A Prima Piriguete escrita por ArnaldoBBMarques


Capítulo 19
Família Feliz




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Sentados lado a lado na cadeira de balanço da varanda da casa de Virgínia, Paulo e a namorada trocavam beijinhos e conversavam em sussurros. O cantar dos pássaros no jardim dava o clima ideal, mas Paulo não escondia certa preocupação quanto ao diálogo que teriam dali a pouco.

— Se preocupa não, eu já expliquei tudo para a mamãe e ela aceitou numa boa.

— HAHA e eu estou preocupada? Você que está muito impressionado, garoto. Sossega!

Paulo tranquilizou-se. Estava preocupado não por ele, mas pela namorada, mas vendo-a tão confiante, concluiu que não havia motivo para ficar imaginando coisas. Sua preocupação agora era outra. Relutou um pouco, mas soltou a pergunta.

— Escuta... e os seus pais, não vão querer me chamar para uma conversa?

— HAHA tem perigo não! A minha mãe sabe que eu transo, eu nunca escondi nada dela! E ela me dá conselhos e explica tudo direitinho, ela sempre disse que melhor é aprender em casa do que na rua. E depois, o seu cartaz está alto, tanto o meu pai quanto a minha mãe adoram você!

Paulo sossegou de vez e se concentrou nos beijos e no canto dos pássaros. Admirou a atitude aberta da mãe de Virgínia com a filha em relação ao sexo, e uma ideia veio de repente em sua cabeça: não terá sido pela falta de uma orientação assim que Carla se tornou piriguete? Lembrou-se de tia Francisca, que sempre fora muito ignorante e conservadora, isso fez com que Carla visse no sexo uma ação transgressora, de rebeldia, diferente da naturalidade de Virgínia. Assim, tanto uma quanto a outra transavam, mas só uma era piriguete.

De um lado, mãos dadas, sentavam Júlio e Carla, e do outro, muito sérios, estavam Paulo e Virgínia. Ao centro, alternando o olhar entre os dois casais, a mãe discorria sobre os riscos do sexo prematuro e a maneira certa de faze-lo. Paulo tinha a impressão de já haver assimilado bem aqueles conselhos. Ao final, dirigiu-se a Júlio e Carla:

— Eu sei que vocês são jovens e os hormônios estão fervendo, mas a Carla tem só 16 anos e está sob a minha responsabilidade aqui, a mãe dela não autorizou a ela ter vida sexual, nem eu acho conveniente nessa idade, diferente de você, Júlio, que já é um rapaz mais velho!

— Foi mau - respondeu Júlio - se a senhora diz que não pode, não vai acontecer de novo. Mas eu usei camisinha e tomei todas as preocupações, como eu já falei para a senhora.

— Então eu vou confiar em você, meu filho. Você e a Carla podem sair, desde que obedeçam as minha regras e fiquem direitinho!

Paulo viu o rosto de Carla se iluminar. A mãe sorriu e completou:

— E toma conta dela, viu? Como eu disse, não é para ter sexo, mas se tiver, sigam todas as precauções que eu falei!

As últimas palavras foram ditas com o tom irônico de quem sabe que é fútil pretender que os jovens vão resistir ao chamado da natureza. Júlio e Carla entenderam o recado e riram. A mãe virou-se para Paulo.

— E você, meu filho, escutou direitinho tudo o que eu disse, não foi? Eu não quero ser avó antes do tempo!

— Pode deixar, eu tomo conta dele! - Respondeu Virgínia.

Novas risadas e o clima ficou bem descontraído. A mãe foi servir um lanche, e todos puseram-se a conversar sobre todos os assuntos. Luana chegou e entrou na conversa. Depois da surra, ela não tinha mais a antipatia e o tom azedo de antes, o ambiente havia se desanuviado. Júlio falou de uma festa que haveria sábado em um clube novo que não conheciam, e convidou todos para irem. Paulo e Virgínia concordaram, animados. Olhar ansioso, Luana aproximou-se da mãe.

— Mãe, eu posso ir?

— Pode, minha filha, eu já não disse que o seu castigo termina esse fim de semana? Só não vai se desobedecer de novo!

Luana saiu dando pulinhos de alegria pela sala. Paulo agora tinha certeza: formavam uma família feliz.


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