Ele te olhava atônito, com a respiração entrecortada.

Jack sabia que aquilo tinha o surpreendido ao ponto de quase perder o controle e era justamente o que estava tentando evitar. Sabia que você tinha visto seus olhos brilharem e precisava te fazer esquecer isso o mais rápido possível.

—O-o quê?! Mas como?! - Você estava indignada, ainda agarrada a camisa dele, ainda em seus braços.

—Eu te disse que eu só tinha um ano de idade. - Ele sorriu sem graça. - Falando sério, eu vivo em um Bunker. Contato com pessoas não é o meu forte. Eu queria fazer isso, só não sabia como. - Jack suspirou, encostando a testa dele na sua.

—Acho que isso explica muita coisa, e me acalma também. Pensei que estivesse me rejeitando.

—Não mesmo, mas agradeceria se você me ensinasse como…. - Ele já tinha perdido o olhar em sua boca.

Você sorriu se aproximando de novo, colando suas bocas e desta vez abraçando o pescoço dele, enquanto ele te puxava para mais perto. Com cuidado você entreabriu seus lábios, indicando que era o mesmo a se fazer, mexendo-os lentamente. Percebeu que ele havia pego o jeito ao sentí-lo acariciar suas costas delicadamente, dando espaço para que aprofunda-se o beijo. Com um pequeno puxão em sua nuca, você abriu sua boca pedindo passagem com a língua - o que ele se atrapalhou um pouco, mas logo imitava os seus movimentos até que ele mesmo começou a ditar o próprio ritmo. Não era eufórico, mas era mais apressado do que antes, tirando todo o fôlego que existia em seu corpo.

—Mas o que…. - Dean desligava o carro, encarando Jack a alguns metros a frente. - Aonde ele aprendeu a fazer isso?

—Provavelmente agora. - Sam disse a realidade, dando um sorrisinho para a cena fofa.

—Você disse que o seguiríamos para evitar confusões, Dean. Não acho que ele esteja se metendo em uma agora. - Castiel foi sensato. - Embora esteja meio eufórico.

—Acontece que eu já assisti esse filme, Cas. E tudo o que começa com um beijo leva a segunda base. Não queremos um Jack 2.0 tão cedo por aqui. - Dean saiu do carro, fazendo barulho ao bater a porta - o que imediatamente chamou a atenção de Jack, que se separou de você na hora.

—Você está exagerando, Dean. - Sam tentou argumentar, também saindo do carro, junto com Castiel.

Jack sorriu para você antes de se virar e olhar para os rapazes, que apenas o encaravam rindo.

—Você os conhece? - Você perguntou com um pouco de medo, já que três homens os encaravam.

—São os meus pais. - Ele disse sorrindo, alternando entre você e os rapazes.

—Três deles?! Olha, eu apoio e acho bastante natural o relacionamento homoafetivo, mas poliamoroso? Isso não fica esquisito? - Você ficou espantada, abrindo a boca novamente.

—Eu ter três pais?

—É.

—Na verdade não. Só fica estranho mesmo quando o meu pai biológico aparece, mas tentamos não ligar para isso.

—Quatro pais….

—Não, só três. Sam, Dean e Castiel. Lúcifer não é…. meu pai.

Você sequer se deu ao trabalho de contestar o nome do pai biológico de Jack, preferindo se abster daquilo

—Acho que você tem que ir agora, não é?

—Acho.... que sim. - Ele se desvencilhou dos seus braços, se abaixando e fazendo um carinho em Thereza que roncava aos seus pés. - Eu prometo não demorar tanto para te ligar de novo, S/n.

—Então você quer sair comigo de novo?!

—Se não for tão inapropriado… - Jack sorriu, dando um beijo no canto dos seus lábios, se afastando de vez.

***

—Quer dizer então que você foi se encontrar com uma garota? - Dean perguntou enquanto dirigia de volta.

—Mas eu disse que ia fazer isso.

—É, mas eu não pensei que… Não pensei que fosse a um encontro. - Dean foi mais direto.

—Eu…. Também não sabia. Mas isso é o que se faz em encontros, não é?

—É, Jack. Você beija em encontros. - Sam segurava o riso no banco da frente.

Tudo ficou quieto por uns instantes até que ele abrisse a boca novamente, fazendo Dean frear bruscamente  Impala:

—Eu preciso que vocês me falem tudo o que sabem sobre sexo.

—Apenas nunca bata na babá com o cara da pizza, Jack. Nunca seja o cara da pizza. - Castiel deu o seu maior conselho, enquanto Dean acelerava para chegarem logo em casa, segurando o riso.

Jack Kline definitivamente não era mais tão inocente assim.


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