Utópico. escrita por DihDePaula


Capítulo 4
Capítulo 3 - Sangue e lágrimas.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/756872/chapter/4

18 anos depois.

Depois de tanto tempo eles finalmente tinha descoberto quem era a criança da profecia. Nikollay e Amber tiveram uma boa vida dentro do possível, acabaram tendo 8 filhos e entre os 8 tinham 3 pares de gêmeos. O mais velho e primogênito se chamava Mark (18 anos), a segunda filha recebeu o nome de Elena em homenagem a mãe de Nikollay (17 anos), o terceiro era o primeiro dos gêmeos Bruce e a quarta filha com alguns segundos de diferença entre Bruce vinha Luna (16 anos), Brooke e Tommy tinham acabado de completar (14 anos) e o último casal de gêmeos eram duas meninas Catherine e Sophi (4 anos).

Durante todos esses anos Nikollay. Cameron, Amber e Alphonse planejaram como iriam se infiltrar em Borthen, o plano que eles haviam construído era infalível. Mas a seis anos atrás Alphonse veio a falecer por conta de sua idade avançada. Nikollay quando assumiu a liderança do Clã modificou algumas coisas, porem o ultimo pedido de Alphonse é que a criança só seria enviada depois que completasse 18 anos e seu filho concordou em atender o último pedido de seu pai. Desde o seu primeiro filho até a última criança Nikollay, Amber e Cameron treinaram com ardor sem se importar quem era a criança da profecia. Mesmo que já soubessem qual das crianças que vingaria seu povo.  As outras foram ensinadas a lutar com espadas, adagas, arco e flecha e é claro com sua forma animal. Amber e Alphonse também ensinaram a ler, escrever, matemática e diversas línguas para poderem se passar facilmente por alguém da alta sociedade sempre que necessário. Madame Seraphine voltou várias vezes como havia prometido, mas assim que a criança da profecia foi descoberta ela fez do acampamento dos Deverpolt sua moradia fixa.

Com incrível surpresa eles descobriram que alguns de seus filhos tinha o dom para a magia, os gêmeos podiam se comunicar através de uma ligação mágica e alguns tinham até visões. Mas só conseguiam se comunicar com seu próprio gêmeo, ainda sim aquilo seria uma grande vantagem. Todos tinham aulas individuais e conjuntas, por conta da ligação mental a sincronia entre os gêmeos na luta era assustadora e extremamente eficaz.

— Vamos meu querido, suas tias não ficaram esperando a tarde inteira. — Gritou Amber enquanto pegava uma das caçulas em seus braços. Mark revirou os olhos e pegou Sophi em seu colo e caminhou com sua mãe para dentro da floresta. Toda semana ele tinha que acompanhar a mãe e as irmãs caçulas até a fronteira para garantir que estivessem seguras, claro que eles não iam sozinhos. Sempre tinham soldados junto a eles e enquanto ele bancava a baba seus irmãos estavam treinando. Mark gostava da emoção da luta, quando pegava em sua espada a manejava com perfeição, sempre desferindo golpes certeiros.

— Estou indo mãe, estou logo atrás de você. — Ele observava a mãe em silencio enquanto caminhavam, ela era uma mulher bonita e elegante. Mas ele reparou que alguns fios brancos começavam a surgir em meio aos cabelos laranjas e imaginou se um dia chegaria a ter cabelos brancos, provavelmente sim se vivesse até lá.

◤━━━━━━━ ☆. ☪ .☆ ━━━━━━━◥

Cameron tinha um sorriso em seus lábios enquanto fitava seus sobrinhos no treino de combate corpo a corpo. Era uma mistura de cores naquele lugar cabelos negros e vermelhos voando conforme as crianças se moviam. Ele achava engraçado a mistura que havia acontecido naquela família com a chegada de Amber. Estava distraído quando sentiu braços finos envolverem sua cintura.

— Está pensando em que? — Uma voz suave e um perfume de lavanda fizeram com que seus sentidos se aflorassem, com um sorriso em seus lábios o rapaz virou-se sem desprender dos braços que o rodeavam. Com calma deixou suas mãos deslizarem para cima e para baixo nas costas da jovem que o fitava. Depois que o clã foi expulso da cidade muitos do clã que moravam fora regressaram preocupados com seus parentes e Agatha era uma delas. Filha de respeitados médicos que viviam entre seu clã, ela tinha ido estudar em outro pais para ser medica assim como seus pais. Mesmo com o protesto dos pais ela acabou voltando para cá quando se formou e hoje em dia Cameron era bastante feliz por isso. Já que eles se casariam dentro de alguns meses. O moreno se inclinou e depositou um beijo suave em sua testa. — Em como você é maravilhosa.

Uma risada ecoou entre os lábios dela e aquilo fez com que ele sorrisse, era um som que ele amava, na verdade Cameron chegou a conclusão de que amava tudo naquela mulher. Mas um grito o tirou de seu devaneio, com rapidez se desvencilhou de Agatha e virou para seus sobrinhos. Brooke estava caída no chão com as mãos na cabeça todos seus irmãos a rodeavam sem entender, exceto Tommy. Ele se abaixou e envolveu as mãos ao redor do corpo de sua irmã de forma protetora.

— O que houve alguém a acertou com alguma coisa? — Cameron e Agatha se aproximaram preocupados, todos exceto Tommy se mexeram dando espaço para eles. Rapidamente Agatha começou a examiná-la, mas fisicamente não tinha nada de errado. Então Brooke começou a murmurar algo e Tommy se aproximou ainda mais para tentar ouvir e quando isso aconteceu os olhos dele se arregalaram e lágrimas começaram a brotar de seus pequenos olhos.

— A mamãe... a mamãe... a mamãe vai... morrer. — Então ele e Brooke desabaram em lágrimas. Cameron sabia o que aquilo significava ele saiu correndo gritando por Nikollay que veio apressado ao seu encontro, outros membros do clã se aproximaram receosos.

— Brooke teve uma visão nós temos que ir AGORA!! - Cameron não esperou mais e começou a correr e vociferar ordens. — ALGUNS FIQUEM E PROTEJAM O ACAMPAMENTO OUTROS VENHA COMIGO E PEGUEM SUAS ARMAS. — Sem perder mais um segundo ele entrou correndo pela floresta desaparecendo da vista de todos com Nikollay e vários guerreiros em seu encalço.

— O que ela viu ?— Perguntou Nikollay apreensivo, sabia que estavam indo na direção de Borthen e então se lembrou que Amber, Mark e as gêmeas estavam naquela direção. Cameron continuou em silêncio, pois não fazia ideia de como falar aquilo ao seu irmão. Nikollay havia gritado com ele impaciente para que ele respondesse, então ele respirou fundo e disse. — Vai acontecer alguma coisa.... com Amber. — E a expressão de Nikollay se tornou completamente sombria, naquele momento a tensão aumentou entre todos. Com toda a força que puderam colocar nas pernas eles se apressaram, ninguém queria que nada de ruim acontecesse com Amber.

◤━━━━━━━ ☆. ☪ .☆ ━━━━━━━◥

Quando eles chegaram ao ponto de encontro estava vazio. Aquilo era estranho, suas irmãs nunca haviam faltado a uma visita, principalmente uma que sabiam que alguns de seus filhos estaria junto. Amber deixou que seus olhos rodassem entre as arvores procurando algum sinal de suas irmãs, mas não encontrou nada.

— Que estranho, elas nunca faltaram. — Murmurou Mark, o jovem estava sentido seus pelos da nuca se eriçarem. Tinha uma sensação estranha percorrendo todo o seu corpo naquele momento e tudo que ele queria fazer era pegar sua família e correr na direção do acampamento. — Que cheiro é esse? — Ele perguntou aquilo com o cenho franzido, como estavam próximos a lua cheia seus sentidos estavam mais aguçado e podia sentir um odor estranho, uma mistura de podre a algo metálico. Rapidamente os três guardas que estavam ali fizeram um pequeno cerco na frente de Amber, Mark e suas irmãs e um deles respondeu.

— Sangue, alguém morreu. Senhora é melhor voltarmos, pode ser uma armadilha. — Todos sempre souberam que aqueles encontros era perigosos e que um dia alguém da cidade poderia descobrir e atacá-los. Mas depois de tantos anos eles acabaram achando que Travis os tinha deixado em paz. Amber entregou Cat para Mark e o encarou séria.

— Se houver sinal de algum problema pega suas irmãs e corra, você é mais rápido e mais ágil do que eu. — Mark queria esbravejar e dizer que não deixaria sua mãe para trás, mas sabia que não adiantaria discutir. Amber era o tipo de mulher que faria qualquer coisa pelos seus filhos e ela correr com uma criança em seu colo só faria que ela fosse mais lenta botando em risco a vida dela e da criança. — Eu preciso ver se é uma de minhas irmãs.

— Mãe e se você for ataca? Você está louca? E seus filhos e meu pai? — Mark perguntou visivelmente transtornado, sua respiração era ofegante, suas palavras saiam altas e as gêmeas começaram a chorar baixinho por causa disso. Amber somente o encarou séria e se virou indo alguns metros mais a frente. Dois soltados seguiram ela tomando a dianteira, com cautela começaram a caminhar em direção a um tronco de uma grande arvore que estava caída. Quando contornaram a arvore um grito se desprendeu dos lábios de Amber e nesse momento os soldados a agarraram pelo braço a arrastando na direção de Mark. Mas naquele momento Mark os viu saindo das árvores e indo em direção a sua mãe e os soldados.

— CORRAM! — Gritou o soldado que tinha ficado perto dele e das meninas, ele se dirigiu rapidamente na direção dos três que já estavam basicamente cercados. Mark não conseguia se mexer, ele não sabia o que fazer. Não tinha como ir lutar com duas crianças no seu colo e sabia que nunca poderia largá-las ali sozinhas. Eram cerca de 30 homens contra 4 pessoas, não demorou muito para os três soldados caírem e só restar Amber.

— Travis, Albert que desprazer revê. Vocês já tem a sua cidadezinha o que vieram fazer aqui? — O rosto de Amber se mantinha neutro enquanto encarava dois homens que haviam se aproximado dela, Mark não sabia como ela conseguia parecer tão calma.

— Ora, viemos limpar a sujeira. — O homem que tinha os cabelos loiros disse aquilo com um sorriso nos lábios, se aproximou de Amber e ergueu a mão ao rosto dela. — Sabe se você não tivesse se enfiado nesse mato eu teria me casado com você, você seria a primeira dama. Poderia ter tudo do bom e do melhor.  — Amber se afastou do toque dele de forma brusca.

— Prefiro morrer ao me deitar com você, Travis. — Amber cuspiu as palavras com desprezo e depois cuspiu na face dele. Amber então se virou e encarou o filho, uma pequena lágrima escorreu por sua face e ela sussurrou — Corra.

— Se é assim que deseja. — Mark encarava o rosto de sua mãe viu filetes vermelhos começarem a escorrer de seus lábios, ao desviar o olhar viu a ponta de uma espada atravessando a barriga se sua mãe. O vestido rosado que estava no corpo daquela mulher agora tomava uma cor avermelhada.

— Mama! Mama — A gêmeas começaram a gritar e isso fez com que os homens que estavam a pelo menos 10 metro de distancia desviasse sua atenção para os três. Antes mesmo que qualquer um deles se mexesse Mark se virou correndo na direção do acampamento e correu segurando suas irmãs firme em seus braços, correu o mais rápido que pode.

◤━━━━━━━ ☆. ☪ .☆ ━━━━━━━◥

Eles estavam se aproximando do local quando ouviram barulho de passos. Todos pararam e sacaram suas espadas esperando para ver quem se aproximava.

Mark.

Nikollay não acreditou no que via, Mark estava com as gêmeas em seus braços correndo enquanto lágrimas desciam de sua face. Ele só percebeu a presença do pai quando o mesmo o segurou pelos ombros e gritou.

— Onde está sua mãe ? Vão. — A última palavra ele disse para Cameron e os soldados. O coração de Nikollay estava destruído ao ver seu filho mais velho e as caçulas chorarem sem conseguir dizer nada. Mark então balançou a cabeça negativamente e mais lágrimas desceram por sua face.

Foi como se uma faca fosse cravada em seu peito e alguém a puxasse par ao lado e a rodasse para garantir que a ferida doesse ainda mais. Ele soltou o filho e apontou na direção do acampamento e com passos largos Mark começou a se afastar. Nikollay começou a correr desesperadamente na esperança de que ainda pudesse salva-la. Quando chegou ao ponto de encontro uma batalha estava acontecendo, os homens de Borthen contra os seus. Eles estavam em menor numero, mas eles era muito mais fortes. Facilmente cada um ali dava conta de três, então de certa forma seus inimigos estavam em desvantagem. Nikollay desembainhou sua espada e começou a abrir caminho entre aqueles malditos. Sua espada fazia movimentos rápidos e precisos ele não podia negar que sentia um imenso prazer ao sentir sua espada dilacerando a carne deles e fazendo com que eles gritassem em agonia. Viu Cameron na parte da frente da batalha e se aproximou de seu irmão da melhor maneira que pode.

Cameron não usava espadas com frequência ele preferia um par de sais. Ele era habilidoso no manuseio daquelas armas, seu corpo se movia como se tivesse em uma dança, dando passos para lá e para cá, erguendo e abaixando suas mãos com força. Mas quando ele fazia isso era porque seus sais estavam entrando na carne de algum inimigo e o dilacerando. Nikollay resolveu entrar na dança como seu irmão e começou a desferir golpes em seus inimigos, o som da carne se rasgando era algo inebriante, o cheiro de sangue já havia empesteado aquele lugar, dos 30 soldados inimigos restavam 10 e do seu lado só havia um morto e dois feridos. Um sorriso cresceu em seus lábios quando os homens começaram a recuar amedrontados, ele se posicionou a frente de seus soldados e os encarou. Ao olhar por cima dos soldados ele pode ver Travis e Albert escondidos cercado de soldados como os covardes que eram.

— Já vão tão cedo? A festa nem acabou. — Disse Nikollay rindo enquanto encarava seus inimigos. Albert estava visivelmente assustado e frustado, sabia que se Nikollay chegasse até ele, ele seria um homem morto. Travis deu um passo a frente com um sorriso em seus lábios.

— Para você talvez tenha acabado sim. — Com uma risada ele deu alguns passos para o lado e apontou para o chão. E naquele momento o mundo de Nikollay desabou, deitada como se estivesse dormindo estava Amber. Filetes vermelhos manchavam ao redor de seus lábios, sua roupa que era de um tom de rosa claro agora tinha uma grande mancha vermelha na parte do abdômen. Naquele momento ele não se conteve, gritou e correu em direção aqueles homens.

— BATER EM RETIRADA. — Gritou Travis enquanto começava a correr sem olhar para trás, claro que ele não ficaria ali para ver o que Nikollay pretendia fazer com ele.

Nikollay observou os homens fugirem, mas não foi atrás. Ele se jogou de joelhos ao lado de Amber e a envolveu em seus braços de forma carinhosa. Ele a abraçou e começou a chorar enquanto afagava seu rosto.

— Nik.. eu... te ...amo. — Com um sussurro fraco ela o encarou. Foi então que ele percebeu que ela ainda estava viva, mas ele já havia lutado o suficiente para saber que aquele tipo de ferida só daria para salvar uma pessoa se o socorro fosse imediato. A respiração de Amber estava extremamente ofegante, a cor já havia começado a sumir da face de sua amada e ele sabia que não tinha como ela sobreviver. — Cuide... das crianças.... e.. do.. Mark... Não foi... culpa..de...— Naquele momento o braço de Amber pendeu, seus olhos sempre luminosos como duas esmeraldas agora tinham um tom opaco. O rosto dela permaneceu imóvel e Nikolay pode escutar seu último suspiro.

Naquele momento um grito saiu da garganta de Nikollay, um grito repleto de dor e ódio, ele acabara de perder o amor de sua vida. Ergueu o corpo de Amber um pouco mais e a abraço pressionando o corpo dela contra o seu, sentiu a mão de Cameron sobre seus ombros e ficou mais um pouco ali com sua dor.

— Temos que ir. — Cameron disse quase em um sussurro, sua voz também estava carregada de tristeza. O céu tinha começado a escurecer e ainda era o meio da tarde. Nikollay ergueu o corpo sem vida de sua esposa e começou a caminhar para o acampamento com ela em seus braços.

◤━━━━━━━ ☆. ☪ .☆ ━━━━━━━◥

Estava andando de forma impaciente para um lado e para o outro, depois da visão de sua irmã sobre sua mãe todos saíram correndo. As previsões de Brooke sempre se realizavam, mas naquele momento estava torcendo para que seu pai e seu tio chegasse a tempo. Andava de um lado para outro no meio do acampamento com os pés batendo firme na terra. Todos os adultos que sobraram haviam feito uma barreira ao redor do acampamento, com suas armas na mão estavam na entrada do acampamento esperando para lutar caso fosse necessário. Queria ir para frente junto com os outros e lutar, sabia que tinha capacidade para isso. Mas ninguém deixou, porque era importante demais para morrer, era a maldita da criança da profecia. E sempre odiou esse maldito titulo.

Uma movimentação se iniciou, mas não conseguiu ver nada porque aquela barreira humana não permitia. Em poucos segundos Mark passou pela barreira segurando as gêmeas. Agatha e Seraphine se aproximaram dele rapidamente e pegaram as meninas que estavam chorando, Mark então se sentou no chão e enfiou o rosto entre as mãos chorando desesperadamente.

Com passos rápidos fiquei ao lado de Mark e não demorei a perceber que todos os meus irmãos também estavam ali. Todos ficaram em silêncio o encarando chorar feito uma criança. Um sentimento de angustia crescia dentro do meu peito, porque eu sabia que aquilo não era bom. Sabia que Brooke tinha acertado e se aquilo fosse verdade...

— Ela está morta, não está?— Brooke o encarava com seus pequenos olhos verdes que estavam repletos de pequenas lágrimas. Mark ergueu a cabeça e passou a mão em seu rosto, ele então assentiu a cabeça e todos se jogaram no chão chorando. Menos eu.

Naquele momento o ódio gritou em meu coração, desde que nasci fui criada para odiar e destruir aqueles da cidade e naquele momento ao saber da morte da minha mãe, aquele sentimento só se expandiu. Serrei os punhos e encarei todos os meus irmãos chorando, do mais velho aos mais novos. Com os dentes trincado dei alguns passos e fiquei ao lado de Mark encarando o bloqueio humano. Repousei minha mão sobre seu ombro e disse.

— Não chore, você fez o certo salvou as gêmeas. E não se preocupe, porque eu vou acabar com aqueles desgraçados. Quem desferiu o golpe final? Porque esse é quem mais vai sofrer. — Cuspi aquela palavra entre os dentes, apertei levemente o ombro de Mark e respirei fundo.

—Travis a matou e Albert estava ao seu lado rindo. — A expressão de Mark havia mudado, ele se colocou de pé e passou a mão sobre o rosto enxugando as lágrimas. Mark agora estava ao meu lado virado para frente da barreira humana, os outros ainda estavam chorando atrás de nós. Respirei fundo e disse de forma ríspida e séria.

— Levantem e parem de chorar. Somos os filhos de Nikollay e Amber Deverpolt, fomos criados para odiar e destruir aquelas pessoas. No começo todos nós nos questionávamos se deveríamos mesmo fazer aquilo. Afinal, a única vida que conhecemos é essa. Então não tínhamos como saber o que realmente foi tirado de nosso povo. Mas agora eles mataram a nossa mãe e vão pagar por isso. Então parem de chorar e ergam essas cabeças. — Minha expressão se manteve séria, observei enquanto a barreira humana se afastava para dar passagem aqueles que estava voltando. Alguns soldados traziam um homem ferido e outro morto, as famílias deles se aproximaram ao prantos. Em seguida vinha o resto dos homens e meu tio Cameron que apesar da vitoria na batalha dava para perceber que a perda tinha sido grande demais. E por último vinha Nikollay o imponente líder de nosso povo com o corpo sem vida de Amber, minha mãe. Serrei meus punhos ao lado do corpo e uma expressão de fúria se moldou em minha face. Pelo canto do olho pude ver meus irmãos se posicionando ao meu lado e de Mark. Por mais que eles quisesse chorar eles ergueram a cabeça e se contiveram.

Papai parou a nossa frente ainda segurando nossa mãe em seus braços. Seu olhar era de tristeza por nossa mãe e por estar vendo aquela expressão no rosto de seus filhos. Mas quando seus olhos caíram sobre os meus ele franziu o cenho. Dei dois passos a frente e falei em alto e bom som. — Não se preocupe meu pai, eles vão pagar pelo que fizeram no passado e vão pagar ainda mais caro pelo que eles fizeram hoje. Porque eu não vou parar até que eles estejam destruídos e implorando pela morte.

Nikolay me encarava e a expressão de tristeza se transformou em um misto e orgulho e ira. Mark deu um passo a frente ficando na frete dos outros, mas atrás de mim. E disse.

— Meu pai, eu quero me dedicar ao plano para vingar nosso povoe nossa mãe. Eu renuncio meu direito a ser líder. No momento que eu precisava ser forte pelos meus irmãos eu não fui. A criança prometida destruirá nossos inimigos e vingara nossa mãe e hoje mesmo com a idade que tem mostrou que seria capaz de liderar nosso povo com bravura e firmeza assim como o senhor. — Fiquei surpresa ao ouvir aquelas palavras vindo dos lábios de meu irmão. Nunca passou pela minha cabeça em me tornar Alpha, eu era só a criança que traria o caos aos nossos inimigos. Então Mark fez algo ainda mais impressionante ele se prostrou sobre um dos joelhos e inclinou a cabeça em uma reverencia para mim. Em seguida meus irmãos começaram a fazer o mesmo e em pouco tempo todos que estavam ao meu redor, exceto meu pai, seguiram os movimentos de Mark.

— A partir de hoje tomara o lugar de Amber como segunda no comando e quando eu me for tomara o meu lugar como Alpha já que Mark renunciou e todos os outros parecem concordar com ele. Depois do nosso período de luto os treinamentos intensificarão. — E sem dizer mais nenhuma palavra ele caminhou em direção a casa principal. Naquele momento todos os filhos, Agatha e Cameron o seguiram em silêncio. Ajudariam a preparar as coisas para o velório de sua mãe, cuidariam dela pela ultima vez.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oie meus queridos leitores!! Fico feliz que estejam todos acompanhando, agradeço muito por isso!! Não esqueçam de comentar o que estão achando e também lembrem de favoritar e recomendar Utópico para os seus amigos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Utópico." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.