SIM

QUARTO ANO DE NAMORO

Asher queria mais que Julie desaparecesse da sua frente, sumisse, que as últimas horas não tivessem... não, que os últimos dias não tivesse acontecido, que não tivesse tido a brilhante e idiota idéia de pedir Julie em casamento - não que essa fosse a primeira vez que pedia, mas, provavelmente (?), era a primeira vez que ele fazia uma tentativa séria e elaborada. E se arrependia.

Julie não era uma garota, não mais, ela era uma jovem e adulta mulher e ele estava querendo colocá-la para fora de casa, que ela arrumasse um jeito de ir para casa com as duas belas pernas que tinha e que funcionavam muito bem, que ela desaparecesse da sua frente.

Agora.

—Você é um idiota - murmurou assombrado. - Como alguém pode ser tão idiota?

—Passar muito tempo com um idiota faz isso com você - insinuou ela.

—É, deve ser por isso que estou assim.

Julie sorriu.

A maldita sorriu.

Depois de tudo, ela sorriu.

Asher suspirou, aceitando seu fardo e abrindo seus braços para aceitá-la de vez.

—O que? - murmurou ela.

—Pare de se fazer de difícil e me abrace logo.

—Eu não sei do que...

Asher puxou-a para si antes que ela terminasse de falar, suspirando ao inclinar sua cabeça contra a dela, meio que se sentindo tentado a esfregar seus cabelos juntos, a misturar seus perfumes, a marcá-la como sua. Ou simplesmente porque gostava da sensação, da maciez dos seus cabelos deslizando um contra outro, porque se sentia como um gatinho bem cuidado, amado.

—Você é uma idiota - murmurou, impressionado.

—Que coincidência - cantarolou ela, retribuindo o abraço. - Eu penso o mesmo.

—Que você é uma idiota?

—Que eu sou uma idiota - concor...

—Ei, ei, o que? - Asher afastou-se, segurando-a pelos ombros. - Você concordou comigo? Você acabou de concordar comigo?

—Yeap - disse Julie, estralando os lábios.

—Você está bem? Certeza?

—Sim.

—Quer casar comigo? - tentou sua sorte.

E, aquela podia ser uma tentativa séria ou uma brincadeira (nunca era uma brincadeira séria), algo planejado ou totalmente surpresa, Ash sempre sentia seu coração na boca, nos pés, em qualquer lugar que não deveria estar, porque Julie nunca estava onde deveria e ela sempre podia dizer "sim" ao invés de "agora não".

Mais uma vez, pensou Julie.

Mais um pedido.

Mais. Uma. Vez.

Julie sentiu o tempo esticando-se na sua frente novamente, passando em outra velocidade do que as pessoas ao seu redor.

Mais uma vez.

Sinceramente, Julie queria saber se Asher não cansava? Ser sempre recusado não o machucava, não o fazia desistir, não queria terminar com ela e encontrar alguém que dissesse sim, sim e quantos sim ele quisesse ouvir?

Julie nunca seria essa garota do "sim, sim e para sempre sim" - ela nunca foi, ela nunca seria.

E, Julie não se menosprezava nem nada, mas Asher talvez merecesse alguém que...

Não, Julie parou antes de continuar, vendo e ouvindo e sentindo e provando a hesitação dele, o medo que o escurecia, porque talvez Asher a merecesse e talvez fosse recíproco e talvez ela devesse começar a pensar em algo mais certo e provavelmente do que um "agora não" como um... talvez.