Utópico. escrita por DihDePaula


Capítulo 14
Capítulo 13 - Tormentos.




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Luna não conseguia desviar seus olhos daquelas marcas, Sebastian ainda estava distraído tirando sarro da cara de Luce que ainda o xingava com vários palavrões que Luna nem conhecia. A expressão dela havia se tornado sombria, um nó havia se formado em sua garganta. Travis maltratava e humilhava a própria família e Nikolay, seu pai que era um homem bruto e as vezes até um pouco arcaico na opinião de Luna, nunca agrediu a ela ou os seus irmãos. Seus métodos disciplinares envolviam castigos e punições com trabalhos que os filhos não gostassem de fazer. Mas nem ele ou Amber nunca levantaram a mão uma vez se quer para eles e quem dirá marca-los daquela forma, como se fosse algum tipo de bicho.

Luce ficou em silêncio e fez algum gesto para Sebastian apontando para a morena, Luna ainda se concentrava nas costas dele. Mas não demorou muito para ele se virar e ela engoliu a seco conforme ele se aproximava. As mãos estavam fechadas com os punhos serrados e uma expressão séria, ela o encarou em silêncio. Luna olhou aqueles belos olhos azuis e encontrou uma mistura de sentimentos, tristeza, raiva e preocupação? Essa parte ela não entendeu.

— Luna? — O tom dele era calmo e devagar ele se aproximava da jovem.

— Ele fez isso com vocês? — Ela o encarava séria.

O olhar de Luce se tornou triste e ela abaixou os olhos encarando a água da piscina, como se passasse a ser muito interessante. Sebastian desviou o olhar por alguns segundos e parou a poucos centímetros de Luna. A morena se aproximou dele e olhou para uma das cicatrizes sobre o ombro de Sebastian, com passos calmos encurtou a distância entre os dois. Erguer a mão e deslizou a ponta do dedo sobre aquela cicatriz branca, parecia ser antiga. Quando Luna tocou aquela parte ela sentiu Sebastian estremecer diante de seu toque.

— Vamos curtir nosso dia, deixa isso para lá. Não vale a pena. — Disse Sebastian em um tom suave.

Ele ergueu sua mão até Luna e colocou uma pequena mecha de seus cabelos negros atrás da orelha de Luna. Um sorriso descontraído se estendeu pelos lábios do rapaz e em seguida as costas dos dedos dele deslizou levemente pela bochecha da jovem. Automaticamente ela acabou fechando os olhos por alguns segundos e sorrindo com aquele carinho.

— Mas Sebastian... — Disse Luna abrindo os olhos novamente.

— Sem mas, não vamos deixar ele estragar nosso dia. Se você não entrar por bem naquela piscina,  vai entrar por mal assim como a Luce. — Ao finalizar a frase Sebastian sorriu de forma travessa.

Luna então estreitou seus olhos para ele e balançou a cabeça negativamente. Ela se afastou dele enquanto se aproximava da espreguiçadeira que estava antes, deixou seus dedos deslizarem até a ponta do vestido verde e com calma os retirou por cima. O dobrou cuidadosamente e depositou sobre a espreguiçadeira. Percorreu os olhos pelo próprio corpo observando o biquíni preto que estava em seu corpo, ele se acomodava ali perfeitamente realçando as curvas de seu corpo e os seios fartos. Ela deslizou as mãos pelos cabelos negros e enrolou os mesmos em um coque bagunçado. Mas ao se virar para se aproximar da piscina, observou um Sebastian petrificado encarando seu corpo. No primeiro momento as bochechas dela assumiram uma tonalidade vermelha, mas assim que se recuperou a morena se aproximou com um sorriso travesso em seus lábios e disse.

— Gostando da vista? — Percebeu que o rosto dele havia ficado vermelho.

Sebastian rapidamente desviou o olhar, ele havia ficado um pouco sem graça por ter sido flagrado a encarando daquela forma, ela pode perceber o desejo estampado naqueles olhos azuis antes que ele se virasse o rosto. Soltou uma pequena risada baixa com aquilo e continuou a caminhar até a beira da piscina e logo se sentou ali. Ficou encarando uma Luce que novamente parecia uma hiena caindo na gargalhada. Escutou passos se aproximando e não demorou para Sebastian sentar ao lado de Luna na borda da piscina, deixando somente os pés submersos.

— Tenho que dizer que é uma linda vista. — Sussurrou ao ouvido de Luna

Novamente uma pequena tonalidade de vermelho se formou nas bochechas da jovem, mas em seguida ela soltou uma risada descontraída e deu ombros. Ela não sabia o porque ele estava causando aquelas reações em seu corpo, primeiro ficou babando sobre o corpo dele feito uma idiota, depois quando sentiu a caricia dele só queria ficar ali sentindo o toque dele e depois ficou que nem um tomate? Luna estava começando a ficar preocupada com aquilo, mas ela não tinha com quem conversar sobre aquilo. O único que a ajudaria a entender tudo aquilo seria Bruce, como ela sentia falta de seu irmão gêmeo.

Luna escutou o barulho de algo se chocando contra a água e quando saiu de seu devaneio viu que Sebastian havia mergulhado na piscina. Ele ficou submerso por alguns segundos e depois quando emergiu da água, se virou para ela e começou a caminhar até com um sorriso nos lábios na direção dela. Luna observou ele erguer a mão direita aos fios dourados, que agora estavam molhados e tentar arruma-los. Naquele momento o mundo começou a se mover em câmera lenta, eles estavam na parte rasa da piscina por isso podia ter um bom vislumbre do corpo de Sebastian. Ela pode observar as gotículas de água escorrendo sobre o corpo definido dele e naquele momento ela queria ser aquela água deslizando pelo seu peitoral, pelos seus gomos e parando bem na beirada da bermuda, mas se fosse ela, duvidaria que pararia por ali. Soltou um suspiro e maneou a cabeça negativamente, como se isso fosse afastar os pensamentos obscenos que haviam invadido sua mente, ela tinha que lembrar o porque estava ali. Tinha que aprender a controlar aqueles impulsos primitivos e desconhecidos de seu corpo, ela já havia sentido atrações por homens, mas quando não lhe convinha ela simplesmente ignorava. Só que daquela vez era diferente, ela não conseguia simplesmente ignorar, parecia que aquilo ia consumi-la. Para a sua sorte Luce estava nadando até o outro lado e não percebeu aquela reação de Luna, ou eles estariam escutando sua risada de hiena e várias piadas.

Já Sebastian franziu o cenho enquanto parava bem na frente de Luna, se ele desse mais dois passos acabaria encostado em suas pernas e aquilo não seria bom. Então sem esperar muito ela pulou na água deixando seu corpo afundar bem perto a borda, mas se arrependeu no momento em que voltou a superfície. Demorou alguns segundos para abrir os olhos enquanto deslizava as mãos pelos cabelos negros, sentiu uma lufada de ar quente contra sua pele e ao abrir os olhos percebeu que estava a um passo de Sebastian.

— Gostou da vista, Luna? — Questionou Sebastian rindo.

— Talvez, já vi melhores. — Tentou soar com desdenho, mas nem ela acreditava naquilo.

Ouviu uma gargalhada escapar dos lábios de Sebastian e deu ombros, dando pequenos passos para o lado deixando suas costas ainda grudadas na piscina ela saiu da frente de Sebastian e mergulhou. Começou a nadar até o outro lado com rapidez, ela era boa nadadora, quando crianças eles sempre brincavam no lago que tinha perto da clareira. E ela precisava manter uma distância segura de Sebastian, estava sendo difícil para ela resistir aos próprios impulsos. Quando voltou a emergiu deslizou os dedos sobre os fios negros os arrumando um pouco, Luce estava ao seu lado com o cenho franzido.

— Que ? — Perguntou Luna.

— Achei que ia ficar lá flertando com meu irmão. — Disse Luce.

Luce soltou uma gargalhada assim que Luna revirou os olhos e suspirou. Luce então fez algo infantil e inesperado, empurrou suas mãos contra a água e jogou contra a face de Luna. Luna deslizou a mão sobre a face tirando o excesso de água e a encarou semi cerrando os olhos.

— Sua...— Luna não teve tempo de completar a frase.

Um jato de água foi empurrado contra Luce e Luna e as duas se viraram para encarar um Sebastian descontraído e caindo em uma gargalhada gostosa, que acabou aquecendo o coração de Luna. Luce começou a caminhar na direção dele com um sorriso brincalhão e Luna a seguiu, Sebastian começou a dar pequenos passos para trás enquanto ainda ria.

— Quer brincar né? — Luce perguntou.

Então ela começou a jogar água na direção de Sebastian e ele devolvia, em algum momento Luna começou a fazer a mesma coisa. Eles estavam parecendo três crianças, mas estavam realmente se divertindo com aquela guerra toda. Eles acabaram passando o dia todo ali, hora dentro da água, hora conversando do lado de fora ou deixando a luz do sol tocar a pele branca e bronzeá-la. Almoçaram a beira da piscina e falaram sobre diversas coisas totalmente aleatória, naquele dia ela conheceu um pouco mais sobre os irmãos. Descobriu que Luce tocava violino e Sebastian piano, ela nunca teve a chance de aprender, mas sempre achou lindo o som daqueles instrumentos.

Era a primeira vez em quase 8 meses que Luna realmente teve um dia agradável e tranquilo. Um suspiro escapou dos lábios dela, ela precisava voltar a realidade e seguir com o plano. Tinha que tirar sua tia de lá junto com sua prima e quanto mais tempo demorasse para fazer isso maior as chances deles serem descobertos.

— Gente, queria pedir algo a vocês. — Assim que Luna disse isso a atenção de Luce e Sebastian foi totalmente dada a Luna.

— É só pedir, estando dentro de nosso alcance, não vejo motivo para dizer não. — Disse Sebastian dando ombros e Luce assentiu concordando.

— Eu queria ir ao nível 4, para ver melhor como é lá e sei lá fazer algo para ajudar algumas pessoas. O dia que passei por lá eu estava assustada, mas consegui reparar que muita gente lá precisa de ajuda, então podíamos fazer algo.  O que vocês me dizem? — Luna pronunciou suas palavras torcendo para que conseguisse convencê-los.

Um sorriso se estendeu nos lábios dos dois. Principalmente nos de Sebastian e um brilho com um certo orgulho havia tomado conta daqueles lindos olhos azuis. Luna não se sentiu mal por mentir, afinal estava fazendo aquilo para salvar duas vidas e como bônus ajudaria outras pessoas. Mas a família vinha em primeiro lugar e ela precisava tirar aquelas duas da cidade antes da próxima lua cheia.

— Podemos organizar um multirão de doação de roupas, alimentos, medicamentos e distribuir para as pessoas do três e quatro. — Disse Luna um pouco mais empolgada com a ideia.

— Sim é uma ótima ideia! Mas como vamos conseguir isso que é a questão. — Disse Luce.

— Nós podemos ser os primeiros a dor algo e montar uma arrecadação. Não será difícil espalhar por ai isso. — Disse Sebastian.

— Ricos gostam de prêmios e de se amostrar. Como a nossa mãe vai fazer um baile podemos criar uma espécie de título e entregar uma faixa para aqueles que arrecadarem mais coisas. — Disse Luce rindo.

— É uma ideia maravilhosa, vai incentiva-los a colaborar porque os seus egos vão ser inflados ao máximo. — Luna começou a rir e deu ombros.

— Podemos fazer a entrega semanal até o dia do baile. Arrecadamos durante a semana e entregamos no domingo. — Sugeriu Sebastian.

Com aquela sugestão eles começaram a planejar tudo, não demorou muito para Luce se retirar as pressas para ir preparar panfletos para serem distribuídos e também informar a Travis e Amélia o que eles haviam decidido. Pelas contas dela em uma semana aproximadamente ela conseguiria tirar as duas da cidade, o que era ótimo. Já que ainda faltavam uns 15 dias para a lua cheia. E Luna foi deixada sozinha com Sebastian, mais uma vez.

No primeiro momento os dois ficaram em silêncio somente encarando um ao outro e depois desviando o olhar. Luna estava odiando aquela sua nova versão, sempre foi segura de si e nunca antes ficou sem saber como agir diante de alguma situação.

— Luna? — Perguntou Sebastian.

— Hum.. — Foi tudo que ela conseguiu responder enquanto se perdia naquele céu azul que eram os olhos dele.

— Quer ir ao baile comigo? É que geralmente as pessoas vão acompanhadas... ai...eu pensei que... talvez você gostasse... sei lá. — Gaguejou Sebastian corando.

Luna saltou uma pequena risada fazendo o rosto de Sebastian ficar ainda mais vermelho. Ela não sabia daquilo, já que nunca havia ido a um baile. Mas ficou feliz dele tê-la convidado, gostava a companhia dele, gostava de estar perto dele e também do perfume dele. Que mesmo que estivessem passado o dia na piscina o cheiro continuava, porque era o cheiro dele.

— Claro, eu adoraria ir com você ao baile. Estou aliviada de não ter que ser a única a ir sozinha. — Disse Luna de forma descontraída.

Um belo e largo sorriso se estendeu nos lábios de Sebastian e Luna soltou uma risada dando ombros. Mas um cheiro familiar invadiu suas narinas e sua expressão mudou um pouco, Sebastian havia começado a anotar algumas coisas para as doações e então não percebeu. Luna rapidamente correu seus olhos ao redor de toda a propriedade e não demorou muito para acha-lo. Pablo estava escondido atrás de uma árvore na lateral direita da casa, quando ele notou que ela já havia descoberto sua presença, ele a encarou. A expressão dele era de raiva e algo a mais que Luna demorou um pouco para identificar, ciúmes. A morena revirou os olhos para ele e voltou a falar com Sebastian sobre os planos para a arrecadação.

Eles levaram cerca de uma hora planejando e anotando suas ideias para depois compartilhar com Luce, mas Luna já estava cansada e precisava de um banho de verdade e um vento gelado cortou a área fazendo os pelos de seu corpo se eriçarem. Então ela se colocou de pé e caminhou até onde estava seu vestido, não demorou muito para passa-lo sobre sua cabeça e calçar seus chinelos novamente.

— Sebastian eu vou entrar, tentar descansar um pouco para o jantar. — Disse ela sorrindo.

— Tudo bem, eu vou terminar de anotar o que você me falou e vou entrar também. Até mais tarde, Luna.  — Disse o loiro com um sorriso encorajador nos lábios.

Sem pensar muito a morena se aproximou dele e depositou uma mão sobre o ombro dele. Sebastian estava sentado de costas para ela naquele momento, então Luna se inclinou e tentou desferir um beijo no rosto do rapaz. Mas no momento que ela tocou seu ombro ele começou a se virar lentamente. E quando Luna viu ela já tinha depositado um beijo no canto dos lábios dele e acabou beijando também uma pequena parte dos lábios. Isso fez com que ela recuasse rapidamente com uma expressão assustada e o rosto vermelho, rapidamente ela se virou e correu para dentro da casa.

Ela não sabe quanto tempo levou para chegar em seu quarto, mas quando o fez deixou a porta se fechar atrás de si, deixou as emoções e lembranças daquele último momento invadirem sua mente. Ela fechou os olhos por alguns segundos e sorriu deslizando a ponta dos dedos pelos lábios, ela havia gostado daquilo.

— Sonhando acordada? — Escutou uma voz seca e irritada invadir o seu quarto.

Luna não percebeu que alguém havia aberto a porta e estava passando por ela, até ouvir a voz dele. Luna deixou uma expressão séria tomar conta da sua face e virou para encarar Pablo e toda a sua raiva. Ela ergueu o queixo o olhando com superioridade de forma proposital e ergueu uma sobrancelha com um questionamento silencioso.

— Eu vi como você estava felizinha com aquele cara lá. Esqueceu quem ele é Luna? Ou o que você veio fazer aqui ? — Perguntou Pablo com deboche e um tom autoritário que ela não gostou.

Luna rapidamente avançou na direção de Pablo, ela empurrou o corpo dele contra a parede sem se importar muito se alguém escutaria aquele barulho. Sua mão direita estava envolta da garganta dele e seus dedos pressionaram aquela região. Seus olhos estavam dourados novamente e a raiva tomava conta de sua face. Usando mais força ela o ergueu do chão, Pablo podia ser maior do que Luna no tamanho. Mas na força ela já havia superado quase todos no acampamento, menos Nikollay. Se Cameron havia perdido para ela, Pablo não seria diferente. Ela apertou mais seus dedos ao redor do pescoço dele e escutou ele engasgar.

— Eu sei o meu lugar, eu sei interpretar meu papel e cumprir o meu dever. Eu já sei como tirar Eleanor e Crystal daqui, graças aquela conversa com Luce e Sebastian. Você está deixando esses sentimentos deturpados que você acha que tem atrapalhar tudo. Você vai acabar estragando o disfarce e se isso acontecer.... — A voz de Luna saia quase como um rosnado, mas seu tom de voz não se elevou para não chamar atenção. Ela aproximou mais o seu rosto do de Pablo e sussurrou em um rosnado assustador. — Eu te mato.

Ao dizer aquelas palavras ela o soltou e se afastou caminhando lentamente até a escrivaninha onde começou a escrever uma carta para o seu pai contando os últimos acontecimento. Desde as agressões que Travis desferia na mulher e nos filhos, até o plano mais elaborado para retirar aquelas duas da cidade. Ela já havia pensado em tudo e sabia exatamente o que fazer. Escutou Pablo tossindo enquanto tentava puxar o ar para dentro de seus pulmões, mas não se importou. 

— Sai. — Foi tudo que Luna disse com um tom autoritário.

Não demorou muito para o cheiro dele enfraquecer e a porta se fechar. Voltou para a carta e também informou a Nikollay que hoje começaria o tormento de Albert. Que ele seria o primeiro a cair, ela não aguentava mais olhar para a cara dele nas refeições e pelos corredores. Não aguentava mais a forma nojenta com que ele a olhava, então queria logo leva-lo em direção ao seu destino final.

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Albert havia passado o dia resolvendo problemas da cidade junto a Travis. Ser o braço direito daquele homem as vezes era extremamente cansativo e trabalhoso. Quando chegou a hora do jantar ficou contente e irritado ao mesmo tempo. Contente que poderia apreciar a beleza da sobrinha de Amélia e irritado, porque provavelmente haveria alguma discussão ou o clima ainda estaria pesado por conta das atitudes de Travis. Mas ao entrar na sala de jantar foi surpreendido com os três mais jovens e Amélia conversando de forma empolgada sobre algum projeto que eles estavam elaborando. Bernard como sempre estava com a cara emburrada, ele estava assim desde que sua preciosa Luna havia se aproximado mais de Sebastian e Luce. Ele uma vez deixou escapar que tinha dormido com ela, mas Albert acreditava que era invenção dele, já que a garota nunca dava a menor atenção para Bernard.

— Boa noite. — Disse Albert assim que sentou ao lado de Travis como de costume.

— Boa noite. — Todos responderam e voltaram para suas conversas.

A jovem estava belíssima como sempre, os cabelos negros estavam presos em um coque e com uma blusa fina branca com pequenas alças expondo toda a sua pele que estava um pouco mais dourada que o normal, observou as marcas deixada pelo biquíni na pele da jovem. Pode reparar também que a blusa tinha um pequeno decote revelando o topo do busto dela. Involuntariamente Albert acabou dando um sorriso malicioso enquanto a observava.

— Perdeu alguma coisa? — Questionou Sebastian com uma expressão para poucos amigos.

Naquele momento todos o encararam e ele foi obrigado a desviar o olhar. Ele maneou a cabeça negativamente e levou sua mão até a taça de vinho enquanto levava a mesma aos lábios dando um grande gole. Percebeu que alguns ainda o encaravam e outros não haviam percebido em si o que tinha acontecido. O olhar de Sebastian, Luce e Luna era de repulsa e raiva, mas sinceramente ele não se importava.

— Não, estava só admirando a beleza de nossa convidada. — Disse de forma debochada.

Observou Sebastian serrar os punhos sobre a mesa e ergueu uma de suas sobrancelhas com aquela cena. A morena pousou sua mão sobre a dele e maneou a cabeça negativamente. Albert ficou observando enquanto Sebastian fitou Luna e ela sussurrou algo para ele, não demorou muito para o loiro assentir e voltar a conversar com as duas jovens e a mãe, pelo visto eles estavam bem próximos. Travis estava encarando Albert com o cenho franzido, tudo que o homem fez foi dar ombros. Era impressionante como sempre saia alguma confusão no jantar daquela família.

Algumas horas depois já estava na frente do o solar, a antiga residência dos líderes do Clã Deverpolt. A aparência externa do Solar condizia com a era vitoriana e os tons das paredes eram avermelhados, que acabavam ficando ainda mais elegantes durante o dia. Agora a vila inteira era dele, mas era bem solitário morar sozinho em uma vila enorme. Os empregados só iam ali para limpar o Solar e iam embora, muitos tinham medo de entrar naquele lugar por conta das histórias que eram contadas, até de assombrado o lugar já foi chamado, aquilo causava certo divertimento em Albert. Assim que passou pela porta chegando ao hall de entrada percebeu que estava tudo silencioso como sempre, aquela casa era basicamente toda decorada com as cores branco e dourada. Mas também continha alguns detalhes em pretos e vermelho para se destacar no meio daqueles tons mais claros. Albert não mudou nada naquele lugar, ele não tinha o dom para isso. Esperava que um dia quando se casasse sua mulher cuidasse daqueles detalhes, mas como isso ainda não havia acontecido ele resolveu deixar tudo da mesma forma que Elena havia decorado.

Não demorou muito para Albert está na suíte principal, o quarto do líder. Ele não sentia remorso em si pelo que havia feito, agora tinha dinheiro, poder e a vila pertencia a ele. Seu único arrependimento era em questão de não ter conseguido trazer Amber para viver com ele e no final ela acabou morrendo. Albert suspirou com aquele pensamento e resolveu tomar um banho antes de dormir, demorou um bom tempo na água quente. Quando voltou ao quarto vestindo somente uma samba canção apagou todas as luzes e sentou na cama. Não demorou muito para puxar os tecidos do dossel ao seu redor e deitar sobre os confortáveis travesseiros.

Já era madrugada e Albert estava adormecido, mas algo estranho acontecia no solar naquele momento. Um perfume adocicado de flores silvestres começou a se espalhar, Albert estava dormindo ainda, mas aquele perfume mexia com algo dentro dele. Mesmo dormindo o seu subconsciente reconhecia aquele perfuma. Ainda sonolento preso entre o sono e o despertar ele abriu minimamente os olhos e observou uma figura parada do lado de fora da cama. A mulher começou a se mover lentamente, a escuridão junto com as finas cortinas do dossel não lhe davam uma visão clara. Mas ele podia ver os cabelos vermelhos, podia sentir aquele cheiro e logo um sussurro fantasmagórico escapou da mulher que começava a andar.

— Albert... — Sussurrou aquela figura.

— Amber? — Questionou ele ainda sonolento.

A figura desapareceu no mesmo instante que Albert se sentou. Ele ergueu as mãos ao rosto e esfregou o rosto algumas vezes, na concepção de Albert havia sido apenas um sonho. Apesar de que o cheiro ainda estava em cada centímetro do quarto. O homem respirou fundo e se colocou de pé, foi até o banheiro e resolveu encher um copo com água para beber. Foi quando ele ouviu o som do piano, não era uma musica era só como se alguém arrastasse os dedos sobre as teclas de forma aleatória e isso significava que tinha alguém na casa. Rapidamente ele largou o copo sobre a pia e caminhou apressado para fora do quarto, em pouco tempo ele já estava parado na sala onde ficava o piano e não tinha ninguém ali. Pode ver que todas as janelas estavam abertas e ventava do lado de fora, o que acabou sacudindo as cortinas.

— Por que deixou ele me matar? — A voz estava vindo da varanda do jardim de trás.

Com o cenho franzido e seu coração parecendo cavalgar sobre seu peito rapidamente Albert foi na direção das portas e as abriu bruscamente. Olhando na varanda não encontrou ninguém novamente, deu alguns passos para frente olhando o jardim mal iluminado pelo horário e por algumas lâmpadas quebradas. Albert engoliu a seco, podia ouvir o próprio coração martelando em seu ouvido e seu sangue congelou no momento que a avistou. Tinha uma mulher com um vestido branco fino no final da propriedade, tudo que ele via além dos vestidos eram os longos cabelos avermelhados, que mesmo na escuridão se destacavam entre as paredes cobertas de vegetação verde. A mulher se virou ficando de frente para ele, não dava para enxergar perfeitamente por causa da pouca luz. Mas os traços eram parecidos com os de Amber, Albert não conseguia acreditar. Ele a viu morrer, não poderia ser ela ou poderia? Ainda estava parado na varanda, ele simplesmente não conseguia se mexer.

— Achei que fossemos amigos. — Escutou a voz em um leve sussurrar se misturando ao vento.

— Amber.. Eu sinto... eu sinto muito. — Disse Albert de forma sincera.

Ele não queria que ela morresse, ele discutiu com Travis por conta daquilo. Mas ela estava morta, ele só podia estar ficando louco. Levou as mãos ao rosto e começou a esfregar as mesmas em seus olhos, deveria estar vendo coisas ou realmente estava ficando louco. Quando abriu os olhos novamente ela havia desaparecido. Albert então foi naquela direção procurou por todo o jardim, mas não havia sinal dela ou de qualquer pessoa. Ao voltar para dentro do Solar ainda sentia aquele perfume, parecia estar anda mais forte. Usando seu instinto ele fechou os olhos e começou a seguir o cheiro, não demorou muito para sentir seus pés contra as escadas. Quando estava na parte de cima percebeu que o cheiro havia ficado mais forte na direção de um dos quartos, assim que parou bem na frente da porta ele engoliu a seco. Era o quarto que pertencia a Nikollay, onde ela havia ficado várias vezes. Respirando fundo Albert empurrou a porta e entrou silenciosamente no cômodo, estava escuro então ele acendeu a luz.

Um grunhido triste escapou de seus lábios assim que o quarto se iluminou e ele observou a parede suja de sangue e o que estava escrito com aquele sangue. Albert ficou petrificado enquanto aquele perfume impregnava o quarto. Ele podia sentir o cheiro de sangue misturado ao perfume, com as mãos um pouco tremula ele se aproximou da parede para ter certeza de que era aquilo mesmo. Ao observar mais de perto ele respirou fundo e leu em voz alta, talvez lendo em voz alta fizesse parecer menos surreal.

— Eu confiei em você e você deixou ele me matar....— Albert engoliu a seco e respirou fundo. — Você tem meus sangues em suas mãos, assim como ele.

Albert deixou seu corpo cair sobre os seus joelhos e pequenas lágrimas caiam de seus olhos. Ele sabia o quanto Travis era louco, ele podia tê-la salvado? Parece que sim, ele deixou que Travis matasse sua amada e teria que conviver com aquela culpa. Ela havia voltado para atormenta-lo e em um mundo que tinha licantropes, bruxos, feiticeiros e utras criaturas mágicas escondidas por ai. Ter fantasmas não seria tão surreal assim na concepção dele.


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Notas finais do capítulo

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