Ela me disse, me olhando no fundo dos olhos e segurando minhas mãos, que tinha câncer. Eu não sabia o que responder e foi por isso que, com os lábios tremendo, ela me sussurrou que iria morrer. Alicia tentava ser forte, mas acho que aquele deveria ser o meu momento de ser.

Eu deveria tê-la puxado para um abraço, deixado-a chorar o quanto quisesse, e talvez me escapassem lágrimas também. Mas tudo que eu fiz foi olhá-la, pequena e assustada em minha frente, imaginando que murcharia da mesma forma que sua flor favorita. Imaginando a minha flor favorita murchando, fraca em uma cama de hospital, deixando de iluminar o mundo.

Se eu amava tanto Alicia, por que não conseguia me mover? Ela estava ali, os olhos cheios d'água, assustada, desesperada, precisando de qualquer consolo e, por culpa minha, só. Eu deveria ter apertado as mãos dela com um pouco mais de força, lhe oferecido um abraço, tocado seu rosto ou simplesmente sussurrado que iria ficar tudo bem.

Eu a deixei só.