My Medicine. escrita por DihDePaula


Capítulo 12
Capítulo 10 - Almoço de Domingo. Parte 2




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Rebecca estava dirigindo em silêncio na direção que o GPS indicava. A ideia de almoçar na casa da mãe de Eric não estava lhe agradando, já havia conhecido o pai e não havia sido uma experiência muito agradável, ainda por cima foi obrigada a ver Dimitri. Já havia sido traumatizada o suficiente para um único dia, mas não é como se ela tivesse muita opção. Afinal, Michael estava fora da cidade e ela não teria outro lugar para ir, o que a consolava era que Eric, Arthur e Peter estariam lá e Rebecca gostava da companhia dos três.

É nesse prédio ai na frente, Becca.  — Rebecca foi arrancada de seus pensamentos pela voz de Eric lhe indicando o prédio, ela girou o volante da Mercedes parando em frente a garagem. Em seguida abaixou os vidros da frente e Eric se inclinou pela janela acenando para as câmeras, não demorou muito para a loira observar a porta metalizada se erguer abrindo passagem para eles. Rebecca então entrou com o carro na garagem e foi em direção a vaga para visitantes que Eric lhe indicava. Ao parar o carro observou os dois rapazes saírem do mesmo e ficou por mais alguns segundos encarando o volante. — Você vem?

Ao ouvir a pergunta de Eric ela respirou fundo e assentiu, girou a chave desligando o carro e puxou sua bolsa que estava no banco de trás. Assim que saiu do carro apertou o botão do controle e observou enquanto os vidros se fechavam, o carro era trancado e o alarme era acionado. Jogou a chave dentro da bolsa e caminhou até onde Eric e Arthur se encontravam, já parados na frente de um elevador.

Peter já subiu acredita? Nem fez questão de me esperar. — Arthur começou a resmungar e em seguida cruzou os braços na frente do corpo com uma expressão um pouco frustrada. Naquele momento Rebecca e Eric se entre olharam e não conseguiram conter uma pequena risada, o que fez Arthur encara-los de cara feia.

Sabe que ele ama a mamãe e vice e versa. Devem estar colocando o papo em dia. — Disse Eric enquanto colocava as mãos dentro do bolso da calça. Poucos segundos depois o elevador chegou e Arthur entrou. Eric segurou a porta com a mão esquerda e com a direita fez sinal para que Rebecca entrasse. A loira o encarou hesitante por alguns segundos, mas Eric sustentou seu olhar com o cenho franzido. Com um pequeno suspiro Rebecca entrou no elevador ainda permanecendo em silêncio.

Que papo em dia? Eles se viram ontem! — Exclamou Artur um pouco indignado. E isso acabou arrancando mais algumas risadas tanto de Eric quanto de Rebecca. O loiro só encarou o irmão e deu ombros em seguida e com um pouco de calma se aproximou de Rebecca.

Não se preocupe, ela é o oposto de Christian e Charlotte. — Exclamou o jovem com pequenos sussurros ao ouvido da loira. Parecia que ela não havia mascarado o seu desconforto tão bem quanto havia imaginado. Becca simplesmente assentiu e deu ombros logo em seguida, se mantendo em silêncio.

Quando as portas do elevador se abriram eles estavam no que ela imaginava ser a cobertura, mas aquilo não a surpreendia. Mas bem diferente de seu apartamento que era meticulosamente arrumado com cores como branco e bege, o dos rapazes tinha cores espalhadas pelo local. De primeira quando você encarava o hall de entrada podia ver uma pequena mesa redonda com lindos lírios do campo dentro de um vaso azul, mas as cores das flores eram de cores variadas, vermelho, amarelo, branco. Um sorriso acabou se formando nos lábios de Rebecca ao observar aquilo e no chão bem em frente ao elevador tinha um capacho preto com letras cinzas escritas elegantes, " Bem-Vindos a nossa casa". Ela achou aquilo um pouco engraçado, não imaginava Charlotte colocando aquele tipo de coisa, mas Rebecca havia gostado. Não demorou para Eric e Arthur saírem do elevador e ela os seguiu sem demora. Ao chegarem na sala as cores invadiam a mesma, mas continuavam em perfeita harmonia. Mais flores estavam espalhadas pela sala. Assim como várias fotográficas com os gêmeos e uma bela mulher com um sorriso simpático em cada uma delas, um grande sofá vermelho se estendia sobre a sala e ao redor dele tinham alguns pufes grandes da mesma cor que provavelmente caberiam duas pessoas, uma mesa de centro com um vídeo game e um blu-ray. Na parede uma enorme smart TV se estendia ocupando quase que a parede inteira e bem embaixo estava algumas peças de home theater acomodados e alinhados.

Aposto que estão na cozinha! Se começaram a comer... — Reclamou Arthur enquanto retirava o paletó e  jogava sobre o sofá. Quando Rebecca voltou a encarar os gêmeos Arthur estava arrancando algumas peças do terno junto com os sapatos, ficando só com a calça e a camisa branca. Não demorou para Eric também ficar descalço e abrir alguns botões da camisa. Arthur seguiu por um corredor e não demorou para Eric estender a mão para Rebecca com um sorriso em seus lábios.

Vem, vou te mostrar a cozinha. — Rebecca o encarou por alguns segundos, ela direcionava seus olhos entre a mão de Eric e os olhos dele. A loira então assentiu e apertou seus dedos mãos ao redor da alça de sua bolsa, ao observar aquele movimento Eric suspirou e abaixou as mãos. Começou a caminhar pelo corredor que Arthur havia sumido e Rebeca o seguiu.

Em alguns passos eles haviam chego em uma cozinha americana luxuosa, dava para observar que tudo ali era de ultima linha e mesclado entre o preto e o branco. Pode observar duas mulheres se movimentando pela cozinha preparando as refeições. Uma era loira e estava com os cabelos presos em um coque bagunçado, estava vestindo um short jeans e uma camiseta preta. Escutou uma risada saindo da direção daquela mulher depois de ouvir as reclamações de Arthur e ao lado dela cortando uma salada estava uma mulher mais velha pela casa dos 50 talvez, com os cabelos negros presos em um coque perfeito. Já essa trajava um vestido cinza com meia manga e tinha um avental branco amarrado em sua cintura. A loira ainda estava de costas mexendo nas panelas no fogão enquanto Arthur continuava a reclamar com Peter por não tê-lo esperado lá embaixo.

Deixe de ser chato, Arthur. Tem medo que o Peter me conte os seus podres é? — A voz daquela mulher era suave e doce ao mesmo tempo que era divertida. Novamente uma leve risada escapou dos lábios da mulher enquanto ela maneava a cabeça negativamente. Arthur resmungou que não era nada disso, mas a única coisa que ele conseguiu é que todos que estavam na cozinha começassem a rir, até mesmo Rebecca.

Becccaa!! Soube que conheceu o insuportável do meu sogro! E que loucura é essa dele estar namorando a sua mãe? Quando Arthur contou eu não acreditei, quase cai da cadeira.  — Escutou as palavras de Peter e soltou uma pequena risada amarga ao se lembrar daquela manhã, que havia começado da pior forma possível. Nesse momento a loira que estava de costas para Rebecca se virou e olhou para jovem pela primeira vez. Rebecca acabou retribuindo o olhar um pouco apreensiva, mas assim que a mulher lhe desferiu um sorriso gentil Becca sentiu seu corpo relaxar.

Que falta de educação de vocês três! Não vão me apresentar para a moça? — A mulher havia colocado as mãos apoiadas em seus quadris enquanto encarava os meninos, desviando as orbes castanhas de um para o outro. Mas a expressão de séria não durou muito, ela simplesmente revirou os olhos e começou a enxugar as mãos em um pano de prato enquanto ia na direção de Rebecca.

A mulher jogou o mesmo sobre os ombros e desferiu um forte abraço em Rebecca, primeiro a loira ficou um pouco atordoada com aquela demonstração de afeto, já que não estava acostumada com aquele tipo de coisa. Mas para não ser rude Becca retribuiu o abraço e encarou Eric por cima dos ombros da mulher, no momento que ela viu que Eric estava rindo baixo de sua cara, no mesmo instante ela o fuzilou com os olhos.

Me chamo Roxanne! Mas pode me chamar de Rox, sou a mãe dessas duas purezas. — Rebecca observou enquanto a mulher se afastava o suficiente só para fita-la com um pequeno sorriso nos lábios e percebeu a ironia presente na palavra pureza. E naquele segundo, ela não conseguiu conter uma pequena risada. — Fiquei muito feliz quando disseram que iam trazer mais uma amiga!

— Prazer em conhecê-la, sou Rebecca. Estudamos todos na mesma escola. —  Rebecca ainda estava segurando sua bolsa e apertou levemente a mesma sobre sua mão esquerda. Não sabia o porque estava tão nervosa em conhecer a mãe dos meninos ou o porque antes havia se preocupado com suas roupas. Isso nunca havia sido algo que ela tivesse se importado antes.

Eric vá guardar a bolsa para a menina! Vai deixar ela segurar isso o dia todo? Francamente, onde errei com vocês. — Novamente a mulher estava com a mão no quadril encarando um dos filhos enquanto chamava sua atenção. Eric pareceu um pouco atordoado no inicio, mas em seguida soltou uma risada baixa e se aproximou da mulher. Ele era mais alto que ela, então foi fácil envolver o seu pescoço com um dos braços e depositar um beijo em sua testa logo em seguida.

Fica calma, Dona Roxanne.  Acabamos de chegar. — Rindo se desvencilhou da mãe e caminhou até Becca com um sorriso em seus lábios. Estendeu mão para ela ainda mantendo o sorriso travesso em seus lábios, Becca soltou uma pequena risada e lhe entregou a bolsa. — Peter, ainda bem que não foi. Aquilo foi verdadeiro show de horrores.

Peter e Arthur soltaram uma pequena risada ao ouvir as palavras de Eric e Becca soltou um leve suspiro. Peter ainda a encarava esperando as respostas de suas perguntas, Arthur havia envolvido os braços ao redor da cintura do moreno, que estava sentado em um banco  e com um dos braços apoiados no balcão da cozinha; A loira respirou fundo e então começou a falar.

Sinceramente não sei o que foi pior, Charlotte sendo mais insuportável que o normal. Aquele cara que parece ser tão insuportável quanto ela, sem ofensas rapazes. Ou Dimitri ter sido convidado para aquele almoço e ter tido a cara de pau de aparecer. — Peter estava bebericando uma taça de vinho e quando ouviu a parte de Dimitri ele acabou engasgando e cuspindo um pouco do liquido, o que fez com que todos rissem da cena. Eric já estava de volta com os braços cruzados escutando a conversa em silêncio.

MENTIRA, aquele escroto teve essa cara de pau toda? — Perguntou o moreno horrorizado. Enquanto secava os lábios e o rosto com pequenos guardanapos que Roxanne havia estendido para ele. Pode observar a loira encostada no balcão observando a conversa deles em silêncio.

Ele está me ligando e indo lá desde sexta, mas sexta eu estava no Michael e quando voltei para casa eu proibi a entrada dele. Mas Charlotte como sempre gosta de fazer minha vida um inferno e o chamou para o almoço, além é claro de permitir a entrada dele novamente. Acho que preciso de uma bebida... — A última frase saiu como um resmungo enquanto ela encarava o chão, estava receosa pelas consequências que teriam a sua saída brusca do almoço. Provavelmente aquilo prejudicaria o seu futuro, mas ela não tinha estômago para suportar dividir a mesa com Dimitri, não depois do que ele fez. Se Eric não estivesse lá provavelmente ele realmente teria agredido Rebecca.

Então, você é A Rebecca. — Roxanne falou aquilo enquanto se acomodava em um banco ao lado de Peter. Naquele momento o moreno e Arthur soltaram uma pequena risada e assentiram. Isso fez com que Beca franzisse o cenho e encarasse os dois, já Eric parecia um pouco corado? Aquilo deixou Rebecca ainda mais confusa. — Dimitri é o que vive se estapeando com Eric, certo? E a Charlotte é?

A mulher que me pariu. Porque não da para chamar aquilo de mãe. — Exclamou Rebecca com uma expressão um pouco irritada , já Roxanne pareceu ter uma expressão confusa e um pouco triste no rosto. Com um suspiro a loira deslizou os dedos pelos cabelos loiros e em seguida começou a explicar. — Uma mulher que chantageia a filha colocando em risco o maior sonho da filha, só para me forçar a conhecer mais um namorado, que provavelmente não vai durar um mês. Não da para ser chamada de Mãe, além de outros fatos. Que se eu fosse contar precisaríamos de uma caixa de bourbon e muito tempo.

Naquele momento Roxanne suspirou um pouco triste e assentiu com um pouco de pesar. Parecia que não havia gostado muito das palavras de Rebecca, mas ela não iria mentir para fazer Charlotte parecer boazinha.

Não ofendeu, ele é realmente insuportável na maior parte do temo. E pelo que vejo ela e o Christian se merecem, até hoje não sei o que a mamãe viu nele. Quer beber Becca? — Eric havia voltado com uma garrafa e Becca não tinha reparado isso antes, ela assentiu positivamente para a pergunta dele. Sem delongas o loiro deu a volta indo na direção dos armários da cozinha e retirando dos copos dali, os depositou sobre o balcão e começou a enche-los. Becca então se aproximou e sentou-se ao lado de Roxanne, com um sorriso nos lábios Eric lhe empurrou um copo e depois o ergueu por uns segundos e depois chocou seu copo e o dela de forma leve, fazendo um pequeno brinde. — Aos péssimos pais que temos. Eu meu pai e você a sua mãe, porque pelo menos minha mãe é boa.

Eric! Não fale assim, tudo bem que eu também não sei qual foi o meu problema mental pra casar com o Christian. Realmente o amor é cego, mas ele ainda é o seu pai. — Roxanne falava aquelas palavras de forma descontraída e não conseguia conter pequenas risadas que escapavam de seus lábios. Em seguida a mulher depositou um pouco de vinho em uma taça e em seguida a ergueu como se propusesse um brinde. — Mas pode brindar a mim. Porque sou maravilhosa.

E modesta! — Todos começaram a rir de forma descontraída, até mesmo Rebecca. Ela ergueu o copo aos lábios quando conseguiu parar de rir e deu um grande gole, Eric estava apoiado no balcão. E como estava do outro lado do balcão, acabou parando bem na frente de onde Rebecca estava. Em alguns momentos o olhar de ambos acabava  se cruzando e por alguns segundos eles se encaravam, mas depois Rebecca desviava o olhar.

Meu pai era um homem bom, também não sei o que ele viu naquela víbora. Ela eu sei o que viu nele, dinheiro. — O descontentamento de Rebecca por sua mãe nunca foi segredo, mas não estava muito confortável em falar sobre aquilo naquele momento. Ela queria mesmo era esquecer aquilo.

— Não entendi direito, sobre o que ela estava te chantageando? — Perguntou Arthur enquanto seguia para o outro lado do balcão e ficava de frente para Peter. Não demorou muito o rapaz também se serviu de vinho, acompanhando sua mãe e o seu namorado. Becca soltou um suspiro e em seguida deu mais um gole em seu copo.

Vocês vão ser o primeiro a saber além de alguém da banda e da víbora, que sinceramente não sei como descobriu. Mas daqui a duas semanas teremos uma reunião em LA com uma gravadora. A gravadora tem uma filial aqui, mas a sede é em LA e nós teremos que ir lá. Então ela ameaçou congelar meu cartão, caso eu não fosse ao seu almoço hoje. Foi engraçado ver vocês dois saindo do elevador, pelo menos eu sabia que seria divertido dentro do possível. Mas quando vi o Dimitri e ela insistindo para ele ficar foi a gota d'agua, mesmo que eu tivesse que ficar rodando de carro pela cidade que nem uma maluca sozinha. Eu não ficaria participando daquela palhaçada nem por um segundo, posso até ter que ir para LA a pé. Mas não me importo, tudo tem limite e eu quero aquele babaca longe de mim. — Conforme ela falava todos ficaram em silêncio a observando, quando Dimitri foi citado a expressão de Eric mudou. Eric o detestava desde sempre e agora Rebecca entendia perfeitamente o porque e não tirava a razão dele de ficar daquela forma. Com uma sincronia um pouco bizarra os dois viraram o liquido que havia em seus copos no final do desabafo da loira, parece que aquele era realmente um assunto ruim para ambos.

Que tal mudarmos de assunto? Está um dia lindo e vocês estão falando de coisas que aparentemente irrita aos dois. — A mulher pousou sua mão sobre o ombro de Rebecca e deu um pequeno aperto, um sorriso se formou nos lábios rosados da mulher enquanto encarava a jovem. Becca assentiu e retribuiu o sorriso, ouviu o barulho de liquido sendo derramado em seu copo e virou a cabeça a tempo de ver Eric enchendo o copo dela e o próprio copo.

Becca, que incrível, meus parabéns! Isso sim merece um brinde! E não se preocupe com isso, qualquer coisa eu te empresto o meu cartão e quando vocês ficarem famosos podem me dar autógrafos e passe vip durante um ano para o show de vocês! — Disse Eric de forma descontraída. Rebecca começou a rir e assentiu concordando, ela não teria problemas de aceitar toda a ajuda que fosse possível para realizar o seu sonho.

Combinado e a víbora que morda o próprio rabo! — Ela ergueu o copo em um pequeno brinde riu baixinho, logo todos acabaram erguendo os copos e brindando junto com os dois. Encarou todos ali com um sorriso em seus lábios enquanto bebericava sua bebida.

—  Eu só sei que esse cheiro de comida está me matando! Essa lasanha sai hoje ou amanhã? — Perguntou Peter de forma descontraída e novamente todos começaram a rir. A mulher com cabelos negros se aproximou do forno e apertou um botão que acendeu a luz de dentro, o encarou por alguns segundos e ao se virar maneou a cabeça negativamente.

Ainda não está pronto crianças. — Exclamou a senhora com um sorriso em seus lábios. Eric então se aproximou dela e a abraçou depositando um pequeno beijo no topo de sua cabeça, aquela mulher era baixinha e ele teve que se inclinar para isso. Provavelmente era menor que Rebecca.

Essa é Martha. Ela está trabalhando com a gente desde sempre, eu acho. — Eric soltou uma risada, enquanto a mulher sorria para Rebecca. Que não demorou a retribuiu o sorriso de forma educada, nem ela sabia de onde estava vindo tanta gentileza da parte dela. Provavelmente estava sendo afetada pelo ambiente e pela vibe descontraída das pessoas que estavam ao seu redor. A mulher se aproximou e estendeu a mão para Rebecca e a jovem fez o mesmo.

Prazer em conhecê-la menina. Os meninos falam muito de você. — Ao ouvir aquelas palavras Rebecca franziu o cenho e encarou Eric e depois Arthur. Arthur e Peter já haviam começado a rir descaradamente como duas hienas, enquanto Roxanne os cutucava para tentar fazer com que eles parassem.

— O Prazer é meu. Falam é? O que por exemplo? — Questionou a loira bastante curiosa e receosa ao mesmo tempo. Seus olhos azulados pousaram sobre a face de Eric, ele havia começado a ficar um pouco vermelho e ela também pode observar pequenas gotículas de suar escorrendo por sua testa. Rebecca teve que reunir todo o seu auto controle para não se acabar de rir ali mesmo, ver aquele tipo de reação vinda de Eric que era sempre tão cheio de si, chegava a ser cômico e preocupante. Afinal, ela não fazia idéia do que eles haviam falado sobre ela e se fossem coisas ruins? Ela não entendia direito o porque estava se importando com a opinião de duas desconhecidas, não era do feitio dela.

— Nada, não falamos nada. — Eric parecia nervoso, todos estavam rindo baixinho. Até mesmo Roxanne e Martha e aquilo só serviu para deixar Rebecca ainda curiosa, quando a loira ia questiona-los novamente um apito ecoou pela cozinha vindo da direção do forno. — Vamos comer! Está pronto, vem Rebecca vou te mostrar a sala de jantar.

Sem dar tempo de qualquer um responder as perguntas da loira Eric a segurou gentilmente pelo braço e começou a direciona-la para um portal que ficava um pouco mais ao fundo da cozinha. Naquele momento ela pode escutar todos atrás dela começarem a rir um pouco descontrolados e acabou rindo junto com eles. Mas decidiu ir com Eric, ele estava nervoso demais. Era bem fofo aquilo e bastante engraçado, mas talvez se o questionasse sozinhos ele realmente lhe contaria o que andou falando sobre ela para a família. Assim que passaram pelo portal observou a sala de jantar, era uma mesa grande de mogno e já estava posta para seis pessoas. A jovem observou a sala decorada com belos quadros e ao fundo tinha enormes vidraças, que através delas você podia observar toda a cidade dali. Com passos calmos Rebecca se aproximou da vidraça e observou a movimentação da cidade com os braços cruzados, sentiu que Eric a acompanhou e que estava parado bem ao seu lado.

O que andou falando de mim? Não negue que eles já te entregaram. — Ela soltou uma pequena risada e virou seu corpo na direção do de Eric para poder fita-lo de frente. — E se você não me contar, eles vão.

Eric soltou um pequeno suspiro e virou o corpo para poder ficar de frente para Rebecca, dali eles podiam ouvir os cochichos da cozinha, mas não conseguiam identificar o que eles diziam. O loiro encarou o portal e depois voltou suas orbes para Rebecca e deu um pequeno sorriso conforme colocava as mãos dentro do bolso da calça, era uma mania que ele tinha quando não sabia o que fazer, ela já tinha reparado isso.

— Arthur disse para a mamãe e Martha que eu estava apaixonado por você. Eu só disse que achava que não era exatamente isso. Talvez eu tenha feito alguns elogios a sua aparência, inteligência, talento musical e independência. Talvez sabe. Então, elas ficaram curiosas para conhecê-las. — Eric começou a falar em um tom baixo para que somente Rebecca escutasse, conforme ele foi falando as palavras se tornaram um pequeno sussurro entre os dois. Pode observar o rosto dele assumir um tom rosado e acabou soltando uma pequena risada com aquilo, ao final das palavras ele simplesmente deu ombros e voltou a encarar as vidraças visivelmente constrangido.

Entendi, fico feliz que tenha notado minhas qualidades. — Disse Rebecca com um tom de malicia em sua voz e depois acabou soltando uma pequena risada. A loira também voltou a encarar a vista para a cidade e acabaram ficando em silêncio por um tempo. A parte que ele disse que achava que não era exatamente isso fez Rebecca refletir e ter vontade de rir ao mesmo tempo, ele não admitiu que era apaixonado por ela, mas também não negou diretamente. Pelo que ela havia entendido de alguma forma ele gostava dela e havia admitido isso para a própria família. Aquele pensamento fez com que ela refletisse um pouco e um suspiro escapou de seus lábios.

— Também disse a elas que as vezes você era mandona, marrenta e insuportável. Não poderia falar só as qualidades, é claro. — Naquele momento Eric soltou uma risada um pouco mais descontraída e ergueu a mão direita até os cabelos loiros deixando seus dedos deslizarem pelos mesmos. Quando ele fazia aquilo mais bagunçava os cabelos do que arrumava e Becca achava isso engraçado.

Não preciso dizer os seus defeitos para elas, já que eu tenho certeza que elas conhecem tooodos eles. — A loira soltou uma pequena risada e fez uma careta enquanto encarava Eric mais uma vez. Antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa, as pessoas que estavam na cozinha vieram para a sala de jantar animadas e conversando. Cada um estava trazendo uma travessa ou copos ou as garrafas de vinhos e foram arrumando sobre a mesa.

— Vamos comer, crianças. — Disse Roxanne de uma forma animada enquanto colocava uma enorme travessa de lasanha bem no centro da mesa. Eric se dirigiu até uma das cadeiras e a puxou, encarou Rebecca por alguns segundos e depois fez sinal para que ela se sentasse. A loira então caminhou até a cadeira e sentou-se. E logo em seguida deixou que Eric a ajudasse a se acomodar, depois ele puxou uma cadeira e sentou ao lado dela.

Todos sentaram e começaram a se servir, incluindo Martha. Que havia sentado ao lado direito de Roxanne. A mãe deles havia ocupado a cabeceira da mesa, Arthur e Peter estavam sentados do lado esquerdo e Martha, Eric e Becca do direito.  A comida estava maravilhosa, tão deliciosa que Rebecca e os meninos repetiram sem nenhuma cerimônia. Ela não sabia por quanto tempo eles ficaram naquela mesa comendo, bebendo vinho e conversando. Em meio as conversas várias risadas ecoavam por aquela sala e aquilo fazia Rebecca experimentar emoções que ela não sentia a muito tempo. A última vez que tivera um almoço de família leve, descontraído e agradável ela tinha 8 anos e estava na Itália com Diego e toda a família dele. Lembrou dos almoços de domingo e que toda a família de seu pai ia para a casa deles, eles conversavam, bebiam um bom vinho e se divertiam. Por alguns segundos ela se ficou em silêncio olhando para o prato e nem reparou que as risadas haviam cessado.

— Becca, está tudo bem? — Sentiu a mão de Eric pousar sobre suas costas e ergueu seus olhos. Ao olhar ao redor percebeu que todos a olhavam apreensivos e que Eric estava com uma expressão preocupada. Só agora ela sentiu que seu rosto estava molhado e ao erguer sua mão para enxuga-lo e quando percebeu que estava chorando, xingou baixinho.

Dissemos algo que a magoou? Mil perdões, querida! — Disse Roxanne. A mulher que antes estava sorrindo a fitava bastante preocupada. A loira negou com a cabeça e começou a enxugar as pequenas lágrimas e depois um pequeno sorriso brotou de seus lábios.

— Não, que isso! É que vocês me lembraram da época em que eu vivia na Itália e meu pai era vivo. Todo domingo a família ia em peso para lá e fazíamos o mesmo que estamos fazendo aqui hoje. Eu era pequena, mas lembro de me sentar no colo do meu pai quando terminava de comer e ficar brincando com ele, enquanto ele conversava com meus tio e tias. Eles estavam sempre rindo e se divertindo com uma boa comida e uma boa taça de vinho. — Ela desferiu um pequeno sorriso novamente e suspirou. Podia sentir a mão de Eric afagando suas costas levemente e não se importou. — Eu realmente agradeço por esse domingo. Tinha tudo para ser uma grande merda, mas no final está sendo melhor do que imaginei.

Que isso meu anjo! Sempre que quiser será bem-vinda em nossa casa. Você é uma amiga muito querida dos meninos e eu achei você adorável. Então as portas sempre vão estar abertas. E fico feliz por termos despertados lembranças felizes da sua infância.  — Roxanne lançou mais um sorriso gentil para Rebecca e a mesma retribuiu da mesma forma, ela assentiu um pouco constrangida pelo que tinha acontecido ali. Eric a encarou um pouco sério por alguns segundos, mas depois abriu um sorriso acolhedor para Rebecca. Arthur e Peter estavam em silêncio a encarando um pouco confusos, mas depois soltaram uma risada.

Meu Deus! Rebecca tem coração, ninguém nunca imaginaria isso!Acho que se a gente contar ninguém vai acreditar. — Disse Arthur rindo de forma descontraída. E naquele momento todos começaram a rir, principalmente Rebecca. Mas depois a loira encarou os dois sérios e disse de forma fria.

Se contarem isso para alguém, não sou eu quem vai ficar sem coração. E como os corações valem muito no mercado negro, vou ficar rica vendendo dois recém arrancados. — Naquele momento as risadas cessaram e os dois encararam Rebecca com um pouco de receio. Mas tanto Eric quanto Rebecca explodiram em gargalhadas logo depois e foram seguidos pelas outras duas mulheres.

Rebecca estava realmente feliz naquele momento, estava em paz. Como não se sentia há mais de 10 anos e isso estava deixando ela satisfeita. Já estava começando a lamentar por mais tarde ter que ir embora e encarar a ira de Charlotte, que com toda certeza não seria pouca. Mas qualquer que fosse a chantagem que Charlotte cobrasse ou fizesse teria valido a pena cada segundo daquele domingo. Agora mais do que nunca Rebecca não conseguia entender como alguém como Roxanne foi se envolver com alguém que fizesse o tipo de Charlotte.

Becca sentiu seu telefone começar a vibrar dentro de seu bolso, disfarçadamente ela puxou o telefone de seu bolso e começou a observar a mensagem que piscava na tela. Eram três mensagens seguidas de Michael.

" Caralho, não vai acreditar no que eu vi." (Michael 15:33)

"Becca olha isso. Link " (Michael 15:33)

"Tu ta ai? Ta bem? Tem mais, olha esse aqui também. Link" (Michael 15:34)

Assim que abriu o primeiro conteúdo a loira simplesmente revirou os olhos irritada com aquilo, ela realmente não estava acreditando que aquela víbora tinha feito isso. Mas o conteúdo do segundo link mudou completamente a expressão de Rebecca a raiva havia tomado todo o seu rosto. A loira levantou de forma um pouco brusca e bateu com o celular com certa força na frente de Eric. O loiro a encarou confuso e com o cenho franzido enquanto pegava o celular dela e começava a olhar para a tela, e com aquilo todos na sala haviam ficado em silêncio.

Com licença, preciso de um minuto. — Rebecca então se apressou para sair da sala de jantar, escutou Eric chamando seu nome mais ignorou. Ela respirou fundo e foi abrindo algumas portas até achar um banheiro. Assim que achou o banheiro a loira se trancou ali e deixou suas costas bateram na porta, aos poucos seu corpo foi arriando e ela sentou-se no chão com o rosto escondido entra as mãos.


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