Sonwe acordou com um homem batendo em seu rosto. Ele não conseguia entender o que havia acontecido. Todas aquelas imagens, aquele lugar, a garota. Sua cabeça doía muito. O homem que estava de pé em sua frente perguntou:

-Você esta bem?. Sua namorada está preocupada. Você teve muita sorte de eu estar lá. Ela não ia conseguir te defender sozinho. Seu nome Sonwe, certo?

-Sim. Estou bem. Mas quem é você e como nos achou? – Então Sonwe o reconheceu. Era o mesmo homem que havia derrotado o robô que se tornou o portal.-Você... você é aquele homem que me ajudou a derrotar o robô.

-Ah, isso mesmo. Desculpe não poder ter ficado para me apresentar. Estava muito ocupado. Meu nome é Melodia Ma Yarshia.

-Eu sou Sonwe. Sonwe Ruolmi. Obrigado por ter nos salvo.

O homem era alto e usava uma roupa similar a um Sherwani. Também usava um chapéu de palha muito grande, que não combinava com sua roupa. Ele fez uma reverencia e retirou o chapéu. Sonwe pode ver que por baixo do chapéu havia chifres e que ele também tinha uma cauda. Rhaplanca que estava brincando com um animalzinho se aproximou e disse interessada:

-Você tem chifres! Isso é normal em humanos? Por que você não tem chifres Sonwe?

Então Sonwe pode ver o animal que Rhaplanca estava brincando. Era uma garotinha com menos de 30 cm de altura, mas da cintura para baixo seu corpo era de uma cobra e de sua cintura saia asas de morcego e tinha chifres. Seus olhos eram como os de um réptil e sua boca tinha presas. Sonwe reconheu aquela criatura.

-Uma Lilim... Chifres, cauda, uma Lilim como fada, o segundo nome, as explosões. Você é um [Teru], um Teru da Escola [Sarra]! Certo, senhor Melodia?

-Sim, correto. Eu sou um Sarra. Mas não precisa gritar. E por favor. Me chame de Melo.

-Rhaplanca, posso falar com você em particular. Com licença Melo.

Sonwe levou Rhaplanca para um canto onde Melodia não podia ouvi-los

-Rhaplanca, você contou para ele o que aconteceu lá dentro? Você disse alguma coisa sobre eu poder cantar?

-Não. Por quê? Eu devia ter dito algo?

-De jeito nenhum. É muito importante que ninguém saiba sobre minha habilidade. Principalmente um Teru. Eles são um povo muito sábio, e talvez ele tente tirar proveito de minha música.

-Ok...

Sonwe retornou a Melodia e perguntou:

-Mas como você nos achou? O que você foi fazer naquele lugar?

-Depois de eu ter te deixado, resolvi voltar pra checar se vocês estavam bem. Só encontrei aquela maquina. Então entrei. La dentro eu ouvi a luta com os robôs. Então eu ouvi a musica dela. Quando entrei na sala, não havia ninguém lá. Então eu ouvi um grito vindo de alem da parede. Achei a passagem e encontrei você desacordado e ela desesperada. O que vocês faziam naquele lugar?

Sonwe explicou tudo, ocultando aquilo que achava que o Teru não devia saber.

-Hmm. Talvez vocês devessem ir para Nemo. Ela é uma Reyvateil. Ela pode ter perdido a memória superficialmente, mas ainda é possível seja recuperada então a [Cosmosphere] dela ainda deve ter a memória intacta. Um [Mergulho] iria resolver. Eu estou indo para Nemo mesmo. Eu podia ir com vocês

-Tem razão. Talvez o Mergulho resolva as coisas. Mas ela tem que concorda. Não é certo Mergulhar nela a força.

-Vamos para Nemo primeiro. Lá você explica para ela.

E assim eles partiram para Nemo. Com a magia de explosão de Melodia a viagem foi fácil. No caminho se depararam com um vaca. A cena que se seguiu foi curiosa.

-SONWE! OLHA! UMA VACA!!! Que fofinha. Vamos lá, eu quero passar a mão nela.

Sonwe se espantou com a agitação de Rhaplanca ao ver uma vaca, ela era uma garota tão quieta, pelo menos até ver a vaca. Ele pensou que talvez vacas fosse uma vista rara no lugar de onde Rhaplanca veio.

-Não Rhaplanca, não incomode a vaca. – Advertiu Sonwe - Ela pode se irritar.

-Deixa a garota ser feliz cara. – disse Melo

Mas nem precisou ser dito. Rhaplanca já estava correndo em direção a vaca. Ela começou a acariciar o animal e conversar com ele. A vaca nem ligava para a garota, estava mais preocupada com seu capim. Rhaplanca até mugia de vez em quando, e quando a vaca respondia ela gritava e pulava de alegria. Foi difícil convvense-la que precisavam partir.

Ao chegarem a Nemo a primeira coisa que avistaram foi a estatua da Cantora e o Guradião na Hoshinose Avenue. Rhaplanca estava curiosa sobre a estatua.

-Sonwe! O que está estatua? É uma Reyvateil! E um Vanguarda!

-Sim – respondeu Melo – É a famosa estatua “A Cantora e o Guardião”. El representa muitas coisas, mas principalmente, como alguém deve tratar uma Reyvateil. Também representa os vencedores da batalha que destruiu parte deste mundo.

Sonwe examinou a estatua. Seu pai havia lhe contado sobre está estatua. A mesma história que Melo havia dito. Mas algo muito estranho aconteceu com Sonwe.

-Na verdade está estatua é uma representação de Shurelia e Tastiella quando elas selaram Mir a 353 anos atrás. - Disse Sonwe - As pessoas não sabiam quem exatamente haviam salvado o mundo, então eles colocaram este homem e esta garota como representantes.

-Mas como você sabe disso? – perguntou Melo.

Sonwe não sabia responder. A resposta simplesmente veio a sua mente, como se tivesse sempre estado lá.

-Não importa. Vamos, o Dive Shop é por ali.

Rhaplanca perguntou:

-Dive Shop? O que é isso?

-É o lugar onde podemos realizar Mergulhos. – disse Melo.

Sonwe percebeu que era a hora de fazer a pergunta.

-Rhaplanca, Melo acha que um Mergulho ajudaria você a se lembrar. Eu sei que é um assunto delicado, mas eu preciso perguntar. Eu poderia mergulhar em você Rhaplanca.

-O quê? Você quer entrar em mim! E nós vamos a um lugar onde esse serviço é vendido ao publico?!

Melo riu:

-Que bom. Pelo menos ela sabe o que é um Mergulho.

Sonwe olhou com desaprovação. Mas estava aliviado também. Não queria ter que explicar para Rhaplanca o que era o Mergulho. Seria vergonhoso.

-Rhaplanca, isso é importante. Eu sei que não é educado, mas eu só estou fazendo isso para te ajuda.

Rhaplanca estava indignada. Como Sonwe podia lhe fazer tal pergunta tão abertamente. Ela sabia que ele só estava pensando no bem dela e estava disposta a deixá-lo entrar, mas tinha medo de Sonwe não gostar do que estava pra ver e medo de suas memórias serem ruins. Nem ela sabia o que havia lá dentro. Além do mais, era sua primeira vez, pelo menos desde que perdera a memória.

-Está bem... pode mergulhar. Mas com uma condição. Prometa que não vai me odiar se ver algo de ruim lá dentro, e vai ser gentil.

-Eu prometo.

Eles seguiram pela rua até passarem por uma igreja. Sonwe reconheceu aquela igreja. Era a [Igreja de El Elemia].

-Igreja de El Elemia? O que ela faz? –perguntou Rhaplanca na sua ignorância.

-É uma organização que ajuda as pessoas pelo mundo. –explicou Sonwe- Ha três anos, ela teve como líder o Bispo Falls que na verdade era Apostolo de Elemia traidor que estava tentando ressuscitar Mir. Ele enganou a todos com a lenda do [Trio de Elemia], fazendo todos pensar que a vinda da Deusa Tilia estava para ocorrer. Ele disse a Senhora Aurica que ela era a reencarnação da Deusa, quando na verdade ela só estava sendo usada côo receptáculo para ressuscitar Mir. Mas grassas ao Senhor Lyner e o Cardeal Radolf, Falls foi derrotado. Agora quem comanda a igreja é o Bispo Radolf.

Eles continuaram o cominho. Rhaplanca pode ver com o canto do olho um homem loiro de armadura e uma garota chegando na igreja e sendo recebidos por um homem alto de cabelos castanhos com uma armadura e uma lança. Ela não pode ver seus rostos.

Finalmente chegaram ao Dive Shop. Rhaplanca sentia um frio na barriga. Sonwe estava nervoso. Melo cantarolava uma melodia, indiferente com a situação enquanto Lilim tentava sair da bolsa dele.

-Quieta Thuban, já é difícil não chamar a atenção. Com você se revirando as pessoas vão suspeitar.

A pequena lilim ficou quieta. Sonwe ficou imaginando o que ele quis dizer com “suspeotar”.

“Ele é um sujeito estranho. Mas a maioria dos Teru são. Será que ele tem alguma conexão com aquela maquina? Não deve ser isso, talvez outra coisa.”

Eles entraram na loja. O operador veio atendê-los. Ele era simpático e se apresentou.

-Olá, sejam bem vindo! Meu nome é Kurai . Então, qual de vocês vai ser o Mergulhador?

Sonwe deu um passo a frente. Rhaplanca então disse:

-Senhor, é a minha primeira vez e eu estou um pouco nervosa. Eu nem aprovo a existência de um...

-É minha primeira vez também. – Sonwe interrompeu. Não queria que Rhaplanca o fizesse passar vergonha. - Eu queria explicar o motivo de estamos fazendo isso.

Ele então explicou. Kurai disse que o Mergulho era a coisa certa a fazer.

-Uma Cosmosphere não poder ser apagada facilmente. Mas ela pode ter sofrido varias alterações alterando a memória, o que vai dificultar o processo podendo fazer com que vários mergulhos sejam necessários. Sem contar que pode ser arriscado.

-Nós entendemos isto. Espero que você esteja errado quanto a isso. – Disse Sonwe -  Rhaplanca? Você tem certeza de que quer fazer isso mesmo?

-Sim...

Kurai os levou até à maquina e os conectou. Então ativou a maquina. Sonwe se sentiu sonolento, e em poucos segundos adormeceu. Ele imaginou sua mente passando por vários cabos e entrando em Rhaplanca, na mente dela. Então abriu os olhos.

O lugar onde se encontrava não era como esperava. Um pequeno deserto se estendia até a beira de um precipício escuro. Um ilha no meio do nada. A única coisa que havia lá era uma pequena cerca e um esqueleto de vaca dentro.

-Que lugar macabro. Me da arrepios. Mas é tão triste ao mesmo tempo.

-Quem você pensa que é para dizer isso do meu pasto? Muuuuu! Eu devia te jogar no precipício!

Sonwe se virou e viu uma garotinha de cabelos loiros cacheados com chifres vestindo uma roupa de vaca. Ela lhe deu um coice com os cacos que tinha no lugar dos pés.

-Ai! Isso dói. Por que você fez isso?

-Muuuu! Você invadiu a fazenda e insultou-a. Se o fazendeiro te visse, teria te matado.

-Fazenda? Mas isso aqui é um deserto. E cadê o fazendeiro?

-Ele está... Muu...? M-mu... iaaaaaaaaaaaaaaaa!

A garota caiu no chão de joelhos. Ele gritou e então ficou quieta. Sonwe ficou assustado. O que houve com ela?

-Você está bem? O que houve? Ei pode me ouvir?

Sonwe viu que a garota estava de olhos arregalados. Ela tremia. Sonwe a chamou mais uma vez, mas ela simplesmente começou a escrever na areia.

Teiwaz

- Teiwaz... o que? Esta palavra de novo? O que isso significa?

Então o chão tremeu e se partiu. Sonwe caiu na escuridão. Ele tentou gritar mas sua voz não saiu. Sentiu seu corpo ser puxado então acordou.

-AAHHH! Rhaplanca? Ela está bem?

Ela está bem. – assegurou Kurai – Aconteceu algo de errado e você foi chutado para fora. O que pode ter havido?

Sonwe não conseguia falar o que tinha acontecido. Resolveu deixar o assunto de lado. Rhaplanca estava de pé em sua frente e ela estava bem. Não queria preocupa-la.

Vamos para um hotel. - sugeriu Melo.

Durante a noite Rhaplanca bateu na porta de Sonwe.

-Sonwe, o Mergulho deve ter funcionado. –disse Rhaplanca friamente - Eu me lembrei de algo.

-Você devia ter dito isso antes. Já está tarde, mas tudo bem. O que foi que você lembrou.

-O meu colar. Ele é especial. Eu sei porque ele é importante. – Rhaplanca retirou o colar e entregou a Sonwe. Ele examinou o objeto. O colar com um cristal que cabia na palma da sua mão perfeitamente.  O cristal era azul claro, mas emitia um brilho arroxeado.  Em volta do cristal havia argolas de metal com pequenos desenhos. Sonwe examinou e percebeu que pareciam se uma espécie de escrita. Mas era o alfabeto Hymmnos. – Esse cristal é um Cristal Hymn, Sonwe. Ele é especial, pois não precisa da [Cerimônia de Download] para ser baixado.

-Então como realizamos o Download?

-Por [Install].

-Você quer que eu instale em você? Mas a dor é terrível. E algo íntimo, muito íntimo. Você me conheceu há apenas dois dias.

-Eu não queria ter que fazer isso... Mas eu sei que eu preciso... Não importa a dor, eu tenho que faze-lo... –Respondeu Rhaplanca com uma indiferença extrema. - E eu confio em você... Eu sei que você vai ser gentil... Você foi tão gentil ao mergulhar em mim…

-Rhaplanca! Eu agradeço sua confiança, mas eu tenho medo de te machucar. Ele é grande. Pode não ser o maior de todos, mas é grande. E tem estes negócios em volta. Isso vai ser difícil.

Então Rhaplanca mostrou um lado que Sonwe ainda não conhecia.

-Sonwe!! Apenas faça-o. Eu não quero saber se você se opõe ou não!! É o meu corpo. É minha a dor!! Ande logo!!

-Está bem. Onde fica sua [Porta de Install]?

-Aqui. – Rhaplanca se virou e apontou para a tatuagem que se localizava em sua cintura. – Por favor Sonwe, seja gentil.

Rhaplanca estava sendo corajosa. Estava disposta a sentir dor e havia mostrado a Porta para Sonwe, o lugar onde ele poderia ver todas as suas emoções.

Rhaplanca se deitou e Sonwe lentamente pressionou o cristal na Porta. O brilho do cristal aumentou.

-Aiii! Vai com calma! Haaa!

-Estou indo o mais lento que posso.

-Ta muito rápido! Tira! Tira!

-Quem sabe se eu for mais rápido a dor diminua.

-Não! Por favor! Não! AIIIII!!!!

Então a dor passou e foi substituída por um novo sentimento. Era um desejo de liberdade e proteção. Lagrimas escorreram dos olhos de Rhaplanca.

-Este sentimento. Tão bom. Estou feliz em ser uma Reyvateil.

Sonwe sorriu. Ver Rhaplanca feliz o alegrou. Mas imaginou o que os vizinhos teriam pensado e sua face corou. Rhaplanca então ficou seria, sua face havia ficado sem expressão. Ela se virou e disse:

-Sonwe. Eu preciso cantar… Eu tenho que cantar…

-Vamos para a Praça da Musica. Lá é o lugar mais bonito de Nemo. – Respondeu Sonwe. - Perfeito para uma musica.

Rhaplanca se levantou indiferente. Sonwe se espantou. Ela não tinha expressão alguma no rosto. Ela se dirigiu até a porta e Sonwe foi atrás. Enquanto seguia até a praça ele notou que Rhaplanca agia de forma estranha. Seus movimentos eram quase que robóticos e ela nem deu atenção ao casal que namorava nos degraus da praça. Aquela garota curiosa e alegre sumiu. A Rhaplanca que estava ali era fria e quieta.

-Rhaplanca? Você está bem? Parece um pouco triste.

-Estou bem. Preciso cantar.

Ao chegarem no fim da escadaria, Rhaplanca se virou e nem ao menos disse uma palavra sobre a grande Songstone que se encontrava no centro da Praça.

-Rhaplanca? Você está triste? Eu te machuquei durante a Instalação. Ou foi algo durante o Mergulho que te ofendeu.

Sonwe estava com medo de que os efeitos do que ocorreu durante o Mergulha tenham se manifestado por causa do Install.

-Não há nada errado. Eu vou cantar agora.

Rhaplaca se preparou então começou a cantar. Sua musica soava alto. Era uma musica triste e angustiante mas ao mesmo tempo, não demonstrava sentimento algum. Toda Nemo ouviu a musica da garota.

[EXEC_TEIWAZ/.]

A música começou com uma língua que Sonwe não reconheceu. Se aquilo era Hymmnos, era um dialeto desconhecido para ele.

A música ressoou pela cidade e todos puderam ouvir. Sonwe estava impressionado com aquele musica, e como Rhaplanca conseguia cantar uma musica tão assustadoramente fria e sem qualquer emoção. Era quase como ela não tivesse controle do que fazia.

Ao terminar, Rhaplanca caiu nos braços de Sonwe e disse sorrindo:

-Está feito! Estou tão feliz... por um momento, depois que você mergulhou em mim, minhas emoções começaram a desaparecer. E quando você instalou em mim, elas simplesmente sumiram.

-Eu fiquei preocupado com você. Você não respondia, e estava tão fria. Eu pensei que tinha feito algo de errado durante o Mergulho.

-Não… esta tudo bem. E agora eu acho que você vai poder mergulhar em mim de verdade.

Eles voltaram para o hotel. Na manhã seguinte, Sonwe explicou tudo a Melo, mas Melo não sabia o porque que aquilo teria ocorrido. Eles decidiram que o Mergulho era a coisa certa a se fazer.

Ao chegarem no Dive Shop, Sonwe foi colocado na maquina junto com Rhaplanca. A maquina ligou e Sonwe se encontrou parado no Stonehenge da Cosmosphere de Rhaplanca,  pronto para explorar aquele mundo.