Shadowhunters: Cidade das sombras escrita por Vickysmeow


Capítulo 18
Capítulo 16: O inferno infinito




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Julieta abriu os olhos. Um grande lustre de cristal pendia sobre sua cabeça e por um segundo ela achou que o mesmo despencaria, pois parecia pesado. O lustre não era a única coisa que parecia pesado no local. O ar e a energia que a rodeava não eram nada boas e de certa forma a incomodavam de um jeito que ela não sabia explicar. O resto do ambiente era pouco iluminado apenas por algumas poucas velas nas paredes em castiçais.

A garota esperou a dor ou o momento em que sentiria as consequências de ter caído e batido fortemente contra um chão de terra amarronzado e com rachaduras aqui e ali. Mas, somente as lembranças a alcançaram. Orion e o portal, como ela foi ingenua em acreditar em um feiticeiro que mal conhecia, como havia chego no que imaginou ser o inferno quando observou rapidamente o lugar onde tinha ido parar depois do portal antes de perder a consciência e acordar sobre uma superfície macia.

Um cheiro de rosas a invadiu quando uma brisa leve, porém quente, entrou pela porta - que supostamente levaria a uma varanda - e balançou as cortinas negras de cena. Lentamente, ela se sentou sobre os lençóis também negros e pôde analisar melhor onde estava. Ou, melhor, com quem estava.

O quarto era quadrado com paredes escuras, uma lareira apagada, poltronas e uma penteadeira. A cama em que estava era grande o suficiente para caber três dela ali e longas e pesadas cortinas desciam em cada canto da cama até tocar o piso brilhante e escuro. Tudo era escuro naquele lugar.

Em uma das poltronas, uma mulher permanecia sentada elegantemente. Ela usava uma vestido vermelho escarlate até os joelhos, o decote ressaltava o volume dos seios chamando atenção para o colar que pendia em seu pescoço, detalhes delicados em ouro e um rubi extremamente vermelho e brilhante que a garota poderia jurar que não era uma joia normal. Os longos cabelos com cachos ruivos caindo como uma cachoeira sobre os ombros pequenos em contraste com os lábios cor de sangue e os olhos verdadeiras esmeraldas.

— Você acordou. - A voz suave e aveludada da mulher causou arrepios em Julieta. - Julieta, não é? Eu teria escolhido outro nome.

Julieta apenas a encarou. O rosto tão perfeito que seria impossuível uma ser humano normal ter tamanha beleza. Era quase angelical e não se parecia nada com o dela se aquela mulher fosse quem ela pensava.

— Lilith? - Foi a única palavra que saiu da boca da garota. Primeiramente, ela queria ter certeza de que estava certa e depois, por que não sabia o que dizer naquele momento.

— Em carne e osso, querida. - Ela respondeu se levantando da poltrona. Julieta notou o quanto Lilith era alta e ficava majestosa com saltos altos. A mulher sorriu. - Claro que esse não é o meu corpo de verdade, bem - Ela parou para refletir um segundo e depois voltou a perfurar Julieta com os olhos verdes brilhantes ainda sorrindo. - Eu não tenho um exatamente. Mas sim, sou eu minha filha.

— Eu não sou sua filha. - A garota respondeu rapidamente e sem pensar em como o demônio em sua frente reagiria. Não foi uma decisão sabia a se tomar, mas ela não poderia deixar de lado algo como aquilo. Lilith nunca seria sua mãe, pois a mulher que fora sua mãe por todos esses anos agora estava morta.

Lilith inclinou levemente a cabeça e os cachos acompanharam o movimento. Ela avançou dois passos na direção da cama e juntou as mãos a frente do corpo ajeitando a postura.

— Pense o que quiser, mas você sabe a verdade. - A mulher falou totalmente calma e paciente. - Agora, vista-se Julieta. - Ela indicou com uma das mão, um manequim que Julieta jurava não estar ali antes. Um comprido vestido de renda preta justo até os joelhos se desmanchando em uma linda saia negra cheia de babados. - Quero que veja uma coisa.

~•••~

— Acha que despistamos eles?

Charlotte apoiou-se na parede rochosa da caverna - em que eles haviam se escondido das centenas de demônios que os perseguiam - após ter colocado Melissa delicadamente no chão. Lotte tinha a força de um vampiro e a caçadora de sombras não pesada e por isso não a cansara, mas, sim, correr de demônios a cansou demais.

— Não estou vendo nenhum deles, provavelmente sim. - Gabriel respondeu enquanto ajudava Pandora a se sentar.

A feiticeira agradeceu com um sorriso pequeno e tímido devido a dor dos ferimentos que Orion tinha feito nela com sua magia. As vezes, ela chegava a pensar que machucados mágicos doíam mais que os normais.

O garoto se permitiu sair da postura heroica e protetora e desmoronou até o chão ao lado de Pandora. Os músculos todos ardiam de dor e as marcas angelicais não faziam efeito na terra dos demônios, ele se sentia como um humano normal e sem graça.

A vampira espiou ligeiramente para fora da caverna e não havia nenhum daqueles monstros a vista. Ela agradeceu mentalmente a quem quer que estivesse ouvindo e por fim desmontou no solo arenoso e marrom. Ela nunca se sentira tão esgotada como agora.

Gabriel a observou: Os cabelos loiros espalhados envolta da cabeça dela como uma aureola angelica, a pele um pouco extremamente limpa e sem suor - naquele segundos, ele desejou ser um vampiro para não transpirar ou sentir dor - mas, as roupas estavam danificadas e sujas de poeira, terra e sangue de demônio. A calça preta tinha rasgos aqui e ali e a regata branca, já não era mais branca. Ela havia perdido a jaqueta no meio do caminho enquanto corriam.

Depois, ele olhou para a feiticeira a seu lado. O vestido violeta estava sujo e rasgado, o peito subia e descia desacelerando dentro do decote. Havia um pequeno corte em sua clavícula e o sangue escarlate escorria manchando a pele clara da garota. O caçador de sombras rasgou um pedaço do tecido escuro de sua camiseta por debaixo da jaqueta e estancou o sangue no ferimento. Pandora esquivou-se por reflexo, mas permitiu que ele o fizesse depois de entender o que ele estava tentando fazer.

— Obrigada. - Ela agradeceu sem olhar para ele. Aquilo já era constrangedor demais.

— Bem que você poderia ser útil e nos mandar direto para Lilith! - Charlotte falou após observar a cena pelo canto do olho e saber que logo logo, Gabriel conseguiria o que queria com a feiticeira, apesar de achar completamente nojento.

— Lotte! - Gabriel repreendeu com a testa franzida e a vampira deu de ombro, não se importando com aquilo.

— Tudo bem, ela tem razão. - Pandora respondeu e pegou o tecido ensanguentado da mão do garoto e se levantou com a ajuda dele, que rapidamente a segurou e a apoiou. - E eu posso! Mas, somente um de nós. Estou muito fraca para algo grande.

Charlotte se levantou naquele instante com as mãos na cintura fina e encarou a feiticeira e depois Gabriel. Ele já sabia qual deles iria e não seria ele.

— Ela vai. - Respondeu indicando Lotte com a cabeça.

— O que? - A vampira questionou confusa. - Não, você vai! Eu não vou entrar na casa da rainha dos demônios e tentar soltar os prisioneiros dela! É como se eu estivesse me entregando embrulhada para presente com um laço gigante e um bilhete escrito: Me torture, arranque a minha alma e me mate depois! Sem chance! Além disso, consigo proteger sua irmã e a sua feiticeira melhor do que você. Sou mais rápida e mais forte e suas marcas não funcionam aqui, então...

— Pelo Anjo! Eu juro que ainda vou arrancar suas cordas vocais. - Gabriel disse sorrindo de canta para Pandora que riu do comentário dele e fazendo a vampira revirar os olhos um tanto irritada.

— Tenta e quem sabe você acaba fazendo uma visitinha para ele?! - Lotte ameaçou cruzando os braços sobre o peito.

O caçador de sombras suspirou e se virou para a feiticeira.

— Consegue mesmo? - Perguntou.

— Sim, mas o portal vai fechar depois que você passar. Não tenho magia suficiente para mantê-lo aberto. Então - ela o olhou nos olhos com certo medo - Não tem como voltar se precisar.

Gabriel respirou fundo enchendo o peito de ar e deu uma última olhada para a irmã, dormindo no chão aos pés da vampira. Então ele foi em direção de Charlotte e aproximou o rosto do dela.

— Se uma delas morrer...

— Guarde suas ameaças para Lilith. - Lotte retrucou encarando-o de volta com a mesma intensidade.

A energia mágica tomou conta do lugar acompanhada de um barulho, que significava que Pandora tinha aberto o portal em um dos cantos da caverna. Estava na hora.

~•••~

Sufocada. Apertada. Presa. Era exatamente assim que Julieta se sentia dentro daquele vestido, que apesar de ser o mais bonito que já vira em sua vida, era um modelo menor do que o dela. Os peitos quase pulando para fora do decote e os pulmões sem espaço para se inflarem de ar e ela respirar completamente. porém, ela continua firme na caminha pelos longos e infinitos corredores do castelo de Lilith.

Sim, era uma castelo enorme, escuro e cheio de cristais e velas. Inúmeras escadarias, torres e janelas do teto ao chão com longas e pesadas cortinas. Lilith andava ao seu lado, o salto estalando a cada passo que ambas davam. A garota também tivera que colocar um salto alto, pois, o vestido arrastaria completamente no chão se não os usa-se. Seus cabelos escuros e compridos caiam sobre os olhos conforme se desequilibrava, já que ela não o havia prendido.

Lilith ainda não dissera nenhuma palavra desde que saíram do quarto e estavam prestes a descer mais um escada. Uma diferente agora, em espiral e parecia não ter um fim. Um degrau de cada vez, cada vez mais para baixo do castelo e da superfície. Para onde elas estavam indo?

Emfim chegaram a mais um corredor. o maior de todos. Porém, diferentes dos outros. O mesmo tinha jaulas, com grades de ferro e obviamente mágicas e no fim dele, uma grande e dupla porta de madeira e ouro com dois seguranças enormes de terno preto e faces demoníacas. A garota podia ver seus verdadeiros rostos, mas, não o de Lilith. Por quê?

— Olá meninos! Temos visita! - Lilith disse em alta voz.

Julieta não entendeu a quem ela se dirigiu. Mais alguns passos pelo corredor a luz de velas e por celas vazias, até que ela os viu. Seus amigos. Jam e Jordan jogados e trancados em delas. Ambos acorrentados pelos pés e ligados tubos finos que retiravam o sangue de seus corpos e os depositavam em um recipiente, o mesmo já estava mais da metade cheio.

— Jam! Jordan! - A garota segurou as grades, mas eles não se mexeram, apenas a encararam.

— Julieta? O que...? Como? - Jam questionou se aproximando depois de ter certeza de o que estava vendo era real. Ele também se perguntou por que a mágia das grades não a havia matado quando ela as tocou.

— Julie... não deveria estar aqui! - Foi a vez de Jordem se pronunciar, mas ele não se moveu.

— O que está fazendo com eles? - Ela perguntou elevando a voz e se virando para encarar Lilith com raiva nos olhos. - Solte-os!

— Admiro a sua coragem e ousadia de me dar uma ordem. Isso só prova que você é mais minha filha do que pensa que é! - A mulher respondeu com um sorriso sádico. - Mas, não posso. Ainda não conversamos e a liberdade deles, depende da nossa conversa.

Julieta não sabia o que fazer. Se tentasse solta-los, acabaria detida por um dos seguranças ali no corredor ou pela própria Lilith. Não a matariam, é claro, mas a machucariam com certeza. Sua única e mais sensata escolha, era dar a ela o que queria. Uma conversa.

— Não a escute, entendeu? Ela vai te enganar e matar você! - Jordan tornou a falar se agarrando as grades desta vez. o garoto foi lançado para trás e se chocou fortemente contra a parede. Julie gritou seu nome tentando alcança-lo, mas presa pelas grades.

— Idiota. - Lilith falou perfurando-o com os olhos. Um pouco de raiva já tinha começado a surgir neles.

— Não toque nele ou... - Julieta se pronunciou se aproximando o máximo que pôde da mulher, os rostos tão próximo, que Jam quase conseguiu ver a semelhança entre ambas. Não pela aparência, mas pela personalidade, coragem e força.

— Você não vai fazer nada, Julieta. - Lilith retrucou se sobrepondo a ela. - Não pode. - ela segurou firme o rosto delicado da garota, cravando as unhas em suas bochechas e a fazendo olhar para ela, fundo em seus olhos. Em seguida, a voz suave de antes mudou completamente para agressiva e ameaçadora: - A mamãe quer conversar e nós vamos conversar!

E então, como se uma nuvem de fumaça cinza e densa as carregassem pelo corredor, Julieta se viu passando pela porta de madeira e ouro e adentrando uma sala redonda cheia de estantes, mesas com artefatos de magia negra, livros antigos e um pentagrama pintado no chão no meio do cômodo.

A porta fechou-se depois disso. Elas estavam sozinhas.


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