As Crônicas do Mundo Bruxo: Cinzas do Passado escrita por Ícaro L Nunes


Capítulo 1
Prólogo




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O homem de feições sutis estava sentado em uma velha poltrona. Madeixas rubras moldavam-lhe o rosto esguio e simétrico. O terno que trajava se encontrava em um estado impecável de limpeza, aspecto necessário para alguém que ocupava o maior posto de poder do Mundo Mágico. O fogo cintilava fragilmente na lareira, iluminando o recinto. O suor escorria pela a face de Marcellus, o cansaço e a preocupação o atormentavam. Em sua mão direita uma carta jazia, o selo desta era desconhecido, porém lhe oferecia indícios que causavam-lhe calafrios. O tal possuía a forma de uma cobra azulada que estava a morder o próprio rabo.

Sem rodeio e com a mão trêmula o homem quebrou o selamento da carta e a retirou do envelope. Um silvo estridente e inexplicável ressoou pelo o gabinete, uma forte e gélida brisa noturna invadiu o local através da janela entreaberta. A surpresa ficou evidente no semblante do Ministro da Magia, algo estava errado. Uma sensação antiga e horrenda tomou-lhe o ser, sentia o medo consumir-lhe lentamente. Era um individuo imponente e de porte físico invejável, porém naquele momento sentiu-se pequenino como um rato de laboratório. Amedrontado Marcellus fitou os dizeres da carta e tratou de lê-la em voz alta a intensidade de um sussurro.

”O bravo e corajoso leão sucumbirá perante a minha força. A sábia águia será destruída diante a minha presença. O texugo fugirá, mas não irá escapar da minha fúria. A vil e astuciosa cobra tentará me manipular, porém o seu destino a morte será. Não se engane Ministro, eu não sou um simples rebelde em busca de poder. Não sou uma pessoa, sou um Ideal. Um pensamento que inundará o Mundo Mágico com caos e revolução. Eu sou a promessa de uma Nova Era e você é apenas o começo.”

Assim que a voz de Marcellus se extinguiu uma chama azulada rompeu do inexistente e consumiu a carta, queimando-a lentamente. Ele a soltou no chão de madeira e a encarou em silêncio, aterrorizado. A fumaça exalada pelo o papel possuía uma aparência peculiar e deveras estranha, era densa e vibrante. Ostentava a mesma coloração da chama. O Ministro se viu preso em sua poltrona, completamente imóvel. Em sua mente ele clamava por uma reação, um movimento sequer. Porém seu corpo não respondia aos seus comandos.

A fumaça azulada ergueu-se até a altura do rosto de Marcellus e em um movimento súbito ela o invadiu através de sua boca. Tomou-lhe a existência, seus sonhos, desejos e medos. Em um passe de mágica o homem de madeixas rubras foi maculado pelo o Ideal, estava completamente a mercê do remetente daquela carta. Em seus pensamentos o seu propósito tornou-se claro, teria um papel importante a desempenhar no desenrolar da construção da Nova Era. Um sorriso de canto moldou-lhe os lábios e seus olhos esverdeados tornaram-se sombrios.

— O Ideal reinará.... – Marcellus murmurou brevemente e uma gargalhada frenética acompanhou o final de sua fala.


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