A fraqueza de Atsushi o enojava. Chuuya não entendia tamanho favoritismo de Dazai com aquele garoto.

Por Deus, Chuuya preferia um garoto prepotente à um fracote.

Ele não se referia à fraqueza física, não. Até ficaria contente em lutar com Atsushi, ele sim seria um inimigo páreo. No entanto, sua estabilidade mental era mais fodida do que a de Q era. Apesar da criança ter desaparecido da Máfia há anos, Chuuya recordava da obsessão dele com torturar pessoas, assisti-las definhar, e ao mesmo tempo se odiar por tais atos vis.

Atsushi era leal à Dazai, não seria exagero dizer que o glorificava, e ainda assim, Dazai o tratava tão mal, colocava-o em uma coleira como se fosse um mero animal. Nas noites de lua cheia, o Chefe sequer fazia o favor de anular o poder do tigre, que era enjaulado para não destroçar os funcionários, mesmo que, muitas vezes ele tenha escapado, e com isso, gerado um banho de sangue, retirando tantas vidas significantes da organização.

Era simplesmente desumano, e enquanto Chuuya sentia dó do garoto, desprezava o seu líder.

Chuuya o via chorar em um canto da jaula, ainda em forma humana. Algumas vezes até tentava cometer mutilação ou suicídio em forma de se livrar do desespero que sentia, mas quando a lua chegava ao topo do céu, o tigre tomava o controle e fazia pouco caso das suas tentativas de parar a dor. 

A cena o irritava tanto quanto a presença de Dazai. Então, cansado de tanta altivez que demonstrava, Chuuya abria a porta maciça e o chamava para sair. Atsushi negava por uns bons longos minutos, receoso em desobedecer uma ordem de Dazai.

Chuuya estalava a língua antes de segurá-lo pela gola da camisa e o arrastava para fora. Atsushi não reclamava mais do que alguns murmúrios, sons altos chamariam atenção e ele temia o que pudesse acontecer.

Esgueirando-se pelos corredores e pontos cegos da segurança e câmeras com destreza, Chuuya os tirava no prédio, andavam por toda a metrópole da cidade até chegar à floresta, longe mesmo dos moradores das partes mais remotas da cidade.

A lua já se estendia atrás das montanhas por essa altura, e Atsushi estava ainda mais inquieto, com medo.

Quando o tigre tomava forma, ele olhava diretamente para Chuuya, analisando-o.

Chuuya não tirava o sorriso presunçoso do rosto, esperando o ataque, que nunca vinha. Ele se mantinha imóvel por um tempo, analisando-o atento, mas Chuuya sabia que ele já não mais preparava-se par o ataque, então passado um tempo, ele se aproximava, cauteloso, acariciando o pelo branco.

O corpo enorme se deitava na relva baixa, confortável com o carinho.

Chuuya tomava aquele tempo para ter uma conversa unilateral. Ele contava até o último detalhe de si para o jovem tigre, sorrindo, descontraído. E na manhã seguinte, ao acordar acima de Atsushi, ele perceberia que havia caído no sono.

Ele se colocava de pé lentamente, resistindo à urgência de se acomodar próximo ao corpo fino e voltar à dormir, mas era preciso levar Atsushi de volta ao HQ da Máfia do Porto, para a cela, de onde não deveria ter saído. Chuuya achava ridículo como os funcionários de nível baixo não notavam a ausência dele, mesmo que os característicos rugidos fossem audíveis por todo o prédio, todos pareciam esquecer-se ligeiramente daquele acontecimento lunar, não notando que faziam meses desde o último massacre causado pelo tigre.

Ao deixar o garoto desconfortavelmente deitado no chão gelado, Chuuya estava desapontado consigo por também ser fraco, mas ele seguia com orgulho daqueles atos, da forma que Kouyou estaria se estivesse com ele. Ele não era um humano sem coração, ele era a pessoa sensível que sentia empatia por um garoto que sofria tanto quanto ele sofreu.