A Prima Piriguete escrita por ArnaldoBBMarques


Capítulo 18
Justiça




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Carla estava sentada ao fundo, em uma cadeira, enquanto Paulo e a mãe sentavam-se na cama, defronte a ela. Na porta, dava para ver Luana espiando. Muito séria, a mãe dirigiu-se a Carla:

— Carla, eu queria que você confirmasse com suas palavras aquilo que o Paulo disse.

A adolescente cruzou os pés, nervosa, olhou para baixo e respondeu:

— Foi aquilo, tia... eu chamei o Júlio para vir aqui... e a gente estava transando... mas ele estava de camisinha, sim!

Mas você só tem 16 anos, minha filha, você ainda não está autorizada a transar. O que eu devo falar a sua mãe?

Carla baixou novamente os olhos, e não respondeu. A mãe prosseguiu:

— Você sabia que não estava autorizada a transar aqui na minha casa, por que desobedeceu?

— Ai tia... desculpa... mas eu estava com muito tesão...

— Então você deixou o tesão te dominar. O seu problema é esse: você não se controla. Você viu o que quase te aconteceu da última vez, não foi? E não aprendeu a lição?

— Mas é que o Júlio é diferente, tia! No Júlio eu confio! Ele nunca vai me fazer nada de mal!

— Eu sei, minha filha, não pense que eu não estou levando isso em conta. E você está diferente também, não pense que eu não notei isso. Você está mudando. Mas ainda se deixa dominar pelo tesão. Da última vez, eu castiguei você com uma surra. E dessa vez, que castigo eu devo te dar?

Paulo viu como os dedos dela se crisparam e ela meteu a unha na palma da mão. Piscou três vezes, mas o tom saiu resoluto quando respondeu:

— Ai tia, eu não queria levar outra surra não! Mas se a mamãe mandar a senhora...

— Minha filha, a sua mãe me deu autonomia para te castigar e resolver qual vai ser o castigo! Sou eu que decido. E eu decidi o seguinte: levando em conta que você está mudando, e que o Júlio é um rapaz direito, o seu castigo vai ser não falar com ele até que ele venha aqui conversar comigo! Estamos entendidas?

Paulo viu como o rosto de Carla se iluminou. Em seguida a mãe fez uma longa preleção sobre os cuidados que ela deveria tomar, e concluiu:

Agora, você vai ficar um tempo aí para pensar no que fez. E você, Paulo, vem comigo!

Cruzaram na porta com Luana que se retirou sem falar com eles. A mãe levou-o para o quarto dele, e após sentarem-se ambos, iniciou a conversa:

— Eu queria que você me contasse direitinho como foi que você fez com a sua namorada!

Paulo narrou tudo em detalhes, ressaltando que usara camisinha e tomara todos os cuidados de que tinha conhecimento. A mãe escutou satisfeita, e deu-lhe vários conselhos. Ao sair, Paulo sentia-se plenamente bem sucedido e merecedor da confiança da mãe, mas tinha certeza de que as coisas não se teriam passado tão bem se ele não houvesse admitido de saída que também tivera relações com a namorada. Tudo parecia perfeito, não fosse a discussão de Luana com a mãe.

— Eu vou poder sair esse final de semana?

— Já disse que não, e você sabe o motivo, minha filha.

— Eu sabia que você ia dizer isso! Porra mãe, para a Carla, em vez de você dar uma surra, você só deixa no quarto, e para mim, o castigo continua!

— Olha o respeito! Nós já conversamos sobre isso, e você sabe porque você ainda está de castigo!

— RESPEITO NADA! VOCÊ É INJUSTA! QUER APOSTAR QUE SEMANA QUE VEM A CARLA JÁ VAI ESTAR SAINDO, E EU CONTINUO PRESA?

— Ah, eu sou injusta? Então eu vou fazer uma coisa justa com você, agora! Vai já para o quarto, e deita na cama!

Da cozinha, Paulo escutava e admirava-se de como a mãe sempre tinha as palavras certas e as atitudes cuidadosamente calculadas para cada ocasião. Gostou de escutar como a voz irritante de Luana subitamente tornou-se chorosa.

— Ah não, mãe!

— Ué, você não achava certo eu dar uma surra na Carla? Então quem vai apanhar é você! Anda, anda!

Em meio a mais alguns lamentos de Luana, Paulo escutou os passos de mãe e filha rumo ao quarto. Logo em seguida, seus ouvidos se encheram do estalar ritmado da cinta. Pela porta entreaberta, viu as nádegas brancas da irmã debruçada na cama, calças descidas, o cinto caindo de um lado, depois de outro. Sentia que naquela dia, a justiça estava sendo feita.


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