Um Deus entre os Mortais escrita por Pandora


Capítulo 3
Decisões


Notas iniciais do capítulo

Aqui está!!! Espero que gostem... Deu um pouco de trabalho kkkk



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As caçadoras encaravam Percy com medo evidente estampado nos olhos. Algumas deram um passo para longe do menino, enquanto outras mais ousadas apontavam suas armas para o deus lentamente. Pois afinal, não era muito comum alguém invadir uma batalha e matar um monstro como se não fosse nada, ainda mais uma dracaenae forte como aquela. Perseu por outro lado, sem demonstrar, se sentiu triste por sua primeira impressão ter causado tal reação nas caçadoras.

O choque pela aparição do garoto aos poucos foi se encerrando, quando as mulheres cobras enraivecidas pela perda de sua líder voltaram a atacar. As caçadoras mais próximas aos monstros não sabiam se focavam sua atenção nas dracaenaes ou no menino que ainda permanecia parado perto do corpo ainda com vida de uma de suas irmãs. Mas de uma coisa sabiam: suas forças haviam se renovado magicamente.

Perseu, vendo o súbito avanço das inimigas, dirigiu seu melhor olhar tranquilizador para as caçadoras machucadas ou incapacitadas. Com um sorriso voltado para as caçadoras, ele seguiu em direção àquelas que montavam o bloqueio. Sem se importar com as muitas facas e arcos estendidos para si, Percy começou a duelar com a primeira mulher serpente que entrou em seu caminho. Demonstrando uma perícia sem igual, digna dos deuses, levava questão de poucos minutos para derrotar uma inimiga e logo partir para outra.

Quando as garotas, que não confiavam nos homens, perceberam que o misterioso garoto só estava atrás dos monstros, permitiram dar-lhe um voto de confiança e passaram a atacar.

Ao todo, levaram pouco mais de quarenta minutos para derrotarem todas as dracaenaes que permaneceram na clareira, e aquelas que tentaram fugir por entre as árvores foram facilmente acertadas por saraivadas de flechas prateadas. Quando a última mulher cobra caiu por uma flecha de caça, as caçadoras intintivamente voltaram seus arcos para o menino.

Percy por outro lado, não esperou pelo pronunciamento da caçadora que sabia ser a líder. Caminhou apreensivamente em direção a Hanny, que fora recolhida e teve os primeiros socorros prestados por uma das meninas. Quando ele se aproximou do lugar onde as caçadoras machucadas repousavam, foi recebido por facas em punho e arcos armados.

— Deixem ele, irmãs — falou uma voz cansada, quebrando o silêncio pós-batalha. As caçadoras fitaram a irmã deitada, cujo olhar tentava demonstrar força.

Indecisas em que fazer, todas as meninas se voltaram para a Zoe. Com um simples, porém torturante acenar de cabeça da caçadora, Percy começou a passar cautelosamente entre as meninas que se afastavam. Garantindo que não tocassem nele, as caçadoras se mantiveram atentas a qualquer movimento suspeito ou abusivo, prontas para disparar suas flechas.

— Eu rezei para que alguém viesse, e vejo que atendeu ao meu pedido — falou novamente Hanny para Percy.

Inconscientemente, ele deixou que uma fina e sinuosa lágrima saísse de seus olhos assim que se ajoelhou ao lado da menina. Isso acabou por surpreender algumas das caçadoras mais próximas da dupla.

— Eu jamais deixaria de vir ao encontro de alguém que precisa de mim — disse Perseu pela primeira vez, alto o suficiente para que as caçadoras pudessem ouvir. — Peço que me perdoe por não ter agido antes...

— Não se culpe — interrompeu a garota. Mesmo não sabendo da real identidade do menino à sua frente, sentia que devia tratá-lo com um pouco mais de respeito que os demais homens. — O importante é que veio, e ajudou minhas irmãs ficarem a salvo — terminou, recebendo olhares indignados de algumas caçadoras que acreditavam que poderiam ter vencido sozinhas o grupo de monstros.

— Tenho certeza de que elas dariam conta — falou Perseu, lançando um dos seus melhores sorrisos. — Apenas apressei um pouco as coisas...

O garoto não soube decifrar a expressão que surgira no rosto das meninas à sua volta. Mas quando um arquejo de dor ecoou pela clareira, tanto Percy quanto elas se voltaram preocupados para Hanny.

Perseu, como um deus, sabia que não havia mais nada que pudesse fazer, até mesmo Apolo não seria capaz de curá-la a tempo. Então fez a última coisa que poderia fazer por ela, algo que nunca havia realizado para ninguém em toda a sua história...

— Minha brava e valente caçadora — iniciou Percy, trêmulo. Depois das primeiras palavras, assumiu uma entonação firme e decidida, porém com seu costumeiro toque gentil. — Pensaste em suas companheiras antes de você mesma, não poupando sacrifícios pelo bem-estar de suas irmãs. Aprecio e me orgulho por seus valores e, por causa disso, dou para você, Hanny Woodsen, minha benção para que, quando chegar ao Elísio, seja recebida como a heroína que se tornou. — Com um inofensivo toque dos lábios na testa da caçadora, uma luz brilhante e colorida a cobriu.

As caçadoras que velavam os últimos momentos de sua irmã não conseguiram esconder a surpresa pela benção, abrindo a boca em espanto pela grande mistura de cores que iluminavam a clareira como um reluzente arco-íris. Outras apontaram ainda mais seus arcos para Percy que, alheio às garotas, observava com curiosidade sua primeira protegida.

Quando a luz cessou, todos se voltaram para a garota que, por um momento, teve em seus olhos, coloração iguais aos do deus dos heróis.

— Obrigada — Agradeceu a menina. Com um olhar voltado para a lua, aos poucos parou lentamente de se mover deixando para sempre este mundo. — Sinto muito, minha senhora, não poderei mais acompanhá-la...

Em uma sala comprida, ornada por grossos pilares de mármore branco polido, sob um grande domo de pedra. Uma menina de doze anos com uma pele branca como o luar, deixou que silenciosas lágrimas caíssem por seus olhos ao sentir seu juramento sendo rompido.

— Descanse em paz, minha heroína — falou Perseu, deixando que novas lágrimas surgissem em seus olhos. Apesar de já ter lido sobre a morte, era a primeira vez que via de fato alguém morrer.

Com aquela fala, todas as caçadoras se ajoelharam em respeito à irmã caída em batalha. Quando as meninas voltaram a se levantar, muitas já estavam com os rostos marcados das lágrimas, enquanto outras tentavam se mostrar forte perante ao menino, falhando claramente.

— Quem seria vós? — perguntou uma caçadora mais distante do grupo, em passos largos rapidamente chegou perto do menino, mas mantendo uma distância considerável por precaução.

Percy se virou para encarar a caçadora, e não se surpreendeu ao constatar o característico diadema de prata no alto dos cabelos escuros. Aquela era a líder do grupo, Zoe Doce-Amarga.

— Desculpem-me pelos meus modos — respondeu Perseu cautelosamente, sabendo que qualquer palavra errada poderia ter quarenta meninas que odeia homens querendo matá-lo. — Me chamo Perseu Jackson, sou o deus dos heróis.

Um murmúrio correu pela clareira. Todas as caçadoras começaram a cochichar entre si, mas foram interrompidas por sua tenente.

— Estás a mentir, não existe este deus.

— Receio que deva discordar, caçadora — Em um irromper de chamas, Héstia apareceu diante de todos. Imediatamente as caçadoras, seguidas pelo menino, se curvaram à deusa, que se mostrava com sua pior expressão em séculos. — O que ele disse, é puramente verdade. Perseu é sim o deus dos heróis.

As meninas que antes possuíam dúvidas, acabaram por ficar espantadas com a revelação da deusa.

— Minha senhora... — começou Percy, mas foi interrompido por sua mãe com um simples levantar de mãos.

Zoe, surpresa pelo surgimento da deusa estava chocada demais para falar. Seguindo suas irmãs, curvou-se ligeiramente para Héstia.

Não era nenhuma surpresa para as caçadoras receberem visitas de outros deuses, mas havia deuses que dificilmente visitavam outros imortais, geralmente preferindo a reclusão e isolamento. Héstia por mais amigável que fosse, tornou-se um desses deuses, não por opção, mas por leve esquecimento com o passar dos séculos. Fato ocorrido, desde que decidiu ceder seu lugar no conselho olímpico para Dionísio, a fim de evitar uma guerra. No caso da deusa da lareira, seu isolamento acabou por ser muito mais presente nos últimos séculos, porém sempre comparecendo nas reuniões do conselho quando solicitada.

Alguns minutos se passaram, e as caçadoras mais novas começaram a se perguntar porque suas irmãs olhavam surpresas para a deusa recém chegada. Era comum deuses visitarem o acampamento atrás de sua senhora, mas porque esta em especial havia capturado suas curiosidades?

— Senhora, Héstia. É um prazer para mim revê-la — comentou a tenente das caçadoras, depois de um tempo, quebrando o silêncio que reinava.

As meninas mais novas que até então não sabiam do porquê de tamanha curiosidade, arregalaram os olhos com o nome recitado. Lembranças das aulas de mitologia grega inundaram suas mentes. Nomes e histórias correram por suas cabeças, levando a mais uma série de reverências para a deusa, quando perceberam quem estava à sua frente.

— É bom vê-la novamente caçadora, já tem algum tempo — respondeu a deusa calmamente.

“Mais de mil anos“ Pensou sarcasticamente Zoe. Não sabendo que bem pertinho da-li. O único garoto do grupo teria pego esse pensamento. Como se Zoe soubesse que Percy estava lendo sua mente, seus olhos correram em sua direção.

— Mas porque nunca ouvimos falar sobre ele, senhora Héstia? — perguntou um Pouco nervosa Zoe, ainda fitando Percy.

— Perseu era um segredo meu, caçadora, e espero que continue sendo assim. Ele é meu protegido e não quero que isso se espalhe, nem mesmo para Ártemis.

— Quer que mintamos para nossa deusa? — perguntou cautelosa uma menina um pouco mais afastada do grupo principal. Perseu a olhou e um nome surgiu em sua mente. Febe.

— Quero que mantenham a real identidade dele em segredo, pelo menos por enquanto. Muitos deuses não compreenderiam sua existência e tentariam prendê-lo. O rei dos deuses não hesitaria em fazê-lo se se sentisse ameaçado.

— Não ajudamos homens — falou Zoe, sendo acompanhada por sons de apoio vindos de suas irmãs.

— Posso garantir que Percy não é como os outros homens, minha jovem. Ademais, vocês são as primeiras meninas com quem ele conversa em toda a sua vida — falou, fitando seu filho que apresentava um leve rubor nas bochechas. — Tenho certeza de que ele nunca cometeria os mesmos atos que os demais. Confio minha honra como deusa do lar e da lareira que ele nunca machucaria uma mulher.

As garotas olharam da deusa para o deus com demasiada surpresa. Nunca haviam ousado pensar que estariam diante de tal homem, por quem a deusa da lareira, uma das deusas mais cordiais de todas, colocaria em jogo algo tão importante como sua reputação. Quase todos sabiam que a palavra dos deuses às vezes de nada valiam, mas ainda existiam alguns que levavam a sério seus valores e juramentos. Héstia era um desses deuses.

Sem saber o que fazer, Zoe olhou para suas irmãs, tentando encontrar uma resposta para dar a deusa, coisa que não foi possível fazer de imediato.

— Tenho de falar com as caçadoras antes de lhe dar uma resposta, senhora.

— Compreendo, caçadora. Estarei conversando com meu protegido enquanto isso.

Como se fosse entendido pelas duas como o encerrar da conversa, tanto a tenente de Ártemis quanto Héstia se viraram e caminharam para lados opostos da clareira, não antes de Zoe conceder uma leve inclinação em direção a deusa.

Percy viu sua mãe se distanciar sem olhar um minuto sequer para ele, mas o menino escutou o que as duas haviam dito e lentamente caminhou de encontro à deusa que havia parado para observar a lua sobre a copa das árvores.

Poderia parecer estranho, mas a muito tempo, caso a identidade do jovem deus fosse comprometida, tanto Héstia quanto Percy, esconderiam sua relação para que não corressem perigo. Principalmente de Zeus, que em sua paranoia, poderia achar que estavam tramando contra ele e seu trono.

— Você me desobedeceu, Perseu... — começou a deusa, assim que sentiu que o filho havia se aproximado o suficiente para escutá-la.

A decepção e pesar no tom daquelas palavras, foram como um trincar no coração de Percy. Poucas vezes ele havia magoado Héstia, mas em cada uma delas, era como se uma parte dele quebrasse ao mero olhar de sua mãe lhe dava.

— Mãe... — sussurrou o jovem garoto, para que nenhuma das caçadoras conseguisse ouvir. — Eu só...

— Sei o que fez, e me orgulho de que tenha feito — interrompeu a deusa, deixando Perseu surpreso. — Não seria você se não tivesse agido por impulso na tentativa de proteger aquelas meninas. Afinal, sempre que alguém está em perigo, você corre para salvar. — falou Héstia, deixando que grossas lágrimas irrompessem, marcando seus delicados traços.

O sol há muito havia sumido, dando lugar à penumbra da noite. As altas árvores chacoalhavam com os fortes ventos vindos do norte. A luz do luar iluminava a clareira, como se a atenção estivesse focada ali, e não em suas imediações. Uma iluminação forte e carregada de tristeza, como um clima de luto pela caçadora caída em batalha.

— Você é tudo para mim — voltou a falar a deusa da lareira. — Desde que nasceu, você tem sido o motivo que me faz continuar. Mas não sabe o meu medo de algo acontecer com você. Não sei se conseguiria aguentar...

— Tenha calma, minha mãe. Eu prometo que sempre voltarei para você — falou Percy, dando um passo à frente, mas logo voltando e permanecendo em seu lugar. Tinha de manter seu papel como protegido da deusa Héstia. Mas o que mais queria naquele momento era confortar sua amada mãe que chorava em silêncio à sua frente. Até mesmo um abraço seria o suficiente para que dúvidas começassem a surgir entre as caçadoras. — Alguma vez eu já descumpri uma promessa feita a você?

A deusa se virou para olhar para o filho. Não antes de discretamente enxugar os cantos dos olhos para que ninguém a visse chorando.

— Até hoje, nunca. — falou a deusa, lançando um pequeno sorriso que logo sumiu.

— Nunca prometi me manter escondido — se defendeu Perseu, vendo por um instante o sorriso da deusa. — Falei que faria o possível para que não me vissem. E hoje, até que eu decidisse me mostrar, ninguém havia percebido minha presença. — Se orgulhou o jovem deus, lançando um sorriso radiante para a mãe, enquanto seus olhos passavam a mudar de cor, devido sua felicidade momentânea.

Héstia se viu encurralada, impressionada, sem saber o que dizer, pois seu filho tinha razão. Talvez as aulas com Hera estivessem tendo resultados.

— Temos de dar um jeito nesses olhos, antes que Ártemis chegue — falou a deusa, tendo um pequeno pressentimento de que a reunião no Olimpo estava prestes a acabar, e seria arriscado para ela estar ali quando a deusa da caça chegasse. — Não seria sábio ainda estar aqui quando minha sobrinha chegar. Em todos esses milênios, nunca escolhi um campeão, e agora, nestes momentos de paz, aparecer reclamando um, seria de extrema suspeita no Olimpo.

— Vocês deuses são muito desconfiados uns com os outros — falou Perseu. — Isso porque ainda são uma família.

A deusa sorriu, dando um pequeno passo para perto do filho.

— Meu pai me comeu por medo de ser destronado. É de se esperar que os filhos possam ser gananciosos. Mas a diferença dos deuses para os titãs, é que sabemos reinar em paz e harmonia junto com nossos filhos. Mesmo que em alguns casos tomemos decisões erradas, tentamos ao máximo não nos assemelhar com os titãs.

Perseu ouviu atentamente as palavras da sua mãe, prometendo silenciosamente ser sempre leal e justo para com todos.

— Afinal, não era para a senhora estar na reunião? — perguntou o jovem deus, depois de um tempo, visto que a deusa havia ido para o Olimpo justamente para isso.

— Não precisavam mais da minha presença lá. Somente a dos doze grandes eram necessariamente obrigatória. — respondeu, erguendo os ombros. — Essas reuniões são muito cansativas, não aguentaria ter de ir toda vez se fosse convocada. — terminou Héstia, lançando uma expressão desgastada para a floresta a sua frente.

Percy, por um momento, olhou para mãe pensando se ela ter cedido seu lugar a Dionísio, o deus do vinho, havia sido realmente uma escolha nobre.

— Não pense tão pouco de sua mãe — sussurrou Héstia, lançando um olhar indignado ao filho. Imaginava o que se passava pela cabeça do menino, vendo a expressão boba que se encontrava esculpida em seu rosto. — Esqueceu que podemos ler expressões...

Mas a deusa parou de falar quando percebeu a aproximação da líder das caçadoras.

— Senhora — chamou Zoe, ganhando a atenção dos dois deuses para si, o que a deixou um pouco desconfortável. — Conversei com as caçadoras e chegamos a um consenso.

A pausa na fala da caçadora não ajudou a acalmar os dois deuses, que viam ali um segredo de mais de trezentos anos prestes a acabar indo pelo ralo. Héstia apreensiva mais do que os dois, porque esperava ter mais tempo para seu filho. Claro que como uma deusa, facilmente poderia resolver esse problema, mas isso iria contra seus domínios e principalmente seus valores.

Percy compactuando a apreensão de sua mãe, não queria que seu segredo fosse descoberto ainda. O jovem deus queria ver o mundo além dos picos verdes e dos preguiçosos córregos daquele bosque. Ele queria desvendar essa sociedade moderna que tanto leu em livros ou através das histórias de sua mãe. Máquinas que iluminam a escuridão e que voam sobre oceanos eram algumas coisas que gostaria de contemplar. Ele também tinha muito o que aprender antes de se encontrar com os outros deuses, e não se sentia preparado caso um deles o recebesse de forma hostil.

— Nós ajudaremos o deus Perseu — Zoe disse, interrompendo quaisquer pensamentos que os deuses estivessem tendo.

A deusa da lareira não pôde deixar que um sorriso surgisse marcando seus lábios novamente, sem antes de sentir um ligeiro peso sair dos seus ombros. Sendo a deusa da família, uma alegria sem igual surgiu em seu peito, sabendo que ela de certa forma ajudaria seu filho. Mas a apreensão da jovem menina não passou despercebida pelos olhos de Héstia.

— Não se preocupe, caçadora. Assumirei a culpa se caso Ártemis acabar por descobrir sobre Perseu. Só espero que mantenham em segredo a real identidade do meu protegido até que ele esteja preparado para se apresentar aos demais deuses.

— Como saberei que vós falas a verdade? — perguntou Zoe, para o espanto de Percy, que olhou para ver se sua mãe havia ficado brava pela falta de confiança da caçadora. — Muitos deuses mentem, Apolo vive mentindo para minha senhora.

Antes que Héstia pudesse responder à pergunta, alguém passou à sua frente, surpreendendo ambas as mulheres.

— Eu Perseu Jackson, deus dos heróis. Juro pelo Estige que, se a senhora Ártemis descobrir sobre quem eu realmente sou, tomarei a culpa por fazer suas caçadoras esconderem segredos dela. — Ao término de suas palavras, um trovão pôde ser escutado, selando o juramento mais solene de todos.

As demais caçadoras que estavam por observar de longe os dois deuses e sua tenente, não precisavam escutar a conversa para saberem o que aquele som significava, e se surpreenderam ao perceberem que quem fez o juramento fora o único homem em quilômetros naquele bosque.

Mesmo preocupada, Héstia se orgulhou ainda mais pelo filho que tinha. Seu gesto certamente ganharia alguns pontos com as caçadoras. Não seria o suficiente para fazê-las o aceitarem, mas já o ajudaria a viver com elas sem que erguessem seus arcos a cada minuto em sua direção. Zoe, por outro lado se mostrava impressionada com o deus. O garoto jurara sem ao menos hesitar, mesmo sabendo que se Ártemis descobrisse talvez não permanecesse vivo por muito tempo depois.

— Perseu, a reunião acabou. É uma questão de tempo para que Ártemis chegue agora... — apressou-se a falar a deusa da lareira, quando sentiu um pequeno arrepio cruzar seu ser.

Perseu pego de surpresa pela informação, sentiu uma sensação súbita de frio em sua barriga ganhando cada vez mais espaço. Suas mãos já suadas da batalha, voltaram a ficar umedecidas, mas desta vez com um toque um pouco mais gélido.

Não era comum para um deus sentir medo. Mas quando se está prestes a interagir com a deusa cuja reputação era conhecida por odiar todos os homens, não havia outro sentimento a sentir, se não, a ansiedade do desconhecido.

Em um ato impulsivo, motivado pelo desespero e pela falta de tempo, a deusa se aproximou do filho e colocou as mãos sobre os seus olhos, recitando um rápido encanto. Então, os olhos de Percy, que possuíam duas chamas incandescentes, se tornaram normais como de qualquer outro semideus mortal, mas mantiveram o claro e brilhante verde-mar.

— Eu escondi seus olhos, mas não use muito do meu poder, senão o encanto acabará e as chamas voltaram. Também fiz com que seu poder fosse suprimido ao de um simples semideus, embora possa usá-lo quase normalmente. Sua áurea agora está reduzida, mas lembre-se, pode agir como um semideus, treinar como um, mas sempre será um deus. — falou a deusa, encarando o filho com verdadeira preocupação. Percy impressionado que sua mãe poderia fazer algo assim, apenas a fitou sem saber o que dizer... — Acabou o tempo. Boa sorte meu campeão.

Com essas últimas palavras, Héstia desapareceu em chamas ao mesmo tempo em que um brilho prateado tomou a clareira.

A forte luz misturada com a fulgência do luar, iluminou o espaço entre as árvores como nunca antes. De dentro da luz, estava uma menina de doze anos, vestida com roupas de caça e arco nas costas. Seus cabelos castanhos estavam trançados em uma comprida trança, que pendia por seu ombro esquerdo. Os lobos e falcões que haviam sumido quando o ataque começou, vieram correndo e se pondo próximos à garota que se materializara no meio da clareira.

Mesmo com sua expressão rígida, de olhos frios e calculistas que mais se assemelhavam com duas grandes luas prateadas, não foi o suficiente para que disfarçar as recentes marcas de lágrimas que em suas bochechas brancas como o leite. Seu olhar se fragilizou ao visualizar o corpo de sua serva repousado com cuidado junto ao chão. Quando encarou suas caçadoras, sua expressão de tristeza foi substituída por espanto. A deusa se surpreendeu ao visualizar um único e solitário menino parado ali.

O que aconteceu a seguir, faria qualquer pessoa na fase de Terra, sendo ela mortal, deus, monstro ou criatura mágica tremer por puro medo. Percy não pôde fazer nada ao não ser receber o olhar mais predatório que a deusa da caça já chegara a transmitir a alguém.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso. Até a próxima...
Espero mais comentários. Pff haha O que esperam da história, o que gostaram ou o que não gostaram. Tudo isso ajuda, então não fiquem com medo de comentar kkkk



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