Don't Remember escrita por eatalpaulaa


Capítulo 8
Calmaria em meio a tempestade




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E sinceramente eu estou ansioso para te conhecer novamente.
— Sasuke Uchiha”

Fiquei olhando para o celular por algum tempo, relendo aquelas palavras que pareciam ter um significado tão profundo...

Eu havia reencontrado Sasuke há menos de um dia, mas ele me hipnotizou na primeira vez em que meu nome saiu de seus lábios. Nossa ligação parecia ser muito forte, embora eu não conseguisse entender e lembrar o motivo disso.

Estar com ele foi diferente... Foi único. E eu nem sabia ao certo quem era Sasuke Uchiha... E Kami! Como eu queria descobrir, ou lembrar.

Por que? Por que eu não conseguia me lembrar dele? Parecia que ele havia sido uma parte boa da minha vida, mesmo assim, eu não conseguia me lembrar...

Maldito acidente! Maldita amnesia! Por que as coisas tinham que ser assim comigo? Por que eu não descobri isso antes...

As palavras de Sasuke rondaram minha cabeça novamente... Meus pais... Meus pais mentiram para mim o tempo todo. Eu precisei tanto deles, e o tempo todo eles estavam mentindo para mim.

Por que eu não podia ter o apoio verdadeiro dos meus pais desde o começo disso tudo... Por que eles me esconderam coisas assim?

Céus! Eles insistiam e insistiam em falar que eu não gostava de lá, que não tinha amigos... Por que eles fizeram isso comigo? Por que mentiram e me enganaram por todos esses anos? Por que eles simplesmente não me contavam a verdade? Sasuke... Hinata... Por que eles nunca mencionaram o nome deles para mim?

E se... E se eu tivesse me lembrado muito antes, caso eles não houvessem omitido todas essas informações? Eu poderia já saber de tudo! Saber quem eu era, e o que aconteceu...

Argh! Eu estava nervosa. Com raiva e medo ao mesmo tempo. Passei as mãos nervosamente por meus cabelos, e quando senti algo quente em meu rosto que reparei que estava chorando.

Eu me sentia enganada... No escuro. Fui colocada numa sala escura por meus próprios pais! Que direito eles tinham para fazer isso comigo? Eles sabiam o mal que estavam me causando? Eu não conseguia confiar em meus próprios pais!

Por anos eu ignorei isso e me convenci de que era melhor assim... Que era melhor eu não lembrar de nada, quando na verdade foram eles mesmos que me induziram a pensar que isso era o melhor para mim... Que bem isso me fez? Agora eu estou em meu quarto, com um buraco no coração e na mente...

Eu estava quebrada... Mas estava assim há muito tempo, eu apenas não conseguia enxergar claramente...

Foram acontecimentos demais para apenas um final de semana... Descobertas demais... Agora eu estava numa inconstância terrível.

As pessoas que poderiam me ajudar a lembrar quem eu era, ou mentiam para mim, ou estavam longe demais para me confortar e dizer tudo que eu gostaria de saber.

Sasuke... Estaria ele falando a verdade também? Balancei a cabeça para negar esse pensamento. Ele não poderia... Ele também não.

Eu vi em seus olhos... O que ele disse que verdadeiro... Mas estaria ele omitindo algo também? Assim como meus pais... Omitindo algo pensando que seria melhor para mim?

O telefone tocou, mas eu não tive vontade nenhuma de pegá-lo para ver quem seria... E se fossem meus pais? Como eu poderia falar com eles, agora que havia descoberto que eles me enganaram por tanto tempo?

Quando eu perguntei sobre a Hinata, era apenas uma suposição... Mas agora eu tinha certeza de algo que tinha acontecido comigo. Se eu perguntasse sobre Sasuke, eles teriam coragem de mentir novamente?

E se eu os confrontasse, eles revelariam tudo ou continuariam com seu discurso, dizendo que era melhor para mim não saber?

O telefone continuava a tocar ao meu lado, mas eu realmente não sabia o que fazer.

Como reagir diante uma situação dessas?

Quando eu estava com Sasuke, nenhum desses pensamentos rondou minha cabeça, mas agora eu estava infectada por eles.

O toque em meu celular cessou no mesmo momento em que alguém tocou a campainha. Suspirei pesadamente e passei as mãos pelo rosto.

Forcei minhas pernas a levantaram e segui em direção à entrada. Assim que cheguei próxima a porta ouvi a voz de Ino do outro lado.

— Testa! Eu sei que você está aí! Abra logo.

Abri a porta e assim que me viu o sorriso grande em seu rosto sumiu e a preocupação surgiu.

— Sakura, o que aconteceu?

Deixei ela entrar e me sentei no sofá, pegando uma almofada e colocando em meu colo.

— Eu nem sei por onde começar... – falei sem animo algum na voz.

Não sabia se seria bom tentar expressar tudo que eu estava sentindo, mas sabia que Ino não sairia do meu lado quando eu estava nesse estado. Ela se sentou ao meu lado e ficou me observando atentamente.

Contei para ela tudo que Sasuke havia dito durante nosso café. Contei todas as reações que tive ao ficar próxima a ele, como me senti...

— Nossa, realmente esse encontro de vocês foi bem intenso... – ela disse enquanto olhava para frente – Mas afinal, o que te deixou assim?

Apertei a almofada em minhas mãos e fechei os olhos.

— Ele conhecia meus pais... – abri os olhos e vi a compreensão de toda a situação passar por seus olhos – Eles mentiram para mim todo esse tempo Ino...

— Eu... Eu nem sei o que dizer Saky... – ela apertou minha mão na sua – Você já sabe o que fazer? Vai confrontá-los?

Me recostei mais no sofá e olhei para cima.

Agora que tinha companhia meus pensamentos estavam um pouco mais controlados. A presença de Ino me dava forças para não surtar novamente. Mas eu ainda não sabia como agir... Seria melhor confrontá-los diretamente? Falando que eu sabia das mentiras, e exigindo toda a verdade? Eu estaria pronta para fazer isso?

Eu conseguiria olhar para eles e ser forte? Descobrir a mentira deles havia me magoado tanto... Embora eu quisesse saber toda a verdade, não saberia dizer se era uma boa ideia encontra-los agora.

E se eles contassem mais mentiras?

— Ei. – Ino me chamou – Não fique colocando tanta pressão assim sob si mesma. Você recebeu muita informação de uma vez só para processar, é normal surtar um pouco. Talvez seja melhor você tirar um tempo para pensar... Quem sabe não ir em outra sessão com meu pai antes de confrontar seus pais? – ela sorriu para me passar apoio – Você pode pedir algumas dicas para ele, de como deve abordar esse assunto... Já que nós sabemos que você normalmente sofre algum desmaio com essas descobertas, acredito que você precise estar bem preparada para isso, não é mesmo?

Passei a mão no rosto novamente, para limpar qualquer vestígio das lagrimas e tentei sorrir de volta para Ino.

— Você está certa... Eu estou uma confusão, não seria bom receber mais lembranças nesse meu estado...

— Não se preocupe, vai dar tudo certo Saky. Agora, o que você acha de fazermos algo para comer?

Olhei o relógio da sala e notei que já se passava da hora do almoço. Eu havia ficado tão perdida em toda a confusão que não tinha visto o tempo passar.

— Você não comeu ainda? – perguntei com o cenho franzido.

— Meu bem, eu acordei agora pouco! – ela falou rindo – E dai fiquei com preguiça de fazer algo...

— E veio aqui para ver se eu tinha feito algo...

— Não é bem assim...

Levantei uma sobrancelha para ela e ela suspirou derrotada.

— Tudo bem, eu queria comida pronta.

Rimos juntas de sua atitude e seguimos para a cozinha preparar algo rápido para comermos.

Ino tentou me distrair e puxou outros assuntos, para que eu não ficasse imersa em algo ruim. Ela realmente era uma ótima amiga.

Quando já estávamos quase terminando de comer, meu celular apitou indicando o recebimento de uma nova mensagem. Achei melhor não olhar, pois estava prevendo que uma hora ou outra seria algo de minha mãe, e ainda não me sentia preparada para falar com ela.

— Eu posso...?

Dei de ombros e Ino se levantou para pegar meu celular. Ela leu a mensagem e logo me olhou com um sorriso debochado no rosto.

— O que foi? – perguntei tomando um gole de refrigerante.

— Esqueci de dizer... – ela engrossou um pouco a voz enquanto falava – Foi ótimo ter sua companhia durante o café.

Quase cuspi todo o refrigerante quando identifiquei de quem era a mensagem. Levantei correndo para pegar meu celular e Ino entregou-o enquanto se contorcia de rir.

— Você está vermelha igual um pimentão! – ela se sentou novamente e fingiu limpar lágrimas do rosto – Ah, esse Uchiha mexeu mesmo com você ein Testa.

Olhei feio para ela e me neguei a fazer algum comentário. Li a mensagem e quando Ino voltou a rir reparei que havia surgido um sorriso em meus lábios sem nem mesmo perceber.

— Você já pode ir para casa Ino! – falei sentindo meu rosto queimar de vergonha da situação.

— Ah claro, agora que eu já te ajudei, já comemos, você vai me abandonar para falar com o ex-namorado bonitão... Estou até vendo, vai me abandonar por causa desse...

— Ino!

— Não está mais aqui quem falou. – ela mostrou a língua e recolheu as coisas da mesa – Só para você aprender a não me expulsar assim, vou deixar toda a louça para você lavar.

Revirei os olhos e a levei até a porta.

— Obrigada Ino, tchau Ino.

Ela saiu rindo e eu fechei a porta com um suspiro.

O dia havia sido muito conturbado, mas a loira havia me ajudado muito afinal.

Peguei o celular e fiquei pensando em como responder Sasuke...

Antes que eu me decidisse, surgiu uma ligação dele mesmo na tela...

Atendi no segundo toque e senti o coração palpitar em meu peito.

— Olá. – disse com a voz mais firme que eu conseguia.

— Sakura. – ele disse com um tom de voz calmo – Espero não estar atrapalhando...

— Não, não! – me apressei em dizer e logo me repreendi mentalmente – Já chegou em casa?

Reparei que eu sequer sabia se ele morava muito longe ou perto daqui.

— Faz algum tempo... A viagem de Suna até Konoha é de duas horas somente.

Então ele morava em Suna!

— Fico feliz que você já tenha chego... – limpei a garganta enquanto me jogava no sofá – E... Eu também gostei muito do nosso café...

— Foi muito agradável passar um tempo com você... Embora eu ache que você não perguntou tudo que queria...

Lembrei de todos os pensamentos e a confusão em que eu estava, e achei melhor não entrar nesse assunto com ele por enquanto.

— Não se preocupe... – mordi o lábio – Na verdade eu fiquei um pouco triste por não saber quase nada sobre você.

Ele riu do outro lado da linha.

— Você sabe que eu gosto de café sem açúcar. E eu aposto que você está fazendo uma careta agora lembrando disso.

— Pois você está muito certo. – a careta foi transformada em um pequeno sorriso – Café sem açúcar é horrível! Não sei como você toma aquilo...

— Você se acostuma depois de um tempo, você deveria experimentar...

— Não, muito obrigada. – ri de leve – Mas eu ainda gostaria de saber mais coisas...

— Eu posso providenciar outro café para discutirmos sobre isso.

— Se for um café com açúcar, eu estou à disposição.

— Então está combinado. – por seu tom de voz, eu conseguia ter certeza que ele estava com o sorriso torto nos lábios.  – Bom, eu não quero ficar atrapalhando o resto do seu domingo, liguei apenas para reforçar o conteúdo da minha mensagem... Eu quero ser seu amigo novamente Sakura.

Meu interior se remexeu com suas palavras, e o peito foi preenchido por um sentimento bom, que trazia calor a todo o meu corpo. O meu nome era pronunciado com carinho por ele, e eu já estava me acostumando a isso.

— Eu também quero Sasuke.

— Agora posso dormir bem. – riu baixinho – Tenho que estar no hospital muito cedo, embora eu prefira conversar com você, preciso muito descansar.

— Tudo bem, bom descanso Sasuke.

— Até mais Sakura.

Fiquei segurando o celular em minhas mãos com o mesmo sorriso nos lábios.

Como ele conseguia esse efeito sobre mim? Como ele conseguia ser a calmaria em meio a tempestade em que eu me encontrava?

Após a ligação com Sasuke, meus pensamentos não ficaram mais tão conturbados quanto antes. Ino havia me mandado uma mensagem informando que seu pai tinha um horário para mim amanhã e eu não fiquei tão ansiosa.

Deixaria para lidar com os problemas depois. Eu poderia lidar com essa situação, já estava lidando com as lembranças me afetando... Não seria isso que me derrubaria não é mesmo?


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