Aprendendo a amar

Cap 2 — Clube

Eu acordei totalmente desanimado, mas quem consegue acordar animado com um sinal de escola como despertador? Arrependo-me de ter reclamado tanto do despertador do meu celular. 

Todos nos levantamos, fizemos a higiene matinal e fomos tomar café. Ainda pensava sobre aquela garota, tão esquisita! Eu a ajudei e ainda tem medo de mim. Qual o sentido disso? Deixa pra lá, eu só concordo com uma coisa que todo mundo deve concordar também: ela é muito estranha.

Olhei ao redor e vi várias mesas ocupadas e cada um com o seu grupo, vejo Hinata sentada sozinha com a aquela tal de Ino, que pelo menos, diferente dela, teve um pouco de educação de ir até lá e me dizer obrigado por uma coisa que nem fiz a ela. Ino parecia fazer palhaçada enquanto Hinata ria de leve, ela parecia ter um olhar vazio como se olhasse para alguma coisa que só ela via. Talvez ela realmente esteja vendo algo, sabe se lá o que se passa na cabeça daquela garota. Pensei no que a Shizune disse ontem, tinha que escolher um clube obrigatoriamente e faria isso hoje logo.

— Algum de vocês poderia me levar até a diretoria. Esse lugar é muito grande e acho que nem esse tempo que vou ficar aqui eu irei conseguir decorar totalmente onde fica cada lugar dessa prisão. 

— Eu te levo — disse o Sasuke.

Não falamos nada, ele simplesmente me levou até a sala da diretora. Bati na porta e eu ouvi ela dizer "entre". Entrei e vi a sala que estava um pouco bagunçada. Tinha alguns papéis espalhados pela sala e algumas pequenas pilhas em sua mesa. Sentei-me na cadeira de couro que tinha ali, eu iria direto ao ponto, não queria demorar muito ali. 

— O que veio fazer aqui, Naruto? — perguntou deixando seus papéis de lado e me dando o total de sua atenção. 

— Bom, a Shizune me disse que eu sou obrigado a entrar em um clube. Pelo visto já não basta eu ser obrigado a ficar nessa prisão — murmurei a última parte. 

— Vou fingir que não ouvi até certo ponto porque eu não quero me estressar logo cedo. E sim, você tem que entrar em um clube mesmo. Tem alguma preferência de início? Aí eu vejo se ele está cheio ou se ainda aceita algum integrante. 

— Eu vi o clube de música, posso entrar nesse clube? 

— Espere um segundo. — Ela começou a mexer em seu computador que estava praticamente escondido atrás de todos aqueles papeis.

Da última vez que me falaram isso, eu esperei trinta minutos. Não se passaram segundos e sim alguns minutos, poucos, mas foram alguns minutos mexendo naquele computador somente tentando descobrir se eu podia entrar no clube. Se a sala dela está nesse estado, imagina o computador. Estou surpreso por ele ainda funcionar.

— Bom, pelo o que eu vejo aqui ainda tem vagas nesse clube.

Eu vou pergunta a professora desse clube, acho que ela tem mais certeza que essa diretora.

—Bom, o horário do clube será às seis.

— Obrigado, diretora — disse um pouco forçado.

Ela não me ajudou em nada além de saber do horário que provavelmente deve ser o mesmo para todos.

Saí da sala e o Sasuke ainda me esperava do lado de fora. 

— Ela não me ajudou em nada. Como essa mulher conseguiu abrir um internato? Acho que eu seria um diretor mais organizado e funcional que ela e olha que eu sou do estilo "delinquente". Pelo menos é assim que a minha mãe me chama a maioria das vezes — disse enquanto eu e o Sasuke andávamos de volta para a sala de jantar.

— Qualquer um daria. Essa diretora até é que boa, mas desorganizada demais. Ainda não sei como nossos pais tem coragem de nos colocar nas mãos de uma pessoa com aquele tipo de sala. As vezes penso que meus pais ficaram cegos quando entraram naquela sala.

Ele parecia irritado, parece que ele também não gosta de ter esse tipo de diretora. 

— Minha mãe só quis me torturar mesmo. Me sinto em uma prisão. Uso roupas ridículas e não posso sair daqui. A única diferença é que podemos sair nos finais de semana. 

— Me sentia assim no início, pelo menos, veio perto de acabar o internato. Não vai ter que aturar isso por muito tempo.

— Pensando por esse lado talvez eu realmente tenha dado sorte. 

Voltamos o resto do caminho em silêncio. Nos sentamos novamente na mesa e eu olhei para a mesa da Hinata. Ali agora só tinha a Ino, não me importei muito com aquilo e voltei a comer. 

O sinal bateu e fomos para a sala de aula, a primeira aula pelo o que o Gaara me disse seria a de matemática. Sentei-me ao lado do Lee e olhei fixamente para à porta. Vários alunos iam chegando e um deles foi a Hinata. Ela andava de cabeça baixa e com um caderno contra o seu peito. Ela acabou tropeçando com os próprios pés e caindo ali no meio da sala, todos começaram a rir e eu achei tão idiota, qual a graça de ver alguém caindo? Nunca achei graça nisso e hoje não foi diferente. O caderno dela parou do meu lado. Eu peguei e ela pareceu assustada por esse meu ato, se levantou e veio para perto de mim. 

— Pega. Não é seu? 

Ela não disse nada somente pegou o caderno e sentou em seu lugar, o professor observava a cena não parecendo nada feliz.

Mais tarde, no momento de ir ao clube, eu fiquei um pouco perdido. Tenho uma ótima memória, mas não boa o suficiente para decorar cada lugar de um internato tão grande. Nem pude pedir ajudar a nenhum dos garotos, eles também tinham algum clube para ir, então tive que me virar sozinho.

Quando eu finalmente achei o clube, rapidamente entrei. Estava feliz por ter achado tão rápido, pensei que iria acabar me perdendo naquele lugar. Assim que entrei, todos que estavam ali olharam para mim. 

— Oi — disse um pouco baixo. 

Eles ficaram quietos. Eu me sentei em uma das cadeiras vagas ali. 

Uma garota de longos cabelos negros estava de costas para mim conversando com uma ruiva que parecia ser a professora. Eu não conseguia ouvir, falavam baixo demais, eu só sei que a ruiva deu um sorriso caloroso para garota, assim que a garota se virou eu a reconheci. 
Era Hinata. Ela, igualmente a mim, pareceu surpresa por estar ali. Ela logo abaixou a cabeça parecendo envergonhada e, diferente dos outros, não se sentou em uma das cadeiras e sim ficou ao lado da professora. 

— Boa tarde, alunos. Acho que temos um novo integrante aqui — olhou fixamente pra mim. — Qual o seu nome?

— Naruto Uzumaki Namikaze.

— Ficamos feliz em recebê-lo. Sou a professora Mei. 

Eu só dei um pequeno sorriso, estava curioso com todos aqueles instrumentos ali naquela sala. Sempre quis aprender a tocar vários instrumentos, mas o único que aprendi foi o violão. 

— Naruto, sabe tocar piano? — perguntou a professora.

— Não, mas tenho vontade. 

— Então ótimo, como todos já sabem, você irá aprender e Hinata pode te ajudar. 

Hinata olhou meio assustada para ela, mas logo se recompôs. 

— Enquanto isso eu irei ensinar os outros a tocar saxofone. Tinha prometido isso na última aula. 

Os alunos foram até onde alguns saxofones estavam. Eu fui para o piano e me sentei ao lado de Hinata que já estava ali. 

— O-o-oi — disse tão baixo que foi quase inaudível.

— Oi.

Olhei pra Hinata, ela parecia tão insegura. Não parecia muito que sabia tocar piano. Então só pra tirar minha dúvida eu resolvi pergunta.

— Você sabe mesmo tocar piano? 

Ela suspirou, colocou alguns papéis que segurava colocando em cima do piano e pareceu pensar. Começou a tocar e eu me surpreendi. Ela estava tocando bem, bem até demais. 

— Essa daqui é uma música de Chopin: Marcha Funebre, uma de minhas favoritas. 

Ela falou aquilo com tanta confiança que eu mal a reconheci. Parecia outra garota, não parecia aquela garota toda envergonhada que demonstrou ser e sim totalmente diferente. Confiante. Dava até um ar de inveja por vê-la tocar tão bem. 

— Agora acredita que eu sei tocar piano ou quer que eu toque outra para finalmente acreditar? — perguntou com um sorriso de lado. 

— Pensei que era tímida. 

— Eu sou, mas é irritante. Todos perguntam se eu sei mesmo tocar piano — bufou —, se a professora mandou eu ensinar é lógico que sei tocar. 

— Tá, desculpa. Não queria te ofender. 

— Tudo bem. — Ela parou de tocar. — Bom, estou aqui para te ensinar e não para me exibir. 

— Tá. 

— Vamos começar então. Primeiramente, há apenas 12 notas básicas. A cada bloco de 12 notas há outro bloco de 12 notas, que diferem somente na altura, ou seja, na oitava mais alta ou mais baixa.Todas as teclas brancas fazem parte da escala de Dó maior. Todas as teclas pretas são chamadas ou de “sustenido” ou de “bemol”.

"Acho que tocar piano é mais difícil do que pensei."

— Será que poderia ir mais devagar e tentar explicar de um modo mais fácil?

— E eu estou, esse é o jeito mais fácil que se tem para explicar. E olha que aqui é somente o início, o básico.

— Acho que eu perdi todo o interesse pelo o piano. 

— Está em uma aula de música para aprender, não precisa ser profissional. Eu só toco bem, pois eu fiz aulas particulares.

— Tudo bem, não irei desistir tão fácil.

— Bom, continuando, olhe novamente para o teclado. Note o padrão, começando no Dó. — Apertou a tecla. — Há uma tecla preta à direita. A próxima nota, Ré. —  Novamente apertou a tecla. — Tem duas teclas pretas de cada lado e a próxima nota Mi. Tem uma tecla preta à esquerda.

Ali a aula continuou por vários minutos que para mim foram complicadíssimos, não entendi quase nada. O sinal tocou no meio de uma explicação da Hinata. 

— Bom alunos, amanhã continuaremos a aprender a tocar o saxofone, foram muito bem hoje. 

Hinata se levantou e foi falar algo com a professora. Eu só me levantei e saí dali indo em direção a sala de jantar como todos os outros. Comi normalmente, tomei banho e depois fui para o quarto pronto para dormir. O dia, mesmo eu não fazendo muita coisa, foi cansativo e não demorei a pegar no sono.