Em algum lugar ao sul da Ilha Arquivo, no meio de uma floresta, Asuka, Riato e Hiro, também buscavam entender o que estava acontecendo. Eles também estavam com Digimon seguindo eles. Hiro era seguido por um passarinho rosa, Poromon, que voava em volta dele. Nas mãos de Riato estava uma pequena bolinha amarela com olhos e um longo rabo, Nyaromon. Uma coisinha, que se assemelhava a uma gota d'água, Moonmon, vinha flutuando atrás de Asuka. 

Eles andavam em fila pela floresta, a ruiva sempre na frente deles. A floresta estava completamente congelada, mas era visível pelas plantas, que antes de tanta neve, ali era uma floresta de clima tropical. 

— Como achar o oceano pode nos ajudar a voltar para casa? - Indagou Hiro. 

— Você ouviu o que eles nos disseram, a gente nem está mais no Japão. - Disse Riato. 

— Pessoal, o oceano pode ser a nossa única chance de avistar um navio e pedir ajuda a um adulto. - Explicou Asuka.  

— Mas o oceano está congelado há muito tempo, Asuka-San. - Disse Moonmon. 

— Tudo aqui está congelado, vamos morrer de frio se não fizermos alguma coisa. - Insistiu a garota. 

— Eu não tô com frio. - Disse Hiro. 

— É óbvio que não está. Você tá todo coberto por essa roupa chinesa ridícula. 

— Acha minha roupa ridícula, Asuka? Não sou eu que estou vestindo com uma camisa rasgada.  

— Isso é estilo, gordinho. - Disse Asuka com rispidez.  

— Vocês não podem ficar discutindo assim, vocês são amigos. - Disse Nyaromon. 

— NÃO SOMOS AMIGOS!! - Asuka e Hiro gritaram juntos. 

— Mas ela tá certa. - Riato intercedia por Nyaromon - Não podemos discutir, temos que nos unir para acharmos uma saída disso tudo. 

— O único jeito de sair da Ilha Arquivo é nadando, ou voando. - Disse Poromon. 

— Nem todo mundo tem asas, Poromon. - Disse Hiro. 

 Katsuo e Emi ainda estavam na caverna com seus Digimon, a tempestade de neve ainda não havia cessado, e eles buscavam se esquentar em volta da fogueira improvisada. Katsuo examinava o aparelho que aparecera para ele durante o ataque do Mojyamon. 

— Você vai acabar quebrando. - Alertou Emi, quando viu que o garoto estava tentando abrir o aparelho ao meio. 

— Eu estou curioso. Você não quer saber o que é isso? Quero saber como funciona, entender mais sobre tudo isso que aconteceu com a gente em tão pouco tempo.  

De repente, o aparelho fez um som de bipe e se abriu, liberando uma tela azul. Agora ele se parecia mais com um celular. 

— D-Touch... - Katsuo lia a logo que aparecera na tela. A logo sumiu e apareceu algo como se fosse um radar, mas sem nada no centro.  

Curioso. O garoto começou a apontar em todas as direções, até que apontou para Coronamon. Uma imagem do mesmo surgiu na tela e, ao lado, as seguintes informações: 

Coronamon 

Nível: Child 

Tipo: Beast 

Atributo: Vaccine 

Em seguida, uma voz robótica no D-Touch começou a dizer: "Coronamon. Um Digimon Fera, que surgiu da fusão dos dados do Sol. Tem uma personalidade inocente e um senso de justiça muito grande. Seu ataque principal é Corona Flame!" 

— Ei, olha a minha privacidade! - Coronamon corava de vergonha. 

— Desculpe. - Disse Katsuo – Mas esse scanner pode ser muito útil daqui para frente. Então, isso é um D-Touch, seja lá o que isso significar. - Ele fechava o aparelho, escondendo a telha e voltando a ser apenas um objeto circular. 

— Como isso vai nos ajudar a sair desse lugar? - Perguntou Emi desanimada. Estava sentada com as pernas cruzadas ao lado de Floramon. 

— Não sei... - Disse Hiro – Quando a neve parar de cair, vamos buscar ajuda. 

Enquanto isso, o grupo de Asuka acabava de chegar às margens de um lago congelado. Uma porção de areia em volta do mesmo estava sem neve, Hiro aproveitou para sentar como uma jaca, que caíra do pé. 

— Eu não aguento mais andar. - Disse Hiro. 

— Podemos descansar um pouco aqui, Asuka. - Sugeriu Riato. 

— Poderíamos, se quiséssemos morrer de hipotermia. Logo vai escurecer e não temos fogo. Temos que encontrar um abrigo. 

— Tem uma vila aqui perto. - Disse Poromon.  

— Isso mesmo, uma vila de Pagumon. - Completou Moonmon. 

— Pagumon? Eu não acho seguro... - Nyaromon parecia receosa com a ideia.  

— Se tem uma vila, nós vamos até lá. Pode ser que encontremos algum humano. Mostre o caminho, Moonmon. - Asuka começou a andar seguindo a pequena Digimon. 

— Vamos, Hiro. - Poromon puxava o garoto pela gola da camisa.  

— Espero que não seja longe. - Reclamou Hiro, enquanto se levantava devagar. 

Uns dez minutos de caminhada por dentro da floresta e eles chegaram até uma clareira, onde haviam dez casinhas de palha, que formavam um círculo em volta de uma grande fogueira. Em volta dessa vila, o chão era coberto por grama, graças ao calor da fogueira. 

— Quem diria, tem verde nessa ilha. - Disse Asuka em tom de ironia. 

Quando ouviram a voz da garota, várias criaturazinhas, que se pareciam com bolas cinza, vieram pulando na direção deles.  

— Visitantes! Visitantes! - Exclamou vários Pagumon ao mesmo tempo e sorridentes. 

— São crianças humanas. - Comentou um deles. 

— Crianças humanas, no Mundo Digital? - Eles indagavam entre si.  

— Por favor, se abriguem na nossa vila. - Sugeriu um Pagumon – Cuidaremos bem de vocês. 

— Bom... já que insistem – Asuka já ia entrando na vila, seguida dos outros e os Pagumon. 

Um dos Pagumon ficou para trás. Seus olhos vermelhos transbordavam falsidade. Ele deu um sorriso de canto de boca e seguiu os demais. 

A noite chegou na ilha arquivo. Toda a Vila dos Pagumon era iluminada e aquecida pela fogueira, que continuava queimando sem cessar. Os três estavam sentados em volta da mesma, quando um Pagumon se aproximou com uma bandeja na cabeça, com três canecas cheias de um líquido quente.  

— Chocolate quente? - Ele oferece sorrindo, e os três pegaram sem pensar duas vezes, estavam famintos. 

— Ei, não tem pra gente? - Perguntou Poromon. 

— Não, acabou! - O Pagumon respondeu de mau humor e se retirou. 

— Que mal-educado! - Reclamava Poromon. 

— Se você quiser, eu te dou um pouco do meu. - Hiro ofereceu ao seu Digimon, que pulou na caneca, quase entrando dentro e tomava o chocolate sugando com seu bico. 

— Aqui, Nyaromon. - Riato oferecia uma parte do seu chocolate quente para a Digimon, que estava em seu colo e tomou tudo. 

— Toma, Moonmon, você também deve estar com fome. - Disse Asuka, pondo a sua caneca no chão e deixando a Digimon se servir. 

Tempo depois, em volta da fogueira, Riato, Nyaromon e Poromon adormeceram; o menino usava as mãos como travesseiro. Asuka, Moonmon e Hiro ainda estavam acordados. 

— Por que estavam na detenção afinal? - Perguntou Asuka - Você nem tem cara de quem briga. 

— Eu não brigo... mas o Riato brigou por mim. – Hiro começava a se lembrar – Ele deu um soco na cara do menino que estava me provocando e a monitora chegou nesse momento. 

— Puxa, vocês devem ser muito amigos. - Disse Moonmon. 

— Sim, desde bem pequenos. Moramos no mesmo prédio... e você, Asuka-San? Ao contrário de mim, você tem cara de quem vive na detenção. 

— Não, essa foi a minha primeira vez também. Sabe, eu não sou de brigar, prefiro ficar quieta no meu canto, para não arrumar mais problema para os meus pais. Mas aquela garota me provocou demais. "Pela renda mensal da sua família, você deveria ser mais inteligente" Ela me disse. Só porque meus pais são ricos, eu tenho que me portar como uma princezinha sempre? 

— Bom... eu não sabia que você era rica, você anda toda rasgada. - Observou Hiro. 

— Eu já disse que esse é o meu estilo! - A garota se exaltou. Riato resmungou ainda dormindo e eles fizeram mais silêncio - É melhor irmos dormir, amanhã vai ser um dia longo. 

— Concordo. - Disse Hiro, se virando para o lado e se acomodando como podia no chão coberto por grama. 

Não demorou muito para todos adormecerem. Durante a noite, os Pagumon tramaram e cochicharam pelos cantos. Estavam planejando algo de ruim para as crianças. 

Na manhã seguinte, Riato foi o primeiro a acordar. Depois de constatar que nada do dia anterior fora um sonho, ele se desanima. Olhou para o lado e viu que Asuka e Hiro ainda dormiam, mas Nyaromon, Poromon e Moonmon não estavam por perto; não havia nenhum Pagumon por perto. A fogueira estava apagada e fazia muito frio.  

—Hiro, acorda. - Ele cutucava o garoto, que se virou para o outro lado resmungando. Então, ele foi até Asuka – Asuka, tá na hora de levantar. Tem coisa errada acontecendo – Alertava. 

A garota acordou, se sentou, deu dois bocejos demorados e coçou os olhos. 

— O que foi agora? - Ela perguntou – Ah, droga. Então não foi um sonho. 

— Eu esperava que tivesse sido também, mas agora, precisamos ficar atentos. 

— O que houve? - Hiro também ia se levantando – Por que esse falatório essa hora da manhã? 

— Hiro-San, os Pagumon sumiram, nossos Digimon também. - Explicou Riato – Nyaromon nos alertou ontem que não era uma boa ideia vir até aqui. 

— Ah, qual é? Os Pagumon foram legais com a gente. Eles devem ter ido juntos para algum lugar para buscar comida. 

— Eu acho que não. - Disse um Pagumon, que apareceu do nada sorrindo de forma assustadora – Eles acordaram! 

Os outros Pagumon surgiram cercando-os. Moonmon, Nyaromon e Plotmon surgiram pendurados em uma gaiola no galho de uma árvore, pareciam muito doentes. Os Pagumon possuem uma técnica chamada de Poison Bubbles, que eles usaram contra o três enquanto dormiam. 

— Seus Digimon não podem ajudar vocês, agora estão indefesos – Continuou o Pagumon, que deu sinal para outros que seguravam uma corda e eles a largaram. 

Uma cela feita de bambu caiu por cima dos três, os prendendo. 

— O que vocês estão fazendo? - Perguntou Hiro desesperado. 

— A gente vai fazer uma troca. - Respondeu o Pagumon. 

— É, vamos entregar vocês para IceDevimon-Sama. - Completou o que estava ao lado – E ele vai nos dar uma montanha de cocô como recompensa. 

Todos os Pagumon ficaram de água na boca, imaginando a montanha de excrementos que ganhariam. 

— O QUE? - Indagaram os três ao mesmo tempo perplexo. 

— É, a gente adora cocô! - Disse um dos Pagumon. 

— Usamos cocô pra tudo! 

— Até o nosso chocolate tem cocô. - Completou um Pagumon lá do fundo. 

Hiro e Riato ficaram verdes e cobriram a boca, como se quisessem vomitar. Furiosa, Asuka se segurou nas grades e disse: 

— Quando eu sair daqui, vou chutar vocês como se fossem bolas de futebol! 

Alguns Pagumon correram de medo da garota, os que ficaram, mantinham uma expressão de pavor em seus rostos. 

— A-Asuka-San... - Moonmon chamava com a voz fraca - Não enfrente ele... é perigoso... 

— Eles estão muito maus... O que fizeram com eles?! - Perguntou Hiro furioso. 

— Só demos um pouco do nosso veneno para eles. - Respondeu um dos Pagumon. 

— Precisamos ajudá-los... - Disse Riato.  

— Como? Estamos presos também. - Disse Asuka. 

— Não sei, mas não vou deixá-los morrer.  

— Nem eu! - Disse Hiro. 

Nesse momento, três colunas de luz surgiram do chão bem na frente de cada um deles. Um aparelho se materializou em cada uma delas e eles pegaram para si, cessando a luz. O de Hiro era azul, o de Riato, branco, e o de Asuka era lilás. 

— O que são essas coisas? - Perguntou a garota, que examinava o aparelho. 

Uma luz sai dos três aparelhos e vão na direção da gaiola, onde estavam os Digimon, curando-os. Em seguida, cada um é envolvido por uma esfera de luz e começam a se modificar. 

— Moonmon shinka... - A pequena gota de água se tornara uma coelhinha duas vezes maior, ainda em tons de roxo e lilás - Lunamon!! 

— Nyaromon shinka... - Nyaromon se tornou um pequeno cãozinho cor de marfim, com uma espécie de coleira dourada – Plotmon!! 

— Poromon Shinka... - Seu corpo esférico se tornou maior, ganhou pés e asas com garras. Penas avermelhadas e brancas cobriam seu corpo – Hawkmon!! 

Quando terminaram de evoluir, os três não cabiam mais na gaiola de bambu, que se rompeu e os liberou. 

— Tear Shoot!! - Disse Lunamon, que criou uma esfera de água e disparou contra os Pagumon, os afugentando.  

— Puppy Howling!! - Plotmon latia contra a cela das crianças, liberando uma onda sônica, que destruiu a mesma, liberando-os – Por aqui, se afastem deles! - Ela os conduzia. 

— Isso foi incrível, Nyaromon. - Disse Riato. 

— Sou Plotmon agora, Riato-San. - Respondeu Plotmon e foi atacar os Pagumon. 

— Não deviam ter evoluído - Disse um Pagumon. 

Todos pareciam muito furiosos e se concentravam na frente dos três Digimon evoluídos. Os Pagumon começaram a brilhar e se tornar um único ser verde com uma clave de madeira nas mãos. Haviam evoluído para Goburimon. 

— Vamos atacar juntos! - Disse Hawkmon, que voava sobre eles, dando um rasante e bicando a cabeça do Goburimon – Loop the Hawk!! - Ele voava em volta do Goburimon o cortando com as garras em suas mãos. 

— Goburi Bomb!! - Disse Goburimon furioso, enquanto criava uma bola de fogo com a clave e lançava em Hawkmon, acertando-o e o jogando ao chão. 

Os outros dois se preparavam para atacar. 

— Happy Paw!! - Plotmon disparou um raio de luz de sua boca contra Goburimon, lançando-o para longe. 

— Loop-ear Ripple!! - Lunamon corria em volta do Goburimon, criando bolhas com suas orelhas e prendendo ele num vortex de bolhas, que começaram a se explodir. 

Goburimon caiu desacordado e voltou a ser vários Pagumon, que correram assustados pela floresta, os deixando em paz. 

As três crianças foram de encontro com seus Digimon e os abraçaram para agradecer.  

— Vocês foram incríveis! - Disse Asuka – Principalmente você, Lunamon. 

— Obrigada, Asuka-San. - A Digimon agradecia sorridente. 

— Todos fomos muito bem. - Disse Hawkmon, que voava em volta de Hiro. 

— Você foi o primeiro que ele acertou, Hawkmon... - Lembrou Hiro. 

— Eu o distraí, para que pudessem atacá-lo. Se eu tivesse acertado com todo o meu poder, nem teria graça. - O pássaro contava vantagem. 

— Precisamos continuar indo na direção do oceano. - Sugeriu Asuka. 

— Eu faço tudo pra sair dessa vila. - Disse Riato. 

— Também. - Concordou Hiro. 

Os três saíram da vila e continuaram caminhando pela floresta congelada. Eles haviam até esquecido do que os Pagumon disseram sobre um tal IceDevimon, mas estavam prestes a descobrir de quem se tratava.