Retratos de Arcadia escrita por KdSfield


Capítulo 1
Fogos de Artifício


Notas iniciais do capítulo

Olááá!! Essa é a minha primeira Fic postada então, espero que gostem. Eu sou muito * Pricefield Trash* então esperem muitas cenas fofas, mas também com um enredo bacana. É isso ai, obrigado a todos!



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Há, eu sabia que você não ia aguentar, Maxine.

"Max, nunca Maxine"

— Ei, estamos sendo formais agora, senhora Price?

— Eu sou sempre formal - rebateu a mulher, em tom divertido, tomando a taça de vinho das mãos de sua companheira - Se você não quer, tem quem queira, sabe?

Ao ouvir o ultimo comentário, Max deu uma calorosa risada. Talvez fossem as quatro (ou cinco) taças de vinho fazendo efeito, mas ela estava ainda mais bem humorada do que o convencional.

"É ridículo pensar como ela ainda me tem na mão" - pensou Max, enquanto observava aquela pessoa ao seu lado. Ela sempre gostava de pensar que sua relação com Chloe era como um vinho de primeira classe: Já era ótimo, mas ia ficando cada vez melhor.

— Então, a senhora não tem vergonha de embebedar a sua própria esposa em plena véspera de ano novo? - Perguntou Max, simulando uma entrevista, ainda com um sorriso nos lábios e com um microfone imaginário em suas mãos. 

— Nope - respondeu ela, imediatamente - E eu me recuso a dar mais declarações sem a presença do meu advogado. Que, por sinal, acabou de chegar - reiterou ela, após ouvir o som da campainha.

Ambas as mulheres então se levantaram do sofá e começaram a andar em direção a porta, sendo interrompidas por uma miniatura de pessoa, saída diretamente de um dos quartos, passando entre elas.

— EU ATENDO. EU ATENDOOOOO!!!

— Parada aí, mocinha - falou Chloe, imitando comicamente o tom de voz de algum xerife do velho oeste. 

A criança, no alto de seus 5 anos de idade, virou-se em direção à suas mães com um olhar arteiro, pronta para dar uma resposta a altura de sua idade, quando a campainha voltou a soar, tomando todos os espaços da charmosa moradia da família Price-Caulfield.

— Ah, pode ir lá abrir a porta para o Jonathan, antes que ele tenha um infarto - decretou Max, enquanto se divertia com a felicidade da filha. 

— TIO JONATHAN!! - exclamou a criança ao abrir a porta, dando pulos de felicidade.

— Ué, quem será que "tá" me chamando? - disse uma voz rouca e animada, saindo da porta - Bem que podia ser a Sophia, mas ela disse que não ia mais falar comigo - finalizou, em um tom claramente jocoso.

— Não, eu nunca disse isso - rebateu a criança, fingindo estar emburrada -E, se eu não lembro, eu não disse, "né" mamãe? - terminou ela, virando-se e apontando em direção a Chloe.

— Culpada - respondeu a moça de madeixas azuis - Como sempre - acrescentou, conformada - Jonathaaaaan, se perdeu por aqui, foi? A Max já estava apostando que vocês não viriam.

O homem entrou na casa lançando um sorriso em direção a criança e de mãos dadas com sua esposa. Jonathan estava com a barba perfeitamente feita, o que, segundo Max, lhe concedia um visual ainda mais hipster.

— Peço desculpas pelo atraso, senhoras - disse ele, fazendo uma grande reverencia em direção às anfitriãs - Sinto informar que tive alguns problemas técnicos com a minha barba - acrescentou, soando exageradamente formal.

— E com isso ele quer dizer que o creme de barbear acabou e ele teve que ir atrás de um novo. Em plena véspera de ano novo. - informou a esposa, Rebbeca, enquanto afogava Sophia em um abraço mais que apertado - Ah, sem falar que ele rodou, o que, umas quatro lojas atrás do creme?

— É - confirmou ele, emburrado - se for de outra marca fico com alergia.

— HÁ - interveio Max, divertindo-se com o comentário, enquanto cumprimentava as visitas - Eu totalmente vou contar isso na galeria semana que vem.

— Eii - rebateu ele, indignado.

— Ahh, qual é, não é como se fosse uma grande surpresa para todos - interveio Chloe, enquanto esperava sua vez para cumprimentar os amigos - A Max me conta tudo que acontece lá, sabia? - reiterou a moça, levantando suas mãos para dar destaque ao fim da sentença - Eu sei de todos os seus podres, rapaz.

— Então realmente precisamos conversar mais, Chloe - acrescentou Rebbeca, no mais divertido dos tons, enquanto abraçava as moças.

(...)

— E então o cara virou para mim depois de ver a imagem e disse "Bonita essa moça, né?" -  contava o homem, divertindo-se - Ai eu respondi "Sim, a esposa dela está logo ali e foi ela que tirou a foto, inclusive" - continuou, fazendo uma imitação para enriquecer sua história - O almofadinha então viu a Max, olhou de novo para o quadro e falou, com o tom mais decepcionado do mundo "São Francisco, né?" e saiu - terminou Jonathan, gargalhando.

— E ele nem comprou a foto - acrescentou Max, forçando por alguns segundos uma expressão de tristeza, para então começar a rir com os outros.

Os quatro estavam sentados em volta da mesa na sala de Jantar, apenas esperando o tempo passar para comemorarem a chegada do ano de 2023. As louças da farta refeição jaziam, preguiçosamente, por sobre a mesa de vidro, como se esperassem uma mágica para se teletransportarem em direção a pia. 

Jonathan e Rebbeca sentavam de um lado da mesa, com as mãos entrelaçadas, sustentando toda a pinta e clichê de recém casados, como manda o script. O rapaz possuía cabelos negros e curtos em comprimento, mas grandes e bagunçados em altura, contrastando totalmente com a barba, perfeitamente alinhada e feita. Os óculos, arredondados, concebiam um desejado ar "retrô", combinando com a jaqueta de couro.

Indo na contramão, Rebbeca ostentava, definitivamente, um visual totalmente impensado. Com uma camisa da banda First Aid Kit, e uma bandana em seus cabelos castanhos, a moça parecia estar pronta para acampar em qualquer lugar, tocando música e divertindo-se com seus amigos. Aos olhos de Max ela e Jonathan formavam, indubitavelmente, um casal fascinante.

— É muito bom saber que eu estou dando toda essa ajuda de divulgação para a galeria, ok? - disse Chloe, segurando o riso para não acordar Sophia, capotada no sofá da sala - Mas, ei, onde está a minha parte no faturamento?

— Ah, não se faz de desentendida - retrucou Jonathan, em um tom cômico - A Max traz a sua parte do faturamento todo mês.

— Eiiiii - sussurrou a moça, antes de dar um tapa seco no ombro direito do rapaz - Só vou deixar essa passar porque não quero começar um novo ano me estressando, viu? - finalizou, ainda com um sorriso em seu rosto.

 

— Falando nisso - interveio Rebecca, com o celular em mãos - faltam apenas dois minutos. Vamos lá fora ver os fogos? - perguntou a moça,  exalando uma notável animação com a possibilidade.

 

 Ao ouvir falar em fogos, Max instintivamente olhou em direção a filha. Nos últimos anos, após a adoção,  ela tinha se descoberto extremamente cuidadosa com a criança,  como sempre fora também com Chloe.

 

— Ah! Podem ir lá.  Acho que vou ficar por aqui tomando conta da Sophia - respondeu ela, ainda olhando em direção a pequena. Do ângulo em que estava, só era possível enxergar seus longos cabelos cacheados - Ela sempre acorda com medo dos fogos mais barulhentos.

Ao ouvir a última frase, Chloe abriu um sorriso e deu um grande abraço lateral em sua esposa, quase derrubando ambas de suas cadeiras - Ver você com esse instinto de "mamãe urso" sempre me deixa ainda mais apaixonada, sabia? - informou ela em alto e bom som - Então, se a minha garota vai ficar aqui, acho que é meu dever ficar com ela, certo? 

— Ah, fazer o que, né? - respondeu Jonathan - nós vamos lá fora então e já voltamos - acrescentou, enquanto se levantava e dirigia-se em direção a porta com Rebecca.

— Ei - disse Chloe, com uma expressão arteira em seu rosto - vê se vocês demoram um pouco para voltar, porque quero aproveitar para dar uns pegas na minha esposinha aqui também.

Em meio as risadas do casal que saia pela porta, Max encarou sua amada com um misto de diversão e vergonha. "Ela adora me deixar sem saber o que fazer", pensava ela.

— Que foi? - Perguntou a mulher de madeixas azuis, em um tom divertido, logo que percebeu o olhar que lhe era lançado - Você tá com aquele olhar de adolescente apaixonada de novo, sabia?

— Você já teve quase 10 anos para se acostumar com esse olhar - rebateu - Não tenho culpa se não consegue lidar com a minha fofura.

— HÁ! Ponto para você Caulfied - finalizou Chloe, enquanto colocava ainda mais força no abraço que já durava alguns minutos - Ponto para você...

(...)

— E aí, como ela está? - perguntou Max, na porta do quarto

— Desmaiada. Nem tomou conhecimento do barulho dos fogos.

— Ela com certeza aprendeu isso com você - brincou a moça, entrando no quarto em direção a cama da criança - Esse dom de ignorar tudo a sua volta enquanto dorme é bem único.

— Ao menos uma coisa boa então - respondeu Chloe, de maneira animada, sentada na beirada da cama - Como pode isso, Max?

— O que? 

— Esse serzinho aqui, deitado na nossa frente - continuou ela, passando a mão pelos longos cabelos cacheados da filha - Eu fico tão preocupada de, sei lá, estragar tudo.

Max sentou-se então no lado oposto da cama, de frente para a sua companheira e com Sophia deitada entre elas. A menina, ela reparou, estava dormindo de uma maneira que apenas as crianças conseguem, com os braços jogados acima do corpo. "Eu nunca vou me cansar disso" pensou ela, enquanto observava a filha. Tudo nela parecia perfeito para a mãe, sua pele negra, os olhos cor de jabuticaba e o longo cabelo cacheado, tudo era inexplicavelmente precioso. "Devia ser assim que minha mãe se sentia".

— Acho que é normal ficar preocupada, sabe? - respondeu, finalmente - É até bom. Mostra a importância dela para nós.

— Importância? - disse Chloe, abaixando o tom de sua voz - Max, eu faria tudo por essa menina.

— Você meio que já faz - retrucou, em tom de brincadeira.

— Eu não tenho culpa, acho que é instinto - disse a mulher de madeixas azuis - Além do mais, eu prefiro quando o papel de malvada sobra para você.

As mulheres se entreolharam e abafaram uma risada.

(...)

Deitada em sua cama, Max deixou de lado um livro não tão interessante que estava tentando ler e virou-se em direção a Chloe.

— Que moça mais trabalhadora, essa minha esposa - disse ela, sonolenta, ao perceber que a outra mulher estava com o notebook em seu colo.

— Ei, você acha que é fácil criar publicações de ano novo para esses folgados? - a moça então olhou em direção a Max, sorrindo de maneira cansada, porém genuinamente feliz - É difícil usar a criatividade, ainda mais a essa hora da noite. Seeeem falar que eu devia ter publicado isso a umas 2 horas atrás.

— Fica tranquila amor - Max usava o tom de voz mais suave que possuía - as pessoas só vão ver essas publicações de manhã, mesmo.

— Bom, agora eu espero que vejam o quanto antes, porque eu TER-MI-NEI - Chloe deu um grande ênfase a ultima palavra, batucando a parte superior do notebook em cada sílaba.

— Isso quer dizer que eu finalmente tenho você só para mim? - perguntou Max, enquanto arrastava preguiçosamente o seu corpo em direção a sua companheira.

— SIM - informou Chloe, colocando o seu notebook na escrivaninha ao lado da cama - Eu sei que é muito difícil me dividir com os outros, Caufield. Parabéns por aguentar tão bravamente.

Max então abraçou a mulher deitada ao seu lado e ficou alguns segundos (ou seriam minutos?) admirando-a. Chloe havia amadurecido nestes últimos anos o que, segundo a esposa, a favorecia ainda mais. O cabelo, que antes era curto e azul, agora chegava até os ombros e ostentava um tom natural de castanho claro, quase loiro. O azul, entretanto, ainda estava lá, na ponta de algumas mexas do cabelo, como uma forma de manter o espírito Punk ainda vivo.

"Até hoje não sei o que teria sido de mim se ela não estivesse do meu lado. Depois de...tudo o que aconteceu, sem essa mulher eu não teria sobrevivido, disso eu tenho certeza"

— Chlo... - Max finalmente jogou o seu corpo por cima do de sua esposa, fazendo com que seus rostos ficassem frente-a-frente, com a ponta dos narizes se tocando - Feliz ano novo.

Sem dar tempo para a esposa responder, Max aproximou ainda mais os seus rostos, beijando Chloe de uma maneira profunda e aconchegante. Naquele momento, como em todos os outros, era como se elas fossem uma só, unidas por um único sentimento. Para ambas, cada beijo ou demonstração de carinho era uma prova de tudo o que haviam sobrevivido, e de que nada mais poderia separá-las.                                               

"Nem mil tempestades"

— Feliz ano novo, Max.


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Notas finais do capítulo

É isso ai pessoal. Espero que tenham gostado desse primeiro capítulo, pois ele serviu mais como um prólogo, o segundo deve estar saindo do forno em breve, e terá alguns "flashbacks" e mais desenvolvimento na história :p
Obrigado!!!



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