Sangue Maldito escrita por Yue Chan


Capítulo 3
Herança Guerreira


Notas iniciais do capítulo

Preparados para conhecer o melhor caçador de vampiros? rsrs Espero que sim!



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Naruto olhou novamente para a cadeira ao lado.

Vazia.

Seria o segundo dia que o amigo faltava a escola, um comportamento estranho e anormal vindo dele. Em poucos minutos o horário de almoço terminaria. Revirou o obentô a sua frente comendo a contragosto. Sentia-se triste sem Sasuke por perto. Eram amigos desde crianças e a sua presença fazia falta.

E como fazia!

Sasuke podia ser chato, resmungão e prepotente, mas sabia fazê-lo rir das suas resmungações contínuas.

 Revirou a comida sem vontade de empurrar mais um pouco que fosse. A conversa com o pai na tarde anterior tinha minado ainda mais a sua felicidade. Ele sabia suas origens. Reconhecia as suas obrigações, mas tudo parecia muito louco e surreal. Desde pequeno o pai o treinara para um possível embate que, felizmente, por mais de quatro gerações, não precisou sair da promessa.

Era difícil acreditar – e aceitar- que, com tantos candidatos melhores que ele, aquela merda toda começaria a feder agora, justo na sua época, justo com ele!

“Somos caçadores raros. – dizia o pai. - os únicos com conhecimento suficiente para fechar essa tampa de bueiro antes que o esgoto escape.”

O pai ria com a ideia de sair noite afora expurgando aqueles malditos demônios de presas salientes. Animava-se como um garotinho prestes a ganhar um presente de natal. Queria estar na frente, no lugar do filho, mas sabia que aquela não era a sua deixa. O palco era de Naruto. Um palco assustador no qual nunca desejou entrar.

Até porque tudo não passava de sandice aos seus ouvidos.

Afinal quem em sã consciência creria na existência de vampiros? Ele mesmo pensou se tratar de balela até constatar com seus próprios olhos.  

As evidências se espalharam pela cidade, ele mesmo tinha tido contato com os pobres coitados. Vítimas inocentes, mortas, ressequidas de sangue. Somente um tipo de assassino seria capaz de drenar tanto sangue, somente uma espécie teria prazer em caçar se banquetear dessa maneira horrenda.

Vampiros.

Maldito seja o mortal que interrompeu seu sono. Maldito!

Porque agora ele tinha que lidar com a bagunça que o desgraçado havia iniciado ao abrir aquela maldita caixa de Pandora.

O sinal tocou fazendo os alunos guardarem as refeições. Naruto fez o mesmo, acondicionando o pote em um compartimento pequeno da mochila. Ao fazer isso deixou cair um pequeno molho de chaves. Resmungou a pouca sorte.

Ia abaixar para pegar quando o viu ser erguido por outra pessoa, uma garota de olhos castanhos e cabelos negros. Hizame era novata e tinha um sorriso tão encantador que fazia os garotos olharem-na com desejo. Ela segurou as chaves e entregou ao loiro.

Obrigado.— Naruto balbuciou abobado com a beleza dela.

De na-da.— disse cantarolando, sorrindo de um modo sapeca.

O pequeno encontro terminou. Hizame voltou a sua mesa seguida pelo olhar atento de Naruto.

Era bela.

Perigosamente bela.

A porta da sala abriu deixando entrar muitos sons ao mesmo tempo. O segundo sinal e a conversa dos alunos que iam entrando e se acondicionando aos poucos nas carteiras vagas, guardando os potinhos de almoço e trocando as últimas palavras bobas com os amigos antes de sentar. O barulho quebrou a atenção do loiro, que sentia como se estivesse saindo de um transe. Os estudantes continuaram entrando.

Por fim, Sakura entrou. Tinha o olhar baixo e tristonho. O loiro a seguiu com o olhar. Sasuke não vinha e Sakura andava para baixo. Teria acontecido algo entre os dois? Um rompimento talvez? Mas o relacionamento deles parecia estar indo tão bem. De qualquer maneira perguntaria no fim da aula.

O professor chegou dando início às aulas da tarde. Sakura permanecia tristonha, acompanhando a explicação e anotando a matéria com o olhar perdido, e Naruto tentava compreender os rumos que sua vida estava tomando sem perceber que era observado.

Hizame.

Em menos de dez minutos um bilhete chegou à sua mão.

Que tal um encontro? Depois da aula, no gramado da escola, menino das chaves.

Ele olhou para trás e recebeu um lindo sorriso da menina acompanhado por um beijinho jogado ao vento. Sorriu de volta com o olhar bobo. Estava enfeitiçado pela beleza dela. Uma deusa, sem dúvida. Como era sortudo!

Hizame sorriu. Por um milésimo de segundo os olhos faiscaram perigosamente vermelhos. O plano estava dando certo, em breve poria fim a vida daquele moleque idiota. Sugaria até a última gota daquele maldito descendente de Tobia, o mais implacável caçador de vampiros.

 Seu pai, o vampiro sétimo, o mais poderoso de todos, fora bastante claro. Trazer a cabeça dele. Sorriu animada com a própria sorte. Seria uma tarefa simples; ele ainda era jovem e despreocupado. Caçar vampiros requer muita habilidade, ainda mais considerando uma cria dos sete malditos. Ele não teria chance alguma; estava desarmado e era um novato. Mirou o pescoço dele e sentiu a mente ser tomada pelo desejo. A sede não tardaria, mas ela iria saciá-la.

—---

Sasuke acordou. Passou a mão nos olhos tentando afastar o sono. Sentiu uma pontada no peito, uma dor aguda que o fez recurvar. O estômago queimou de fome, mas ele sabia que uma simples refeição não seria suficiente. Mesmo negando, ele sabia que o que sentia era a sede.

Gentil.

 Ele havia lhe dito para não subestimar a sede, aconselhou a se afastar enquanto se recuperava. Havia pintado aquele instinto natural com algo incontrolável e extremamente traiçoeiro e perigoso, entretanto Sasuke não via motivo para tanto, era de fato um evento doloroso, porém perfeitamente controlável.

Passou a mão pelos cabelos arrumando-os e se lembrou da namorada.

 Sakura.

 Queria vê-la, mas tinha medo de acabar machucando-a por causa de sua nova condição, apesar de estar se sentindo seguro quanto ao seu autocontrole.

 Olhou para o relógio no criado mudo constatando que ainda era tarde. Os pais ainda estavam trabalhando, o irmão mais velho, Itachi, só sairia da universidade as quatro. Desceu. Se o que Gentil disse era verdade, e a sede fosse simples como os pequenos incômodos que o estavam perturbando, iria para a escola no dia seguinte. Precisava apenas resistir, só isso. Em poucos dias tudo voltaria ao normal e ele poderia dar rumo a vida.

O que Sasuke não imaginava era que estava subestimando a sede, o instinto vampiro perigosamente mortal.

—---

O sol começava a se pôr no horizonte. Naruto esperava Hizame. O bilhete, o encontro as escondidas, tudo tão repentino, tão surreal. Deu um pequeno pulo de contentamento; ia sair com a menina mais gata da escola, mal podia esperar.

Vinte minutos depois a noite cobria a cidade com seu manto negro. Todos os alunos já tinham ido para casa. A escola estava deserta. Naruto olhou para as luzes ao longe que começavam a se destacar com pontos brilhantes na escuridão.

Onde estaria Hizame? Será que tinha sido uma pegadinha? Se enfureceu com o pensamento. Não se deixaria ser feito de otário por ninguém, nem por uma garota, por mais bela que ela fosse.

Esperou mais alguns minutos com a ideia fervendo na cabeça. Estaria realmente servindo de idiota para os outros rirem as suas costas? Olhou para os lados esperando encontrar algum infeliz filmando o seu ato de solidão, mas não encontrou ninguém. Se aquietou, só podia ser coisa da sua imaginação.

Levantou-se pronto para ir para casa quando sentiu um vento frio e cortante varrer o campo. Aquele, sem dúvida, não era um bom sinal. Paralisou tentando aguçar os sentidos, captar movimentos suspeitos.

Um barulho; farfalhar de folhas.

 Virou-se para o local. O coração batia acelerado, o suor parecia querer denunciar o seu nervosismo. Um vulto surgiu de trás de um arbusto e veio ligeiro em sua direção. Naruto se pôs em posição de alerta, poria todo o seu conhecimento em artes marciais em uso se necessário.

O vulto se aproximou. A cinco metros foi possível visualizar o rosto. O loiro respirou aliviado por um instante. Não era ninguém suspeito, apenas Hizame.

—Desculpe a demora. – ela disse sorrindo daquele jeito encantador.- Tive que despistar a minha mãe. Ela não desgruda de mim.

—Sem problema.— no fundo estava aliviado por não estar sendo feito de trouxa.

—Mesmo? Achei que estaria bravo comigo, Naruto-kun?!—falava dengosa. – Eu queria ter um momento especial com você.

—Especial?!

—Sim. Há um tempão que eu quero sair com você.— Naruto reparou que ela usava luvas e um blazer, mas antes que pudesse perguntar ela se apressou.– Está frio hoje, não acha?!

—Um pouco talvez.

—Que tal irmos para um lugar mais reservado. Só nós dois?

—Mas para onde? -sentia-se cheio de expectativa. Nunca tinha estado em um encontro as escondidas antes.

—Que tal...na parte de trás da quadra aberta?

Hizame não esperou resposta, pegou-o pela mão e arrastou pelo gramado. Tencionava leva-lo para um lugar escuro para enfim eliminar aquele moleque enfadonho. Há séculos aguardava a oportunidade de vingar seu pai, sétimo. As palavras dele continuavam vivas em sua mente. Tinha falhado ao capturar e matar Tobia, mas não falharia com seu descendente. Não quando estava à um passo de rever o mestre, revivê-lo. Precisaria apenas encontrar o maldito inverno e fazê-lo desembuchar a verdade; fazê-lo revelar onde havia escondido o corpo de Sétimo.

Naruto sentia-se nas nuvens com a ideia de se atracar com a garota naquele cantinho escuro. Não parava de pensar em obscenidades, louco para tocar a pele macia e suculenta da jovem. Pararam bruscamente. Um calafrio percorreu a espinha do rapaz, os pelos do braço eriçaram por um instante.

Um alerta? Ignorou; o sangue e desejo juvenis falavam mais alto.

Analisou Hizame. Poderia ser a sua primeira noite em um encontro as escondidas na escola, mas já tinha experiência no trato com mulheres. Fazer o quê? Era um apaixonado. Se alguém devia tomar a culpa dele ser assim, esse alguém se chama Jiraya, afinal, sem as instruções que o avô de consideração lhe passava as escondidas, seria bem capaz de ser como a maioria dos outros garotos de sua idade: um abobado. Naruto tinha experiência e, de acordo com Jiraya, levava jeito para a coisa.

“ A pega.— dissera o avô um dia quando o levara às escondidas para uma casa noturna. – É o elemento mais importante.”

Hizame sorria. Como aquele cara era trouxa. A julgar pela cara de adolescente fissurado por uma transa, sem dúvida ele seria sua presa mais fácil em séculos. Lançou-se em seus braços, pensando se tratar de mais um adolescente virgem que nunca na vida tinha tido a oportunidade de encostar em uma mulher de verdade, mas foi surpreendida por um puxão que fez seu corpo redopiar graciosamente. Os olhos azuis dele brilhavam desejosos, experientes. Os corpos se colaram com ousadia.

Naruto sorriu ao constatar que estava certo. Hizame era o tipo de mulher cheia de si, ciente de sua beleza, na certa gostava de tomar a iniciativa, ter controle total da situação. O tipo de mulher que subjuga, mas não esconde que, o que deseja de verdade, é estar na posição contrária. Com certeza sonha com um homem tão cheio de si, que faça o seu teatro parecer amador; um macho alfa. “Obrigado, ero senin, pelas horas perdidas em cabarés”. Fitou-a nos olhos. Eles possuíam uma coloração tão intensa que, mesmo em meio à escuridão, era possível vê-los brilharem maliciosamente.

Outro calafrio.

Tentou se concentrar. Uniu os lábios em um beijo.

Frio.

Instintivamente, abriu um dos olhos.

Outra pontada.

Aquilo estava estranho demais.

Puxou a luva com a mão livre, sem perder o contato do beijo, deixando a língua trabalhar. Enlaçou os dedos dela, estranhamente frios.

A mente voltou a alertar.

Agora compreendia, era o instinto que pedia cautela, que alertava sobre o inimigo.

Não deixou ela perceber que tinha descoberto, baixou a mão alisando o corpo jovem dela ousadamente. “Que merda! Estava bom demais para ser verdade”.

Soltou uma das mãos dela. O beijo já durava dois minutos ininterruptos.

Hizame estava surpresa e contente com a ação de Naruto. Não podia negar que a ousadia dele a deixava desejosa, chegou até a cogitar a possibilidade de torná-lo um dos seus, mas sabia que não podia. Ele era um caçador, um assassino perigoso.

Descendente do maldito Tobia. Deveria perecer para que ela pudesse viver, do contrário, seria sempre um perigo aos seus.

Com cuidado e descrição lhe afagou os cabelos, enrolando os dedos nos sedosos fios loiros, trazendo-o mais para perto e pressionando os lábios com volúpia.

Não havia como negar que ele era uma delícia, apesar de ser um caçador desgraçado.

Despregou o beijo afoito e desceu com outros mais sensuais envolvendo o pescoço. Pareciam mais dois animais no cio se atracando na escuridão; nem de longe sugeriam adolescentes.

Ele tinha obtido experiência na gandaia, junto a jiraya sem professor e mestre na vida pervertida.

Ela, vivia há séculos atraindo homens com sua beleza eterna, pele viçosa e corpo escultural. Uma perigosa caçadora de sangue humano.

Hizame preparou-se. Por mais gostoso que Naruto houvesse se saído, tinha que perecer.

Passou a língua pela pele clara, sentindo a jugular dele pulsando contra a pele alva e rija do pescoço. O cheiro dele lhe causava desconforto e medo ao mesmo tempo que atiçava seu lado mais lascivo, reacendendo nela o desejo sexual que há anos não provava.

Que filho da mãe perigoso. Era um imã para criaturas como ela. Seu cheiro deveria lhe causar asco ao invés de desejo carnal.

Uma doce e maldita armadilha.

Abraçou-o trazendo o corpo mais para perto. Era o fim. Depois de presas, as vítimas não conseguem escapar; os braços do vampiro tornam-se duros como rocha, uma fortaleza. Um abraço mortal. Os olhos brilharam vermelhos e as presas brotaram perigosas. Era hora do banquete. Ele estava preso, totalmente entregue, acreditando estar recebendo carícias, mas na verdade estava a um passo da morte.

As presas desceram rápidas e cravaram a pele macia fazendo o sangue brotar, maculando a gola da camisa impecavelmente branca do uniforme que ele usava. O contraste das cores era assustador.

Sorveu o primeiro gole.

Ao contrário do que imaginara, o sangue dele tinha um gosto delicioso, nunca tinha provado nada igual.

Tinha gosto de vitória.

 Vitória contra o maldito Tobia que arrancara a vida de muitos de seus companheiros e que os caçava como cães, expurgando vampiros da face da Terra na velocidade que se arranca ervas daninhas do solo.

Há mais de cinco séculos tinha topado com ele. Era um vampira nova, fraca, transformada há poucos dias por Sétimo, não tinha chance alguma, pereceria. Sétimo a salvou a custa da sua captura. O maldito caçador! Por séculos amaldiçoou a existência do infeliz português que parecia não morrer nunca. Nenhum vampiro ousava uma investida contra ele. Até mesmo os sete vampiros mais sanguinários, temiam o seu nome e a sua maldita espada. Tramou, esperou. Tobia espalhou descendentes pelo mundo e a tradição dos descendentes receberem o mesmo nome terminou. Mas o perigo continuava, eles mantinham-se vigilantes, não bobeavam com medo de uma nova era de vampiros. Como tinha esperado esse momento. Tomar o sangue de um descendente, era o mesmo que tomar o de Tobia; sentia-se renovada, feliz.

O primeiro gole fora maravilhoso, chegou até a fechar os olhos de prazer. Queria mais, tomaria até a última gota de sangue. Sentia a boca encher-se com o líquido quando o corpo balançou traspassado por um material. A carne ardia violentamente e ela foi obrigada a solta-lo do abraço.

Naruto havia puxado a pistola que trazia escondido na cintura. Foi difícil alcançá-la com o abraço da maldita, mas, como já esperava o abraço mortal, tinha posto o braço mais para trás, de modo que a arma ficasse ao alcance. Esperou o momento em que ela estaria mais vulnerável para atingi-la e esse momento era o da refeição.

Vampiros são criaturas inteligentes e traiçoeiras, mas pecam pela soberba. Metidos e prepotentes acabam abrindo brechas por confiarem demais em suas habilidades.

Todavia ele era um descendente de Tobia e aquela vaca não iria se banquetear com o sangue dele, não mesmo.

Hizame curvou-se com a mão sob o flanco direito tentando conter o sangue enegrecido que escorreria com mais generosidade se tivesse um coração pulsante que o bombeasse. Não era normal sentir tanta dor por causa de uma bala normal.

Desgraçado!— gritou ensandecida por ter sido alvejada. – Como ousa me atingir?!

—Eu que deveria perguntar como ousa tentar beber o meu sangue.- mirava-a com os olhos semicerrados.

Naruto se aproximou e, nervosamente, fez deslizar uma barra de ferro na parte superior da arma fazendo-a cuspir o projétil vazio e engatar um novo.

—Garoto imbecil, deveria ter te matado quando tive chance. Maldito Tobia.

Opa!— reclamou visivelmente injuriado- Não gosto de ser chamado assim, meu nome é Naruto. Uzumaki Naruto, vampira.

Hizame sentiu a ferida doer menos. Por sorte a bala tinha atravessado seu corpo. Em pouco tempo o poder vampírico regeneraria o machucado e ela estaria pronta para o combate de novo. Precisava apenas de tempo, tinha que enrolá-lo.

—Pouco me importa como gosta de ser chamado. Vocês, Tobia, não passam de assassinos!

Naruto quieto, atarraxou o silenciador no cano da pistola. Silêncio era um amigo fiel nessas horas. Não era inteligente se deixar levar pelas provocações de vampiros. Eles são bons de lábia e sabem persuadir como nenhuma outra criatura. Falava apenas o necessário.

—Dá um tempo, garota.— disse com um pequeno sorriso. - Vocês que são assassinos, matam pessoas inocentes para continuar essa maldita subsistência. São crias do demônio, não devem caminhar na Terra sagrada de Deus. Nós existimos apenas para erradicá-los, nada mais. Somos o oposto da moeda.

— Não pedi para ser assim! Não pode me julgar, seu maldito Tobia! Se caço hoje é porque necessito disso para sobreviver, eu não tive escolha.- mentiu com a voz mais emocionada que pode. Tinha sim entrado nessa vida por desejo de estar ao lado de Sétimo, tanto nos campos como em sua cama. Ele era belo, poderoso e impiedoso e essa personalidade lhe atiçava o desejo.- Não é justo pagar por um crime que não é meu.

— Me poupe de seu discurso inflamado. Eu não caio nessa tão fácil.

Ela ainda persistiu na tentativa de conseguir a empatia do caçador a sua frente através de suas palavras, entretanto ele permaneceu silencioso sem lhe responder, apenas ajeitando a arma que carregava em mãos.  

Julgei-o mal, descendente de Tobia. Imaginei que não tinha descoberto o meu disfarce. Pelo visto me enganei.

—Na verdade, não foi bem assim.—Naruto observou. – Eu realmente quase caí no seu truque, mas depois do primeiro beijo percebi do que se tratava. Retirei sua luva e constatei a triste verdade. Mesmo coberta, a sua mão estava fria. Vampiros não possuem calor humano. Depois foi puro instinto. Eu conheço a sua gente. Há semanas estou mandando-os de volta pro demônio. Não me subestime por eu ser jovem, nós, caçadores, somos treinados desde crianças.

Hizame não sentia mais o ferimento, bastava de conversa.

Ia levantar quando sentiu o corpo ser alvejado novamente, dessa vez na perna direita. Urrou de dor. Ele tinha sido mais rápido, como se pudesse ler seus pensamentos. Aquele armamento era diferente, poderoso. Não podia ser mover. Ouviu a arma cuspir mais dois cartuchos quando foi alvejada mais duas vezes, no peito e ombro.

—Essas balas... mas, que merda é essa?

—Prata, vampira. O único metal que pode parar seus movimentos. A julgar pelo fato de poder andar de dia, posso afirmar que é cria de Sétimo. Estou informado de que ele ainda dorme. Há quantos séculos caminha, vampira?!Dois, três, cinco! É tão velha e não sabe sobre as suas fraquezas? O poder que a prata tem? Ou é apenas idiota mesmo?

Como Hizame podia saber? Era novata na vida vampira quando se viu sozinha. Passou décadas se escondendo sem um único maldito vampiro para lhe orientar. Já tinha sido machucada outras vezes, a dor era insuportável, mas passageira, ficava mais fraca a medida que o corpo se curava até sumir. Com as balas de prata era diferente, elas entravam com violência na carne, queimavam. Era como pegar fogo de dentro para fora.

Naruto apontou a pistola. Dera quatro tiros, ainda restavam onze. Mirou a vampira que, caída no chão, deixou um som ferino e ameaçador sair da boca e acendeu os olhos vermelhos. Ele pouco se incomodou.

—O que vai fazer, descendente de Tobia? Me matar?

—O que acha?

O dedo comprimiu gatilho deixando a munição voar para o alvo. Não mirava nada em especial, sabia que vampiros não morriam com balas de prata ou estacas no peito. Essas coisas só aconteciam em filmes e, na vida real, serviam apenas para limitar seus movimentos por algumas horas. Quando livres da dor, as pragas se tornam borrões de tão velozes. Seria impossível acompanhar com apenas uma arma com quinze balas. Se tornaria uma presa fácil. Por isso não deixou que Hizame se levantasse. Maldita. Tinha a pele bronzeada, escondendo a palidez natural, devido ao seu dom de andar ao sol.

O corpo dela caiu pesado no chão em espasmos. Muita prata os deixa assim, letárgicos e imobilizados como bonecos. De todos os que matara até então, ela quem tinha suportado mais. A julgar pela resistência do corpo que apresentava, devia ter realmente muita idade. Foi até a mochila de onde retirou uma pequena faca prateada com a qual deceparia a cabeça da infeliz. Decapitar e lançar a cabeça em água salgada, a única maneira de se matar realmente um maldito vampiro.


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Notas finais do capítulo

Como acham que Naruto vai agir ao descobrir que Sasuke agora é um vampiro? Huahuahau estou pensando em algo bem malvado!



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