A Caçada escrita por Rubellu Sidus


Capítulo 5
Garganta das Almas


Notas iniciais do capítulo

Passou-se um bom tempo desde que o trio de caçadores entrou na Mina. Eles passaram por muitos sufocos dentro daquela prisão de pedra. Enfrentaram fantasmas, zumbis e armadilhas que a própria mina oferecia a eles.

Mas finalmente conseguiram cumprir a promessa que fizeram a Jarbas, o Mestre de Obras, e libertaram todos os espíritos aprisionados da mina. Como recompensa, conseguiram atravessar o abismo que os levaria até o seu próximo objetivo.

Assim que Teodor abriu as portas da saída da mina, o que o trio viu foi literalmente de gelar a espinha.



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Teodor, Petru e Ecaterina foram recebidos por uma corrente de ar gelado. Eles não podiam acreditar no que seus olhos mostravam: montanhas completamente geladas, e o que mais os preocupou era o fato da Lua estar desaparecendo no horizonte para dar lugar ao Sol

Os três se cobriram com pelos de animais, para se aquecerem, e comeram um pouco da ração que trouxeram com eles para dar-lhes energia para a longa e gélida jornada que os aguardava

—Petru: Brr... que frio!

—Ecaterina: Acho melhor ficarmos todos juntos, mesmo com essas capas...

—Teodor: Concordo plenamente!

—Petru: Tá difícil enxergar!

Havia uma neblina sobrenatural, o ar era rarefeito e extremamente pesado, o que dificultava respiração deles. Eles deveriam tomar muito cuidado para não serem pegos por avalanches acidentais, qualquer coisa poderia acontecer daqui para frente

O trio seguiu unido e aquecido por alguns metros, o vento soprava forte enquanto era possível ouvir o uivo deste mesmo vento, que cortava os rostos do trio de caçadores. Após alguns metros eles observaram uma longa ponte de madeira, um pouco devorada pelo tempo e pelo gelo, mas que conseguiria aguentá-los até o outro lado

E assim atravessaram a ponte quando um rugido tenebroso chamou a atenção deles. Uma criatura surgira de uma caverna próxima. Ela era peluda, toda branca, com chifres médios e presas afiadas: um Yeti!

O trio ficou surpreso com a presença de tal criatura, só souberam sobre ela através de livros que contavam lendas. E logo se prepararam para um combate

—Teodor: Preparem-se! Essa vai ser difícil!

A criatura partiu para cima deles com tudo, foi difícil desviarem da investida brutal do Yeti, mas conseguiram. Teodor foi pego de surpresa por um golpe do monstro e quase foi arremessado longe. Ecaterina tentou atingir o Yeti com uma esfera de energia, mas de nada surtiu efeito

—Ecaterina: De novo?! Outra criatura imune à magia?!

—Teodor: A pele deste monstro é muito espessa e dura, nem mesmo a Besta Sagrada funcionaria... temos que derrubar esta criatura no precipício abaixo!

—Petru: Certo!

E assim o fizeram, montaram um esquema onde eles pudessem atrair a criatura para que ela caísse no fosso que havia abaixo das montanhas. Era uma tática cruel, mas já que nada surtira efeito, era necessário

Cercaram a criatura, Teodor com o Escudo em mãos para uma defesa rápida, Ecaterina e Petru estavam atrás dela. Até que Ecaterina teve uma nova dor de cabeça e se ajoelhou no chão. Petru foi ao encalço de sua mãe, enquanto Teodor provocava o monstro

—Ecaterina: Argh! Que dor!!!

—Petru: O que houve, mãe?!

—Ecaterina: É como ... uma voz latejando na minha cabeça!!!

E então, as mentes do Yeti e de Ecaterina se fundiram, ela estava dentro da mente da criatura, e a criatura estava na mente dela. Uma longa conversa deu início

—Ecaterina: O que está acontecendo?!

—Yeti: “Me deixem em paz!!!” “Me deixem em paz!!!”

—Ecaterina: Você...está falando?!

—Yeti: “Você é aquela com a qual me comuniquei agora?!”

—Ecaterina: Foi você, quem provocou esta dor de cabeça?!

—Yeti: “Sinto muito, não tive intensão. Percebi que havia um ser de grande poder mágico perto!”

—Ecaterina: Parando para pensar...a dor passou...

—Yeti: “Há algum tempo atrás, uma criatura sombria passou pela Garganta das Almas, atiçando minha raça, e tentando-as. Apenas uns poucos conseguiram resistir...eu sou o último... de minha espécie”

—Ecaterina: O último?!

Então o fragmento da mente do Yeti tocou a cabeça de Ecaterina, e ela começou a ter uma visão. Ela ainda estava na Garganta das Almas, mas invisível, impotente. Havia uma gruta com alguns membros de uma tribo de Yetis. Havia uma criatura encapuzada, cabelos de prata, capa vermelha como sangue, ela conversava com o chefe da tribo

—Vlad Tepes: Escutem, criaturas medonhas e repugnantes! Eu ordeno que me sirvam de imediato!

—Chefe Yeti: “E se não cumprirmos suas ordens? Criatura das trevas!”

—Vlad Tepes: Então eu destruirei cada um de vocês!

—Chefe Yeti: “Não permitirei que um ser como você ameace o meu povo pacífico, que viveu aqui por várias gerações!”

O Chefe Yeti se lançou para cima de Vlad Tepes com um poderoso soco. Vlad bloqueou o golpe rapidamente e encarou o Chefe Yeti com seus olhos vermelhos e sanguinários

Vlad Tepes removeu sua capa, apertou o punho direito com toda força que pode, e o Chefe Yeti se desfez em uma nuvem de sangue. Ecaterina teve que desviar o olhar para não ver a violenta morte do Chefe, embora ela tenha sentido um pouco da dor dele. O Yeti que os tinha atacado estava triste e desanimado

O tempo da lembrança foi avançado e ela viu a própria tribo travando combate com eles mesmos. Era difícil discernir quem eram os Yetis normais e quem eram os fantoches do Conde das Trevas. A guerra era cruel, alguns eram despedaçados, outros eram lançados no absimo. Vlad Tepes estava apenas sorrindo e gargalhando enquanto fugia por entre o nevoeiro

Ecaterina também viu um jovem Yeti, parecido com o que a abordara, adentrando uma caverna enquanto outros o seguiam, sem sucesso. O Yeti parecia assustado, mas pronto para reagir a qualquer ameaça que surgisse, então Ecaterina abriu os olhos no mundo dos sonhos e viu apenas o Yeti a encarando

—Yeti: “O Chefe Yeti significava muito para nós, alguns seguiram Vlad Tepes, e outros fugiram ou lutaram contra a criatura maligna que assolou nossas cavernas. Tive que fugir enquanto via meus companheiros lutarem e morrerem...”

—Ecaterina: Então o que você fez não foi um ataque, mas sim um pedido de ajuda?!

—Yeti: “Sim! Mesmo que eu não tivesse descoberto vocês, ninguém poderia atravessar a Garganta das Almas facilmente...”

—Ecaterina: Como assim?!

Fora do subconsciente de Ecaterina, Petru e Teodor observavam enquanto o Yeti estava imóvel, assim como Ecaterina. Os dois se olhavam fixamente, mas sem foco algum

—Petru: O que será que houve?!

—Teodor: Deve ter relação com a enxaqueca de sua mãe...

—Petru: Pode ser uma oportunidade de derrubar esta fera!

—Teodor: Espere... meus instintos dizem outra coisa...

De volta ao subconsciente de Ecaterina, a fera Yeti mostrara o caminho que o trio deveria percorrer. Nele havia enormes pilares de pedra que serviam como pontes para serem saltadas. Havia um grande risco do vento empurrar um dos três durante o salto e fazê-los caírem no mar congelado abaixo das montanhas

—Yeti: “Eu posso ajudá-los a atravessar a Garganta das Almas. Sou o último de minha espécie e morrerei daqui alguns anos... mas quero viver o resto de minha vida sabendo que vocês conseguiram derrotar este ser maligno que desolou tudo!”

—Ecaterina: Nós tentaremos! Eu juro que tentaremos!

—Yeti: “Então vocês terão a minha ajuda!”

Os dois acordaram de súbito, Teodor e Petru correram até Ecaterina, mas ela os afastou com um olhar e aceno negativo de sua cabeça. O Yeti estava na frente dela, calmo e quieto. Ecaterina colocou suas mãos na pata fria da criatura, e ela devolveu este gesto de carinho com um olhar de confiança

Era uma dura jornada, mas era o que tinha que ser feito! Os três caçadores subiram nas costas peludas do Yeti, e ele as levou até cada abismo que tinha o pilar de pedra. Teodor e Petru ficaram abismados

—Teodor: Eu não sabia que este caminho era guiado por totens, como você soube, amor?!

—Ecaterina: O Yeti me contou...

—Petru: O que?! – Petru olhava amedrontado para o Yeti, que apenas seguia seu curso, embora ouvia tudo que os humanos falassem – E o que aconteceu, quando vocês dois meio que apagaram?!

—Yeti: “Por favor, conte a eles tudo o que lhe contei, para que não desconfiem de minha dignidade, honra e palavra. Pois é tudo que me restou...”

Ecaterina contou toda a história triste do Yeti, e como sua tribo foi devastada pela maldade do Conde das Trevas. Isto fez com que Teodor urrasse de raiva e frustração enquanto segurava forte o pelo da criatura enquanto ela saltava totem por totem e parava brevemente para descansar e respirar

—Teodor: Já não basta escravizar humanos, tem que acrescentar criaturas à sua lista perversa!?

—Petru: Temos que acabar com ele logo, caso contrário... não só Andreea estará condenada, mas tudo que for tocado por Vlad...

Ecaterina, ao ouvir estas palavras, apoiou sua cabeça que não mais doía, nas costas do Yeti. O Yeti saltava mais e mais totens, alguns eram difíceis e causavam um pouco de tremor em suas costas

Passou-se alguns bons minutos até que chegassem a uma passagem bem estreita. O Yeti mirou Ecaterina e ela pediu para que seu marido e filho saltassem de suas costas, e novamente os dois conversaram telepaticamente

—Yeti: “Infelizmente não poderei acompanhá-los daqui para frente, mas sei que vocês chegaram até aqui com sua determinação e sei que é a chave para sua vitória!”

—Ecaterina: Quero agradecer do fundo do coração por nos ter trazido até aqui... eu carregarei seu desejo comigo! – Ecaterina, novamente, oferecia seu carinho para com a criatura, que retribuiu colocando a ponta do dedo na cabeça de Ecaterina, como se quisesse fazer um carinho ou cafuné

—Yeti: “Eu vejo verdade em seu espírito, e poder em sua magia. Sei que cumprem com suas promessas! Agora eu devo partir... boa sorte em sua jornada!”

O Yeti deu as costas para Ecaterina e seguiu de volta para sua caverna, onde ficaria até o fim de seus dias, mas sempre com a esperança de que sua tribo fosse vingada. Demorou um pouco para Teodor e Petru perceberem que Ecaterina estava chorando, o Yeti lembrou um pouco a situação com Andreea

Ela tinha que cumprir com seu papel, mesmo sabendo que poderia fracassar. Teodor e Petru a consolaram enquanto eles seguiam pelo caminho estreito até chegarem em uma montanha que parecia uma muralha. Com pedras firmes e fortes, eles conseguiram escalar uma a uma, com dificuldades. Petru estava nas costas de Teodor enquanto ele e Ecaterina subiam

Demorou mais alguns minutos até que eles finalmente alcançassem o topo da montanha e avistaram um Castelo rodeado por uma terra morta. Teodor supôs que fosse o domínio do Conde das Trevas. O trio de caçadores seguia em frente enquanto se aproximavam cada vez mais da terra abatida, enquanto a Lua desaparecia no horizonte

Ecaterina observava o Yeti retornar de volta à sua caverna, e sumir em meio à nevasca congelante. Ela tinha certeza que voltaria a vê-lo, e lhe comunicaria pessoalmente que vencera o Conde das Trevas

—Petru: O que é isso?! – Petru dizia enquanto saltava das costas de Teodor

—Ecaterina: Parece um... – Ecaterina voltou sua atenção ao ambiente em que estavam

—Teodor: Um cemitério...

Eles andaram um pouco e parecia surreal. Como era possível existir um cemitério bem no topo de uma montanha, onde deveria ser mais gelado ainda. Não era tão gelado quanto lá embaixo, mas permitiu que eles removessem suas capas de peles. E após um breve descanso, eles seguiram em frente

No Castelo de Vlad, especificamente em sua Sala do Trono, Vlad acompanhava os passos de Teodor, Ecaterina e Petru. Estava muito surpreso por vê-los inteiros e vivos após atravessarem a Garganta das Almas, Vlad colocou a mão em seu queixo pontudo

—Vlad Tepes: Não acredito que chegaram até aqui! Não conseguiram sozinhos... maldito! – Vlad percebeu que havia a possibilidade de um Yeti ter sobrevivido, e que este teria ajudado os caçadores – Assim que me livrar destes três, eu mesmo irei acabar com este Yeti!

—Vlad Tepes: Bom, não posso deixar meus hóspedes esperando! Ó SERES INFERIORES, PORTADORES DA MORTE! EU OS CONVOCO PARA QUE ME SIRVAM UMA VEZ MAIS! ESPECTROS, FANTASMAS, ZUMBIS E CADÁVERES! OUÇAM O CHAMADO DE SEU MESTRE E SENHOR, CONDE DAS TREVAS, VLAD TEPES!

Erguendo as mãos para o alvo, Vlad evocou um portal flamejante do qual saíram criaturas da noite e da morte. Um exército de Zumbis e Espectros Fantasmagóricos. Ao seu lado havia uma outra criatura, maior e mais sombria que olhava para seu mestre e grunhia em desespero

—Vlad Tepes: Acalme-se, meu leal guardião! Você será útil mais tarde! Muahahahaha!

FIM DO CAPÍTULO


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Notas finais do capítulo

Ar livre! É um alívio. Afinal deixaram para trás pesadelos antes nunca sonhados.

Uma neblina intensa é sinal de que estão no alto de uma montanha. Qualquer distração poderá ser fatal.

Depois de alguns metros algo os surpreende: a trilha é composta por imensos pilares de pedra que devem ser usados para saltar até o outro lado e continuar a caminhada.

É o único modo de chegarem ao topo. E, fazendo uma aliança improvável com um Yeti, seguiram por toda a encosta saltando com precisão e coragem.

O tempo passa, o Yeti sobrevivente que os carregava recupera o fôlego entre um salto e outro, até que vislumbram o topo da montanha! Estava perto o castelo do conde impiedoso.

No próximo capítulo de "A Caçada" - "Cemitério do Castelo"



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