A Herdeira do Quarto Trono escrita por R31


Capítulo 15
De Volta a Era de Ouro


Notas iniciais do capítulo

Olá damas e cavalheiros, como vão? Sei que faz tempo que não atualizo, mas, antes tarde do que nunca, não é?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/756772/chapter/15

Cair Paravel

Era de Ouro de Nárnia, décimo quinto ano de reinado dos grandes reis, Pedro e Edmundo e das grandes rainhas, Susana e Lúcia.

 

§

 

A manhã em Cair Paravel havia sido agradável e com um clima tão bom que faria qualquer um sentir vontade de estender uma toalha nas areias da praia e ficar à toa até dizer chega. Como de costume, o almoço dos quatro reis de Nárnia foi servido no exato momento em que o sol chegou ao pino. Mas ao invés de uma refeição farta e demoradamente consumida, com um diálogo sem pressa dos que estavam sentados à mesa, aquele almoço foi servido com pressa, numa refeição rápida e corriqueira. Tudo porque muitos preparativos estavam sendo feitos as pressas, com o convite inesperado que chegara à Cair Paravel ainda naquela mesma manhã.

Uma belíssima notícia.

Cor, o filho herdeiro do trono de Arquelândia, que também já fora chamado de Shasta, iria se casar! Que notícia maravilhosa aquela! O casamento seria dali à duas semanas, mas Aravis, a bela noiva, e Cor solicitaram a presença de Lúcia, a destemida e Edmundo, o justo antes da cerimonia para tratar de assuntos políticos de grande importância.

Eis o que a carta de Cor, anexada ao convite de casamento dizia:

 

“Esperamos que este desejo não seja visto com maus olhos. Temos plena consciência de que Pedro é o grande rei dos grandes reis, não desejamos causar discórdias. No entanto, estamos com pendências à serem tratadas com Blaser, o atual rei de Calormânia e ele, em pessoa, solicitou a presença de vossas majestades Lúcia e Edmundo o mais brevemente possível nos domínios de Anvar. Acreditamos que isso se deva à maior afinidade que Blase possui com os tronos de justiça e coragem de Cair Paravel.

Em todo caso, seria à nós uma honra recebê-los em Anvar, mesmo sem toda esta pompa, em algum espaço de tempo antes do grande dia.

Cordialmente, Cor, príncipe herdeiro do trono real de Arquelândia”.

 

Pedro e Susana ficaram surpresos ao lerem tal coisa, mas não se sentiram ofendidos, de forma alguma. Eles sentiram-se aliviados, até, cada um ao seu modo. Susana gostava de planejar, não sentia bem agindo com impulso ou mesmo de maneira improvisada. Pedro se sentia mais calmo deixando tudo em Cair Paravel organizado antes de sair de Nárnia para o que quer que seja. Assim, a ideia dos Pevensie mais novos comparecerem em Anvar o mais brevemente possível foi acatada com muita facilidade. Afinal, os tempos são de paz. O clima entre os três grandes reinos (Nárnia, Arquelândia e Calormânia) era de grande camaradagem.

Portanto, isso motivou grande comoção no palácio real. Lúcia e Edmundo decidiram partir poucas horas depois do almoço. Parecia que toda a Cair Paravel se mobilizava para ajudar.

—Muito bem, os cavalos estão com as celas, e estão bem alimentados, os baus com roupas e comidas para a viagem estão prontos e presos às celas. -Listava o Sr. Tumnus, com a lista de itens solicitados por Edmundo e Lúcia, enquanto estes, na companhia de Pedro e Susana, faziam sua refeição. -Cinco sátiros, duas driades, um urso e três centauros já estão prontos para partir em comitiva rumo à Anvar. Isso é tudo, majestades? -Questionou Tumnus, enrolando o papiro em sua mão.

—Só isso? -Perguntou Pedro, surpreso. -Apenas três sátiros e cinco centauros?

—Não Pedro, é ao contrário. -Disse Edmundo, com um sorriso brincalhão no rosto. -Estou começando a ficar preocupado, meu caro irmão. Nem velho estás e já confude as informações mais simples?

—Que nada. Apenas não consegui dormir bem esta noite. -Disse o mais velho, fazendo um gesto com a mão, menosprezando tal informação. -Ainda assim, perdoem-me meus irmãos, todavia tal comitiva parece-me muito simplória.

—Não desejamos chamar muita atenção, Pedro. -Lúcia intervêm na conversa, enquanto cortava sua carne (de um animal selvagem, não falante) em seu prato. -Edmundo e eu concordamos em deixar toda e qualquer pompa e autoproclamação para vocês.

—Vejam só, que engraçadadinha é esta, que tomou o lugar de Lúcia enquanto nós descansávamos? -Disse Susana, estendendo o braço e dando na mão de Lúcia um pequeno belisco. Lúcia afastou a mão mesmo assim, soltando uma exclamação de dor baixa.

—Susana, é verdade. Nós concordamos isso, de fato. -Disse Ed, reprimindo um sorriso.

—Pedro, você que está mais perto de Edmundo, pode dar um beliscão nele, por gentiliza? -Susana pediu, num sorriso quase gentil. Pedro, que mastigava um pedaço de sua carne, olhou para Susana, confuso.

—Por que eu faria isso?- Questionou o loiro, pondo a mão na frente da boca, pois ainda mastigava sua comida.

—Mande mais dois de nossos cavalos falantes ficarem prontos para partir conosco, sr. Tumnus. E isso é só. -Diz Lúcia, encerrando o assunto. Tumnus sorriu, fez uma reverência e saiu em passos langos do salão de jantar.

—Ora essa, Pedro! -Insistiu Susana. -Lúcia e Ed acabam de insinuar que somos vaidosos e espalhafatosos e você considera isso algo bom?

—E por acaso isso não seria verdade? -Disse o grande rei, se fazendo de desentendido. Susana bufou, contrariada.

—Além disso- continua Ed, bebendo de seu cálice-, uma comitiva maior demandaria de mais carregamento de peso, como suprimentos e vestuários e pausas maiores de descanso. E estranhamente, sempre encontramos alguém pelo caminho que passa a seguir viagem conosco.

—Bem, vendo por esse lado… -Pedro diz. Isso acabou por encerrar o assunto. Os quatro irmãos então se concentraram em terminar suas refeições e passam a falar sobre assuntos mais amenos. Quando satisfeitos, Edmundo, Lúcia, Susana e Pedro ficaram à mesa, conversando, até que o Sr. Tumnus retornou a sala de jantar, se aproximando da mesa e anunciando que tudo estava devidamente pronto para a partida dos Pevensie mais novos.

—Pois muito bem. Devo me retirar para trocar minhas vestimentas. Não posso partir vestindo um simples vestido de veraneio, ouvi dizer que, em Arquelândia, o frio se aproxima. Devemos estar mais próximos do outono. -Disse Lúcia, para Susana, limpando as migalhas de comida da saia de seu vestido. A mais jovem agradeceu a informação ao Sr. Tumnus, que sorriu e fez uma reverência com a cabeça e se voltou para Pedro, tratando de assuntos que deveriam ser de máxima atenção ao Grande Rei.

Lúcia então se levantou e caminhou em passos rápidos na direção da saída.

Edmundo, ao ouvir o que sua irmã dissera, imaginou que também deveria trocar de vestes, já que o rei justo vestia uma simples camisa sem mangas e uma calça simples. Para viajar, deveria ao menos vestir-se com roupas mais firmes e flexíveis.

—Lúcia, espere um momento.- Ed diz, ao se levantar também, e caminhando na direção da mais nova. -Creio que devo trocar de vestes também. Portanto, permita que eu a acompanhe.

Lúcia sorriu.

—Claro. Quer apostar corrida para quem chega ao andar dos aposentos mais rápido?

—Não obrigado. -Edmundo riu. Juntos, os dois caminharam calmamente em direção à saída do salão. -Não quero gastar energias desnecessariamente. Creio que nossa viagem será longa e cansativa.

—Tens razão, irmão. Levaremos um dia inteiro para sequer chegar as nossas fronteiras com nossos irmãos arquelanos. Será um longo caminho…

—Pessoalmente, prefiro apreciar a paisagem, minha cara irmã... -disse Edmundo. Eles chegaram as escadas que levam ao andar dos dormitórios. -Não estamos correndo contra o tempo para socorrer Luna na defesa de Anvar desta vez. Tenho certeza de que não fará mal que aproveitemos o tempo de viagem. E os bosques e vales que nos levaram até lá são maravilhosos colírios para os olhos…

Lúcia sorriu, encantada só de imaginar as belezas que aguardavam aos seus olhos, fechando os olhos, ela suspirou:

—Não vejo a hora de partimos para então podermos nos deleitar nestas maravilhas…

Ed não respondeu, por não saber o que dizer. Ele então se limitou a sorrir, gostava de ver Lúcia sorrir e vê-la feliz. Era algo simples e puro, mas que também o deixava feliz.

 

§

 

Rostos erguidos, sorrisos singelos e verdadeiros, olhares cheios de orgulho e felicidade, coroas prateadas postas à suas cabeças, capas esvoaçantes às suas costas. Cada passo transmitia confiança e coragem. A sensação transmitida por eles era de quem estava para sair e desbravar o mundo.

Ela vestia seu vestido favorito, vermelho e com detalhes em dourado, sua capa também era da cor vermelha, mas os elegantes sapatos que usava eram negros como a noite. Uma faixa dourada estava em volta de cintura, presa a ela, a mulher deixou presos seu punhal e o elixir de cura. Fora sua coroa de flores de prata, ela usava apenas pulseiras rústicas feitas à mão por seus irmãos. Fora isso, nenhum outro adereço era notado.

Ele usava sua coroa prateada, uma camisa de mangas compridas azul claras, um colete preto sobreposto em seu peito, trazendo consigo o brasão de Aslam de forma quase sublimimar. Uma capa da mesma cor do colete passava-lhe pelos ombros e se estendia majestosa atrás de si. Suas calças era do couro, e botas de combate estavam em seus pés. Um cinto passava ao redor de sua cintura, preso à ele estava sua espada favorita, dentro de sua bainha, pronta para ser usada.

A comitiva que aguardava junto a saída principal do palácio de Cair Paravel receberam à Lúcia e Edmundo com uma respeitosa e bem orquestrada reverência. Auros, o centauro responsável pela comitiva e a segurança dos reis, depois de sua reverência, deu um passo a diante, saudando seus reis.

—Gloriosa tarde nos aguarda, pela graça de Aslam, majestades. -Disse o centauro. -Vossa comitiva está pronta para partir assim que desejarem.

—Gloriosa tarde, sim, Auros. -Diz Edmundo, com um gesto de cabeça. Tomando a palavra, feliz pela viagem que teriam, o Pevensie mais velho olhou para todos da comitiva de forma meio geral e sorriu. -Que a paz de Aslam esteja sobre todos nós nesta jornada. Agradeço antecipadamente à cada um que se apresentou aqui para nos acompanhar ao país de Arquelândia. Como sabem, nosso objetivo em nada tem relações com guerras, então torcemos para que isso não mude. Cor, príncipe de Arquelândia, há de se casar em duas semanas, entretanto, o próprio príncipe solicitou nosso auxilio... -dizendo isso, Edmundo lançou um olhar rápido para Lúcia, que estava bem ao seu lado, com sua mão posta sobre a dobra interna de seu braço, a mais nova ouvia seu irmão com atenção. Ela gostava de vê-lo tomando as redeas da situação, de um jeito que só ele conseguia. -...com tratados de relações com nossa velha conhecida Calormânia e seu novo rei.

Um murmurinho quase se espalhou por entre os que iriam participar da comitiva. Da última vez que Calormânia quis algo especifico de Nárnia, os narnianos tiveram o desprazer de ouvirem que Susana quase foi raptada e Edmundo quase fora assassinado. Agora, que Rabadash, o ridículo, havia perdido seu trono para Blaser, o sábio, muita coisa mudou, mas muitos ainda observavam tal reinado com cuidado e caltela.

A última coisa que os narnianos queriam era ver Lúcia sendo a vítima de um quase sequestro e Edmundo ter de intervir novamente, arriscando a própria vida nesse jogo de poder. Tanto Edmundo quanto Lúcia tinham consciência dos temores de seu povo, mas quem poderia dizer que eles estavam errados? Blaser ainda era um rei jovem em seus primeiros anos de reinado, somente o tempo diria que espécie de rei ele é.

—Dito isso, creio que esteja mais que na hora de montarmos e seguir viagem. -Diz Lúcia, alto e claro, para que todos a ouvissem. -Nossa jornada é longa, mesmo que tenhamos mais do que o suficiente de tempo. Tenho certeza de que todos aqui desejam dispor de tempo para pausas e montar acapamento para dormirmos, então para que tudo ocorra bem, devemos utilizar bem do tempo que dispomos até que a noite caia. Então, estão prontos para partir?

—Sim, majestade. -Responderam todos, ao fazerem mais uma reverência. Lúcia sorriu.

—Então, vamos. Uma longa estrada nos aguarda. -Com a ajuda de seu irmão, ela montou em sua cela, ansiosa para sair para os bosques em direção à Anvar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até o próximo! ^^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Herdeira do Quarto Trono" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.