Don't Remember escrita por eatalpaulaa


Capítulo 3
Eu vou lembrar


Notas iniciais do capítulo

oláaaa, estou de volta com mais um cap, espero que gostem!



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Ao passo que minha consciência voltava, eu ouvia vozes que pareciam distantes e que começavam a ficar mais próximas.

— Ela está gravida? – consegui distinguir a voz de Naruto.

— Não! – Ino respondeu rindo – Sem chances mesmo...

Se eu já tivesse algum controle sobre mim teria matado ela, mas minha consciência ainda estava voltando aos poucos, assim como meus movimentos.

Minha cabeça parecia que iria explodir, e minha mente estava cheia de fragmentos de memória que eu não fazia a mínima ideia de quando eram.  

Quando finalmente consegui abrir meus olhos, reparei que eu estava no sofá da casa do Naruto, e ele e Ino estavam em cima de mim.

— Olha, ela acordou! – Naruto respirou aliviado – Por favor Sakura-chan, diga que não foi minha comida que fez você passar mal!

Encontrei forças para dar uma mínima risada e balancei a cabeça levemente.

— Não Naruto, não foi sua comida, não se preocupe. – tentei me sentar lentamente e coloquei ambas as mãos na cabeça.

— Você está bem? – Ino se abaixou ao meu lado colocando a mão em meu joelho – Quer que a gente te leve no hospital?

— Não precisa. – sorri para ela – Não sei o que causou o desmaio, mas agora estou só com dor de cabeça. Com certeza descansar vai resolver.

Ela continuou me olhando com preocupação.

— Você quase nunca passa mal, isso é muito estranho Testa.

— Não se preocupem, deve ter sido por causa do esforço da mudança. Eu vou para casa descansar e amanhã estarei perfeita, vocês vão ver.

Com um pouco de insistência consegui convencê-los de que eu não precisava ir ao hospital, então eles apenas me acompanharam até em casa.

Me fizeram prometer avisá-los caso eu sentisse algum mal estar, e Ino foi ajudar Naruto a arrumar as ultimas coisas que faltavam em seu apartamento.

Tranquei a porta da entrada e fui direto para o meu quarto. Minha cabeça ainda doía bastante, e eu estava muito confusa com o que havia acontecido.

Deitei na cama e fitei o teto por um tempo.

Afinal, o que aconteceu? Que lembrança era aquela?

Fechei os olhos me esforçando para manter viva em minha mente todas as informações possíveis. Eu não me recordava do corredor daquele colégio, mas deveria ser o colégio onde eu cursei o ensino médio.

E aquela menina... Hinata Hyuga? Quem era ela? Seria alguma amiga daquela época?

Senti uma nova pontada forte na cabeça.

Era sempre assim, se eu me esforçasse para lembrar de algo, surgia um bloqueio em minha mente, como se não fosse para eu lembrar.

Nos meses seguintes ao acidente, eu tentava com todas as minhas forças lembrar de tudo que havia esquecido, mas era impossível. A dor era muito grande e no começo haviam muitos desmaios.

Meus pais pareciam decepcionados comigo, provavelmente porque eu não me lembrava de nada. Fugiam das minhas perguntas e nunca falaram se algum amigo entrou em contato.

Minha mãe sempre falava que eu vivia reclamando da cidade, que eu não havia feito muitos amigos e que queria me mudar de lá o quanto antes.

Não havia como eu saber se era verdade ou não, mas sempre acreditei que meus pais diriam tudo que sabiam, certo?

Balancei a cabeça como se pudesse espantar os pensamentos de minha cabeça. Porque isso estava acontecendo agora?

Se passaram dez anos...

Eu não preciso mais dessa época da minha vida... Ou será que preciso?

O que havia acontecido de tão grave para que minha mente achasse melhor apagar tudo?

A conhecida sensação no meu peito começou a surgir.

Era algo próximo de agonia, um sofrimento sem tamanho surgia em mim.

Procurei meu celular rapidamente e liguei para Ino.

— Saky? – ela atendeu no segundo toque – Está se sentindo mal novamente?

— Onde você está? – minha voz parecia estar presa na garganta.

— Acabei de voltar para casa, estou indo aí já!

Assim que ela desligou fui em direção a porta e a abri.

Quando ela chegou, a abracei e comecei a chorar em seu ombro.

Eu não sabia porque estava chorando, mas eu precisava tanto chorar.

Aquele sentimento no meu peito crescia rápido demais, e eu nem sabia o motivo.

Ino tentava me acalmar, mas eu já não conseguia distinguir muito bem o que estava acontecendo.

Parecia que ela havia fechado a porta e me levava de volta ao quarto.

Senti o colchão macio embaixo de mim, mas a única coisa que eu conseguia pronunciar eram soluços altos devido ao choro.

Era como se meu peito estivesse estilhaçado, mas eu não sabia como isso havia acontecido.

Por que? O que me causou tanto sofrimento?

~

Ao abrir os olhos no dia seguinte minha mente já estava povoada por coisas ruins.

No dia anterior, após a crise de choro, eu não conseguia falar nada. Ino me levou para o meu quarto e me obrigou a tentar dormir. Ficou comigo até que eu caísse no sono, mas nenhuma palavra saia de minha boca. Minha garganta estava fechada por um nó de angustia que eu preferia não pensar sobre.

Balancei a cabeça e me levantei, seguindo o cheiro de café que chegava até o quarto.

Na cozinha Ino fazia meu café da manhã, porém, ao me ver seu rosto foi tomado por um semblante preocupado.

— Por favor sente-se, coma, e vamos conversar.

Ino nunca soube sobre minha perda de memória. Sempre fugi das perguntas sobre ensino médio e ela nunca insistia muito, uma vez que falava mais sobre si mesma nesses momentos.

Entenda, falar “olha, eu tive amnesia dissociativa após um acidente e esqueci todo o ensino médio” não é assim tão fácil.

As pessoas já começam “nossa, mas você não lembra de nada mesmo?”, e isso é horrível! É obvio que eu não lembro! Qual parte da “amnesia” você não entendeu?

A frustação causada por isso nunca vale a pena, por isso eu omito essa informação o máximo que posso sempre. Embora Ino seja uma ótima amiga, nunca vi motivos para lhe contar sobre isso, uma vez que eu mesma não me incomodava mais com o pedaço em branco da minha vida.

Me sentei e ela colocou uma xicara em minha frente. Fiquei observando o liquido quente enquanto pensava em como começar o assunto que eu odeio há dez anos.

— Primeiramente, Ino, por favor me desculpe. – ela já estava sentada à minha frente e franziu o cenho, mas estranhamente apenas esperou que eu continuasse – Ontem eu não tive apenas um simples desmaio... Na verdade, eu nem sei o que aconteceu direito.

Balancei a cabeça percebendo que eu havia começado errado. Segurei a xicara com ambas as mãos e olhei para ela.

— Dez anos atrás, eu sofri um acidente de carro. Tive alguns ossos quebrados, uma pancada na cabeça, mas isso não foi o pior. – suspirei e voltei a olhar para baixo – Eu tive amnesia dissociativa, isso quer dizer...

Olhei para cima novamente quando iria explicar, mas ela me olhava com compreensão e me cortou dizendo:

— Que você perdeu a memoria de um certo período, provavelmente porque houve algum trauma relacionado a ele.

Foi minha vez de franzir o cenho e ela riu antes de continuar.

— Meu pai é terapeuta, e ele é especialista em amnesia, conheço todos os tipos... – ela balançou a cabeça, mas logo voltou a me encarar – Mas, por que nunca me disse nada Sakura?

— Eu... Não é um assunto dos mais divertidos... E as pessoas sempre mudavam comigo após saber, como se fosse um grande problema. Não é todo mundo que não se lembra de nada do ensino médio...

— Nossa. – agora sim ela parecia surpresa – Foram três anos que você esqueceu? – eu concordei e ela colocou a mão no queixo – Casos de amnesia dissociativa são muito comuns, mas nunca de um período tão grande... E quanto você já se lembra desse período?

— Bom... – limpei a garganta e continuei – Até ontem, eu não me lembrava de nada. – a Yamanaka arregalou os olhos pra mim.

— Nada? Dez anos depois e você ainda não se lembra de nada?

— É, mais ou menos... Após Naruto falar o nome da namorada dele, eu lembrei de uma menina com o mesmo nome, que eu conheci no ensino médio...

— E aí você desmaiou...

Ela completou minha fala e ficou olhando para um ponto fixo na parede.

Tomei minha bebida enquanto ela parecia refletir sobre tudo. Suspirei e terminei o que tinha que falar.

— Eu sinto muito por nunca ter te falado, de verdade. Por favor não pense que eu não te considero o suficiente, porque é muito pelo contrário... Eu apenas...

Ino colocou a mão sobre a minha e me ofereceu um sorriso.

— Não se preocupe Testa, eu entendo. Não é um assunto muito bom de se falar, mas eu poderia ter te ajudado antes.

— Ajudado como? – perguntei com curiosidade.

— Você poderia ter algumas consultas com o meu pai. É muito incomum o que você teve. O período esquecido foi grande, e somente uma década depois você foi se lembrar de algo... Ele pode te ajudar a entender o motivo disso ter acontecido, e te ajudar a se lembrar das outras coisas também.

Me remexi inquieta na cadeira.

— Eu não sei... Eu sinto que não deveria lembrar sabe? Eu fazia terapia no começo... E eu sempre saia de lá com dores fortíssimas de cabeça, sem falar no aperto no peito...

— Foi por isso que você chorou ontem?

Passei as mãos no rosto em sinal de frustração.

— Sinceramente, eu não sei porque chorei ontem. Eu estava com um sentimento horrível no peito, e do nada, comecei a chorar.

— Isso é realmente muito estranho. Mas, se quiser ir a fundo, eu posso falar com meu pai.

O dilema novamente estava me rondando. Eu queria passar por tudo aquilo de novo? As dores de cabeça, a angustia no peito, os desmaios...

Uma parte de mim queria fugir daquilo, não queria saber o que quer que tenha acontecido. Mas a outra parte queria muito entender o que aconteceu, queria preencher as paginas em branco do diário.

Qual parte era mais forte? E se o que eu lembrasse mudasse quem eu sou hoje? Eu queria isso? Eu já estava tão bem assim... Mas por outro lado, eu já estava cansada de fugir disso tudo. Talvez tenha chego a hora de enfrentar tudo de frente, descobrir quem eu era naquela época.

Era isso. Não importa o quão difícil seja, eu vou lembrar.

— Vou aceitar Ino, vou até o final disso agora, até lembrar de tudo. Chega de não saber sobre meu próprio passado.

Ino bateu palmas animada.

— Ótimo! Vou mandar mensagem para o meu pai hoje mesmo, tomara que amanhã mesmo ele consiga te atender. – de repente ela ficou mais seria e me olhou intensamente – Seja o que for que você tenha passado, eu estou aqui pra você okey?

— Obrigada Ino. – sorrimos com cumplicidade uma para a outra.

~

Após o café, Ino me ajudou a fazer algumas mudanças nos moveis. Claro que as mudanças foram impostas por ela mesma. Somente quando tudo ficou “aceitável” ela foi para seu próprio apartamento.

Havia prometido que iria ate a casa dos meus pais almoçar, e já estava me arrependendo. Com as turbulências do dia anterior, e provavelmente do próximo dia também, eu só queria ficar em casa. Sabendo que dona Mebuki viria aqui me buscar caso eu não aparecesse, me arrumei e fui de carro até a casa deles.

Comecei a pensar nas informações que meus pais me deram, sobre o período que eu havia esquecido, e me toquei de que eles sempre davam respostas evasivas e rápidas, nunca se aprofundavam no assunto. Quando desisti de ir na terapia, eles me apoiaram e disseram que seria melhor assim, mas por que?

Entrei em casa decidida a tirar algumas respostas deles, e esperando que não fosse difícil.

Ambos demonstraram estar tristes por minha saída ainda, e perguntavam o que eu havia feito ontem e se não estava arrependida. Evitei falar sobre Naruto, sabendo que teria mais uma dor de cabeça caso entrasse nesse assunto.

Quando estávamos à mesa prontos para comer, resolvi começar a extrair as informações.

— Mãe... Pai... Quando eu estava no ensino médio, tinha alguma amiga que me visitasse sempre?

Ambos se olharam apreensivos antes de olharem para mim tentando disfarçar. Como eu nunca havia percebido isso antes?

— Ahn... – meu pai limpou a garganta – Por que esse assunto agora minha filha? Depois de tantos anos...

— Exato! Dez anos depois... Achei que já tinha desistido de lembrar de algo. – minha mãe falou rapidamente enquanto se servia.

— Ah... A Ino me perguntou sobre isso, e fiquei tentando lembrar... Acho que acabei lembrando de uma menina, de cabelos negros...

Minha mãe deixou cair o garfo na mesa e logo se recompôs.

— Acredito que você esteja confundindo com alguém Sakura. – ela disse firme voltando a comer – Não tinha nenhuma amiga que nos visitasse. Eu já disse, você sempre reclamava que não tinha amigos. Mas não vamos remexer nisso agora, certo?

Voltei para minha casa ainda mais apreensiva. Meus pais sempre foram compreensivos e tranquilos, porque não me contariam sobre o que aconteceu na época do acidente?

Será que eu os havia decepcionado? Feito algo que os prejudicasse?

Por que eles não queriam que eu lembrasse?

Eu sei que antes dessa época, meu relacionamento com eles era ótimo, o que havia acontecido afinal?

~

Foi difícil dormir nesse dia. Minha cabeça não parava de pensar nos motivos que haviam me levado a ter amnesia. Mas eu ainda não conseguia me lembrar de nada.

Ino havia me avisado que seu pai tinha um horário para mim, o que me deixou apenas mais apreensiva.

Será que eu conseguiria lembrar de algo?

O dia seguinte foi ainda mais torturante. Por sorte não havia muita coisa para Ino e eu fazermos. Tsunade não estava por lá, e Ino a todo momento ficava me falando que tudo daria certo.

Após o que pareceu uma eternidade, fui em direção ao consultório do Dr Inoichi Yamanaka.

Minhas mãos tremiam e em meu peito surgia a conhecida angustia.

— Sakura, olá.

Ele me cumprimentou alegremente enquanto me conduzia para sua sala. Nos sentamos e ele pediu que eu explicasse o que eu lembrava, e o que haviam me contato.

Relatei o acidente, o período de recuperação, as sessões de terapia, como segui em frente ignorando o que havia acontecido, o comportamento dos meus pais e o que havia acontecido na casa de Naruto.

Quando terminei, ele ficou quieto pensativo por um momento.

— Bom Sakura, podemos tentar alguns métodos para fazer com que você comece a lembrar. Devo alertá-la de que não será fácil. As dores de cabeça serão piores, assim como a angustia e será fácil haver algum desmaio. Mas tudo é necessário caso você queira ir até o final.

Com as mãos firmes em meu colo, e o pensamento decidido, respondi.

— Vamos até o final por favor, dessa vez eu quero me lembrar de tudo. Eu vou lembrar.


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Notas finais do capítulo

aiaiai, será que a Saky vai conseguir lembrar de mais alguma coisa? :S
quem aí já está sentindo falta do Sasuke? :O
me conteeem o que acharam por favor, e até domingo que vem ♥



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