A Herdeira do Quarto Trono escrita por R31


Capítulo 14
Colisão Iminente


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas e meninos, damas e cavalheiros, como vão?
Sem mais delongas, bora para o capítulo... ^^



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“A coisa mais importante que um homem pode levar ao combate é um motivo.”

12 Heróis



Quando ele passou, os animais que estavam aguardando ordem de ataque abriram caminho até a casa onde supostamente vivia a rainha Laura em sua juventude. Quando viu o local com seus próprios olhos, quase riu em escárnio. Certamente esperava algo mais à altura de Cair Paravel. A casa da rainha parecia mais com uma grande pousada arquelana, tinha dois andares amplos, a fachada era limpa, sem sinal do uso de montarias, mas havia essas carruagens estranhas e achatadas de metal, nas quais a pessoas parecem usar para se locomoverem, o gramado estava coberto pela neve. A casa estava escura e nas janelas se via movimento de luzes artificiais esquisitas. Era um lugar bonito, ao seu modo, mas ele já vira mais interessantes nesse mundo sem magia.

Despido de seu disfarce de “Mack Salomon”, o feiticeiro mostrava sua verdadeira face. Suas vestes permaneceram, a jaqueta, os jeans e os calçados, que eram tão diferentes das vestes que costumava usar em Arquelândia. Suas mãos e sua face estava congelando e sua respiração se tornava uma nuvem de vapor, mas ele não ligava. Os olhos amarelos brilhantes se destacam, os cabelos loiros estavam curtos e sua barba estava maior do que quando deixou Nárnia para buscar sua vingança. E para ele, se tratava mais que mera vingança.

No céu, um estranho pássaro de metal sobrevoou a rua onde ele caminhava, lançando sobre ele uma luz. O feiticeiro não sabia o que era aquilo, ou seja, um helicóptero, e ficava impressionado com a maneira como as pessoas vivem nesse mundo. Mas ele não ficou pensando muito mais nisso por muito mais tempo, e com um gesto, o feiticeiro ordenou que seu dragão atacasse o pássaro de ferro.

Esperava ver a luta e a queda do helicóptero com ansiedade, mas quando o dragão abriu a boca para morder a cauda de seu adversário, um forte brilho se ergueu aos céus, iluminando a grande fera, e no momento seguinte, o dragão recuou diante de tal luminosidade. Com um rugido, o dragão se esquivou da luz, como se sentisse uma dor insuportável, girando no ar, ele desceu para o solo, tentando atingir a luz que o feria, mas a pessoa que portava essa luz conseguiu acompanhar o movimento com facilidade e, antes do dragão chegar à três metros da fonte luminosa, a criatura já havia se dissolvido e sumido completamente. O helicóptero estava salvo, assim como os quatro ocupantes, o piloto e três agentes da força de elite da polícia britânica. Os que iriam manejar armas para se defenderem do dragão ficaram abismados, mas gratos, por serem poupados desta vez.

O feiticeiro caminhou até ver quem portava tal poderosa luz, se deparando com Laura, a rainha de Nárnia, muito mais jovem agora, tão bela e irritantemente atraente mesmo em suas vestes comuns à este mundo, segurando um objeto prateado que emitia a poderosa luz. Ela sorria, diante do seu triunfo, e ao seu lado, estavam Nathan, o homem ao qual o feiticeiro mais desejou matar, e mais Victor London e Luana Lupim, os fiéis escudeiros dos reis. O ódio lhe subiu a cabeça.

—Laura! Rainha de Nárnia... -Debochou o feiticeiro, dando mais alguns passos adiante. -Como é bom revê-la novamente…

Isso chamou a atenção de Laura e seus acompanhantes. A garota olhou para o feiticeiro, o sorriso deixou de existir, dando lugar à uma careta, com ar de quem não entendia nada do que estava acontecendo ou mesmo não sabe de quem o feiticeiro misterioso se tratava.

—Eu nunca fui para Nárnia e tenho certeza de que não tive o desprazer de conhecê-lo antes. -Disse ela, antes de lançar a luz da lanterna sobre ele. Quando o brilho caiu sobre ele, o feiticeiro recuou, sentindo cada célula do seu corpo arder, como se tivesse sido jogado num mar de lavas. Mas o homem não era feito apenas de sombras. Por baixo de toda sua magia sombria, havia um homem de carne, ossos e sentimentos fora de controle. Um homem ensandecido. Sentindo as sombras ao redor de si se esvaindo, agora meio debilitando, o feiticeiro riu de sua dor.

—Ah, claro. Você ainda não foi para Nárnia -debochou o homem-, ainda não se tornou rainha, ainda não casou-se com o Lorde da Calormânia. Que maravilha, que perfeito… Vocês ainda não causaram em mim toda dor, toda fúria e desespero que me levaram a ser o que sou hoje...

—Não mesmo... -debochou Nathan, sem perder tal chance, de alguma maneira ele soube exatamente como atingir seu objetivo de responder à altura. -Nem sabemos seu nome… Prazer, sou Nathan Crawford, e você, quem é? O filho sombrio do Mágico de Oz?

Com fúria, o feiticeiro ordenou, usando sua mente, que três serpentes dessem o bote sobre Nathan, mas Laura dissolveu duas com a luz e Nathan rebateu a terceira com a estátua que portava, lançando-a para a luz de Laura e, consequentemente, para total dissolução.

—Não sabem nem mesmo o meu nome?! -O homem rosnou, para ele, essa foi a gota d’água. Erguendo as mãos, pensando em ordenar ataque com força total, o feiticeiro parou por um segundo, quando uma voz ampliada por megafone soou às suas costas:

—Parado! Em nome da polícia da Scotland Yard, ordeno que se renda!

—Tente me obrigar então. -Respondeu o feiticeiro.

“Ok, temos uma pequena mudança nos planos de ataque”, pensou o feiticeiro, um segundo antes abaixar as mãos rapidamente, dando sinal para que os animais se dividissem e atacassem seu alvos.

Com rugidos, rosnados, pios e gralhares, como humanos fariam quando dão gritos de guerra, metade dos animais avançam sobre os policiais e as viaturas ali paradas, mais as viaturas que ainda subiam a rua. Os policiais não hesitaram em abrir fogo contra os animais. A outra metade foi para cima de Laura, Nathan, Victor e Luana.

—Mais um campo de batalha me aguarda… -Murmurou Nathan, para si mesmo com ironia.

—Eles não estão brincando… -Disse Victor, ainda meio abismado.

—Nós também não. -Respondeu Laura, olhando para o líder dos animais com um olhar mortífero e dando os primeiros passos em direção ao combate, sendo logo seguida pelos demais. Assim, os quatro ganharam velocidade e, sem hesitar, cada um se lançou ao seu próprio destino. E assim, como em todas as guerras, quando as duas frentes se encontram no campo de batalha, a colisão é iminente.

Os caos estava oficialmente instalado.

 

§

 

Cada gesto, cada ataque e defesa ocorriam em questão de segundos, era fácil perder a noção de tempo e espaço. Tudo se resumia à matar ou morrer.

Nathan era o mais experiente em batalhas, ele abriu caminho pelos seres de fumaça facilmente, a estátua em sua mão era muito útil, por mais incrível que isso pareça. O Crawford não lutava sem um objetivo, que estava bem claro em sua mente: chegar até o feiticeiro e enfiar a estátua na barriga o mais profundo que desse, já que, obviamente, se o feiticeiro morrer, todos os animais morrem junto.

Laura tinha mais o objetivo de proteger sua casa, a lembrança de que seus pais estão lá dentro o tempo todo a faz querer concentrar a briga bem longe da entrada da frente. E ela ainda tinha que torcer para que a magia na lanterna se estendesse à duração da bateria.

Victor e Luana, que eram os que menos entendiam o que estava acontecendo e menos ainda como se luta corretamente, já que ambos jamais estiveram numa batalha na vida, digladiavam da melhor forma que conseguiam, mesmo que fosse meio que às cegas, cada um tomou para si uma responsabilidade. Enquanto Luana cobria a retaguarda para Laura, Victor avançava contra os inimigos ao lado de Nathan. E ainda que não soubessem de muita coisa, o pouco que ouviram era o bastante para pensarem em diversas perguntas.

Em dado momento da luta, Laura e Luana, já mais familiarizadas com o estilo de luta e com táticas não proferidas de ataque e defesa, conseguiram achar uma brecha para um breve diálogo.

—Laura! Eu sei que esse não é um bom momento, muito menos um lugar ideal, mas... -Disse Luana, se esquivando das grandes patas e garras afiadas de um tigre e perfurando a fera na barriga, movendo a estátua pelo corpo do felino até ele desaparecer no ar. -Você faz alguma ideia do que está acontecendo aqui? De verdade?

—Bem, para falar a verdade... -Dizia Laura, quando um macaco de sombras pulou em suas costas e tentou machucar-lhe o pescoço, deixando marcas profundas na pele, ela ergueu a mão e com força, arrancou o bicho de trás de si e o estendeu para debaixo da luz. -Tenho uma noção muito pequena do que nos levou à isso... Está claro para mim, que de certa forma, esse homem, seja lá quem for, veio de algum do nosso futuro para se vingar de mim e de Nathan... -Enquanto falava, o macaco se debatia com fúria, mas era inútil e o animal em poucos segundos logo deixava de existir.

—Nathan?! O que Nathan têm com isso? -Perguntou Luana, confusa. -Eu ouvi o lunático citar um tal de “Lorde de Calormânia” como seu futuro marido ou o que quer que isso queira dizer! Mas não…

—Nathan É o Lorde de Calormânia, Luana! -Esclareceu Laura, sem pensar nas consequências do que soltou.

—Como você sabe? -Luana questiona, surpresa, antes de Laura a empurrar com tudo para um lado e mirar sua lanterna em duas leoas que iriam atacar a ruiva pelas costas.

—Porque ele me contou. -Disse Laura, simplesmente. O queixo da ruiva caiu, ao assimilar essa informação. Elas lutaram bravamente por mais muitos minutos e também sofreram grandes ferimentos do lado inimigo, mas nada que as derrubassem defensivamente.

Momentos mais tarde, quando viam que os policiais, por mais destemidos que fossem, precisavam de auxílio, as duas garotas correram na direção deles, com a intenção de ajudá-los, os passos delas eram rápidos e ágeis, com um boa sincronia, avançando lado a lado, derrubando qualquer massa cinzenta que visem à sua frente. No meio de toda a correria, a ruiva de repente deu um riso sonoro, não de escárnio ou loucura, mas de um certo deleite por algo totalmente fora de contexto. Laura a olhou, curiosa.

—Qual é a graça? -Perguntou a Pevensie.

—Nada, eu só me dei conta de que você deve mesmo saber o que faz quando se trata de relacionamentos amorosos... Ou sou eu quem entende bem do assunto... -Diz Luana, ainda rindo consigo mesma.

—Por quê? -Questiona Laura.

—Ué, no futuro, você vai se casar com o cara que mais odiava até ontem a noite… Isso não pôde ser coincidência, já que falamos sobre isso ainda hoje de manhã…

Apesar de seu rosto enrubescer diante dessa alegação, três pensamentos vieram à mente de Laura num piscar de olhos.

1°: Matar um dragão em um trabalho de equipes pode ter quebrado parte do ódio de Laura por Nathan, e Aslam se encarregou de quebrar todas as muralhas que Laura construiu dentro de si para manter Nathan afastado;

2°: Tanta coisa aconteceu à Laura desde a hora que ela acordou, a garota mal pôde acreditar que tudo ocorreu em menos de vinte quatro horas, com exceção da brecha no tempo, parece que ter saído correndo de casa atrasada para a universidade pareceu que aconteceu meses atrás;

3°: Mesmo que Laura achasse meio difícil acreditar que o “lunático” estava absolutamente certo quanto ao que ela e Nathan viriam ou não a fazer com seus futuros, ela percebeu que Nathan não deu sinal algum de repudiar tal hipótese e ainda fez questão de atiçar o sentimento de ódio no sujeito misterioso. Tudo nessa situação estava confuso. Ela tinha plena noção que só havia um pessoa que sabia exatamente o que estava acontecendo e, esta pessoa era quem estava tentando tirar-lhe a vida e vida de tudo o que ela mais preza.

Laura deu de ombros e deu um sorriso mínimo.

—Que sorte a minha. -Foi tudo o que ela disse a respeito das suposições de sua amiga, para um segundo depois tomar embalo, subir sobre o capô de uma das viaturas, mesmo correndo o risco de levar um tiro, e ligou a lanterna, iluminando e dissolvendo diversas criaturas, entrando com estilo na outra metade da batalha. Foi quando ela e Luana deram de cara com conhecidos que estavam a lutar naquele exato momento.

—Bernard! O que está fazendo aqui?! -Exclamou Laura, vendo seu chefe e velho amigo da família Pevensie, com uma barra de ferro na mão, o rosto suado e sujo de sangue, que olhou para ela quando ouviu seu nome ser chamado.

—Ora essa! Vim cumprir minha promessa de cuidar de você. -Responde o homem, como se isso fosse muito óbvio.

—Tio Andrew?! -Diz Luana, ao ver o policial ruivo se recuperando de um ataque de um lobo.

—Luana! Saía daqui! Não é seguro! -Andrew gritou, antes de se virar e disparar contra um cão selvagem que pareceu que iria atacá-lo na perna.

Luana correu até seu tio, ajudando-o.

—Aqui não é seguro para ninguém. -Diz ela. Um segundo depois, ela segurou o braço de Andrew pela manga da jaqueta de policial e o puxou consigo para perto de Laura e Bernard.

Logo, os quatro lutavam em conjunto, por mais que Ben e Andrew se opusesse a isso, ambos tinham que aceitar que elas lutavam com afinco por um propósito que eles desconheciam, e não havia tempo para pedir explicações. Tudo se resumia a continuar na batalha e lutar muito, e tinha de ser bom de defesa e ataque, por sinal. Mas ninguém ali era de ferro, nem mesmo Andrew e Bernard conseguiriam suportar mais com o passar das horas.

—Laura, eles são muitos -disse Luana, quando sentia seu braços, já muito feridos, tremerem de ansiedade e pesarem devido a fadiga. -Temos que dar um jeito nisso, antes que todo mundo seja derrotado pelo cansaço. E acho que já se faz uma hora que perdemos os meninos de vista…

—Que meninos? -Perguntou Andrew, que sempre cuidara e criara de Luana como se fosse sua filha, já que Danielle e Zack Lupim, os pais dela não tiveram oportunidade de fazê-lo. Um acidente de carro criminoso e fatal tirou-lhes a vida antes de verem a pequena ruiva recém-nascida sequer dar seus primeiros passos. Não era raro Luana ver seu tio/pai de criação agir em razão da proteção de Luana contra garotos.

—Victor e Nathan, são nossos amigos da universidade, tio... -Diz Luana, com o rosto tão vermelho quanto o próprio cabelo.

—Amigos, é? -Bernard diz, arqueando uma sobrancelha para Laura.

—Bem, acho que teoricamente, Nathan é noivo de Laura...  -Diz Luana, distraída, sem pensar muito. A ruiva estava ocupada demais resistindo as investidas de uma coruja furiosa sobre si. Cada vez que isso acontecia, mais ódio Luana sentia por pássaros e, era possível que a ruiva nunca mais fosse olhar para os pássaros comuns dos céus da mesma maneira que antes.

—Luana! -Exclamou, Laura, surpresa e vermelha feito um tomate. -Isso é um absurdo!

Luana riu por um momento antes de finalmente abater a águia.

Laura, por outro lado, ficou preocupada, pois realmente não via Nathan e Victor desde que se separam na frente da casa dela.

Olhou a sua volta por um momento e tudo o que viu foi caos para todo lado, neve revirada, sombras se movendo e desaparecendo, disparos de armas, lutas corporais, pessoas feridas caídas no chão. Mas não via nenhum sinal dos garotos.

A preocupação a fez subir no teto de um carro, para ter uma visão maior do lugar e conseguindo passar a luz da lanterna por um raio de alcance mais amplo. Mas Laura, ao fazer isso tornou-se também alvo fácil. Ainda tentando localizar Nathan e Victor, quando girava sob os calcanhares, tentando ver ao em meio ao caos, Laura estava distraída quando ouviu a voz de Bernard gritar “Laura! Abaixe-se!”, antes de se virar para ver o que era ou mesmo obedecer tal ordem, uma águia pousou sobre si e duas garras enormes se cravam firmemente sobre os ombros da garota, as garras afiadas e longas envolvem os braços dela, machucando-os e impedindo movimentos deles. Luana e Bernard correram para ajudar, mas a enorme águia deu mais um pio, alçando vôo rapidamente. O grito de pânico de Laura subiu acima de todos os sons de batalha.

—NÃÃÃOOO! ISSO JÁ É GOLPE BAIXO!!!- A fobia de Laura era a altura, e aquilo já era demais para si, toda a bravura dela se entalou na garganta quando ela viu o chão ficar cada vez mais e mais distante de seus pés.

 


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Notas finais do capítulo

Até mais... ^^



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