Digimon Light and Darkness escrita por Nekito


Capítulo 1
Aventura Congelante


Notas iniciais do capítulo

Katsuo é um amante de jogos e sempre sonhou em viver a sua própria aventura. Mal sabia ele, que o dia de começar sua aventura, estava tão próximo.



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Era uma manhã de segunda-feira. Seria o primeiro dia de aula depois do recesso de verão, também era o dia em que o presente de aniversário de Katsuo chegaria, depois de duas longas semanas de espera. Os pais do garoto eram divorciados e seu pai morava no Brasil, não pôde estar presente no dia de seu aniversário, por isso mandou o presente pelo correio. 

Katsuo não se aguentava mais de ansiedade, pois sabia o que iria ganhar, e era o que ele esperava durante toda as férias de verão. 

O cheiro do tamagoyaki de sua mãe já inundava toda a casa e foi o despertador do menino, que mal havia dormido naquela noite. Katsuo se vestiu correndo: camisa preta, blusa laranja e calça jeans azul-escuro; um óculos de aviador sobre seu cabelo loiro levemente espetado; e já estava pronto para o dia.  

Ele atravessou o corredor correndo em direção à sala, se escorregando e surfando no tapete e atravessando o cômodo como um foguete, até chegar na mesa, onde sua mãe havia colocado as cartas e o seu pacote. 

— Eu já falei que não é para correr dentro de casa, mocinho! – Bradou sua mãe, que estava na cozinha. 

— Desculpe. – Ele respondeu, enquanto rasgava o pacote sem nenhuma cerimônia. 

Lá dentro, ele encontrou um vídeo game portátil, o qual havia sido lançado mês passado e já era sensação entre as crianças do mundo todo. Ainda havia um cartucho do jogo que o garoto mais queria jogar naquele console: Plantas Assassinas III. Um jogo de aventura sobre plantas carnívoras que dominavam o mundo, o qual Katsuo vem acompanhando dede sua primeira versão dois consoles antes deste. 

O garoto não queria perder mais tempo, tratou de encaixar o cartucho no aparelho e começou a jogar, indo em direção à cozinha, à mesa, para tomar seu café da manhã. Um copo de leite e três fatias do tamagoyaki estavam sobre a mesa o esperando. Ele se sentou, a sua atenção toda voltada para o jogo. 

— Katsuo, come logo, depois você joga. - Disse a mãe do garoto, Naomi, que tinha o mesmo cabelo loiro do menino, porém, longos e amarrados em um rabo de cavalo – Vai acabar se atrasando pra aula. 

— Plantas Assassinas III é mais importante. – Ele sibilou, enquanto empurrava uma fatia de tamagoyaki goela abaixo. 

— O que disse?  

— Disse que já estou terminando e que vou dar prioridade aos estudos hoje, mãe. – Refazia sua resposta após terminar de tomar o copo de leite todo em um único gole. 

— Acho bom. – Disse a mãe com um tom maior de severidade. 

Depois de terminar a refeição, o garoto voltou ao quarto e pegou sua mochila com seus materiais, botou o jogo dentro e foi pra sala se despedir da mãe. Na saída do apartamento, ele vestiu seu tênis e foi correndo até o elevador. Katsuo morava no quarto andar de um prédio de conjunto habitacional, que ficava perto da Estação de Shibuya. 

Ao lado do prédio, havia um pequeno parque com várias cerejeiras, algumas floridas, outras totalmente verde. Um caminho de pedras atravessava o parque saindo do outro lado do quarteirão, já em frente à escola em que ele estudava. Assim que ele chegou, o sinal tocou e todos foram para suas salas. 

Durante o intervalo, Katsuo se isolou das outras crianças: ele se sentou aos pés de uma árvore atrás da escola, onde ninguém o interromperia e ele poderia jogar seu jogo em paz.  

Os minutos passaram e o intervalo acabou, os pátios da escola foram ficando vazios, mas Katsuo estava tão entretido com o jogo, que sequer ouvira o barulho do sinal. Ele já estava no chefe da fase nove,  quando sentiu uma mão grande e pesada sobre seu ombro.  

— Nakamura Katsuo. – Disse a voz de uma mulher adulta – Matando aula para ficar atrás da escola jogando... 

Quando o garoto se virou, se deparou com uma moça rechonchuda, que tinha o cabelo curto. Era uma das monitoras da escola. Agora ele estava encrencado. 

— M-Mas eu estou no meu intervalo. – Disse o garoto gaguejando. 

— O intervalo já acabou faz meia hora,  e você vem comigo! 

A monitora confiscou seu jogo e o levou arrastado até a sala de detenção, o jogando lá dentro junto com outras crianças, que estavam lá também. 

— Eu volto daqui alguns minutos e se eu ver alguém fora dos lugares, eu juro por deus que vou fazer vocês ficarem depois da aula todos os dias pelo resto do ano! – Bravejou a monitora, que saiu batendo a porta.  

Katsuo se recompôs e foi até uma carteira vazia e se sentou. Do seu lado direito, havia um garoto com cachecol vermelho, que conversava sem parar com um garoto gordinho, que estava atrás dele. Do lado esquerdo, uma garota ruiva mal encarada fazia bolas com aa goma de mascar em sua boca. Quando percebeu que Katsuo a olhava, ela fez uma cara de brava.  

— Perdeu alguma coisa aqui? – Perguntou a garota com rispidez.  

— Quanta educação... – Disse Katsuo baixinho.  

— Eu não tenho que ser educada com todo mundo, garoto. Quem você pensa que é?  

— Ai, nossa, deixa o menino em paz. – Disse a garota morena que estava sentada atrás de Katsuo – Você parece até uma selvagem, se comportando dessa forma.  

— Ninguém pediu a sua opinião, patricinha metida!  

— O meu nome é Katsuo... – Ele se apresentava para evitar que as duas brigassem ali na frente dele.  

— O meu é Emi, e essa neandertal do seu lado é a Asuka. – Disse a garota atrás de Katsuo – Eu só estou aqui por causa dela. 

— Minha causa? Você que me provocou! – Bradou Asuka se levantando da cadeira – Essa idiota aí ficou puxando o saco da professora até me estressar. Ela me corrigiu e tirou sarro da minha cara! 

— Não tenho culpa se você é burra...  

— O que você disse?! – Asuka já ia partindo para cima de Emi.  

— Se acalmem aí! – Ordenou o garoto que estava ao lado de Katsuo – Não queremos ficar o ano todo na detenção por causa de vocês duas!  

— Oi, meu nome é Katsuo. – Ele se apresentava. 

— Eu sou Riato, e esse é o meu amigo, Hiro. – O garoto de olhos verdes apontava para o gordinho de cabelo preto atrás dele – Estamos aqui por engano, na verdade.  

— Uns alunos do oitavo ano estavam me zoando... – Contava Hiro – Riato me defendeu e começamos a discutir, a monitora viu e nos trouxe para cá. 

— E você, fez o que? – Emi perguntou para Katsuo. 

— Ela me pegou jogando depois do intervalo... mas eu nem ouvi o sinal. Ela pegou meu jogo novo. - Katsuo respondeu desanimado. 

Um barulho no fundo da sala chamou a atenção dos cinco, era um computador velho, que apitava com som de mensagem recebida incessantemente. Katsuo e Asuka se levantaram e foram até o fundo da sala para checá-lo. Os outros três os seguiram depois. 

— Já estava ligado quando a gente entrou? - Indagou Riato. 

— É melhor desligar. - Sugeriu Hiro – Se a monitora voltar e ver ele assim, vai nos culpar por isso também. 

Asuka levou a mão à tomada e a puxou com força, mas o aparelho continuava ligado e apitando. A tela ficou toda branca e uma mensagem começou a ser escrita: 

"O Mundo Digital precisa de ajuda" 

Em baixo as palavras "Ajudar" e "Negar Ajuda" e encontravam em fonte azul, como se fosse um redirecionamento. 

— Não clica, pode ser vírus. - Alertou Emi. 

— Mas como isso é possível? Eu já desliguei a tomada. - Disse Asuka espantada. 

— Clica! - Disse Hiro. 

— O computador não é nosso mesmo. - Completou Riato. 

Katsuo hesitou por alguns segundos, pois não queria passar o resto do ano na detenção, caso desse alguma coisa errada. Mas sua curiosidade foi maior. O garoto clicou e o computador começou a emitir uma luz muito forte, que forçou os cinco a cobrir os olhos. 

— O que está acontecendo? - Perguntou Katsuo apavorado. 

— O que você fez, Katsuo?! - Asuka tentava forçar sua visão para ver algo, mas não tinha nada além de um branco sem fim. 

As crianças sentiram um formigar por seus corpos, pareciam que estavam sendo puxados, e estavam. O computador começou a sugá-los e transformar seus corpos em pequenas partículas. Eles ficaram desesperados e começaram a gritar, até que desmaiaram. 

Frio... Katsuo sentiu quando pousou em algo macio e gelado, mas não tinha forças para acordar, então, continuou ali desmaiado, mas não sozinho. 

Sobre a neve gélida, uma criaturazinha laranja, que se assemelhava a um sol, flutuava em volta do garoto. Parecia curioso e preocupado. 

— Katsuo... - Chamou a criatura – Acorda, Katsuo! - Insistiu. 

— Ai... minha cabeça... - Disse o garoto, enquanto se levantava. A mão esfregando a testa, os olhos entreabertos e a visão ainda turva. 

Ele se sentou na neve, olhou para quem o chamava, mas só via um borrão alaranjado. 

— Finalmente acordou, que bom! - Ele comemorava. 

— Quem é você...? Onde estou?  

A visão do garoto ia melhorando. Ele pôde ver alguns pinheiros cobertos por neve e, quando voltou a olhar para o borrão laranja, ele pode ver claramente de que e tratava: um pequeno sol com olhos e boca. 

Katsuo deu um pulo para trás de susto. 

— Q-Que coisa é essa? Como sabe meu nome? 

— Bom, eu também não sei como eu sei, mas eu sei. - O pequeno sol explicava – Eu venho te esperando há muito tempo. Meu nome é Sunmon, sou seu parceiro Digimon! 

— Eu bati muito forte com a cabeça, só pode ser isso. - Dizia, enquanto tentava ficar de pé, as pernas ainda meio bambas – Onde estão os outros? 

— Que outros? 

— Os outros, que estavam comigo na detenção, quando... não tenho certeza do que aconteceu exatamente... 

— Só tem eu e você aqui, Katsuo. 

— Não... Eu não posso ter vindo parar aqui sozinho... - O garoto parou um instante para pensar. Não poderia estar no Japão ainda, naquela época do ano não teria neve daquela forma – Onde eu estou? 

— Está na Ilha Arquivo. - Respondeu Sunmon sorridente. 

— Isso não deve ficar no Japão... 

— O que é um Japão? - Perguntou Sunmon de forma inocente. 

— É onde eu moro, Sunmon. 

— Ah, o Mundo Humano? Mas a Ilha Arquivo fica no Mundo Digital, é o Mundo dos Digimon. - Explicava. 

— Digi-o que? 

Antes que as explicações pudessem continuar, um barulho de explosão chama a atenção deles. Uma garota vinha gritando desesperada na direção do menino. Era Emi, que segurava uma florzinha rosa com olhos. Ela caiu ajoelhada na neve, o rosto estampava uma expressão de pavor. 

— Emi-San. - Disse a florzinha nas mãos dela - Você está bem? Não precisamos correr, eu te protejo. 

— Você não pode com aquilo, Pyocomon.  

— Emi, você também está aqui! - Katsuo pareceu feliz por não ser o único a estar naquele lugar. 

— Katsuo, ele está vindo! - Emi alertou assustada, enquanto se levantava e ia para trás do garoto. 

— Quem está vindo? 

— Mojyamon! - Respondeu Pyocomon 

Um monstro branco e peludo pulou de trás dos pinheiros e surgiu na frente deles, com um rugido, ele bateu no chão com a estaca de gelo que estava em sua mão. 

Num relance, Sunmon saltou para frente do garoto, e começou a disparar pequenas estrelas de fogo em Mojyamon. 

— Starlight!! - Bradou enquanto disparava. 

Mojyamon as defendeu com seu braço e revidou batendo em Sunmon com sua estaca de gelo, o lançando uns três metros de distância. 

— É como num RPG... Eles possuem técnicas de ataque. - Katsuo pensava alto -  Sunmon, não pare de atacar, gelo é fraco contra o fogo, temos vantagem! 

Sunmon tornou a se levantar e flutuou na direção de Mojyamon, enquanto disparava mais estrelas de fogo, mas nem sequer chamuscavam a pelagem dele. 

— Ele está dois níveis acima do nosso, não podemos vencer. - Explicou Pyocomon. 

— Podemos se não desistirmos! - Katsuo agora estava mais confiante. Era como se ele estivesse dentro de um vídeo-game. 

— Ele tem razão. - Disse Emi, que soltou Pyocomon. 

A pequena plantinha foi aos pulos na direção da batalha. 

— Soap Flower!! - Disse enquanto disparava um líquido verde de dentro de sua flor. 

O líquido atingiu Mojyamon no braço e começou a corroer seu pelo, deixando uma falha no local. O monstro ficou ainda mais furioso. 

— Grrr... Icicle Rod!! - Mojyamon cuspiu duas espirais de gelo, que atingiram Sunmon e Pyocomon, os deixando muito feridos. 

— Essa não. Pyocomon! - Gritou Emi, que ia na direção da Digimon, mas Katsuo a segurou. 

— Não podemos com ele. - Disse o garoto – Eles nos defenderam, mas somos impotentes contra esse monstro. Queria poder mais... 

O desejo de Katsuo se materializou em uma luz na frente dele, que em seguida, se transformou em um aparelho vermelho e circular, sem nenhuma tela, apenas três botões. Em seguida, uma Luz surgiu para Emi e se transformou no mesmo aparelho, porém, de cor rosa.  

Eles pegaram os aparelhos sem hesitar. Ambos começaram a emitir uma luz muito forte, que alcançou Sunmon e Pyocomon, os envolvendo numa esfera de energia. 

— Sunmon Shinka... - Dentro da esfera, o pequeno sol toma uma forma felina bípede. Ainda laranja, alguns pontos de seu corpo estavam em chamas – Coronamon!! 

— Pyocomon Shinka... - Pyocomon também muda de forma, agora ganhando raízes, que se enrolavam e formavam dois pés. Suas mãos eram duas flores lilás e sua cabeça, um botão de flor vermelha – Floramon!! 

Quando a luz cessou, as crianças se depararam com seus parceiros totalmente diferentes de antes. 

— Incrível! - Exclamou Katsuo – Vai lá, Coronamon! 

— Pega ele, Floramon! - Emi também torcia. 

— Allergy Shower!! - Floramon soltou uma nuvem de pólen das flores em suas mãos. O pólen atingiu Mojyamon, o causando irritação e coceira. 

— Corona-Knuckle!! - Coronamon aproveitou a distração e pulou em cima de Mojyamon, desferindo socos com os punhos em chamas. 

Mojyamon se afastou e fugiu assustado, deixando eles em paz. Katsuo e Emi correram na direção de seus Digimon. 

— Você conseguiu! - Disse Katsuo maravilhado. 

— Não teria conseguido sem você, Katsuo. - Disse Coronamon. 

— Floramon, você me protegeu, e ficou linda. - Emi abraçava sua Digimon. 

— Obrigada. - Disse a Digimon envergonhada. 

Uma ventania gelada o faz parar de comemorar e Katsuo se lembrou que estava em um mundo estranho. 

— Está frio... - Reclamou Emi – Se eu soubesse que teria neve, eu teria trazido um casaco. 

— Fique perto do Coronamon, as chamas dele vão te esquentar. - Sugeriu o garoto – Precisamos encontrar abrigo e achar um jeito de sair dessa neve. Mais monstros, como aquele Mojyamon, podem aparecer. Também, se estamos aqui, os outros também podem estar, temos que encontrá-los. Vamos. 

Katsuo começou a caminhar sem rumo, Emi o seguiu sempre ao lado e Coronamon e Floramon. Uma Nevasca começou a cair. Eles encontraram abrigo em uma caverna. Coronamon acendeu uma fogueira com uns galhos secos que tinham ali, e os quatro ficaram em volta do fogo, esperando a neve cessar


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Notas finais do capítulo

Asuka, Riato e Hiro também estavam na ilha, em uma outra parte, uma floresta, que também estava coberta por neve. Mas isso, só no próximo capítulo!



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