Contos da Floresta escrita por Izabelly Rodrigues


Capítulo 2
Sobrevivente


Notas iniciais do capítulo

E ai, pessoal. Vocês vão amar essa história, tenho certeza. Agora que a coisa começa a ficar cabulosa.
Gente, quem gosta de terror, suspense vai gostar, meu marido gostou e olha que o bicho é chato. kkk
Divirta-se.



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Estou há 30 minutos preso em uma cabana na floresta ouvindo as batidas fortes que meu coração faz ao bombear tão rápido, se fosse qualquer outra situação poderia jurar que estava tendo uma parada cardíaca, mas o caso é que eu estou apavorado. Quando entrei para me esconder certifiquei-me de tapar todas as janelas existentes com tábuas e panos que eu encontrei espalhados. Pelo visto não sou o único que tentou se esconder na cabana no meio da mata. O local está abandonado há muito tempo, mas tem muitas coisas úteis e vestígios de que alguém já esteve neste lugar antes. Garrafas de água vazia, outras com urina, uma sujeira nojenta, têm algumas plantas murchas e ervas espalhada e outras nas janelas penduradas fazendo o contorno na parece de madeira, têm até um colchão que não sei se teria coragem de me deitar nele, muitas parte de madeira, podre e cheio de fungos, o cheiro é horroroso chegando a arder às narinas, mas é melhor do que enfrentar a mata. A única parte de pedra era a pia da cozinha, o fogão a lenha e a lareira, que ainda não tive coragem de acender com medo daquela coisa saber que estou aqui. O lugar está tão ferrado que ando devagar, pois o piso fica rangendo, imagina que sou descoberto aqui.

Está começando a escurecer e à medida que o tempo passa começa a esfriar, a casa não é boa o bastante para me manter aquecido, mas prefiro passar frio a ser alvo fácil. A floresta é situada bem no centro da Amazônia e eu tenho quase certeza que estou completamente longe do rio. Seria mais fácil sair deste lugar se eu simplesmente seguisse a correnteza, mas infelizmente quando essa coisa começou a nos perseguir não tivemos escolha a não ser se dispersar e salvar nossas próprias vidas, deixando qualquer um para trás.

Ainda estão nítidas em minha cabeça as cenas das garras arrancarem as tripas do Ricardo. O cara era um filho da puta oportunista e eu o odiava, mas não merecia morrer daquele jeito. Era tanto sangue jorrando que parecia a sessão de horror do massacre da serra elétrica. Vi que Juninho foi o próximo. Idiota! Tentou meter bala no demônio e se fudeo completamente, um único golpe daquelas garras de navalha foi o suficiente para dividir o cara em dois, sim em dois, pegando de baixo para cima. Eu nunca tinha visto um corpo ser aberto na minha frente, claro! Somente de animais, mas pessoas? Era completamente novo e assustador pra mim. Os órgãos saindo, e não me pareceu que humanos fosse algum tipo de comida para a criatura, pois ele nem ao menos tocou nos presuntos espalhados, não posso dizer com tanta certeza assim, eu mijei nas calças de medo e corri feito louco, sem ajudar qualquer um que pedisse. Ora! Não me condene. Eu sou o único gordo do grupo e sou muito zuado, mas não foi por isso que eu não voltei. Não foi vingança, foi porque além do medo, se eu tivesse pedindo ajuda, ninguém voltaria por mim, isso eu tenho certeza. E com aquela coisa eu teria morrido também.

Uma vez fui atacado por uma onça, e o que o resto fez? Nada! Apenas tentaram assustar o animal com os tiros, depois disseram que era para não danificar a mercadoria. Bando de filhos da puta, eu tenho uma cicatriz na cara até hoje por causa disso e quase fiquei cego, tenho pesadelos até hoje.

Ouço o gruído da criatura e o seu rosnar macabro, deve estar procurando mais gente para matar, nem ao menos vi como era aquela merda, só sei que o demônio andava em duas pernas longas e tinhas braços muito compridos e seus dedos era como navalhas ou garras, não sei dizer eu que não ia ficar parado analisando a anatomia daquela coisa.

Bem que me disseram que havia algum animal caçando na floresta, mas nunca pensei que fosse esse tipo de monstro. Normalmente quando os locais dizem que tem gente morrendo na mata por algum monstro, você pode esperar que fosse algum tipo de animal selvagem fazendo uma boquinha com os idiotas que se perdem, mas nunca que eu ia imaginar algo parecido com isso.

As pessoas contam tanta merda para assustar os outros, ou só para aparecer corajosos por sobreviver a uma situação, mas no fim das contas não passam de mentiras e tenho certeza que quem já viu a criatura, não saiu vivo.

Bem que ouvi uns murmúrios no bar outro dia, mas estavam contando uma história tão absurda que preferi ignorar, mas lembro de que falavam de Curupira. Porra! Curupira? O garotinho bonzinho dos cabelos vermelhos e espetados para cima, dos pés virados para trás a proteger a floresta dos caçadores ilegais em cima de um porco? Quanta babaquice, é história para crianças, lembro-me de ouvir as histórias do folclore quando moleque, mas nunca que essas merdas mentirosas iriam ser verdades. Além do mais, essa criatura não se parece nenhum pouco com o Curupira, se dissesse que é um lobisomem eu até acreditaria, mas Curupira nem pensar.

— Socorro! Socorro! Socorro!

Parece uma criança gritando? O que diabos uma criança está fazendo no meio da floresta há essa hora?

— Por favor! Não machuquem ele! Não machuquem ele! Por favor, não machuquem ele!

O moleque continua gritando. Porra! Mate logo essa criança para ele calar a boca, o monstro vai achar vocês. Quem está fazendo mal a uma criança? Com um demônio a solta? O garoto não para de gritar um segundo e pelo que estou entendendo tem outra pessoa com ele, e pelo visto alguém está... Será que é o monstro?

— Moleque filho da puta vou te matar!

É a voz de Jonas, não acredito, aquele filho da puta tá vivo? E ainda por cima... Não, não pode ser o Jonas. Ele morreu primeiro do que os outros. Então quem será?

— Eu vou comer o seu rabo moleque filho da puta.

— Para! Isso doí, isso doí, para!

Isso é demais para mim, não consigo suportar o garoto não para de gritar, o que esse filho da puta tá fazendo com uma criança. Meu Deus! Ajude essa criança.

O que eu faço? O que eu faço? Meu Deus!

Ficar rodando aqui dentro e tentando arrancar os cabelos não vai ajudar em nada, preciso ajudar o moleque. Eu sou um filho da puta que trafico animais, mas jamais deixaria alguém machucar uma criança, eu preciso, eu preciso ajudar esse menino.

Cadê a porra da minha arma? Chegarei lá de mansinho e vou meter bala neste filho da puta.

Abro a porta bem rápido, mas não vejo nada, tudo está em silêncio total. A lua começou a aparecer, é melhor eu achar logo esse pirralho antes que não consiga enxergar mais nada. Porra cinco minutos andando e nada.

— Seu moleque filho da puta!

Opa! É aquele cuzão de novo vindo do norte. Corre seu gordo inútil, corre seu molenga o garoto precisa de você. Chega lá, mete bala nos cuzões pega o moleque e corre pra cabana. Rápido! Rápido!

Os gritos pararam, mas cadê o moleque, cadê aquele cuzão. Porra! Não acredito que os perdi. Porra! Porra! Porra!

— Socorro!

Merda! O grito está praticamente do meu lado, ou melhor, atrás de mim...

Porra! Essa coisa é enorme, eu estava certo... Parece um lobisomem com garras extremamente afiadas e pés tortos, exceto pela cabeça de porco. Caralho esse bicho é feio pra porra.

— Não machuquem ele!

— Vou comer seu rabo moleque filho da puta.

Eu estava certo, era a criatura imitando a voz deles.

Caralho eu vou morrer...

Por que estou prestando atenção e falando com a minha cabeça uma hora dessas? Será que vou morrer? Está bem escuro, mas...

Ah meus Deus! Cabelos vermelhos espetados!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Deixem seus coments, isso ajuda muito na divulgação e no meu trabalho.

Obrigada!



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