Assim que terminou de escrever seu relatório, Catherine o deixou na mesa de Grissom e foi para o locker. Chegando lá, pegou uma roupa limpa em seu armário e foi para o chuveiro. Não demorou muito no banho. Sua ansiedade estava a mil, não via a hora de chegar ao hospital. Dez minutos depois, já vestida e com os cabelos presos em um rabo de cavalo, ela guardou suas coisas no armário, pegou sua jaqueta e a bolsa e saiu.

Por sorte tinha conseguido sair do laboratório antes do horário de pico, por conta disso já estava quase chegando. Enquanto esperava o sinal vermelho abrir, ela apoiou o braço na janela do carro e suspirou, pensou nas vezes em Warrick esteve ao seu lado, a ajudando, protegendo ou dando conselhos. Nunca ia se esquecer do caso em que foi atacada por um suspeito, que se escondeu na cena do crime. Rick não só a salvou como fez de tudo para fazê-la se sentir protegida, se lembrou do sequestro de Lindsey, ela estava uma pilha de nervos, mas agradecida por ele estar cuidando do caso e, mais uma vez, tentando acalmá-la, pensou em todos eles juntos na lanchonete, felizes, ela se despedindo dele com um beijo no rosto...até Nick lhe dar aquela notícia, que quase a fez desmaiar. Catherine foi tirada de seu devaneio quando ouviu os carros de trás buzinando, ela endireitou o corpo e acelerou seguindo seu rumo.

                      …

No laboratório, Gil andava pelo corredor quando viu Sara caminhar em sua direção.

— Há algo que precisa ver. - disse ela com um envelope pardo nas mãos.

— Vai ter que esperar. Eu estou indo para o hospital.

— Não pode esperar.

Grissom a encarou com uma sobrancelha erguida e ambos foram para sua sala, no camimho Sara explicou que no envelope havia algo pessoal de Warrick,  por isso achou melhor não vê-lo na sala de áudio e vídeo, ele a observou tirar do envelope um DVD e o inseriu no aparelho, a imagem de Warrick apareceu na tela. Sara deu play na gravação.

— O que o faz pensar que será um bom pai? - uma mulher o perguntou. - Foi criado pelo seu avô nunca conheceu seu pai biológico...

— Que é exatamente o porquê Eli precisa conhecer o dele. - ele respondeu a mulher que não aparecia na imagem. - O mais importante para criar uma criança é saber como dar amor a ela. E eu tenho amado. Eu sempre tentei ser um bom homem, mas já pisei na bola. E, quando pisei, sempre teve um homem para me ajudar. Aprendi muito com ele. Como ser justo, como perdoar, como inspirar os outros...

Nessa hora Sara olhou para Gil, que estava visivelmente emocionado com as palavras de Warrick que obviamente eram direcionadas à ele.

— Parece uma pessoa especial.

—  Ele é.

Por um breve momento, Rick olhou para a câmera, foi como se ele olhasse para Grissom, que sentiu seu coração disparar.

— Se eu pudesse ter escolhido meu pai, seria ele.

O vídeo chegou ao fim. Gil ficou olhando para a imagem de Warrick congelada na tela por alguns segundos até se virar e sair dali. Sara foi atrás dele.

Gil entrou em sua sala sentou-se em uma cadeira e Sara em outra, de frente para ele.

Ele estava com o olhar distante, pensativo. Foi pego de surpresa com as palavras de Warrick. Sempre o teve como um filho, sentia responsabilidade de guiá-lo e protegê-lo. Não imaginava ouvir o que ouviu. Saber que Rick o tinha como um pai mexeu muito com ele.

— Ele não queria ir,  Sara. –  sua voz não passava de um sussurro.

— Conte-me. - ela pediu com a voz baixa.

— Eu o estava segurando...Deus, eu pude sentir sua vida, acho que, eu pensei, que se eu pudesse segurá-lo forte o bastante, ele ficaria bem.

Sara se inclinou e segurou sua mão.

— Sabe que não existia outro lugar no mundo em que ele gostaria de estar. Ele te ama. - disse ela emocionada, seus olhos estavam marejados, os de dele também.

— É, eu também o amo.

A perita deu um sorriso triste, se inclinou um pouco mais e o abraçou. Gil fechou os olhos deixando as lágrimas rolarem.

…

A porta do elevador se abriu no terceiro andar, Catherine saiu olhando para os lados, ela viu algumas pessoas pelo corredor,  certamente acompanhando seus familiares ou amigos, quase no fim do mesmo viu Greg sentado em uma cadeira. Foi até ele.

— Hey Greg. - o cumprimentou com um sorriso fraco.

— Hey. - ele se levantou e eles trocaram um abraço.

— Está tudo bem? Por que está aqui fora?

— Sim está. Eu saí do quarto há pouco tempo. Tina está lá com ele. - respondeu apontando para a porta.

O pequeno sorriso que ela tinha nos lábios sumiu ao ouvir aquilo. Ela olhou a porta entreaberta, mas não conseguiu ver nada lá dentro.

— Ela está lá há muito tempo?

— Uns 20 minutos. - respondeu depois de olhar no relógio.

“ Eu deveria ter escrito meu relatório em outra hora” pensou ela se sentando perto de Greg.“ Gil não ia se importar se eu demorasse a entregar.” Agora Tina está lá com Warrick e não tinha nada que ela pudesse fazer. Droga!

Ainda olhando para a porta, Cath perguntou como Warrick estava, o mais jovem respondeu que o amigo estava reagindo bem, e que segundo um dos médicos, os sedativos estavam sendo retirados aos poucos. Logo ele acordaria.

— Isso é ótimo.  -  respondeu ela.

Pouco tempo depois, Sara e Gil saíram do elevador. Sara saiu primeiro e Gil vinha logo atrás dela, mais devagar.

Catherine se levantou indo cumprimentar os amigos, Greg fez o mesmo. Abraçou primeiro Sara e depois Gil.

— Obrigada. - disse ela enquanto o abraçava.

—  Pelo quê?

— Por salvá-lo. - respondeu ela desfazendo o abraço. - Se não tivesse chegado a tempo, ele não estaria aqui.

Gil não disse nada, deu apenas um sorriso em agradecimento. Então Catherine notou seus olhos vermelhos.

— Você está bem?

— Estou,  não se preocupe.

Ela respondeu com um leve aceno de cabeça, o conhecia bem, mesmo que algo tivesse acontecido ele não diria. Gil se afastou, depois de cumprimentar Greg se sentou em uma das cadeiras, Sara e Greg fizeram o mesmo. O tempo passava e nada de Tina sair do quarto, então, curiosa como era, Catherine resolveu se aproximar da porta devagar e espiar lá dentro. Tina estava sentada em uma cadeira perto da cabeceira da cama, ela viu quando a moça colocou a mão no rosto dele e fez um carinho com o polegar. Não gostou do que viu, mas continuou ali. Grande erro. Segundos depois, a viu se inclinar devagar e lhe dar um beijo no rosto, na verdade, era mais no canto da boca do que no rosto.

— Ela ainda gosta dele, não acha? - Greg disse atrás dela, Catherine levou um breve susto e ficou em silêncio. Greg continuou falando.

— Quem sabe quando ele se recuperar, eles não voltam?

Sara se aproximou dos dois na hora e pode ouvir essa última frase do amigo, ela sabia muito bem o que Catherine sentia por Warrick, teve vontade de dar um tapa na cara de Greg, antes que ela o fizesse, Catherine pediu licença com a voz embargada se virou e saiu dali a passos largos.

A morena lançou um olhar de reprovação para Greg - que não entendeu nada - e foi atrás de Catherine.

Greg a olhou com cara de “o que foi que eu fiz? ” e foi se sentar perto de Gil.

Catherine desceu as escadas quase correndo, já no térreo, ela estava prestes a virar o corredor a direita para sair do hospital quando viu uma porta com uma pequena cruz em cima. Uma capela. Ela empurrou a porta e entrou, estava vazia, fechou a porta, sentou-se em um banco próximo a saída, mais uma vez ouviu a porta abrir e se fechar, ela secou as lágrimas e ficou olhando para frente, como se soubesse quem estava ali, Sara se sentou perto da amiga lhe estendendo um copo. Ela também segurava um. 

— Obrigada, mas eu não quero café. - disse sem olhar para ela.

— Não é café. É chá. Você está precisando.

Cath olhou para Sara e depois para o copo, ela o pegou e agradeceu.

Depois de um tempo em silêncio, Catherine faz uma pergunta a Sara, quis saber se ela nunca tinha perdido as esperanças com Grissom, se em nenhum momento pensou  desistir do supervisor.

Sara deu um gole em seu chá e respondeu com um leve sorriso que uma vez pensou em desistir, porém o amava demais, e esse amor a fez acreditar que valeria a pena esperar por ele.

Catherine confidenciou que também tinha esperanças com Warrick, até ele aparecer casado. Aquilo a deixou muito mal. Também disse que ver Tina tão próxima dele não ajudou em nada.

Sara disse que carinho que ela tinha por Warrick não queria dizer que eles voltariam e fez um pedido a ruiva.

…

Tina continuava no quarto olhando para Rick na esperança dele acordar, novamente, fez um carinho seu rosto, quando o viu franzir levemente a testa. Ela sorriu.

— Rick? Pode me ouvir? - Segurou sua mão.

Seu sorriso se alargou quando ela sentiu sua mão sendo apertada.

— Rick! Você voltou! - falou emocionada o abraçando, tomando cuidado com o curativo que ele tinha no peito.

Porém...

—  Cath... Catherine. - ele sussurrou.

Tina arregalou os olhos se afastando bruscamente dele.