Utópico. escrita por DihDePaula


Capítulo 27
Capítulo 26 - Lealdade.




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Estava bastante confuso com tudo o que havia acontecido, era informação demais para absorver em pouco tempo. Luna quase foi estuprada, está apaixonada pelo filho de Travis, Travis era pior que eles imaginavam e o próprio filho vai entregar ele de bandeja para os Deverpolt.

Mark respirou fundo e continuou a caminhar na direção do campo de treinamento, mas ao chegar lá percebeu que não foi o único que teve essa ideia para aliviar o estresse. Beatrice socava e chutava um dos bonecos de Wing Chun que ficava na parte oposta de onde ele estava. Ela parecia tão concentrada e com tanta raiva que não notou a chegada de Mark.

O ruivo somente deu ombros e voltou a se aproximar dos alvos, preferia atirar em algo em movimento. Na atual situação estava fora de cogitação usar os guardas de Travis como alvos vivos, não estava a fim perturbar os animas. Então a única saída que tinha eram os alvos de treinamento entediantes.

Quando se concentrava demais em seus treinos o mundo ao seu redor deixava de existir por escolha própria, Mark preferia ignorar tudo aquilo que não viesse de sua mente e que não fosse os alvos a sua frente. Era bem mais produtivo para o que ele pretendia, que era colocar a cabeça no lugar, digerir todas as informações e pensar em seu próximo passo.

— Pelo visto a reuniãozinha já acabou. — Disse Beatrice com tom de deboche se aproximando de Mark.

Ele decidiu que seria melhor ignorar o que ela tinha a dizer, diante das atitudes que ela teve, era melhor manter distância dessa garota. Mark e sua família já tinham problemas demais para que ele arrumasse mais um sem motivo algum. Então ele simplesmente continuou a atirar suas facas sem se importar.

Não havia gostado nem um pouco das provocações dela em relação aos seus irmãos, principalmente em relação à Luna. Aquela garota carregava um peso enorme em suas costas desde que nascera e anos mais tarde Mark jogou mais um peso sobre os seus ombros, peso que deveria ser seu. Então o mínimo que ele tinha que fazer era proteger Luna e estar sempre ao lado dela.

— Sabe eu não entendo a sua família, querem tanto vingança e tiveram uma ótima oportunidade de mandar uma bela mensagem matando o filho de Travis e se deixaram levar pelo sentimentalismo. — Disse Beatrice.

Mark travou sua mandíbula e seus dentes acabaram rangendo. Estava começando a ficar irritado com Beatrice, havia percebido que ela não era uma pessoa fácil de lidar, mas isso não dava o direito dela atacar sua família por pura birra. Continuou ignorando a morena e se aproximou dos alvos recolhendo as facas, para logo em seguida voltar a posição inicial.

— Estou falando com você, está surdo? — Exclamou a jovem irritada e se colocando entre Mark e os alvos.

Mark era um homem ruivo, encorpado e musculoso de 1,90 metros. Simplesmente olhou por cima de Beatrice e continuou a jogar as facas como se ela não estivesse bem na sua frente, era como se não houvesse nada entre o alvo e ele. Isso pareceu deixá-la ainda mais irritada com a situação.

Beatrice avançou até Mark em um movimento rápido antes que ele atirasse mais uma faca e segurou o braço dele, no ar enquanto se movia. Naquele momento Mark fechou sua expressão e olhou para baixo, encarando os olhos daquela mulher furiosa a sua frente. O rosto dela havia adquirido um tom avermelhado por conta da raiva, os cabelos ainda estavam soltos caindo pelos ombros.

Mark pode observar que ela estava a poucos centímetros de si enquanto ainda segura o braço dele no ar, mas um passo e os corpos estariam colados. Ele manteve a expressão séria a encarando de volta em completo silêncio.

— Qual é o seu problema? Ontem estava sendo legal comigo e hoje está agindo feito um babaca fingindo que eu não existo, mesmo estando bem na sua frente. —Esbravejou a jovem.

— Meu problema? Por onde vamos começar? A parte que você ficou provocando minha irmã e quase estraga o disfarce dela? Ou aquela parte que ficou falando merdas relacionadas a Luna sem nem ao menos conhecê-la? Também teve a parte que quase atacou o meu irmão caso não se lembre. — Disse Mark em um tom baixo e ameaçador. — Você está agindo feito uma babaca desde que chegou aqui, primeiro insinuou que eu tentar ser gentil é porque eu queria algo de você. Depois tirou às duas pessoas com mais auto controle em todo esse clã do sério, colocou a minha família em perigo com seus desaforos e a troco de que?

Mark deu dois passos para trás conforme puxava seu braço com certa brutalidade se libertando do toque de Beatrice, foi até os alvos e recolheu todas as suas facas. Em silêncio começou a caminhar com passos rápidos para dentro da floresta que os cercava, precisava de alguns minutos de paz. Era isso que tinha vindo buscar arremessando facas.

Continuou a adentrar a floresta sem se importar muito com a volta, afinal conhecia aquele lugar como a palma de sua mão. Para o seu desgosto ela ainda o seguia, por mais que andasse rápido a alguns passos atrás estava Beatrice, pelo visto não pretendia deixá-lo em paz tão fácil.

Não demorou mais do que uns 20 minutos para chegar até uma parte de floresta onde havia uma sequência de cachoeiras, assim que terminava um pouco mais a frente começava outra, formando várias piscinas. Em um dia comum todas poderiam ser utilizadas sem muitos problemas, a distância de uma para outra era considerável e era bem bonito de se olhar.

Retirou seus sapatos e os jogou para o canto deu alguns passos para dentro da água sem se importa se ficaria molhado. Não demorou muito para se sentar em uma das pedras e ficar encarando a vista a sua frente, podia ver sem problema algum, as demais cachoeiras a queda era curta na maioria delas. Mas era algo bonito de se ver, principalmente agora que o sol começava a nascer no horizonte bem de frente de onde ele estava.

Não demorou muito tempo para que ela sentasse ao seu lado e Mark continuou com o plano inicial de ignorá-la. Ainda não sabia o porque diabos ela tinha vindo atrás dele, se era para arrumar mais confusão era melhor ela nem tentar. Mark estava em seu limite e talvez a empurrasse cachoeira abaixo, provavelmente ele não faria isso de verdade, mas a vontade não estava faltando.

— Eu só não consigo entender vocês dizem que querem uma coisa e fazem outra. Se querem vingança tem que fazê-los sofrer como vocês sofreram e não se tornar amiguinhos. — Resmungou a jovem.

— O único que queria vingança era o meu pai, o resto de nós só queremos justiça e que essa guerra acabe. Só assim que as pessoas vão parar de morrer a troco de nada, você não entende isso porque só quer saber de lutar para mostrar alguma coisa a alguém. — Respondeu ele soltando um suspiro.

— E a quem eu quero mostrar algo? Você? — Riu Beatrice de forma debochada.

Mark revirou os olhos e soltou um longo suspiro, ela estava começando a tira-lo do sério. Estava voltando cogitar a possibilidade de empurrá-la, não a mataria. Mas talvez dessem a ele alguns minutos de paz e tranquilidade.

— Não acho que seja pra mim. Talvez seja para o seu pai ou até mesmo está tentando provar algo para si. Mas não é atacando os outros que vai conseguir, só vai afastar as pessoas de você e prejudicar a si mesma, talvez até mesmo o seu clã. — Disse ele dando ombros.

— Eu não preciso de ninguém, se quiserem se afastar de mim o problema não é meu. — Diz com uma raiva contida.

Mark solta uma pequena risada então a encara com um pequeno sorriso nos lábios. Os olhos esverdeados dele continuam a fita-la por algum tempo em silêncio tentando decifrá-la. Talvez tenha um motivo para ela agir daquela forma ou talvez só seja mimada e acha que o mundo gira ao seu redor.

— Mesmo? Então por que ficou tão irritada quando te ignorei? Por que mesmo depois de o que falei me seguiu até aqui e ainda está tentando me convencer de que está certa?— Questionou ele com a sobrancelha ruiva arqueada.

Naquele momento Beatrice abriu a boca para retrucar com uma expressão furiosa, mas logo em seguida a fechou. Ela sustentou o olhar de Mark sem receio algum, mas não o respondeu. Provavelmente nem ela sabia o porquê de ficar tão irritada com as atitudes dele e o porque o seguiu. Alguns instantes depois ela virou o seu rosto na direção do horizonte e ficou observando a claridade aos poucos ir engolindo a escuridão, deixando claro que a noite havia chegado ao fim.

— Eu só não consigo entender vocês, dizem uma coisa e fazem outra. Não sei porque, acabei ficando irritada. Ainda mais quando vi que a sua irmã tá caidinha por aquele garoto, mesmo sendo filho do inimigo de vocês. — Disse Beatrice em um tom mais calmo.

— Sabe a Luna sempre falou que ia fugir e que ela não tinha nada a ver com essa guerra. Porque sempre fomos obrigados a treinar e estudar arduamente, eu por ser o próximo Alpha por direito e os outros por serem as possíveis crianças da profecia. Conforme fomos crescendo não demorou muito para saber que Luna era a criança e quando isso aconteceu a cobrança sobre todos os outros diminuíram, até sobre mim.

"Só que o peso dela se tornou pior, durante a alvorada ela já estava de pé em seu primeiro treino, depois estudava e depois de algumas horas treinava só parando para as refeições e necessidades básicas. Era isso até a hora que ia dormir, raramente conseguia escapulir e se divertir. Ela não teve infância, enquanto todas as crianças brincavam, ela estudava e treinava. Até eu tive infância porque o vovô ainda estava vivo e ele não permitia isso, como a palavra final era dele meu pai não tinha escolha. Adolescência? O máximo que ela teve disso foi fugir para essas cachoeiras para dar uns amassos.

Não durava muito tempo, logo que eles percebiam que ela tinha sumido me mandavam vir atrás dela, geralmente eu tentava ganhar tempo para que ela pudesse viver, ao menos um pouco. No dia que minha mãe morreu ela foi a primeira a dizer que a culpa não foi minha, que eu não tinha o que fazer, que tudo que eu podia fazer era salvar a vida das minhas irmãs caçulas.

Enquanto eu estava sentado no chão chorando feito uma criança, ela ficou de pé e conseguiu acalmar a todos os meus irmãos, inclusive a mim. Quando, na verdade eu era o mais velho, eu deveria fazer isso e não ela. Era só uma adolescente, sem pensar muito eu joguei o peso de ser Alpha sobre seus ombros porque eu achei que não era digno e isso só serviu para tirar ainda mais tempo de seus dias, já que agora tinha que aprender muitas outras coisas.

Depois que a minha mãe morreu, o meu pai basicamente virou outra pessoa. A gente só via algum tipo de felicidade quando algum dos filhos estava perto, fora isso era só tristeza e amargura. De todos nós a que mais sofreu por conta disso foi a Luna, se tornou ainda mais duro com ela e obcecado com a vingança.

Ela acha que eu não sei que ela veio correndo pra cá no meio da madrugada e gritou, chorou por nossa mãe colocando toda a sua dor para fora na noite da morte dela. Mas nas horas anteriores ficou firme sem derramar uma lágrima tomando as rédeas da situação junto com meu tio, porque nenhum de nós tivemos condição. Ela conseguiu fazer a gente parar de chorar no primeiro momento, mas depois todos estavam devastados demais para conseguir manter a calma, exceto por ela. Que mesmo devastada se manteve firme!

Quando ela viu o que o amor fez ao nosso pai e a nossa mãe ela o repudiou, disse que nunca o permitiria chegar ao seu coração. Porque se não fosse o amor talvez nossa mãe não tivesse morrido, talvez nosso pai não fosse uma casca vazia ou como ela chamava morto vivo. Então se o amor achou uma forma de entrar no coração dela, não sou eu que vou me opor.

Por mais que ela estivesse tensa com a situação, eu nunca vi a Luna perder a calma tão fácil como ela perdeu disposta a proteger o garoto. Eu nunca vi tanto brilho e carinho no olhar dela até o momento de hoje quando olhava para ele. Nunca vi também alguém além do Bruce e eu cuidar dela da forma que ele fez, só de olhar eles dois eu senti um pouco de inveja sabe?

Quando eles começavam a discutir e se perdiam no mundo deles parecia que nada mais existia ao redor deles. Ele estava disposto a morrer vindo até nós por uma chance de protegê-la e ela estava disposta a enfrentar a sua família se preciso para protegê-lo. Um amor como esse tem que ser vivido, mesmo que por pouco tempo.

Agora me diga, com sinceridade. Como eu posso tirar a felicidade dela dessa forma? Ela é minha irmã e eu preciso cuidar dela, mas o que aconteceu nesses últimos anos foi ela cuidando de todos nós. Eu jogando o peso de ser Alpha sobre os seus ombros como se já não carregasse o suficiente e agora que ela encontrou algo que ela escolheu proteger, que ela escolheu lutar. E eu vou ser contra?

Essa guerra não era nossa até a nossa mãe morrer, era uma guerra de orgulho ferido. Ninguém concordava com ela até que meu pai foi convencendo um por um, poderíamos ter ido para outro lugar e recomeçado. Em vez disso quiseram se prender a esse lugar e olha no que deu?

Só que infelizmente eu conheço a Luna o suficiente para saber que se ela tiver que escolher entre a missão e o seu coração, ela vai optar pela missão. Ou melhor, ela já optou se não já teria contado a verdade para o rapaz e ela não o fez. Ela sabe que provavelmente quando tudo vier a tona vai perde-lo, provavelmente está aproveitando cada segundo ao lado dele que lhe resta.

Essa guerra só tirou as coisas da gente, não nos deu nada até agora."

O silêncio se manteve por algum tempo depois que Mark havia dito todas aquelas coisas, ele não sabia ao certo se ela estava absorvendo informação ou se não sabia mesmo o que dizer. O sol já havia aparecido por completo iluminando a água e as árvores que se estendiam a sua frente.

— Achei que tinham dado a ela o direito de ser Alpha pelos poderes. — Murmurou Beatrice.

— Não, eu abri mão naquele dia. Eu não me sentia digno, não consegui proteger a minha mãe, não consegui me manter firme diante dos meus irmãos e do clã. Eu só conseguia chorar a minha perda, enquanto ela tomou a frente de tudo e acalmou todo mundo, deu esperança a todos nós. Naquele momento achei que era o certo a se fazer. — Disse Mark dando ombros.

— Não acha mais? — Questionou Beatrice se virando para olha-lo.

Mark não demorou a suspirar e a retribuir o olhar da jovem. Ele não se importou muito em sustentar o olhar dela, era algo bonito de se ver. Mas tinha coisas mais importantes para pensar que na beleza de alguém.

— Na verdade, eu acho que ela vai ser uma Alpha incrível, talvez a melhor que já tivemos. Ela tem compaixão com aqueles que merecem, sempre está disposta a ajudar a todos sem se importar quem são, desde que sejam bons. Mas me arrependo só do fato de ter sido mais um peso sobre ela. — Disse Mark.

— Os pesos que ela carregou não são culpa sua ou dela, sim do seu pai. — Suspirou a jovem. — Sempre achei que meu pai era rígido, mas agora já não tenho tanta certeza. Os estudos foram iguais para Gustav e eu, o treinamento também e só começou quando tínhamos 12 anos. Mesmo assim estávamos sempre brincando e correndo por aí.

— Começamos aos 6 anos. Foi quando aprendi a arremessar facas e a Luna com essa idade aprendeu a lutar, sempre colocavam ela para lutar com Bruce por serem da mesma idade. Só que eles odiavam terem que machucar um ao outro e choravam, então acabavam de castigo. — Solta Mark com um suspiro.

Beatrice balançou a cabeça compreendendo, Mark não se importava muito que estava revelando detalhes importantes. Ele não confiava de verdade em Beatrice, mas precisava fazê-la entender que não deveria atacar seus irmãos daquela forma, porque a vida deles nunca havia sido fácil.

Mark podia perceber que ela parecia incomodada com tudo o que ele estava falando, podia perceber que a postura dela já não era mais agressiva e sim relaxada. Talvez estivesse começando a entender o porquê daquela postura dele e de Bruce.

— Quando ameacei ir para cima da sua irmã você e a xérox dela vieram correndo. Mesmo que você tenha me dito que ela é mais forte que vocês dois, mas mesmo assim vocês vieram pra cima de mim de forma protetora. — Disse a morena.

— Sim, ela daria uma surra em nós dois juntos facilmente. Depois dela, nós dois fomos os que mais treinamos estávamos juntos dela na maioria dos treinos. Não queríamos deixá-la aguentar tudo aquilo sozinha. A verdade é que nós três sempre fomos muito próximos e sempre apoiamos um ao outro. — Disse Mark voltando a encarar a paisagem com um sorriso em seus lábios.

Eles ficaram em silêncio por alguns minutos somente encarando a paisagem. Cada um perdido em meio aos próprios pensamentos. Pelo canto do olho Mark percebeu que Beatrice parecia inquieta se movendo sobre a pedra e sempre o olhava para logo em seguida desviar o olhar.

— Não acho que o seu pai vai aceitar isso numa boa. E se por acaso acontecesse alguma coisa que ela decidisse desertar, o que você faria? — Questiona Beatrice curiosa.

— Provavelmente eu e Bruce iremos com ela até os confins da terra. Quando ela decidiu fugir antes de a mamãe morrer ela não ia sozinha, o combinado era os três irem juntos. — Disse Mark com um sorriso em seus lábios.

 

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Nikollay permaneceu em silêncio encarando a mesa a sua frente. Cameron e Eleanor ainda estavam sentados no mesmo lugar, provavelmente tentariam persuadi-lo. Mas seria uma perda de tempo, ele não permitiria mais que a sua filha se machucasse por conta de sua cegueira.

— Não deve fazer nada ao garoto Nikollay, isso pode gerar um grande problema. Com a Luna, com seus outros filhos e até mesmo com o povo de Borthen. Todos adoram ele e a menina Luce por serem bondosos e gentis, você pode se prejudicar fazendo isso e perder mais do que imagina. — Diz Eleanor de forma calma.

Nikollay ergue seu olhar e percebe que ambos estão encarando ele. Por que eles não entendem que ele só está tentando protegê-la? Que se ela ficar com ele sofrerá ainda mais com toda essa historia!

— Escute Eleanor, Nik. Vimos a reação das crianças hoje quando você levantou essa possibilidade, você também viu como ela estava disposta a protegê-lo. Você vai perde-la Nikollay, não acha que já perderam coisas demais? — Diz Cameron.

— Justamente por isso eu tenho que protegê-la. Quem garante que ele não é como o pai ou o irmão? Quem garante que Travis não descobriu sobre ela e está usando o filho para se aproximar da Luna? E quando ele descobrir quem ela é? Se o garoto decidir ajuda-lo por raiva? — Disse Nikollay em um tom alto e descontrolado.

— Pela lua, Nik! Você está se escutando? Está sendo totalmente paranoico. O garoto não demostrou nada além de bondade, coragem e amor pela sua filha. Ele escolheu nos enfrentar em vez de deixar que mais alguma coisa acontecesse com a Luna. Porque ele sabe o pai que tem e que Travis vai se vingar por ela ter colocado Bernard na cadeia! Como você pode ser tão cego? — Gritou Cameron perdendo a paciência.

Eleanor soltou um longo suspiro e deslizou os dedos pelos longos frios negros. Cameron havia se colocado de pé e andava de um lado para o outro como se isso fosse ajuda-lo a pensar. E Nikollay se mantinha em sua cadeira encarando a parede em silêncio.

— Meu irmão eu mal cheguei aqui e já vejo que você foi consumido pelo ódio e pela vingança. Isso está destruindo você e só você não percebe, você fazendo isso só vai magoar os seus filhos e a você mesmo. Quando perceber o erro que cometeu já vai ser tarde demais. Acredite, falo isso como uma pessoa que fez escolhas erradas de cabeça quente e se arrepende até hoje, principalmente por ter pagado um preço tão alto. — Diz a mulher soltando um novo suspiro.

Nikollay e Cameron a olham confusos, não entendem muito bem porque de Eleanor está falando essas coisas. Mas provavelmente tem algo haver com o seu sumiço e a sua prisão durante todos esses anos.

— Eu não posso confiar nesse garoto! Eu confiei em Albert e em Travis achando que éramos amigos. Já vimos o resultado de confiar naquela gente e não vou pagar para ver novamente. — Disse Nikollay determinado.

— Nik o garoto não é Travis, ele é completamente diferente e sempre ouvimos isso de todos, hoje nós vimos isso. Ele não estava nem ai em salvar a própria pele, ele só queria salvar quem amava. Diferente daqueles dois que para salvar a própria pele eles venderiam até a própria mãe. — Disse Cameron voltando a se sentar.

Nikollay balança a cabeça negativamente. Se ele arriscar e confiar nesse garoto pode colocar tudo a perder, pode ver a sua Luna morrer em seus braços. Assim como foi com Amber e ele não suportaria passar por isso novamente, ele está farto de perder para aqueles dois.

— Não importa o que eu tenha que fazer eu vou ganhar essa maldita guerra! — Berra Nikollay. — Não importa que eu tenha que incendiar aquela cidade e colocá-la abaixo, eu vou acabar com aqueles dois e com todos os envolvidos com eles.

Ele se levanta e sai furioso da sala deixando Eleanor e Cameron com os olhos arregalados e se encarando. Ficaram em silêncio por alguns minutos absorvendo tudo que havia acontecido nas últimas horas. Cameron passa as mãos pelo rosto e respira fundo, ele não acha que seja uma boa ideia, assim como acha que isso não vai terminar bem.

— Ele enlouqueceu, Cameron. — Diz Eleanor com um olhar triste.

— Acho que ele enlouqueceu no momento que Amber morreu e nenhum de nós vimos isso antes porque estávamos cegos pelo ódio assim como ele. Mas hoje a gente consegue ver as coisas de uma forma diferente, aquelas crianças não têm que pagar pelos erros do pai. Assim como a Luna não pode pagar pela loucura de Nikollay. — Diz em um tom sério.


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Notas finais do capítulo

Gente desculpa pela demora de postar!!



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