Charging Ranger escrita por Nanahoshi, Heisenberg24


Capítulo 4
Capítulo 3 - Novas impressões, mesmas suspeitas


Notas iniciais do capítulo

ISSO É REAL PRODUÇÃO? Charging Ranger tá voltando com tudo? MASÉCLAROQUESIM AAAAAAAAAAAAAAA
Sei que a maioria de vocês quer me dar uma voadora na cara por eu ter demorado tanto pra atualizar, mas eu tive bons motivos pra isso. Como eu já devo ter falado aqui, eu já estava no meu último semestre da faculdade, então tinha estágio, TCC e horas a completar tudo jogado em cima de mim. E pra melhorar, minha paz não veio logo depois q o semestre concluiu: eu fiquei UM MÊS DIRETO recebendo visitas em casa. Daquelas que ficam hospedadas, não q vem num dia e pronto. Com tudo isso, adivinha? Eu obviamente não consegui descansar direito, e cansada do jeito q eu tava meu cérebro ficava tipo "OPA OPA OPA PODE PARAR AÍ TÁ ACHANDO Q PODE ABUSAR DE MIM POR TRÊS MESES SEGUIDOS E DEPOIS ACHAR Q EU VOU FAZER VC ESCREVER DE BOA? Na-ã-ã" toda vez q eu tentava começar a escrever.
Mas finalmente, depois de mt esforço e luta, eis-me de volta atualizando devagar quase parando, mas tamo aí.
E claro, eu não podia desperdiçar O HYPE MARAVILHOSO QUE O TRAILER DE FAR FROM HOME TROUXE. Eu toda bonita achando que ia parar a história de Cr depois do Endgame e a Marvel veio e me disse KAKAKAKAKA ILUDIDA Só o trailer me deu umas ideias de explodir a cabeça. Tenho mts objetivos com essa fic, e um deles é fugir do clichê em que o casal é só desenvolvido até o ponto que eles ficam juntos. VAMO TER MT RELACIONAMENTO AQUI PRA DESENVOLVER NOS MÍNIMOS DETALHES. Mas acima de tudo, CR está me ajudando a trabalhar com super heróis e encontrar meu estilo para escrever meu original de sci-fi (q tb tem a ver com super heróis). Então sim, eu não quero enganar vocês: essa fanfic é antes de tudo, um treino, algo que estou escrevendo acima de tudo pra mim. Então, sim eu não serei aquela autora assídua que todo mundo ama (até pq além do original eu tô com mais duas longfics além dessa e umas invenção de moda q tá vindo por aí). MAS EU JURO QUE EU ESCREVO DE CORAÇÃO, PENSANDO QUE QUEM VAI LER VAI SER RECOMPENSANDO PELA ESPERA E LER UMA COISA DE MUITA QUALIDADE.
Então DUAS COISAS GARANTO A VOCÊS:
1. Que mesmo com a espera, vocês serão sempre, sempre atualizados com capítulos MUITO BEM PENSADOS E BEM FEITOS (eu demorei mais de uma semana pra escrever esse porque todos os diálogos foram pensados nos mínimos detalhes)
2. Que aqueles que, independente da minha irregularidade na produção, aparecerem por aqui pra me dar o amor e o apoio de um leitor/leitora, PREPARA PRA RECEBER SURRA DE AMOR DE UMA ESCRITORA DOIDÍNEA *U*
Sem mais delongas, boa leitura!
P.S.: LEMBRANDO QUE A SESSÃO DE MAKING OFF E MAIS INFOS DA FIC ESTARÃO NAS NOTAS FINAIS
P.S.S.: Gente eu ainda não revisei me deem um desconto q eu to lokaaaaa



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Peter piscou três vezes e olhou para os lados, como se estivesse conferindo se estava mesmo no ferro-velho dos Varletes. Depois, tornou a encarar Cendi. Repetiu o processo mais duas vezes rapidamente e soltou a pergunta óbvia: 

— C-Cendi? O que-O que-O que... O que você tá fazendo aqui?

A garota ainda estava agachada, com as mãos pousadas sobre os joelhos e os braços rente ao corpo. Peter encarou-a, ainda sentindo-se muito alerta devido à ativação de seu sentido aranha. Seus pensamentos dispararam involuntariamente a levantar hipóteses enquanto ela parecia formular a resposta.

— Oh! – ela fez numa expressão de confusão que durou apenas um instante, pois foi logo substituída por um sorriso animado. – Ah! Ganhei um dia de folga da oficina. Então decidi vir aqui procurar umas sucatas. Fazia tempo que eu não vinha.

Peter piscou de novo e, inconscientemente, começou a se levantar. Ao fazer isso, percebeu que ainda segurava o Playstation 2 e o walkman. Por um instante, rezou para que Cendi não achasse estranho o quão facilmente ele se equilibrado agachado em apenas uma perna sem usar as mãos para apoio. Enquanto isso, Cendi pareceu cair em si e percebeu que ainda estava agachada. Com um quase inaudível “oh”, a garota se levantou num movimento rápido. A mente de Peter disparou a processar e categorizar as informações que a resposta da colega lhe dera. As suspeitas de mais cedo vieram à tona, e por isso, dentre aquelas informações, uma se destacou.  

— Você... Você trabalha? – perguntou ele tentando não soar tão desconfiado, mas não pode esconder por completo o fato de que estava curioso. – Um trabalho de meio período?

Cendi inclinou a cabeça para o lado e fez uma careta estreitando os olhos e repuxando um dos cantos superiores da bora pra cima.

— Não é beem um trabalho de meio período. Eu ajudo na oficina mecânica da minha mãe, e ganho de acordo com o serviço que faço.

Pelo fato a pergunta ter sido motivada por suas desconfianças, a resposta completamente normal quebrou a linha de raciocínio de Peter, que tornou a piscar várias vezes, tentando se situar. Suas sobrancelhas se levantaram expressando surpresa, mais pelo fato de ter sido uma resposta muito normal do que por qualquer outro detalhe de seu conteúdo. Graças a isso, seu cérebro conseguiu trabalhar num comentário padrão:

— Ah, legal... – seu olhar vagou até focalizar a caixa cheia de sucata que estava um pouco mais para a esquerda dos pés de Cendi. Fez um gesto rápido apontando a caixa e perguntou – Veio procurar alguma coisa específica?

— Ah! – fez Cendi, parecendo visivelmente surpresa com a pergunta. Mecanicamente, a garota avançou até a caixa e pegou dois dos objetos dali e mostrou-os para o colega. – Brinquedos. É um hobbie meu. Costumo pegá-los pra consertar ou reconstruir e levar para onde estão precisando.

Ao falar, Cendi olhava curiosamente para Peter. O garoto, que agira de forma tão arisca perto dela horas mais cedo, agora parecia agir normalmente. Isso trouxe a ela uma estranha sensação de alívio.

— E você? – devolveu ela sentindo-se muito satisfeita por estar numa conversa tranquila com Peter, completamente diferente da que tivera mais cedo.

O garoto demorou dois segundos para processar a pergunta mas, por fim, estendeu os dois objetos que trazia.

— Eu gosto de pegar eletrônicos antigos e consertar... Ou desmontar pra montar outra coisa.

— Ah! – Cendi bateu os dois brinquedos que tinha nas mãos, e o barulho pareceu avisá-la que era melhor devolvê-los na caixa se quisesse reagir batendo palmas mais livremente. Ela o fez num único gesto e voltou sua atenção para os eletrônicos que Peter segurava. – Tecnologia retrô! Se bem que eu não sei se o Play2 já é considerado retrô mas... Puxa! Ele parece estar inteirinho! Que sorte que você deu!

— É... Eu também acho que ele não deve estar muito danificado – comentou Peter virando o aparelho de um lado para o outro. – Talvez esteja com algumas peças internas muito desgastadas, mas nada que não dê pra consertar.

— Ai, que legal! – animou-se Cendi agitando os punhos num gesto de comemoração. – Jogos de Play2 são tão nostálgicos... Eu ainda tenho alguns lá em casa mas... – a atenção de Cendi vagou, indo para o outro aparelho. – Meu Deus! Esse é um WM-FX423 da Sony?

—Ahm... – Peter piscou confuso diante da súbita demonstração de ânimo de Cendi e lentamente ergueu o aparelho para examiná-lo a procura da identificação do modelo. – Ah, é sim, pelo visto. Tá meio apagado aqui, mas dá pra ler.

Cendi abriu um enorme sorriso e estendeu as mãos.

— Posso ver?

— Ahm, claro – respondeu Peter balançando de leve a cabeça e entregando o walkman para Cendi. Ainda estava tentando entender o motivo de tanta empolgação.

A garota o segurou como se segurasse um tesouro, e girou-o delicadamente entre os dedos.

— Esse modelo... Meu Deus, que nostalgia! – um sorriso tenro curvou seus lábios enquanto ela fala – Era o favorito do meu pai. Meu pai amava tecnologia retrô, principalmente fitas cassetes. Ele usava o tempo todo pra guardar tudo quanto é tipo de informação, mesmo depois que tudo ficou extremamente avançado. Ele não confiava em computadores por causa dos hackers e dos vírus.

Só na última frase foi que Peter percebeu que os verbos que Cendi usara para falar do pai estavam no passado. Meio sem jeito, mas com uma estranha curiosidade crescente no fundo de sua mente, o garoto perguntou:

— Ahm... Confiava?

O sorriso de Cendi desapareceu, e a tristeza marcou os contornos do rosto da garota, mas apenas por um segundo. Logo seu sorriso estava de volta, mas numa versão um pouco menos animada.

— Meu pai faleceu há alguns anos. Eu tinha onze – explicou ela num relativamente normal, como se ela explicasse o que tinha comido do dia anterior.

Sentindo-se ainda mais sem graça, Peter lançou um olhar de desculpas para a colega e murmurou:

—Eu-Eu... Eu sinto muito.

O sorriso de Cendi se alargou, voltando a emanar a aura de animação de antes.

— Tá tudo bem, Peter – fazendo um gesto de “deixa pra lá” com as mãos. Depois, ela virou o rosto, fitando os prédios ao longe, e apertou os olhos. Depois de uma pequena pausa, ela dá de ombros e complementa – Já passou bastante tempo.

Sua postura poderia parecer bastante relaxada e despreocupada, mas no sutil apertar de olhos da garota, Peter viu uma profunda melancolia. Ao fitar aquela expressão, Peter sentiu que suas suspeitas se desbotavam, dando lugar a uma percepção diferente. De estagiária secreta do Sr. Stark ou uma possível super-heroína, os contornos da impressão que tivera de Cendi foram se modificando até se tornarem os de uma menina nerd empolgada que gostava de sucata e sentia falta do pai. De súbito, Peter sentiu um sentimento forte de identificação com Cendi.

O silêncio se estendeu entre os dois, no qual o garoto não tinha a mínima ideia do que dizer. Por fim, seus olhos baixaram para o walkman que sua colega ainda segurava e um estalo soou em sua cabeça.

—Ahm... Se você quiser, pode ficar com o walkman.

Cendi soltou uma risada, surpreendendo Peter, que arregalou os olhos.

— Não precisa não, Peter. Se eu aparecer com mais uma velharia dessa lá em casa, minha mãe me mata. Sério. Eu tenho um monte de walkmans.

— Ah... Então, você vive com sua mãe?

— Sim – respondeu Cendi, balançando a cabeça. Ela fez uma pequena pausa, ponderando sobre a resposta estar incompleta. Então, decidiu completar – e com a minha irmã. Com o namorado dela e... um cachorro.

Peter achou graça da forma como ela completou a resposta da pergunta e abriu um sorriso mais relaxado.

— Então sua família gosta de cachorros? – perguntou ele mostrando-se visivelmente interessado em conhecer mais sobre ela, mas não do jeito desconfiado de antes.

Cendi apertou os lábios, como se segurasse uma risada e olhou rapidamente para a direita. Mesmo sem perder o sorriso, a sensação de relaxamento de Peter vacilou com aquela expressão, pois era a que uma pessoa fazia quando supostamente ia contar uma mentira e se divertia com o fato. De novo, as desconfianças voltaram a atrapalhar o clima da conversa, mas de súbito, uma pergunta lhe ocorreu. Por que ela mentiria sobre a família gostar de cachorros? Não fazia sentido algum. De forma inconsciente, Peter balançou a cabeça tentando espantar a onda de questionamentos que ameaçava vir. Ned estava certo. Ele estava ficando paranoico até demais. Felizmente, o gesto foi percebido por Cendi como o que se faz para espantar mosquitos.

— Sim, todos lá em casa gostam – respondeu a garota com uma risada.

O tom inocente e despreocupado da pergunta trouxe uma leve sensação de acanhamento para Peter. Para que tanta paranoia? Talvez a pergunta a tivesse feito lembrar de algo engraçado. É. Era isso. Muito mais plausível. Sem teorias mirabolantes.

— E você? Mora com quem? – devolveu Cendi, pegando Peter de guarda baixa.

Ele ainda ficou em silêncio por alguns segundos olhando atônito para o chão, mas logo piscou e ergueu a cabeça.

— Eu? Eu... Ah! Sim, sim, eu... Moro com minha tia, May.

—Nenhum cachorro? – perguntou Cendi sorrindo. Um calorzinho de alívio tomou conta do peito de Peter pelo fato da garota não ter questionado sobre seus pais... Nem sobre o tio.

Peter negou com a cabeça, sorrindo.

— Nem um gato? – Cendi parecia visivelmente chateada.

Peter soltou uma risada e explicou:

— Tia May é alérgica a pelos. Por isso nunca deu pra ter um bicho de estimação.

—Ah que pena...

— Mas... – acrescentou Peter lembrando-se subitamente do gato de Delmar – Tem um gato no mercado do Delmar, e eu costumo brincar com ele às vezes. Ele é muito bonito.

Os olhos de Cendi pareceram se acender.

— Ah, sério!? Nossa, eu adoro gatos, mas minha mãe não. Por isso sempre tivemos cachorro. Qual o nome dele?

— Murf.

— Ah que fofo! Acho que vou lá um dia pra ver o Murf, então.

—Ah, mas eu acho que você deve ir também por causa do sanduíche. É o melhor da cidade. Principalmente se você acrescentar picles.

— Nossa, sério? Quais opções tem lá?  

Antes que Peter abrisse a boca para responder, um barulho de pés se arrastando no chão terroso chamou a atenção dos dois estudantes. O som foi aumentando, vindo detrás da pilha na qual Cendi estivera procurando os brinquedos. Segundos depois, uma silhueta magrela e levemente corcunda entrou no campo de visão de ambos, colocando um sorriso de reconhecimento em seus rostos.

—Sr. Varletes! – cumprimentou Peter.

—Sr. Carlos! – exclamou Cendi.

O velho ergueu o rosto, confuso, mas assim que reconheceu os dois garotos à sua frente, sorriu.

— Cendi e Parker! Que surpresa agradável! Achei que não voltariam mais aqui. Quanto tempo!

Carlos Varletes era um homem por volta de seus setenta anos de idade. Era magro, mas ainda era possível ver os músculos bem desenvolvidos por anos de trabalho pesado sob uma pele cor café-com-leite. Seu cabelo prateado caía até a altura do queixo um tanto desgrenhado e com aspecto seco. O nariz era levemente adunco e comprido, a boca fina e repuxada pelas rugas e os olhos eram de um verde escuro que transmitiam uma simpatia indescritível. Ele dirigia o ferro-velho há anos, e agora passara a maior parte do trabalho para o filho, Theodore Jay Varletes, mais conhecido como T.J.

— Fazia bastante tempo mesmo, Sr. Carlos! – comentou Cendi com um ar nostáligico. – Cadê o T.J.?

—Ah! Ele viajou com a noiva pra ver os sogros. Está de folga. Por isso estou cuidando daqui por esses dias... – a voz do velho morreu enquanto ele parecia fazer uma análise minuciosa dos dois adolescentes à sua frente. – Hum... Vocês dois são conhecidos?

Cendi e Peter se entreolharam de uma forma um tanto confusa, surpresos pela pergunta. A garota foi mais rápida em responder; apontou para Peter e explicou:

— Estudamos na mesma escola... E na mesma classe. Mas nos falamos só hoje. Eu entrei recentemente lá.

O garoto fixou o rosto de Cendi enquanto ela explicava e, assim que ela concluiu, abriu seu costumeiro sorriso de lábios apertados e confirmou:

—É-É... Somos colegas de classe.

Sorrindo, Carlos fez um aceno de compreensão e aprovação.

— Que coincidência feliz! Meus clientes mais queridos se conhecerem... Vieram atrás de algo específico ou só estão olhando?

— Eu só estava olhando, Sr. Varletes... Mas achei coisas interessantes e vou levar – respondeu Peter sinalizando para os dois aparelhos em suas mãos. – Deixei mais coisas ali atrás.

Cendi, por sua vez, abaixou-se e pegou a caixa de brinquedos.

— E eu vou levar esses. Ah! E tenho um pacote para entregar lá no carro. Pra tia Pam.

As sobrancelhas do velho subiram significativamente para a garota, que devolveu com um aceno positivo quase imperceptível.

— Então deixe-me levar isso para o escritório enquanto você vai lá pegar – disse Carlos já avançando para pegar a caixa dos braços de Cendi. A garota agradeceu e saiu correndo na direção da saída do ferro-velho.

— Eu vou só pegar as coisas que deixei ali atrás e te sigo, Sr. Varletes – disse Peter completamente alheio a comunicação silenciosa que acontecera entre o dono do ferro-velho e sua colega de classe.

*

O escritório ao qual Carlos se referira era uma pequena casinha escondida entre as pilhas de sucata onde se fazia a administração do ferro-velho. O único luxo ali era um ar-condicionado bastante velho que nenhum cliente duvidava ter saído do lixo. O Sr. Varletes acabara de colocar o troco de Peter sobre a mesa quando Cendi irrompeu pela porta carregando o pacote já lacrado.

— Quando vai se encontrar com a tia, Sr. Carlos? – perguntou Cendi se adiantando para a escrivaninha tosca e lançando um olhar furtivo para Peter.

—Ah, não sei – disse ele puxando o pacote de Cendi para si e verificando o lacre. – Ela ficou de acertar a data... São os discos?

A garota reprimiu a vontade de apertar os lábios e sorrir. Fora incrível como o Sr. Carlos entendera tudo com apenas um aceno. Além disso, o velho a conhecia por tempo suficiente para saber que Cendi era uma péssima mentirosa. Por isso, logo se encarregara de construir algo simples ao redor do pacote que a garota o entregara ao invés de levar ao correio.  Era por essas e outras que Cendi devia metade de sua vida à família Varletes.

Peter observou tudo com um ar distraído, olhando em volta e balançando-se no lugar, sem desconfiar uma vírgula do que estava acontecendo. 

— Sim – respondeu Cendi com um sorriso.

— Eu devia pedir emprestado para ela algum dia desses... – comentou Carlos dando um sorrisinho para a garota que parecia inofensivo, mas que, na verdade, trazia uma dose bem medida de cumplicidade. – Pode deixar, vou entregar para ela.

— Muito obrigada, Sr. Carlos. Ah, quanto ficaram os brinquedos?

*

— Então... Sua família gosta bastante de coisas retrô – comentou Peter enquanto se encaminhavam para a saída do ferro-velho.

— Hã? – perguntou Cendi com ar avoado, denunciando facilmente que sua cabeça estivera em outro lugar.

— Os discos – disse Peter fazendo um aceno com o polegar para o escritório dos Varletes.

— Ah! – Cendi sentiu um leve pânico subindo por seu peito. Não esperava ter que estender sua mentira. Respirou fundo e tentou parecer relaxada, soltando uma risada. – É, sim, sim... Meu pai com as fitas cassetes e minha mãe com os discos. Ela diz que as músicas gravadas nos vinis têm uma acústica especial. Por isso vive pedindo emprestado os discos da minha tia. Lá em casa não tem mais tanto espaço pra velharia.

A garota fechou os olhos por um instante, apertando a caixa de brinquedos que levava, e rezou para que não tivesse tagarelado demais a ponto de deixar Peter desconfiado. Cendi lançou um olhar rápido para o garoto, e a expressão despreocupada que viu em seu rosto a fez relaxar um pouquinho.

—Eu super entendo – disse ele dando uma risadinha. – Também estou com problemas de espaço no meu quarto.

A garota riu mas não conseguiu dizer mais nada. Um silêncio se estendeu por alguns instantes, fazendo a tensão voltar um pouco, mas logo o portão do ferro-velho entrou no campo de vista de ambos. Ao ver a saída, uma ideia ocorreu a Cendi. Ela soltou um pigarro e tornou a olhar para Peter.

— Então... Como vai voltar pra casa? Quer dizer... Você vai pra casa agora?

—Ah, é – disse respondeu Peter. – Vou pra casa.

Cendi piscou sem dizer nada. Demorou alguns segundos para que o garoto entendesse que ela esperava a reposta da primeira parte da pergunta.

— Oh- Ah, é. Eu vou de metrô. Vou andar até a estação mais próxima.

— Mas é um bom pedaço de chão – comentou Cendi olhando pelo portão como se conseguisse ver todo o caminho que Peter tinha para percorrer. – Não quer uma carona?

Peter abriu a boca para agradecer o convite, mas logo lhe ocorreu que, se ela estava oferecendo uma carona, ela viera de carro. E o único carro que ele tinha visto estacionado por ali fora um...

— Espera, você veio de carro?

Cendi assentiu e depois fez um aceno com a cabeça apontando seu Aston estacionado próximo ao portão, na parte de dentro da cerca alta.

— Aquele carro é seu? - perguntou ele, incrédulo.

—Hm, mais ou menos – respondeu Cendi com um sorrisinho sem graça. – Lá em casa nós dividimos alguns carros. Esse Aston é de todo mundo.

A palavra alguns saltou na mente de Peter, e ele se perguntou quantos carros seriam no total. Entretanto, achou que seria falta de educação continuar interrogatório. Apenas aceitaria a carona.

— Ahm, seria... muito legal... A-A carona, digo. Muito obrigado.

Cendi sorriu e fez um aceno para que fossem para o carro. Assim como fazia para entrar nos carros de Stark, Peter abriu a porta do carona com o maior cuidado do mundo, entrando com a mesma atenção, principalmente por estar carregando a caixa com suas novas aquisições. Colocou a mochila nos pés e puxou o cinto de segurança, e depois dedicou-se a admirar a cabine do carro. Cendi entrou segundos depois pois fora colocar a caixa com os brinquedos no porta-malas.

— Não quer colocar lá trás? – perguntou a garota apontando para a caixa no colo de Peter.

—Ah, não precisa, obrigado. Vai dar mais trabalho pra você na hora de descer, então...

— Não é problema nenhum. Mas se você preferir...

A frase morreu no ar enquanto Cendi prendia o próprio cinto de segurança e dava partida no carro. O painel se acendeu indicando que o celular da garota se conectara por Bluetooth. A garota desbloqueou o aparelho e abriu o aplicativo do Spotify, selecionando uma de suas playlists. “American Idiot”, do Green Day, fez os autofalantes do carro vibrarem confortavelmente enquanto Cendi manobrava para sair do ferro-velho.

— Nossa, você curte Green Day? – perguntou Peter, animado.

— Adoro! – respondeu a garota demonstrando ainda mais empolgação que Peter. – Qual sua música favorita... Ou, espera – ela deu uma risada – Desculpa, Peter! Já tava esquecendo de te levar em casa. Pode colocar seu endereço aqui no GPS do carro, por favor?

Meio atrapalhado com a ideia de mexer no painel de um carro tão caro, Peter digitou as informações e Cendi apertou o botão de iniciar a navegação. Ela conferiu a direção que deveria seguir e começou a guiar o carro.

— Então, qual sua música favorita deles?

Peter fez uma cara pensativa, ponderando qual escolher. Ao constatar que chegara num impasse entre “Boulevard of Broken Dreams” e “Basket Case”, abriu a boca para falar, mas a melodia animada de “American Idiot” foi cortada, e o visor indicou que a mãe de Cendi ligava. A garota apertou o botão de aceitar a chamada.

— Oi mãe.

— Onde a senhorita pensa que está indo!? – ralhou uma voz firme e grave que estourou dos autofalantes. Peter sentiu o coração gelar e, inconscientemente se encolheu no banco.

— Misericórdia, mãe! – protestou Cendi batendo as mãos no volante. – Eu não tô fugindo de casa, não! Tô levando um colega meu pra casa. O nome dele é Peter Parker. Diz “oi”, Peter.

Sentindo o suor frio ameaçando brotar em sua testa, Peter reuniu toda a coragem que tinha e gaguejou:

— Boa-boa-boa tarde, senhora... – ele lançou um olhar rápido e desesperado para Cendi, pois não se lembrava do sobrenome dela.

— Danugam – soprou a garota quase sem emitir som.

— Sra. Danugam! – completou ele rápido demais.

Foi possível ouvir um bufo resignado de Minerva do outro lado da linha.

— Boa tarde, Sr. Parker – cumprimentou ela de volta parecendo não muito satisfeita. – E a senhorita tem que me avisar quando for sair das rotas usuais, entendeu?

— Tá bom, mãe. Eu entendi – disse Cendi num tom óbvio de quem quer desligar rápido. – Me desculpe. Vou avisar da próxima vez.

— E depois é pra vir direto pra casa.

— Eu sei, mãe.

Minerva soltou outro bufo e disse:

— Estou vigiando. Tchau.

— Tchau – devolveu Cendi, que suspirou de alívio quando a chamada foi finalizada e o refrão de American Idiot voltou a vibrar nos autofalantes. – Putz, Peter. Me desculpa. A minha mãe é bem superprotetora, e isso deixa ela paranoica. Ela ficou assim por causa do...

A voz da garota foi morrendo até que ela se calou, soltando um suspiro baixo. Peter lançou um olhar compassivo para a colega.

— Eu entendi. Não preocupa. Super entendo você. Minha tia também é.

Cendi lançou um rápido olhar para o garoto e tornou a fixar a rua adiante com um sorriso quase que agradecido nos lábios.

— Então – continuou ela mudando para um tom animado novamente – Estou curiosa pra saber porque você foi interrompido duas vezes. Qual é a sua favorita do Green Day?

***

Quando Peter empurrou a porta com o quadril para entrar em seu apartamento, Tia May já o aguardava com um ar não muito agradável. Peter avançou para dentro, hesitante, e colocou a caixa com suas compras sobre a mesa de jantar.

— Algum... Algum problema? – perguntou ele erguendo as mãos como se estivesse se rendendo, para depois esfrega-las de forma nervosa.

— Era o Sr. Stark lá fora? – perguntou ela. – Ele está te trazendo em casa? Peter, você sabe que eu não estou gostando do...

Peter demorou para processar que May vira o Aston de Cendi quando ela o deixara na porta. Sorrindo, o garoto fez um gesto negativo com as mãos e com a cabeça, cortando a fala da tia:

— Ah-Ah! Não, não, não, May. Não era o Sr. Stark. Era uma colega da escola, a Cendi. Ela me deu carona pra casa.

As sobrancelhas de May se ergueram numa nítida expressão de surpresa. Não imaginara Peter recebendo um a carona para casa de um colega de classe, pois o único que estava acostumada a ver interagir com o sobrinho era Ned. E muito menos esperava que o colega fosse na verdade uma menina. Com um carro muito parecido com os usados por Anthony Stark.

— Então... – quis saber ela – Ela é estagiária também?

Peter, que já abria a porta da geladeira procurando algo para beliscar antes do jantar, congelou no lugar.

— O quê?

— Perguntei se ela também estagia com o Sr. Stark. Você não está vindo do estágio?

De súbito, todas as falas e atitudes estranhas de Cendi voltaram como um tapa em sua testa. Além disso, outros elementos que haviam passados despercebidos naquela tarde começaram a lhe saltar na mente: o pai falecido, a menção de que ele costumava gerir informações guardando-as em fitas cassete, o carro caríssimo e muito parecido com os do Sr. Stark, a paranoia da mãe com a localização dela...

— Ahm... Na verdade, ela é só colega de classe mesmo. Eu saí mais cedo do estágio e passei no ferro-velho do Sr. Varletes. E ela também tinha ido pra lá.

May bateu na lateral das coxas e depois colocou as mãos fechadas na cintura.

— Peter! Eu não te disse que era pra me avisar quando fosse pra algum lugar fora da rotina normal?

— Eu sei! Me desculpa! É que eu tinha tão pouco tempo pra passar nos Varletes... E é super longe. Me esqueci completamente. Desculpa, May.

Ela não parecia ter se acalmado com a explicação de Peter, por ainda encarou-o por longos segundos visivelmente irritada. Por fim, apontou para a janela.

— Se você sair e não me avisar de novo, nós vamos conversar.

— Pode deixar, May – assegurou Peter abrindo seu sorriso usual que espalhava seus lábios enquanto fazia uma leve reverência desleixada. Odiou-se por estar mentindo para a tia mais do que poderia admitir numa vida inteira, mas era para o bem dela.

Desistindo do belisco, Peter tornou a pegar a caixa e dirigiu-se para o quarto. Largou-a de qualquer jeito sobre a bancada e jogou-se sobre a cama. Encarou o teto por longos minutos, pensando no quão louco havia sido aquele dia. A aparição de Cendi em sua vida parecia uma piada de mal gosto, só para deixa-lo ainda mais maluco com todo o negócio com o Sr. Stark. Peter fechou os olhos e esfregou os com a base da palma das mãos com força. Dentre suas muitas especulações sobre a estranha fã de Power Rangers que andava em um carro muito caro, o conselho de Ned tornou a soar em seus ouvidos. Suas desconfianças foram substituídas pelas lembranças de sua conversa com Cendi no ferro-velho e na sua volta pra casa. A medida que repassava as reações da garota, mais sensato soava o conselho de Ned. Talvez a espera infindável por um contato do Sr. Stark estivesse fazendo-o ver possíveis ameaças ou coisas suspeitas em todos os lugares. De fato, Cendi fora muito legal com ele. Relevara completamente seu comportamento estranho na escola e ainda se oferecera pra leva-lo em casa, tomando uma bronca da mãe por isso.

— É, Peter – disse o jovem herói para si mesmo, baixinho. – Desencana disso, cara.

Ele fez uma pequena pausa, na qual ainda podia sentir a pulga atrás da orelha deixada por toda aquela situação. Por fim, suspirou e completou:

— Se for verdade, você vai estar lá pra descobrir, Peter.

***

— Mãe, o que diabos foi aquilo!?

Cendi entrou anormalmente barulhenta em casa. Entrou batendo os pés e praticamente jogou a caixa de brinquedos em cima do sofá da sala de TV. Minerva, que estava na cozinha tomando um copo de leite, meteu a cabeça pela porta com as sobrancelhas levantadas diante da atitude da filha. Seu cabelo negro sempre muito comprido estava preso numa trança frouxa, e ela trajava uma de suas clássicas regatas neutras e um moletom bastante largo que cobria até metade de seus pés descalços.  

— Precisava ter falado daquele jeito no telefone? – quis saber Cendi, indignada.

— E eu ia lá saber que tinha alguém no carro com você, bonitinha? – resmungou Minerva agora erguendo apenas uma sobrancelha e cruzando os braços. Porém, o fato de estar com uma linha branca de leite delineando o lábio superior quebrou completamente a postura intimidadora da mulher, dando mais liberdade para que Cendi reagisse.  

— Tá que você não ia adivinhar, mas precisa atender o telefone sendo tão grossa? Agora o Peter pode achar que você é psicótica e vou perder a chance de fazer uma coisa que você mandou eu fazer.  

— Esse Peter não tem que achar nada. A filha não é dele – retrucou Minerva aprofundando a seriedade na voz – E o que foi que eu te mandei fazer que depende desse tal Peter Parker?

Amigos, mãe! Não foi você que mandou eu tentar a vida adolescente mais normal do universo quando voltássemos pra Nova York?

Minerva não estava gostando nada do tom de Cendi. Sua expressão se fechou de vez, e a garota quase pôde ver uma nuvem de tempestade sobre a cabeça da mãe. Quando ela achou que o grito viria, uma coisa luminosa e translúcida surgiu no ar, fazendo as duas dar um pulo.

— Pelo amor de Deus, Minerva. Não ralha com essa garota porque estamos presenciando um fenômeno raro aqui: Cendi agindo como uma adolescente normal.

A forma astral de Séfora irrompeu do tecido da realidade e ela se sentou no ar de pernas cruzadas. A irmã mais velha de Cendi trajava uma camisola rosa bebê de malha fria com um detalhes em renda no decote. Mesmo estando translúcida, era possível notar o tom castanho de seu cabelo curto repicado que emoldurava seu rosto até metade da nuca. O tom café-com-leite de sua pele quase desaparecia naquela forma, mas era possível perceber ainda a presença de um número excessivo de pintas nas partes expostas. Seu rosto tinha forma de coração, e suas bochechas eram bastante salientes. Os lábios acastanhados eram bem desenhados, nem tão finos, nem tão grossos. E os olhos, de um castanho claro que lembrava mel, felizmente, eram bem visíveis... mas apenas em sua manifestação astral.

— Séfora, quantas vezes eu já falei pra você não fazer isso pra assustar os outros e se intrometer em conversa alheia!? – ralhou Minerva visivelmente irritada.

— Tá com bigodinho – disse Séfora apontando para a mãe e coçando a parte superior da boca. – E eu não vim aqui pra nada disso. Tô com sede e minha água acabou. Mas parece que meu timing foi perfeito, como sempre.

Minerva limpou a boca furiosamente com um braço, soltando um bufo em seguida.

— Onde tá o Maki que não foi levar mais água pra você?

Séfora inclinou o tronco na direção da mãe  e arregalou os olhos numa expressão de incredulidade.

— Cumprindo a sua ordem de limpar a oficina?

Minerva fechou os olhos devagar e soltou um longo suspiro. Aproveitando a distração da mãe, Cendi avançou até o sofá e pegou a caixa de brinquedos e seguiu decidida na direção do corredor. Entretanto, o movimento não passou despercebido.

— Ah-ah-ã – fez Minerva. – Pode voltar aqui que você vai levar a jarra pra sua irmã. E acha que eu esqueci que a senhorita saiu da rota usual sem me avisar antes?

Depois de um sermão de mais ou menos três minutos sobre medidas de segurança e as consequências de não toma-las, Cendi pegou a jarra cheia de água para levar para o quarto de Séfora. Uma profunda expressão de tédio com uma pitada de irritação vincou seu rosto enquanto ela subia as escadas. De súbito, ainda no meio do caminho, a forma astral da irmã voltou a se manifestar ao seu lado.

— Obrigada, Cendi. Você é um amorzinho. E, putz, como a mãe tá chata.

— Pois é – disse Cendi abrindo a porta do quarto. – Ela me manda fazer uma coisa e depois fica brava porque eu fiz.

O cômodo era relativamente grande, decorado com a cor dominante sendo creme e muitos detalhes em rosa e lilás. Entre muitas almofadas que abarrotavam a cama tipo solteirão, o corpo material de Séfora repousava tranquilo coberto até o pescoço por um lençol com estampa de dragões coloridos em diversos tons de rosa, roxo e amarelo. Cendi avançou até o criado-mudo e colocou a jarra com cuidado ao lado da que já estava vazia. Depois, sentou-se com delicadeza na beirada da cama enquanto Séfora flutuava no ar para parar sentada à sua esquerda.

— Como está se sentindo? – perguntou Cendi visivelmente preocupada.

— Bem. A sessão hoje me ajudou a recuperar um pouco mais da sensibilidade dos braços. Mas ainda não consigo mexê-los.

Cendi apertou os lábios e olhou para o chão. Séfora fitou o rosto da irmã com carinho.

— Fica tranquila. Eu vou ficar bem. Mamãe está trabalhando todos os dias em mim.

Cendi assentiu e sorriu para ela, que logo se empertigou no lugar, ensaiando um gesto para agarrar o braço da irmã, mas logo lembrando que estava em sua forma astral.

— Mas me conta! Quem é esse Peter? Faz uma semana que você tá indo na aula e nada tinha acontecido. Já estava entrando em pânico. Achei que ia acabar virando aquelas protagonistas de filmes adolescentes que não tem amigos... Bom pelo menos antes do filme começar.

Cendi fez que ia dar um tapinha na irmã, mas lembrou-se a tempo que aquilo não daria muito certo.

— Não é como se eu tivesse dificuldade em fazer amigos... – disse Cendi com uma risadinha. – Você sabe. É só que eu nunca tive muita chance pra fazer isso. E lugares com muita gente me deixam nervosa, então isso atrapalha.

— Eu sei, eu sei! – impacientou-se Séfora. – Mas foca aqui. Peter. Quem é ele? O que ele tem de tão especial pra você ter dado carona?

Cendi piscou devagar e olhou com cara de tédio para a irmã.

— Ai Deus, já sei que tipo de situação você está deduzindo que foi. Meu Deus, Sef, você só pensa nisso?

— Responde! – dessa vez, a garota se esqueceu completamente que estava intangível e deu um tapa em Cendi, que a atravessou gerando apenas uma sensação de uma corrente de vento batendo contra o braço da menina.

— O que ele tem de especial é que ele estava lá no ferro-velho dos Varletes que você sabe que é no meio do nada! – exclamou Cendi, exasperada. – Fora que não foi só ele que eu conheci hoje. Tem o Ned também. Que inclusive foi bem mais simpático que o Peter. Ele gosta de Power Rangers.

— Ah, meu Deus, duas criaturas morfologicamente nerds. Como ele é?

— Eu achei ele legal. E fofo.

— E o Peter?

— Misericórdia, Séfora. O Peter agiu meio estranho comigo no começo. Só lá no ferro-velho conversamos mais tranquilamente. Pensando bem, até que ele foi bem simpático lá...

— Por que você acha que ele estava agindo estranho no começo?

Cendi apertou os lábios de forma pensativa e olhou para cima, segurando o queixo com a mão direita. Sua mente repassou os acontecimentos do dia de trás pra frente, até chegar no momento em que Ned a cumprimentara em frente ao seu armário. Os olhos de Cendi, ainda castanhos por causa da lente de contato que esquecera de tirar, se arregalaram de um jeito um tanto sombrio, mas logo relaxaram para uma expressão soturna.

— O que foi? – perguntou Séfora, receosa.

Cendi ainda permaneceu em silêncio por quase um minuto antes de responder:

— Eu fiz a besteira de chamar o Stark de Tony na frente da turma durante uma palestra. Quando o Ned veio falar comigo, o Peter estava junto, e ele ficou curioso em saber se eu era relacionada com o Tony de alguma forma.

— Ai, Senhor – soprou Séfora.

— E eu inventei que tinha sido estagiária dele. Tudo bem que, na prática, isso é uma meia verdade, mas... O problema foi o que o Ned disse depois.

Séfora esperou com os olhos arregalados de expectativa.

— O Ned disse – Cendi falou cada palavra com cuidado, como se algo fosse explodir se errasse a tonalidade de uma sílaba. – Que o Peter era estagiário do Tony.


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Notas finais do capítulo

E aí seus lindos? Gostaram do cap? Fiz grande sim pra compensar a demora aushauhsahshauhsauh E OLHA Q EU FAÇO MAIS sou aloka dos cap grandes.
Muito, muito, muito obrigada a você, minha linda leitora, meu lindo leitor que não desistiu dessa autora tão instável e de rotina maluca. Espero que você se divirta da mesma forma que eu estou me divertindo ao desenvolver essa fic q tá ficando nos trinks *U* VC Q NÃO DESISTIU DE MIM MERECE TODO O AMOR DESSE PLANETA *eu tinha um meme perfeito pra colocar aqui aff*
Bom sobre o capítulo especial que eu ia postar, decidi postar ele junto com a fic, mas vai ser bem mais pra frente. Ele é um flashback importante e explica muita coisa (inclusive uma muito importante em específico que aconteceu entre a Cendi e o Tony) ENTÃO AGUARDEM MUAHAHAH altas revelações. Só pra vcs ficarem animados (ou não) até criptografia to aprendendo por causa dessa fanfic abençoada. ENTÃO VCS NÃO PERDEM POR ESPERAR SEUS MARAVILHOSOS E MARAVILHOSAS! Beijos da Nana-chan e vamo pro Making off!
MAKING OFF – CENDI DANUGAM
Bom, caso você tenha lido (e se lembre, que é a parte mais difícil), eu mencionei que a principal motivação para escrever essa fic era por causa da Cendi, uma personagem que eu havia criado e não tinha tido a oportunidade de usá-la, e ela estava fadada a ficar engavetada.
Isso aconteceu porque, originalmente, a Cendi foi criada para o universo de Boku no Hero Academia, e seu nome original é Hikari. Quem acompanha mais das minhas fanfics vai dar um gritinho agora (mentira vai nada) pq vai se lembrar que sim: a Hikari apareceu em muitas outras fanfics minhas de forma direta ou indireta. No total ela aparece em quatro, sem contar CR, mas em todas, ou ela está adulta, ou ela está muito criança ou ainda no seu conceito inicial. Eu queria muito desenvolvê-la como adolescente numa longfic intitulada Road to Hero, mas a proposta da história ficou tão alheia ao plot principal de BNHA que eu e uma amiga minha, que entraria com a Oc dela no projeto também, desistimos. Além disso, demorou muito pra eu lapidar completamente o conceito da personagem; eu precisei escrever uma shortfic de três capítulos pra isso. E aí vai uma DICA: a melhor forma de trabalhar CONCEITOS de personagem é escrevendo oneshots e shortfics sobre ele, principalmente relacionadas à sua “origem”. Funciona muito pra fanfics ou histórias que começam com o personagem meio que no meio do caminho, além de dar uma base do background do personagem para trabalhar a evolução pessoal dele e ganchos na história.
Mas agora vamos falar sobre a Cendi. Ela recebeu algumas modificações quando ela passou de Hikari para Cendi, mas muita coisa foi feita para manter a alma da personagem. Começando pelo nome, que tem mais ou menos o mesmo significado. Enquanto Hikari significa “luz”, Cendi significa “luminosidade”. O nome foi escolhido tanto por causa do cristal (quem em Hikari seria a Peculiaridade dela) quanto pela personalidade e a identidade de ambas como heroínas. O sobrenome esquisitíssimo q todo mundo deve ter ficado wtf veio na verdade de um dos sobrenomes de Hikari: Gandamu. Danugam é um anagrama de Gandamu, e Gandamu é a pronuncia em japonês da palavra Gundam. Pra quem não conhece, Mobile Suit Gundam é uma série clássica de animação japonesa que se iniciou em 1979 e gira em torno de pilotos de mechas gigantes. A referência ficou meio óbvia agora né? AHSAUHSUHA Bem, felizmente consegui encaixar o sobrenome de forma a não ficar tão estranho pelo fato de que, em CR, o sobrenome Danugam vem do pai, que é alienígena, enquanto em Hikari, ele vinha da mãe. Agora vocês devem estar se perguntando: e o segundo sobrenome de Cendi? É importante?
Importantíssimo, mas prefiro não revelar por agora porque, se eu tiver alguma leitora/leitor espertíneo que já manjou que todo nome meu tem uma razão, vai pegar um senhor spoiler (ou pelo menos vai começar a ter umas teorias bem doidas) se procurar sobre. Mas aí vai uma dica pros curiosos: o segundo sobrenome já apareceu em uma das minhas fanfics (a dica é obvia demais aff, se vcs olharem pra cara das minhas fanfics logo acham qual é).
No quesito personalidade, Cendi é digamos “mais caótica” que Hikari. Eu busquei representar isso através da mudança do corte de cabelo, enquanto Hikari usa um corte longbob reto, Cendi usa o mesmo corte, só que todo repicado. Além disso, ela possui menos conhecimento que Hikari na mesma idade, mas possui uma intuição mais afiada e um aprendizado mais rápido. Cendi é mais sociável que sua versão japonesa, e por isso tem maior necessidade de socialização. Em contra partida, tem mais dificuldade de fazê-lo AUHSAUHSAUHUH
Bom como já ficou muito grande, vou parar por aqui e trazer mais informações nos próximos capítulos *U* Muuuuuuuuito obrigada a você que leu até aqui seu maravilhoooso/ sua maravilhosa! Um beijão da Nana-chan e até a próxima!



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