Utópico. escrita por DihDePaula


Capítulo 8
Capítulo 7 - Flores e mentiras.




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O sol estava começando a nascer quando Nikollay foi avisado que Pablo estava de volta ao acampamento. O homem então levantou de sua cama e foi para o banheiro que tinha em seu quarto, tomou uma ducha fria para despertar e não tardou a se vestir e ir de encontro ao jovem. Quando ele chegou a sala de reuniões o jovem estava dormindo sentado em uma das cadeiras e Madame Seraphine observava a janela.

Bom dia Nikollay, chegou um corvo de Ethan. Ele conseguiu o que você pediu. — Disse Seraphine com um sorriso nos lábios avermelhados enquanto estendia uma carta para ele. Nikollay pegou a carta e leu rapidamente, um sorriso formou-se em seus lábios e ele assentiu para Seraphine. Entendendo o olhar dele, a mulher se virou em direção a saída e caminhou lentamente para fora da sala. Quando estava sozinho com Pablo, Nikollay chutou um dos pés da cadeira fazendo o rapaz acordar assustado e quando ele viu Nikollay a sua frente ele ficou de pé. Estendeu uma outra carta para ele, Pablo  sorriu de forma sínica enquanto esperava Nikollay ler.. Com o cenho franzido Nikollay tomou a carta em suas mãos e se surpreendeu um pouco ao reconhecer a letra. Ele sentou-se em uma das cadeiras e observou com atenção cada palavra que sua filha dizia e naquele momento seu sangue ferveu. Como Albert ousava se insinuar para ela daquela forma? Ele tinha o dobra da idade dela, ele era mais velho até que Nikollay, isso fez o estomago dele se revirar. Leu sobre os filhos mais novos de Travis e sentiu pena deles por alguns segundos, teriam que pagar pelos erros do pai. Quando leu as palavras da filha sobre banhos de água quente em banheira não conseguiu conter uma risada.

Você quase coloca o disfarce dela e o seu em risco com isso, Pablo. — Nikollay depositou a carta sobre a mesa e o encarou de forma séria. — Estou começando a reconsiderar enviar você, você me pediu para participar e eu já consegui a forma perfeita para te colocar lá dentro. Mas não posso deixar que arrisque a segurança da minha filha porque não consegue controlar sua paixonite. É, eu sei sobre vocês, deveriam aprender a ser mais discretos. — As palavras de Nikollay eram sérias e precisa, ele não poderia arriscar a vida de Luna por Pablo ser imaturo. Quando Nikollay fez menção a eles terem alguma coisa os olhos de Pablo se arregalaram, mas Mark havia descoberto tudo na última visita deles e contou para Nikollay, afinal seria algo que poderia distrair Luna e atrapalhar os seus planos. Mas ele tinha que admitir que seria bom ter alguém perto dela e alguém com algum tipo de dependência emocional, faria de tudo para protegê-la.

Me deixe ir, vamos fazer conforme combinamos. Eu prometo que não irei interferir na missão dela e nem irei coloca-la em risco. Eu daria a minha vida por ela. — Nikollay observou enquanto Pablo dizia aquelas palavras, o moreno ponderou por um tempo e depois assentiu. Sabia que Pablo era um excelente guerreiro e que no menor sinal de perigo ele tiraria Luna de lá. Sua filha era intensa o suficiente para ver o cerco se fechar aos seu redor e não fugir, ela ficaria e lutaria. Mas Nikollay não podia perde-la, ele não suportaria, então por isso ele precisava de mais alguém lá dentro.

— Você vai ter um dia longo pela frente. Tome um banho, fale com seus pais e depois se apresse para me encontrar, pegue todas as suas coisas. vou deixa-lo no limite da floresta e Ethan ira busca-lo no portão da cidade as 06:00. Não se atrase. — Ao terminar de proferir aquelas palavras Nikollay se levantou e Pablo fez o mesmo, acompanhou o rapaz até o lado de fora e respirou fundo aproveitando o ar fresco da madrugada.

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Ao ouvir a batida em sua porta Luna resmungou, ela estava cansada e morrendo de sono. Mas para todos ela tinha se recolhido logo apos o desastroso jantar, ouviu a porta se abrindo e estranhou. Pelo que ela se lembrava tinha trancado a porta, isso queria dizer que outras pessoas tinham a chave daquele quarto. O que não era muito bom para ela e seus planos, soltando um suspiro a jovem Luna se obrigou a sentar na cama enquanto um bocejo escapava de seus lábios. La estava Abigail, com seu uniforme impecável Luna sentiu preguiça só de olhar para ela, porque sua vontade era ficar dormindo.

Não conseguiu dormir senhorita? — Perguntou Abigail com o cenho levemente franzido, a loira caminhou até as grossas cortinas que Luna havia fechado e com movimentos rápidos abriu as cortinas deixando a luz do sol invadir o quarto. Luna fechou os olhos praguejando mentalmente com o choque que sofrera em sua visão. Escutou o barulho das portas de vidro da sacada se abrindo e não demorou para a brisa da manhã invadir o seu quarto, naquele momento se lembrou do seu povo na floresta. Sempre acordava com cheiro de flores e pinheiros invadindo suas narinas logo pela manhã, aqui não tinha cheiro de natureza e sim um cheiro estranho que ela não conseguiu identificar o que era.

Acho que foi o fuso horário, passei a maior parte do tempo olhando as estrelas na varanda e a outra parte rolando na cama. Bonjour, Abigail. — Luna começou a esticar todo o seu corpo conforme se espreguiçava, pode escutar alguns estalos vindo de sua coluna e suspirou encarando Abigail ao final da frase.

— Bom dia senhorita! Quer que eu prepare o seu banho? — Abigail respondeu Luna com a maior empolgação o que a fez lembrar de Brooke, não importava a hora que a menina acordasse estava sempre alegre e sorridente, enquanto Luna mataria alguém para poder dormir de novo tanto Abigail quanto Brooke eram do tipo que saltitavam felizes. Luna se limitou a assentir com a cabeça conforme se colocava de pé, ela se aproximou das coisas da verdadeira Luna D'Liancourt e começou a olhar atentamente para descobrir o que ela tinha ali, não demorou muito ela achou um par de pantufas rosas e os calçou, seus pés contra aquele chão gelado estavam começando a lhe dar agonia. Quando Abigail saiu do banheiro com um sorriso nós lábios se junto a ela olhando os pertences da jovem. — O banho está pronto, quer que eu escolha suas roupas ou hoje a senhorita quer fazer isso?

Pode me fazer esse favor? Lá em casa minha mãe que fazia isso, eu realmente não tenho muita paciência para isso. — Soltou uma risada baixa e com passos rápidos foi para dentro do banheiro, ao chegar lá suspirou aliviada ao entrar na água quente. Ela se banhou lavando todo o corpo e os cabelos e depois só ficou deitada na banheira curtindo a água quente. Quando a água finalmente esfriou Luna se levantou e pegou a toalha, quando terminou de enxugar o seu corpo a morena foi em direção ao quarto. Ao chegar ao quarto notou que uma roupa já estava depositada em cima de sua cama, que agora estava completamente alinhada e arrumada, assim como o resto do quarto, Abigail sempre fazendo um ótimo trabalho. Luna caminhou até o armário e pegou um conjunto de roupas intimas, essas eram brancas com algumas rosas bordadas nas peças. Sem mais delongas vestiu o conjunto de roupa intima e depois o vestido preto tubinho que estava em cima de sua cama, ao lado dele tinha um blazer azul e aquilo fez com que ela franzisse o cenho. — Preciso de um blazer?

Achei melhor a senhorita colocá-lo, fui informada que a levarão para conhecer a cidade e o tempo está parecendo que ira virar. — Luna deu ombros então colocou o blazer, ao ir na direção de onde estavam os sapatos se surpreendeu ao perceber que só tinha saltos ali, o único sapato baixo eram as pantufas. Ela bufou enquanto pegava um scarpin azul com a parte da frente arredondada e colocava em seus pés, aproveitaria a ida a cidade para comprar alguns sapatos mais confortáveis. Quando já estava completamente vestida e com um pequeno par de brincos e alguns anéis, se sentou de frente da penteadeira e deixou Abigail cuidar dos cabelos e da maquiagem novamente. Abigail estava finalizando a maquiagem com um batom vermelho que se destacava no tom de pele da jovem quando ouviram uma batida na porta. As duas se entre olharam e Abigail se aproximou para abrir a porta, ouviu uma voz lá fora, uma voz masculina e respirou fundo. Luna se pois de pé e caminhou até a porta e ao chegar lá se deparou com Bernard. Ele estava vestindo uma camisa social preta e calças jeans, ela o olhou de cima a abaixo e ela se forçou a sorrir para ele, como se sua presença a agradasse.

Querida Luna, resolvi vir te buscar para não se perder nesse labirintos. —Ele soltou uma risada áspera e tomou a mão de Luna, desferiu um beijo sobre as costas da mesma e sorriu. Seus olhos agora pousaram sobre Abigail e se tornaram frios e indiferentes. E a última palavra que ele pronunciou foi com tom de desprezo o que irritou Luna. — Você já pode ir, criada.

— Na verdade ela está indo sim, mas tirar essa roupa horrível e botar uma bem bonita porque ela vai me acompanhar a alguns lugares hoje. — Abigail a olhou confusa sem entender o que tinha acontecido, mas ao notar o olhar furioso de Luna sobre Bernard as bochechas da loira se tornaram rosados e ela somente assentiu enquanto se retirava. — Te espero depois do café da manhã! —  Disse Luna enquanto ela se afastava. Luna pediu para que Bernard a esperasse lá fora por alguns segundos, rapidamente ela entrou e procurou uma bolsa em meio as coisas da outra Luna, achou uma preta pequena que combinava com sua roupa e a pegou. Desde que Abigail havia arrumado seu quarto uma carteira rosa estava em cima da escrivaninha e quando ela tomou a mesma nas mãos se surpreendeu com a quantidade de dinheiro que havia na mesma, então a pegou e colocou dentro de sua bolsa  e não tardou a sair do quarto novamente.

Ora, não sei porque quer a companhia de uma empregadinha enquanto em a minha. — Bernard estendeu o braço para Luna e ela aceitou, puxou a porta de seu quarto e o fechou. Assim que começaram a andar ela respirou fundo e tentou se concentrar para não matar Bernard ali mesmo, ela estava com um nojo que nunca havia sentido antes. Então, ele começou a se gabar de como era inteligente e de como estava indo bem na policia, de como logo faria parte do conselho. Luna somente maneava a cabeça e lhe desferia um sorriso falso, mas sua real vontade era dilacerar a garganta daquele verme. Como ele pode tratar alguém tão gentil com Abigail daquela forma?  — Dispensa a criada, não vamos precisar dela.

Não venha me dizer o que fazer Bernard, gosto de você e da sua companhia. Mas não aceito que ninguém me diga o que fazer, seu eu disse que ela vai está decidido e se você quiser pode acompanhar a gente. Se não tenho certeza que Albert ou Sebastian ficariam felizes em fazer isso. — Luna desvencilhou seu braço do dele e começou a andar a frente com sua cabeça erguida, ela sabia que tinha que conquista-loa, mas seria da maneira dela que as coisas funcionariam. E como ela previu ele rapidamente se aproximou e segurou sua mão, a parou no corredor e a encarou. O loiro respirou fundo e novamente tornou a beijar a mão de Luna e com um sorriso visivelmente falso começou a dizer em um tom gentil.

Me desculpe pela forma que eu falei, não quis ofende-la. E não precisaremos de nenhum dos dois. Eu mesmo faço questão de lhe mostrar as melhores coisas que a cidade tem a oferece. — Ele se aproximou dela e Luna sorriu desviando o olhar, suas bochechas haviam ficado vermelhas novamente. Como se ela estivesse corada, mas na verdade estava se controlando para não mata-lo. Bernard então se inclinou e pousou sua mão sobre a cintura dela, pode sentir os dedos dele deslizando lentamente em uma leve caricia. Em seguida ele se inclinou para beija-la, mas Luna desviou um pouco o trajeto como se estivesse tímida. Permitindo que ele desse somente um beijo no canto de seus lábios. Após isso ela o tomou pela mão e o puxou para que fosse para a sala de jantar.  Pelo olhar dele de satisfeito ele achava que estava conquistando Luna, iludido.

Vamos, estou morrendo de fome. E quanto antes acabarmos o café melhor, assim vamos juntos para a cidade. — Ela voltou a envolveu seu braço ao dele e caminhar calmamente para a sala de jantar. Ao chegarem juntos percebeu os olhares recaindo sobre eles. Luce e Sebastian fizeram uma careta, mas em seguida sorriram para Luna. Travis e Amélia se entre olharam e depois sorriram, como se fosse algo interessante uma união entre os dois e Albert não estava na mesa naquela manhã.  Luna se encaminhou para a cadeira entre Sebastian e Amélia e não tardou a se sentar. Bernard ficou um pouco perdido, deveria achar que ela sentaria ao seu lado. Mas ao perceber que aquilo não ocorreria ele sentou-se na cadeira ao lado direito de seu pai.

Bonjour.  Bernard foi muito gentil em me acompanhar até aqui, ainda estou me acostumando a essa casa e acabo ficando perdida. — Explicou Luna com um sorriso nos lábios enquanto pegava um copo com suco e erguia até os lábios. Sebastian e Luce manearam a cabeça como se entendessem a situação.  A refeição não foi muito demorada, todos tinham algum tipo de compromisso aquele dia e a conversa fluiu de uma forma até um pouco agradável, se não contasse é claro com o assassino de sua mãe ao lado de Luna e os olhares maliciosos que Bernard lhe lançava e que faziam o estômago da jovem embrulhar. Quando o café da manhã estava terminando as pessoas foram saindo aos poucos e restou ali somente Luna e Bernard, que já havia acabado sua refeição e estava aguardando por ela. Sim, ela estava enrolando para dar tempo de Abigail chegar e ela não ser obrigada a ficar com ele sozinha. Por fim, Luna se levantou e caminhou até uma das portas e em poucos segundos Bernard estava ao seu lado lhe estendendo o braço e ela aceitou. Ao saírem ela teve que conter o suspiro de alivio ao ver Abigail, Luna lançou um sorriso para a jovem que logo o retribuiu, mas assim que os olhos da moça se desviaram para Bernard ela abaixou a cabeça e ficou em silêncio enquanto eles andava para fora daquela mansão. Bernard caminhava ao lado de Luna, ele não ficou muito feliz quando a jovem soltou o seu braço e começou a caminhar sozinha olhando alguns lugares no nível um, mas lojas em si não tinha naquele lugar. Ali havia somente casa ou melhor mansões de luxos ou prédios que provavelmente eram tão luxuosos quantos as mansões.

Preciso comprar algumas coisas para mim, onde ficam as lojas? — Perguntou ela com o cenho franzido encarando Bernard e em seguida procurou Abigail, mas loira estava atrás deles com a cabeça baixa caminhando em silêncio e aquilo irritou Luna. Então com um sorriso nos lábios ela se aproximou da loira e pegou as mãos dela — Como eu sei que você tem um excelente bom gosto vai me ajudar a comprar roupas e sapatos novos. No dia que fui atacada parece que levaram minhas roupas e sapatos mais confortáveis. — Ela revirou os olhos e saiu puxando Abigail para que ela ficasse lado a lado com ela enquanto caminhavam, Bernard estava do outro lado com uma expressão um tanto quanto irritada. Só que de verdade Luna não se importava nem um pouco com isso. Quando eles finalmente chegaram ao nível dois ela viu que haviam várias lojas vendendo uma variedade enorme de coisas, eles três entraram em várias lojas de artigos femininos. Luna comprou várias roupas mais confortáveis, sapatilhas e tênis, não ficaria meses ali usando somente vestidos e saltos. Quando finalmente comprou tudo que iria precisar ela respirou aliviada, mas os olhares de Bernard para Abigail estavam incomodando a ela e a jovem. — Abigail pode me fazer um favor? Leve essas coisas para o meu quarto e se puder arrume-as também. A obrigada você é uma amor! — Conforme ela ia falando Abigail assentia e a última frase fez um sorriso brotar nos lábios da loira, Luna então sem pensar duas vezes a abraçou e sussurrou em seu ouvido. — Não se preocupe, eu não vou deixar ninguém lhe fazer nada. Agora vá.

Primeiro Abigail a encarou confusa, mas depois ela somente assentiu e se virou na direção do nível um com as bolsas. Luna então envolveu seu braço no de Bernard novamente e começaram a caminhar e conversar, mas infelizmente Bernard só lhe proporcionava conversas vazias e tediosas, o pior era ela ter que fingir que a adorava. Os olhos azulados rodavam entre as diversas lojas, mas não demorou para uma em particular lhe chamar atenção, uma  floricultura.

Vamos aquela floricultura? Quero comprar algumas flores para sua mãe, em agradecimento por me receber. — Disse ela empolgada, ela realmente estava empolgada porque sabia a quem aquela floricultura pertencia. Bernard deu ombros e concordou enquanto caminhava com ela até a loja. Ao entrarem vários cheiros invadiram o nariz da jovem e ela sorriu, gostava do cheiro das flores. E de alguma forma estando naquele lugar se sentia mais parte de seus pais, afinal foi naquele lugar que eles se viram pela primeira vez.

Bom dia minha jovem! Bom dia jovem Bernard em que posso ajuda-los? — Perguntou um senhor idoso que estava atrás do balcão ele deveria ter em média uns 70 poucos anos e provavelmente aquele era seu avô. Luna desferiu para ele um sorriso sincero, os olhos esverdeados do senhor a encaravam. Pareciam só agora ter reparado nas feições da moça e uma mistura de sentimentos passou pelo rosto dele, tristeza, arrependimento e saudade.

Bom dia Sr. Steves, eu não quero nada. A Luna que quer, mas acho melhor eu esperar lá fora, sou alérgico a pólen. — O rapaz então começou a espirrar e Luna teve que se conter para não rir, agora ela sabia como evita-lo perfeitamente. Se enfiar em um jardim e  tomar banho de pólen. O homem ainda a olhava um pouco embasbacado, mas depois de um tempo respirou fundo e abriu um enorme sorriso para ela.

Está tudo bem com o senhor? Teve uma reação estranha ao me ver. — Ela o imaginava porque, todos diziam que ela se parecia com Amber, mas como ela tinha os cabelos negros e os olhos azuis a menos que sua convivência com ela tenha sido realmente importante para si, ninguém percebia o quanto ela se parecia com a mãe.  Provavelmente foi por isso que  Albert deu em cima dela, afinal tanto ele quanto Travis foram apaixonados por ela.

— É que... — Ele parou de falar e encarou Luna novamente, podia ver a tristeza estampada naquele par de olhos verdes, ela o incentivo a falar. — Tirando o cabelo e os olhos, você parece muito com uma de minhas filhas.

— Me fale um pouco sobre ela! — Ela queria saber mais sobre sua mãe, ela queria saber como seu avô estava. Porque sua mãe sempre os amou e sempre se preocupou com eles, mesmo estando naquela floresta. E ela sabia que sua mãe havia perdoado eles e vendo aquele olhar triste daquele homem, ela não conseguia não perdoa-lo. O velho homem ponderou um pouco, mas pouco tempo depois a puxou para sentar-se ao seu lado em uma mesinha que tinha dentro da floricultura.

Amber, ela era uma menina muito doce. Foi embora ainda nova para se casar com o homem que ela amava. Me arrependo de ter tentado proibir a felicidade dela, porque depois descobri que mesmo com as dificuldades ela foi muito feliz com aquele homem e me deu muitos netos! Até o final ela foi forte e não desistiu daquilo que ela acreditava. — As expressões dele variavam entre tristeza, orgulho e felicidade.  Mas ela entendia aquele homem, era esse o efeito que sua mãe causava nas pessoas. Ele começou a contar algumas coisas sobre a infância e adolescência dela, proporcionando boas risadas a Luna. Era bom saber um pouco mais de sua mãe, antes dela ser mãe e Luna percebeu que em alguns pontos elas eram exatamente iguais. Toda vez que seu pai ou seu tio falava sobre isso ela negava profundamente, sua mãe era doce e gentil e ela era o oposto disso. Mas ao estar ali com seu avô conversando sobre sua mãe percebeu que era mais parecida com ela do que imaginava. Então aconteceu algo que ela não esperava, pequenas lágrimas começaram a deslizar de seus olhos e aquilo fez o senhor se assustar um pouco. — Você está bem criança? O que houve? Disse algo errado?

Não, de forma alguma! É que a forma que o senhor fala de sua filha me lembrou de alguém que perdi a algum tempo. — Luna ergueu as mãos ao rosto e começou a enxugar rapidamente, esperava que não tivesse borrado muito sua maquiagem ou Bernard poderia suspeitar de algo.

Papai estou indo apresenta-loa Travis, provavelmente seu sobrinho vai começar o serviço amanhã mesmo. — Nessa hora um homem com cabelos ruivos, sardas em algumas partes de seu rosto e os olhos verdes iguais os de sua mãe adentrou a loja pela porta de trás e saiu falando sem perceber que o pai estava acompanhando. Quando os olhos dele se direcionaram a Luna eles se arregalaram, ela sabia que ele a tinha visto no dia que foi no acampamento. Seu pai havia mandado que ela e seus irmãos ficassem dentro de casa, mas ela não era conhecida por obedecer todas as ordens de seu pai. Somente aquela achava necessária, mesmo ela negando com a cabeça ele acabou falando. — O que você está fazendo aqui? Eu te vi no acamp....

Alguém havia tapado a boca dele, o tom era um pouco alto e Luna ficou nervosa olhando para o lado de fora esperando para ver se Bernard havia ouvido algo. Depois de alguns segundos nada aconteceu e ela respirou aliviada. Quando ela seguiu a mão da pessoa que havia tapado a boca de Ethan, ela arregalou os olhos e ficou boquiaberta, era Pablo. O que diabos ele estava fazendo ali?

— Fale baixo, se ela está aqui provavelmente não está sozinha. Que estragar tudo? — Pablo o repreendeu em sussurros e Ethan maneou a cabeça assentindo. Luna não estava gostando nem um pouco daquilo, estava se tornando perigoso demais. Quanto menos as pessoas soubesse a sua identidade era melhor. Mas Pablo estava ali, Ethan a reconhecerá e o pelo visto seu avô sabia algo sobre Pablo e a expressão dele mudou totalmente.

Você não se parece com ela por acaso, você é uma das fi...— Dessa vez Luna com delicadeza tampo os lábios do senhor idoso e maneou a cabeça negativamente. Olhou novamente para a porta e não parecia que Bernard estava perto. Então com passos rápidos Pablo olhou para fora da loja querendo descobrir se alguém havia escutado algo. O rapaz olhou para Luna e maneou a cabeça negativamente e então a jovem pode respirar aliviada.

Não pode dizer isso em voz alta, as paredes tem ouvido. Mas, sim, sou quem o senhor suspeita que sou. Mas ninguém pode saber ou eu vou morrer assim como ela.  — Aquelas palavras atingiram Ethan e o velho como um baque, uma expressão de tristeza tomou conta do olhar dos dois e eles permaneceram em silêncio. Ela se virou para Pablo visivelmente irritada e sussurrou. — Que merda que você está fazendo aqui? E que historia é essa de te apresentarem a Travis?

Relaxa princesa, seu pai me mandou para tomar conta de você. — Um sorriso se estendeu pelos lábios de Pablo e ao mesmo tempo uma expressão de fúria tomou conta de Luna. — Ethan conseguiu um trabalho pra mim como assessor do Bernard. Disse que era um sobrinho do pai dele que era de outro pais e precisava de um emprego porque os pais haviam morrido e ele não tinha ninguém. E ele acreditou na historia e me arrumou um emprego.

Meu pai acha que preciso de babá! Eu sou melhor guerreira que você, como foi provado ontem! Não acredito que vocês estão fazendo isso. — Ela tentava sussurrar, mas seu rosto estava vermelho e ela estava completamente irritada com aquela situação. Mas sabia que não podia demorar muito ali então respirou fundo e disse. — Preciso de flores, não posso sair daqui sem um belo buque. E você e meu pai me pagam quando isso acabar. Se não achavam que eu era capaz por que me mandaram?

Pablo simplesmente revirou os olhos enquanto a encarava  e isso só deixou Luna ainda mais irritada. Ao ouvir que ela precisava de um buque rapidamente Ethan e o Sr. Steves se apressaram a montar um, quando ouviu o barulho do sino da porta ela se manteve imóvel respirou fundo e abriu um grande sorriso falso.

— Espero muito que a Sra. Campbell goste! Quero agradece-la por ser tão gentil em me acolher, sei que somos parentes, mas ela não tinha obrigação. — Pablo estava em um canto observando Ethan e o pai dele montar o buque, os dois pareciam discutir algo baixo e por sorte não dava para ouvir. Sentiu um par de mãos envolver sua cintura e puxa-la um pouco para si. Pelo perfume doce e enjoativo sabia que era Bernard que estava ali em alguma demonstração patética de afeto.

Fui resolver algumas coisas e quando voltei ainda estava aqui. Não entendo por que está demorando tanto? — Questionou ele com um pouco de irritação em sua voz, pareci que ele não gostava de esperar. Luna se virou para ele e deixou suas mãos pousarem sobre o peitoral dele, os braços dele envolveram sua cintura e ela sorriu deixando sua face "corar" novamente e começou a dizer.

Me desculpe! É que tinha tantas flores lindas que acabei ficando em duvida de qual escolher. Quero demonstrar minha gratidão a sua mãe! — O loiro sorriu e depositou um beijo na face de Luna. Por cima dos ombros de Bernard podia ver a cara de Pablo e tinha que admitir estava achando aquilo bem divertido, o ciúme estava estampado na face dele, mas a perceber o olhar de Luna sobre ele Pablo tratou de disfarçar e fingir que nunca a tinha visto em sua vinda. Quando terminaram de enfeitar o buque Sr. Steves se aproximou de Luna com um sorriso em seus lábios e lhe estendeu as flores, era um buque de lírios do vale. Os favoritos de Amber e aquilo fez um sorriso verdadeiro se estender pelos lábios avermelhados da jovem, ela sem pensar muito abraçou aquele senhor idoso com certa força e respirou fundo, em seguida começou a falar.

Muito obrigada! Elas ficaram maravilhoso. Quanto ficou? — Perguntou ela começando a mexer em sua bolsa, ela tinha que tentar disfarçar para Bernard. Mas estava cada vez mais difícil.

Se é para a Sra. Campbell é por conta da casa. — Disse ele com um sorriso nos lábios, mas Luna entendeu que não era por Amélia e sim por Amber e por ela.

— Bernard! Eu estou indo agora até o gabinete falar com seu pai. Pedi a ele uma ajuda para um emprego para um sobrinho distante do meu pai. Melhor irmos logo para não nos atrasarmos, seu pai odeia atrasos. — Ethan havia saído de trás do balcão e caminhou na direção do rapaz que acompanhava Luna, primeiro estendeu a mão para cumprimenta-lo e depois começou a falar. Bernard maneou a cabeça sem muito interesse e depois seus olhos encararam Pablo que estava encostado no canto somente observando tudo.

É melhor vocês irem então. Eu e a Luna ainda não terminamos nosso passeio, receio não poder acompanha-los.— Respondeu ele com uma falsidade notória em sua vez, sem mais delongas ela se despediu de todos com um aperto em seu peito e voltou a caminhar ao lado de Bernard. O tempo de emoções já havia acabado, agora o trabalho dela era fazer aquele rapaz comer na palma de sua mão. Bernard a guiou até uma espécie de praça arborizada, tinha um pequeno lago e vários bancos espalhados. Estava complicado para Luna continuar andando com aqueles sapatos, então ela foi obrigada a se apoiar em Bernard conforme caminhavam pela grama e ele parecia gostar disso.

O loiro começou a leva-la para um local no parque que era um pouco mais afastado da parte em que haviam várias pessoas, Luna não estava gostando. Esperava que não fosse obrigada a mata-lo ali em plena luz do dia. Quando chegaram a uma parte onde cresciam várias flores a jovem sorriu, ela realmente gostava daquela visão. Talvez por se lembrar das historias que seus pais contavam, ela não sabia ao certo. Bernard a ajudou a chegar em um banco e logo eles se sentaram. E sem perder mais tempo com palavras ou qualquer outra coisa Bernard entrelaçou seus dedos na nuca de Luna e a puxou um pouco para si. Os lábios dele pousaram sobre os dela iniciando um beijo um pouco intenso, Luna resolveu permiti. Afinal, ele precisava acreditar que ela tinha algum interesse por ele antes de acabar com a reputação dele em um piscar de olhos.


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Notas finais do capítulo

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