Azkaban escrita por Lhamelet


Capítulo 2
Ameaça


Notas iniciais do capítulo

Tá ai, o primeiro capitulo =)
E eu não vou poostar o proximo com só dois reviews



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- Você se acha muito inteligente andando por ai com aqueles porcos de sangue ruim e aquele mestiço, mas você não passa de um prepotentezinho arrogante e imaturo, que não tem nem a capacidade de escolher suas amizades e...

Encolhido contra a fria parede de pedra de sua cela, Sirius Black tentava empurrar a lembrança do dia em que fugiu de casa para o fundo de sua mente.

Tinha as mãos sobre os ouvidos, numa inútil tentativa de abafar o som e uma frase sussurrada escapava quase inconscientemente pelos lábios entreabertos do condenado.

Eu sou inocente, eu sou inocente, eu sou inocente...

Ele repetia essa frase à doze longos anos, desde que pusera os pés no lugar pela primeira vez, numa fraca tentativa de manter sua sanidade.

Mas não tinha ficado ruim ainda, pensou o prisioneiro amargamente. Ouvir a voz ‘melodiosa’ da mãe era uma espécie de ‘relaxamento’ para ele, uma forma de começar bem a manhã. Afinal, haviam coisas muito piores de se ouvir e o prisioneiro sabia disso melhor do que ninguém.

Um dementador passou por sua cela naquele instante e o ar pareceu ficar mais gelado.

O prisioneiro se encolheu mais um pouco, se é que isso era possível, e tentou respirar normalmente (ou tão normalmente quanto se era possível respirar ali).

Passos ecoaram, mais alto do que os gemidos das celas e o prisioneiro ficou alerta imediatamente. Dementadores não faziam barulho de passos.

Alguns segundos depois uma sombra humana bloqueou a frágil fonte de luz do ambiente e Sirius só pode distinguir a sombra de um chapéu e uma forma estranha no lugar do tórax, que podia ser uma capa.

‘’Ah, ótimo, Fudge.’’ Pensou ele.

E não deu outra.

O atual ministro da magia entrou hesitante na cela do homem, como se esperasse que ele o mordesse. O que, pensou Sirius, não era tão impossível assim¹.

O dementador voltou a trancar a cela antes de sair e o ministro pareceu ficar ainda mais nervoso.

- Bom dia, ministro. - disse Sirius tentando soar educado. – O que o traz até aqui?

- O de sempre, não é mesmo? – respondeu distraidamente torcendo um pedaço de papel enrolado nas mãos grandes.

O prisioneiro teria sorrido se a mãe não estivesse gritando. O nervosismo de Fudge chegava a ser cômico.

- Então, como vão as coisas do lado de fora? - perguntou entediado.

- Heim? -  O ministro arregalou os olhos.- Muito bem, muito bem. Sem nenhuma perturbação.

- Vá! Vá morar com aquele traidor de sangue desgraçado! Ele vai te levar para o lado perdedor dessa guerra e talvez, quando você estiver sendo morto pelo Lorde das Trevas, você aprenda a respeitar a sua linhagem de sangue puro!

O prisioneiro pigarreou alto, tentando tirar a voz da mãe da cabeça. Afinal, era muito difícil conversar com alguém sem conseguir ouvir o que ela dizia.

Mas não houve mais nada a ser dito. Afinal, o que Fudge podia dizer? Mande beijinhos para Voldemort?

- Bom, acho que já vou indo. – disse o ministro depois de alguns segundos de silencio. -Tenho mais alguns compromissos para hoje, veja bem.

 O ministro já estava saindo quando Sirius o chamou de volta.

- Ei! – ele se virou – Você já leu esse jornal?

- Que? Ah, claro.

- Posso ficar com ele? Já faz algum tempo que eu não faço as palavras cruzadas.

O ministro entregou o papel meio amarrotado para Sirius e se virou para sair, sussurrando um simples ‘adeus’ que quase não foi ouvido por causa do barulho que os outros prisioneiros faziam.

Enquanto o homem se afastava, Sirius se sentou mais perto da grade para aproveitar o máximo de luz possível, e abriu o jornal.

Fudge tinha razão, afinal. - pensou Sirius depois de passar por duas paginas de pura baboseira.  – As coisas andam calmas até demais.

A voz da mãe foi ficando cada vez mais distante, sendo abafada por uma segunda voz, mais masculina e mais estridente.

- Lilian e Tiago, Sirius. Como você pode?²

O prisioneiro engoliu em seco e tentou, sem sucesso, voltar a se concentrar na pagina a sua frente. Sua garganta secou e aquele velho sentimento de que era um total desgraçado o atingiu. Afinal tinha matado o melhor amigo. Tinha-o entregado diretamente nas mãos de Voldemort. Não! A culpa não tinha sido dele. A culpa tinha sido de Pedro e ele só estava se sentindo assim por causa dos dementadores.

Tapou os ouvidos, tentando abafar o som, e começou a cantarolar ‘eu sou inocente, eu sou inocente, eu sou inocente’, mesmo que nem ele acreditasse nisso.

Tentou se concentrar na pagina a sua frente e por sorte viu dois rostos conhecidos.

Molly e Arthur Weasley apareciam acenando ao lado de cinco adolescentes, cada um aparentando uma idade diferente e o prisioneiro imaginou- os todos ruivos.

Embora fizesse doze anos que não os vissem, conseguia reconhecer todos os rostos exceto o da menina parada ao lado de um garoto que parecia ter entre 13 e 14 anos e que Sirius pensou ser Ronald.

A noticia dizia que o casal havia ganhado dinheiro em um sorteio do Profeta Diário e que tinham ido visitar o filho mais velho que morava no Egito.

Tentando se distrair, o homem examinou a figura mais atentamente.

O garoto que parecia ser o mais velho dos cinco usava óculos de aro de tartaruga e tinha um distintivo de monitor preso ao peito(Sirius não conseguiu imaginar o que fazia com aquilo longe de  Hogwarts). Tinha uma expressão de extremo orgulho e satisfação e Sirius imaginou o pequeno Percy Weasley de três anos sentado em um canto da sala brincando com uma geringonça trouxa³ .

É, devia ser ele.

Ao lado dele, dois adolescentes espantosamente iguais acenavam animadamente e tinham idênticos sorrisos maliciosos.

Deviam ser os gêmeos.

Ao lado deles, o garoto que Sirius imaginou como Ronald. Era alto e magro, com mãos grandes e cabelo bagunçado e tinha um gordo rato pousado no ombro direito.

A garota parecia ser a menor e...

O prisioneiro arregalou os olhos e voltou para a imagem do garoto, aproximando o jornal do nariz.

O rato lhe parecia familiar. Familiar demais.

Mas não podia ser Pedro, simplesmente não podia.

Mas era.

Os olhinhos aquosos, a orelha esquerda um pouco menor do que a direita, a mesma silhueta redonda e a pata... a mesma maldita pata com um dedo faltando.

Correu os olhos pela noticia mais uma vez, sentindo o desespero escorrer por suas veias.

Os Weasley iam voltar para Hogwarts.

Começou a fazer as contas desesperadamente. Teve um pouco de dificuldade devido a ansiedade que havia se apoderado dele e das vozes estridentes em sua cabeça, mas o prisioneiro não sabia dizer de quem eram e nem se importava.

Seu coração batia mais forte do que nunca, tendo despertado para a vida depois de doze anos em que estivera adormecido, e  ele sentia que sua cabeça ia explodir com o excesso de sangue.

Sirius desistiu de fazer a droga da conta, mas chegou a conclusão que Harry  já estava em idade escolar, o que queria dizer que o maldito rato estava no castelo com o garoto e talvez até dormisse no mesmo dormitório que ele.

Só esperando, aguardando um sinal de que seu mestre se reergueria para poder terminar o serviço iniciado há anos atrás. Como o covarde que era provavelmente mataria Harry enquanto estivesse dormindo.

O filho do melhor amigo dele.

Tinha que fazer alguma coisa. Sair dali e impedir Pedro de matar o ultimo integrante da família Potter.

Inconscientemente, agarrou as barras de ferro e começou a sacudi-las com toda a força que conseguiu reunir ( que não era muita. ), mas os dementadores nem olhavam duas vezes para ele. Será que não entendiam? Não entendiam que seu afilhado estava em perigo e que o verdadeiro traidor estava só esperando um sinal para matar?

E por que, em nome de Deus, aquelas malditas vozes não se calavam?

Começou a andar febrilmente pelo limitado espaço de sua cela, pensando desesperadamente no que podia fazer, como podia escapar.

Mas ninguém nunca tinha conseguido escapar de Azkaban.

Mas Sirius fora o primeiro Black a ir para a Grifinória, o primeiro dos marotos a beijar uma garota, o primeiro a perceber que Remo era um lobisomem (por questão de segundos.), o primeiro a pensar na idéia do Mapa do Maroto e o primeiro a arrumar uma detenção.

E ele ia ser o primeiro a fugir de Azkaban, pensou decidido.

Sentia mais energia correndo em suas veias hoje do que em todos os últimos doze anos juntos. Energia suficiente para atrair a atenção de um dementador.

Ele chegou vagarosamente e sem fazer barulho, como é o normal da espécie dele, e o único anuncio de sua presença era o clima ficando gradativamente mais frio e o pânico se espalhando pelo coração agitado do prisioneiro.

Quando Sirius se deu conta de que alguma coisa estava errada, o dementador já estava dentro de sua cela.

O prisioneiro se espremeu contra a parede úmida e a coisa veio deslizando sinistramente em sua direção, parando a centímetros do seu rosto.

O dementador exalava um cheiro muito proximo a alguém que tivesse morrido a uns 350 anos e tenha se decomposto a céu aberto e fazia uma ruído rascante com a ... boca? Não sabia dizer o que aquela coisa tinha por baixo do capuz e não queria descobrir.

Seus membros ficaram rígidos, sua visão embaçou e ele começou a ficar tonto. Sabia o que o dementador estava fazendo, mas precisava impedir. Precisava impedir, tinha que impedir Rabicho, tinha que ficar consciente.

Mas afinal, impedir Rabicho de que? Rabicho era seu amigo.

Sua cabeça girava vertiginosamente e ele não estaria de pé se a coisa não o estivesse segurando pelo pescoço.

Não! Harry, tinha que salva-lo...

Tinha que... salva-lo... de alguém...de quem?

Sua visão foi escurecendo aos poucos até que Sirius Black caiu no chão sujo, totalmente inconsciente.


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Notas finais do capítulo

O que, pensou Siriu, não era tão impossivel assim¹ : Todo mundo lembra que ele é um animago, right? Só pra lembrar =P
Lilian e Tiago, Sirius. Como você pode?²: Palavras do Pedro antes de esplodir a rua inteira.
Geringonça trouxa³ : http://www.evisos.com.br/images/advertisements/2008/10/14/pendulo-de-newton-wwwshipmastercombr_e05c4bf_2.jpg
Sei lá, sempre imaginei o Percy meio cabeçudo, desde criança
=P

Só isso =)
Já que você está aqui no fim da pagina mesmo, escreva naquele espaço em branco o que vse achou da historia (sinceramente) e aperte o botão: enviar.
=D
Não machuca e faz bem para o coraçãozinho do autor =)