Shadowhunters: Cidade das sombras escrita por Vickysmeow


Capítulo 7
Capítulo 5: A boate do inferno




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A fila formada na esquina da Boate estava maior do que o esperado. Os quatro caçadores de sombras atravessaram a avenida e pararam do outro lado da rua, em um beco mal iluminado.

— Qual o plano? - Melissa perguntou já segurando uma das adagas na mão direita.

— É seguinte - Gabriel começou espiando os dois lados do beco para conferir se estavam sozinhos. - Tem muita gente lá dentro. E quando digo gente, me refiro a mundanos inocentes, seres do submundo e aos demônios.

— Como vamos diferenciar? - Julieta perguntou.

— É fácil. - Jam respondeu. - Os demônios estão sempre mudando de forma. Toda vez que esbarram em alguém que valha a pena, eles mudam o corpo para ficarem igual a quem tocaram.

— Isso. - Mel continuou. - Não aceite bebida de estranhos. Os vampiros adoram brincar de boa noite Cinderela. Já os lobos geralmente andam em bando então não é difícil perceber quem são. As fadas e os feiticeiros são bem perceptíveis. Um cabelo colorido aqui, uma sombra brilhante ali e por aí vai. Entendeu?

— Tá. Não beba nada, não encare ninguém e mate os demônios. - Julie repetiu para si mesma para memorizar.

— Precisamos nos dividir. - James disse espiando para fora do beco como Gabriel fizera minutos antes.

— Certo. - Gabriel concordou. - Mel você vem comigo e Julieta vai com o Jam. Cuidado e evite matar alguém que você não tenha certeza se é ou não um ser do inferno, okay?

Julie concordou com a cabeça e pegou a adaga que estava embaixo do vestido, grudada a sua coxa. Segurando bem firme o cabo da mesma, trocou um último olhar com todos a sua volta e seguiu James para fora do beco, em direção a porta dos fundos da boate.

****

Jam esperou Gabriel e Melissa passarem por eles, até a entrada principal do lugar.

Dava para sentir de longe a ansiedade e o medo que Julieta deixava transparecer dela mesma. O garoto a olhou e ela sorriu tentando disfarçar as emoções.

— Isso é uma péssima ideia! - Ele disse se encostando na parede de tijolos. - Não deveria ter vindo.

— O que? - Ela perguntou olhando-o. - Por que? Eu vou ficar bem, Jam.

— E se não ficar, Julie? E se algo der errado e você acabar se machucando? Seu namorado vai surtar e vai querer me matar.

— Nam... namorado? - A garota repetiu e começou a rir o mais baixo que pode. James a encarou confuso. - O Jordan? Ele não é meu namorado. É meu amigo. E a decisão é minha. Eu escolhi vir então a culpa não será sua.

James continuava olhando para a garota. A luz fraca do único poste ali, fazia sombra em seu rosto delicado. O cabelo preso em cachos escuros como a noite, os olhos castanhos - pareciam negros naquele momento - brilhavam na escuridão e os lábios levemente pintados de vermelhos, pareciam ser tão macios...

— Jam! - Julieta gritou trazendo de volta de seus pensamentos.

O garoto olhou para a direção que o dedo dela apontava. Dois garotos se aproximavam deles. Ambos vestindo calças jeans, correntes gigantes de prata falsificado, uma camiseta de basquete e um boné virado para trás. O tipo de gente que James não costumava gostar.

— Fique atrás de mim. - Ele murmurou para ela e a garota obedeceu, segurando firme sua adaga ao lado do corpo. - Posso ajudar?

— Pode. - Um deles respondeu com a voz maliciosa. Os olhos de ambos estavam totalmente brancos. - Entregue a garota e vamos embora.

Jam sentiu o corpo da menina estremecer atrás de si e a raiva começou a se remexer dentro dele. Não deixaria que eles tocassem um dedo em Julie.

— Acho que não seres do inferno. - O caçador de sombras respondeu. - Por que não voltam de onde vieram?

— Entregue a garota! - O outro falou, ignorando James.

A proximidade deles já era de poucos metros e a tensão apareceu, deixando Julieta com um leve tremor na mão que segurava a adaga.

Tudo aconteceu tão rápido, que pareceu cena de filme diante dos olhos da garota.

Um deles atacou James com um tentáculo cheio de espinhos. Ela mal teve tempo de gritar, pois, o outro, a jogará contra o muro no fim da rua.
Julieta caiu de quatro no chão duro e sua respiração estava fraca. Suas costas doíam e a tosse que se seguiu, fez sua cabeça latejar.

— Que genética! - Um dos demônios que estava no corpo de um dos rapazes, disse enquanto apertava o rosto da garota, fazendo-a olhar diretamente para ele. - Sabe, você tem os olhos dela!

Julie não entendia. Do que ele estava falando. Genética? Olhos dela? De quem? De sua mãe? Como ele conhecia sua mãe, se ela fora morta por um demônio fazia apenas três semanas?

— Me solta! - A garota gritou se sacudindo quando o demônio a agarrou, prendendo seus braços e ameaçando cortar sua garganta com a mesma adaga que ela segurava a segundos atrás.

— Pare de lutar caçadorzinho de sombras idiota! - O demônio gritou e Jam parou.

Ao ver Julie presa pelos braços nojentos do garoto - que na verdade, era um demônio maior por conseguir falar, pois os menores não falavam - tudo pareceu parar ao seu redor. O tempo congelou e só existia o medo.

Medo de que aquela adaga pudesse matá-la. Medo de que eles fugissem com ela para sua dimensão. Medo de que ela saísse machucada ou desaparecesse.

James largou sua lâmina Serafim e a mesma caiu no chão com um baque surdo. Ao lado da arma sagrada, o corpo do jovem estava caído e havia sangue perto em volta, envolto por uma fumaça branca e um cheiro ruim de enxofre. O demônio que tomara o corpo, já fora morto.

— Não se mexa! Ou ela morre! - O demônio que sobrara ameaçou, apertando a lâmina no pescoço da garota.

Uma lágrima solitária escorreu pela sua bochecha e a Julieta sabia que não venceria lutando. Ainda não era boa nisso, então, só poderia usar uma coisa a seu favor.

— Está mentindo. - Ela disse num soluço.

— Como é, Docinho? - O monstro perguntou, fazendo James quase pular em seu pescoço por chamá-la daquele jeito enjoativo.

— Não pode me matar. Senão, ela o matará! - Julie argumentou tentando manipula-lo. - Ela me quer viva não quer?

Mesmo sem saber quem era "Ela", a garota continuou, tentando ganhar tempo para que James fizesse algo. Felizmente, estava funcionando.

— Está certa, Docinho. - O demônio sibilou no ouvido dela, e um arrepio de nojo a tomou por inteiro. - Mas, posso matá-lo se não vir comigo. Que tal assim?

Julieta sabia que o que pensara naquele último segundo podia ser um tiro no escuro. Mas, era a única chance. Com um pisão bem forte com seu salto fino no pé do garoto foi o suficiente para distrai-lo e para que ela lhe desse uma cotovelada bem no queixo, como Gabriel a ensinará no dia anterior.

Antes que pudesse processar o que estava fazendo, Julie o virou de costas para si mesma e cravou a adaga em sua espinha. Sangue preto jorrou aos montes, manchando e vestido e sua pele nua do ombros, rosto, braços e pernas.

O corpo caiu no chão e o garoto voltou a respirar normalmente, como se estivesse dormindo há muito tempo.

James pensou rápido e chegou bem a tempo de segurar a menina, antes que ela desabasse no chão. Choque e medo. As únicas coisas que Julieta tinha nos olhos quando Jam a olhou para ver se estava tudo bem. A garota se encolheu entre o peito dele e os braços definidos e fortes.

— Jam eu... Eu o matei. Eu... Eu não queria. Eu nunca... - As lágrimas rolaram aos montes pela bochecha suja com uma fuligem preta dela.

— Shhh! - O garoto sussurrou em seu ouvido. - Acabou. Você está bem?

Ao ouvir aquilo, Julie quis gritar com ele e falar tudo o que sentia naquele momento. Como ela poderia estar bem? Acabara de matar alguém - um demônio, mas era alguém. Ela nunca pensou seriamente no momento em que teria que fazer isso então, não sabia que não conseguiria.

— Mas o que... Pelo Anjo... Houve por aqui? - Melissa perguntou saindo pela
porta dos fundos. - Não vimos vocês lá dentro então depois de fazermos o que era para ser feito, viemos procurá-los e encontramos isso aqui? Dois corpos, uma mundana chorando em choque e sangue de demônio para todo o lado! Lindo! Perfeito!

— Melissa! - James disse com a voz séria demais enquanto a fuzilava com os olhos parecendo vidro. - Já chega!

— Eu... Não sou... Uma mundana! - Julieta se soltou do abraço de Jam e virou-se para a caçadora de sombras.

O vendo embalou seu corpo e fez seus cachos se desprenderem do penteado e voarem ao seu redor. A adrenalina e a força pulsavam em suas veias. Melissa foi arremessada no ar e bateu contra a parede oposta. O choque tomou conta de Julie naquele instante. O que ela fizera? Como ela fizera aquilo? Não havia nem sequer tocado na garota.

A menina sentiu-se esgotada e cansada. Acabada. Sem forças para sequer conseguir ficar em pé.

A última coisa que viu, foi Jam correndo para segurá-la antes que caísse no chão.

E então, a escuridão a levou.


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