Perdido em outro mundo escrita por Lilian T


Capítulo 22
Revelações


Notas iniciais do capítulo

Olá meus jovens!
Gostaria de agradecer a todos que lêem e acompanham esta fanfic. Se apenas uma pessoa ler e gostar, já ficarei muito feliz.
Espero queostem deste capítulo
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/756692/chapter/22

— Por que vocês jamais acreditariam que sou um bruxo.

Houve um silêncio pesado durante um instante.

A maioria dos presentes na sala olhou para Harry com uma expressão de confusa descrença. Era como se tivesse feito uma brincadeira no pior momento possível, quase como que uma piada boba ao final de um velório.

Ronald e Eveline, no entanto, encaravam-no com uma curiosidade apreensiva, pois os dois tinham acompanhado-o até a casa do Prof. Dumberton no dia anterior e ouvido toda a história de Harry sobre magia, Hogwarts e a Pedra Elisiana. Ambos deixaram a casa do físico chateados com o garoto, acreditando que o rapaz mentira, enganando o professor e tentando fazer o mesmo com eles.

Contudo, Ronald parecia ter repensado sua opinião sobre o caráter de Harry depois que ele se arriscara para salvar sua irmã durante o bombardeio noturno. Eveline, por sua vez, demonstrava ter o mesmo raciocínio intuitivo de Hermione. A prisão de Harry e a insistência do Primeiro-Ministro deviam soar muito suspeita depois de tudo.

Harry nunca deixaria de se surpreender com a perspicácia da garota, fosse em que universo fosse.

— Mas ora essa!

Foi Marta Winston quem quebrou o silêncio. Ela colocou a mão na cintura com autoridade e mirou o rapaz com um misto de condescendência e reprimenda:

— Não é hora para tolices, jovenzinho!

— Desculpe, Sra. Winston, mas não disse nenhuma tolice. Eu sou um bruxo.

— Por favor, Harry, não insista nesta bobagem agora! — exclamou ela, num tom mais alterado — Estamos com um grande problema aqui.

— A senhora não faz nem ideia do tamanho.

— A sim, eu faço — rebateu a Sra. Winston. — Já passei por isso, rapazinho! Meu irmãos, Fabrício e Gastão, também foram levados há anos atrás e nunca mais os vi. E agora aconteceu a mesma coisa com o pobre Tiago. Nós conseguimos resgatá-lo, mas se não fizermos alguma coisa rápido, Tiago não terá a mesma sorte...

— E se não fizermos alguma coisa rápido, esta guerra nunca vai acabar, isso sim...

Lílian Parker, que estava parada ao seu lado, olhou-o muito surpresa.

— O que quer dizer com isso? — indagou ela, atraindo o olhar de Harry.

— Quero dizer que o Primeiro-Ministro não tem intenção de acabar com a guerra, muito pelo contrário. Ele deseja meios para continuar o conflito por anos.

— Isso não é verdade — exclamou Ronald, chocado e ofendido. — Thomas Ryder é um herói. Ele quer vencer a guerra para acabar com o conflito!

— Está enganado, Ronald — retorquiu Harry para o ruivo, com convicção. — Isso é tudo o que ele não quer.

— O que está dizendo não faz sentido!

— Ah, faz sim! — afirmou uma voz rouca.

Todos os olhares caíram sobre Sirius Grey, que estava parado de pé ao lado de Artur Winston. Ele descruzou os braços e deu um passo à frente, em direção ao meio do cômodo.

 — Há quantos anos estamos lutando? Não nesta guerra, mas em todas as outras... Esses conflitos veem e vão desde o início do século com algumas pequenas pausas entre uma e outra guerra. Mas no final é sempre a mesma, todos sabemos disso. Ela nunca termina e ninguém nunca vence.

— Por que o Primeiro-Ministro iria querer que a guerra continuasse? — falou Gina Winston, aterrada.

— Porque a guerra garante que as mesmas pessoas sempre permaneçam no poder — disse Hermione antes que Harry pudesse responder — incluindo o próprio Primeiro-Ministro.

— É tão óbvio! — exclamou Sirius. — Sabe quanto dinheiro a industria bélica movimenta? E todos os donos de empresas fazem parte do partido interno!

— Mas a guerra está destruindo o país — insistiu Gina. — Milhares de pessoas já morreram...

— Ele não liga, Gina — falou Harry. — Ryder não dá a mínima. Ele mesmo me contou. Disse que é mais fácil lidar com uma guerra organizada do que uma revolução interna descontrolada. Disse que se o conflito terminar o povo perceberá que não a educação, nem saúde e nem comida por que o governo não quer dar. Falou isso na minha cara.

— Não, não pode ser — murmurou Ronald.

— Mas é a verdade — disse Sirius, que já devia desconfiar daquilo há muito tempo. — Ryder é um corrupto, como todos os outros. Essa história de herói de guerra é só mais uma fachada.

— Então... — começou Lílian, como se estivesse falando mais para si mesma do que para qualquer outro na sala. — Então quer dizer que estes bombardeios são aprovados pelo governo? Eles permitem que bombas caiam nas nossas casas para parecer que estamos mesmo em guerra?

Houve mais um silêncio, desta vez mais pesado.

Todos haviam entendido ao que ela estava se referindo: seu filho morrera em um bombardeio, mais uma vítima da guerra detalhadamente planejada pelo próprio governo. Ao mesmo tempo, os Winston tiveram a casa interditada e Gina poderia ter tido o mesmo destino de Henry Parker.

— E por que Ryder contou tudo isso à você, Harry? — perguntou o Sr. Winston, pálido.

— Por que ele descobriu quem sou e de onde vim. Ele sabe que sou um bruxo.

— E o que ele poderia querer com um bruxo? — continuou o Sr. Winston, ignorando os muxoxos de impaciência da esposa.

— Ele queria minha ajuda.

— Ajuda? — repetiu Sirius e o garoto confirmou. — Com o quê?

— Essa é uma história muito estranha — ponderou Harry — e difícil de acreditar.

— Mas difícil de acreditar do que você dizendo que é bruxo?

— Ah, sim. Muito, muito mais difícil.

— Bom, parece meu tipo de história — comentou Sirius. — Acho melhor você contá-la do início.

Harry suspirou. Aquilo seria mais complicado do que fora com o Prof. Dumberton, pois de alguma forma, ele sabia que o físico não riria dele ou diria que era louco, ou mesmo o expulsaria de casa. Harry sabia que o professor acreditaria em suas palavras, o que era muito diferente do que estava sentindo ali.

Os Winston ainda olhavam-no com alguma desconfiança, e mesmo Ronald, que até então parecia mais favorável à Harry, tinha uma expressão estarrecida depois de ouvir aquelas verdades sobre seu grande ídolo, Thomas Ryder . Eveline exibia um ar um tanto quanto mais satisfeito, pois sempre suspeitara dos objetivos obscuros da guerra, a qual desaprovara há tanto tempo.

Lílian adquirira um ar um tanto confuso e desolado enquanto Sirius aparentava ser mais aberto a ouvir o que Harry tinha a revelar.

O garoto passeou os olhos por todos os rostos que o fitavam até que seu olhar parou em Sirius, que se sentara diante dele, em uma cadeira ao lado da mesa.

Harry o mirou bem nos olhos, tomou fôlego e começou:

— A Sra. Parker falou a verdade quando disse que me encontraram à noite em uma floresta ao norte. Fazia um tempo que estava andando por ali e o sol se pôs antes que eu conseguisse encontrar a estrada. Estava escuro quando finalmente a achei. Foi neste momento que a caminhonete do Sr. e da Sra. Parker passou. Eles me viram e me acolheram; e mais tarde me ajudaram com os documentos.

"Quando a Sra. Parker perguntou como eu tinha ido parar naquele lugar, menti dizendo que não me lembrava. Era uma história muito absurda, entende? — Harry olhou para a Lílian, pedindo desculpas. — Fiquei com medo que pensassem que eu era um doido. Quem acreditaria se eu dissesse que era um bruxo?"

— Eu não — cochichou audivelmente a Sra. Winston, que se juntara ao marido próximo à porta.

Harry contraiu os lábios, em conformidade, e continuou:

— Mas o fato é que sou realmente um bruxo. Eu estava em na minha escola antes de chegar aqui.

— Em Ogwats? — perguntou Lílian.

— Hum... é Hogwarts — corrigiu Harry, com delicadeza.

— Exato! Você já me falou dela. Comentou que era um colégio interno — falou Lílian depressa. — Quando ainda estávamos em Windshill, procurei saber se havia um escola com este nome no país, mas não encontrei nada sobre ela.

— É por que ela devia estar localizada do outro lado daquela floresta, mas ela não está. Hogwarts não existe neste mundo.

— Não existe neste mundo? — repetiu Sirius franzindo o cenho. — Como assim não existe.

Haviam chegado a parte que Harry mais temia explicar, pois ele mesmo não entendia muito bem.

Dizer que era um bruxo, tudo bem, mas falar que havia vindo de um universo paralelo devido à um artefato mágico era demais para qualquer um digerir. Ainda assim, ele se armou de coragem e prosseguiu:

— O que quero dizer é que a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts só existe em outro mundo. O mesmo mundo de onde eu vim.

Ronald e Eveline se remexeram em seu canto, constrangidos. Sabiam ao que ele se referia e o assunto os deixava desconfortáveis por ser quase uma conversa de um lunático. Entretanto, permaneceram em silêncio e atentos, mesmo que a Sra. Winston desse um muxoxo incomodado próximo à eles.

 — Está dizendo que você veio de outro mundo? — perguntou o Sr. Winston, pausadamente, em tom de educado, mas descrente.

— Sim senhor.

Artur Winston olhou para a esposa e ambos fizeram uma pequena careta, como quem diz "Não acredito que estou aqui ouvindo estas bobagens".

— E como você supostamente chegou aqui?

— Eu tinha comigo um artefato... Uma esfera de cristal deste tamanho — disse Harry usando as mãos para mostrar o tamanho do orbe de cristal. — A Pedra Elisiana.

— A... o quê? — Indagou o Sr. Winston.

— A Pedra Elisiana — explicou Eveline Graham. — O Prof. Dumberton, que acredita que este cristal tem propriedades mágicas capazes de transportar uma pessoas por uma infinidade de universos possíveis. Sei por que estava lá quando eles conversaram. O professor acredita sinceramente que Harry veio de um universo paralelo e que ele é mesmo um bruxo. Na verdade, Harry disse que foi procurá-lo por que ele era idêntico ao diretor da tal escola de magia, não é?

Eveline olhou para Harry, que confirmou com um aceno de cabeça. Ele logo se arrependeu, pois seu ferimento latejou dolorosamente com o gesto.

— E também disse que conheceu pessoas idênticas à Ronald e a mim — continuou ela. — E disse que os pais dele eram idênticos ao Sr. e a Sra. Parker.

— Ele também me disse que tinha um padrinho — anunciou Sirius — chamado Sirius Black.

Lílian piscou.

— Então você conhece versões de todas as pessoas nesta sala, Harry?

O garoto fez que sim.

— Conheço. No meu mundo há uma versão para cada um de vocês — ele apontou para a Marta Winston. — No meu mundo a senhora se chama Molly Weasley e também é casada com Artur Weasley, com quem tem sete filhos. Gui, Carlinhos, Percy, os gêmeos Fred e Jorge, Rony e Gina. Minha melhor amiga é uma garota igual a Eveline, chamada Hermione Granger.

Harry olhou para a senhora Parker.

— Meus pais se chamam Lílian e Tiago Potter. Eu contei a verdade quando disse que ele morreram quando eu tinha um ano de idade. Eu fui morar com meus tios e meu primo em Surrey depois disso. Minha tia Petúnia era irmã da minha mãe. ela casou com meu tio, Válter Dursley. Ele é um cara grande e forte, com bigode preto e farto. Meu primo Duda é loiro e gordo, tão largo como uma bola de praia.

Gina, Ronald e Eveline riram da descrição. A Sra. Parker, entretanto, ergueu as sobrancelhas admirada e Harry percebeu que acabara de dar a mesma descrição de sua irmã, sobrinho e cunhado.

— Coisas estranhas sempre aconteciam quando estava morando com eles, mas só quando completei onze anos, descobri que era um bruxo e que tinha uma vaga em Hogwarts. Desde então vivo na escola, e só volto para a casa deles no verão. Foi lá que encontrei a Pedra Elisiana e decidi levá-la para o escritório do diretor Dumbledore. Ele me mostrou um livro igual a este.

Harry apanhou o pesado livro de capa dura e sem título que deixara no chão ao seu lado e depositou-o sobre a mesa com um pequeno baque. Ele o abriu e folheou-o até encontrar as páginas onde havia a ilustração da Pedra Elisiana.

— Aqui está ela — disse, apontando para o desenho. — Ela também estava sendo transportada no camburão com os oficiais do Ministérios e tentei pegá-la na cabine quando o carro tombou, mas a polícia chegou e só pude apanhar o livro.

— E o que fará com o livro? — perguntou Lílian.

— O Prof. Dumberton me deu para levar até Eugênio Spriggs, para que ele possa traduzir as runas e descobrir como usar a Pedra Elisiana para voltar para casa.

— Então por isso queria ver o Prof. Spriggs?

— Sim. Só ele pode me ajudar agora — falou Harry. — Duvido que haja outra pessoa que não pertença ao Ministério capaz de traduzi-las.

— Mas você não consegue — perguntou Sirius. — Pensei que tinha dito que era um bruxo?

— E sou. O que não quer dizer que sei traduzir runas antigas.

— Que conveniente! — exclamou a Sra. Winston.

— Quase tanto como não poder fazer magia neste mundo? — acrescentou Ronald, atraindo os olhares de todos. — É verdade. Ele disse que não pode fazer magia, pois... como é esmo que Dumberton disse?... A física do nosso universo é diferente da dele e magia não funciona aqui...

— Ué? Então para que tudo isso afinal de contas? — exclamou Artur Winston, confuso.

— O Prof. Dumberton disse que se Harry for realmente um bruxo e ser capaz de fazer magia em seu mundo — falou Eveline —, o livro pode ajudá-lo a realizar um feite iço que fará a Pedra Elisiana mandá-lo de volta para sua realidade. O Prof. Dumberton acredita que fato dele ser bruxo é fundamental para o sucesso do feitiço!

— Se isso tudo for real, então o Primeiro-Ministro também acredita nisso! — exclamou Sirius.

— Como assim? — inquiriu Marta Winston.

— Pense bem. Por que o Primeiro-Ministro levaria um menino de 16 anos até seu gabinete particular? Todos concordamos que não pode ter sido por alguns documentos falsos. Não, tem outra coisa por trás disso. Se admitirmos que o Primeiro-Ministro está atrás de meios para continuar a guerra e considerarmos que Harry tinha em sua posse estes dois objetos, o livro de magia e uma esfera que se acredita ser mágica, como não crer que eles acreditam que Harry seja mesmo um bruxo?

— Você está vendo uma teoria conspiratória nisto tudo, Sirius!

— Será mesmo, Marta? Pois para mim isto está soando bastante plausível! — retrucou Sirius. — Como podemos explicar esta semelhança absurda entre Harry e Henry? Clonagem? Atividade alienígena? Mera coincidência, não é! Qualquer explicação que demos será absurda de uma forma ou outra! Então por que não está, já que o Ministério parece levá-la em consideração?

— Porque é loucura!

— Estamos numa guerra de quase um século. Vivemos bombardeados e com medo do nosso próprio governo dia e noite. Um garoto idêntico à outro que morreu há anos apareceu numa floresta no meio do nada e parece conhecer todos nós. O Ministério está interrogando crianças e lidando com ocultismo. Nós trocamos tiros com a polícia no meio das ruas de Londres e ainda estamos todos aqui. O que nisso tudo não é loucura?

Marta abriu a boca, mas não emitiu nenhum som. Artur abraçou-a pelos ombros, confortando-a após aquela batalha perdida. Sirius se virou para Harry.

— Por mais estranho que isso pareça, eu acredito em você, Harry Potter.

Harry deu um meio sorriso de alívio para Sirius. E mesmo que mais ninguém tivesse dito ou concordado com ele verbalmente, sua declaração parecia ter sido aprovada como a verdade que todos iriam seguir a partir dali, por mais estranha e sem lógica que fosse.

Harry olhou para Lílian. Ela se mantinha em um silêncio pesado e preocupado. Ele pensou em dizer algo para confortá-la, mas nada de tranquilizador veio-lhe à mente. E antes que ele pudesse imaginar qualquer coisa, Sirius falou novamente:

— Agora, temos de ver uma questão séria: como resgatar Tiago?

Houve um silêncio pesado de preocupação no cômodo, seguido àquela pergunta. Todos sabiam que aquilo era quase impossível, uma vez que nenhum deles jamais ouvira falar que um preso político já tivesse sido resgatado depois de capturado. Se algum houvesse fugido por conta própria, o fato nunca fora mencionado por ninguém.

— Você já tem algum plano, Sirius? — perguntou o Sr. Winston aproximando-se do homem perto da mesa.

— Ainda não — ele respondeu. — Tenho um contato no Ministério. Foi ele quem informou que Harry fora levado para o Departamento de Inquéritos.

— Departamento de Inquéritos? — repetiu o garoto.

— É um prédio usado para manter presos políticos enquanto são investigados pelos Inquisidores — explicou Lílian. — Como há muitos presos e os processos demoram dias ou semanas, eles ficam todos alojados neste prédio.

— Eu vi apenas uma garagem.

— É que a entrada para presos é subterrânea — explicou Sirius. — E só os Inquisidores e oficiais do Ministério podem entrar pela porta da frente. Ele é fechado para o resto da população.

— Não existem presídios para que as pessoas aguardem?

— Elas desapareceram há muito tempo — explicou Lílian. — Se alguém é condenado, é mandado para um campo de trabalho.

— Ou é morto — completou Sirius. — O governo nunca admite que matou alguém. A pessoa simplesmente some. Se você perguntar à qualquer um vão lhe informar que o preso foi levado para um campo de trabalho e que a localização não pode ser revelada. Mas é mentira. Eles desaparecem com os corpos e ninguém nunca mais ouve falar neles.

— Sirius! — exclamou a Sra. Winston, perturbada.

— Desculpe, Marta.

— Quando entrei — disse Harry — só vi um monte de corredores, portas e policiais. Não vi nenhum preso.

— Você não veria mesmo — Sirius falou. — O isolamento faz parte da tortura.

— Então, seu informante é da polícia?

— Mais ou menos — respondeu ele, coçando o queixo distraidamente. — Obviamente, não posso revelar quem é, nem a vocês. É necessário muito sigilo. Mas sim, ele trabalha para no Ministério da Justiça. Ele disse que você tinha sido levado para interrogatório e eu logo entrei em contato com Morgan e Brooks, e os Winston aqui ajudaram, é claro.

"Nós estávamos analisando o prédio e pensando em como resgatá-lo quando recebi a mensagem que você tinha sido transferido para o gabinete do Primeiro-Ministro. Então, armamos um plano às pressas e torcemos para dar certo. O resto você já sabe."

— Então, ainda não sabemos como tirar Tiago Parker do prédio?

— Infelizmente, não. Ele é muito bem guardado. Mas pensaremos em alguma coisa.

Sirius se voltou para os Winston e Eveline que estavam ouvindo tudo atentamente.

— Podemos contar com a ajuda de vocês se for necessário?

O Sr. e a Sra. Winston trocaram um olhar de apreensão por um instante, antes de se voltar para o homem sentado ao lado da mesa.

— Tiago é um bom amigo — disse o Artur. — Sei que se os papeis fossem invertidos e eu estivesse preso, ele tentaria me ajudar. Podem contar conosco!

A Sra. Winston ficou parada, mirando para o chão, um pouco aflita. Contudo, quando ergueu a cabeça, não havia dúvidas em seus olhos.

— Eu era jovem quando levaram meus irmãos e não tive a chance de ajudá-los — comentou ela. — Mas se aquilo tivesse acontecido hoje, eu sei que teria agido diferente. Podemos agir diferente com Tiago e vamos agir!

— É assim que se fala, Marta! — bradou Sirius.

— Mas não quero meus filhos envolvidos nisso — ela contrapôs quase que imediatamente. — Não suportaria que fossem levados.

— Mas é claro que não!

— Espere aí!

Os olhares da sala voltaram-se para Gina Winston, que estava parada de pé à um canto, ao lado do irmão.

— Eu também quero ajudar! — exclamou a garota. — Não vou ficar parada enquanto vocês se arriscam contra a polícia!

A Sra. Winston inflamou-se na mesma hora.

— Ah, mas vai sim, mocinha! — bradou ela. — O que acha que isso? Uma festa? Vai ficar onde em segurança onde seu pai e eu mandarmos que fique!

— Isso não é justo! — falou Ronald, entrando na conversa. — Vocês precisam de ajuda e podemos ajudar!

— Não precisamos da ajuda de crianças!

— Não sou nenhuma criança, mamãe!

— Mas é jovem demais para se expor à esse tipo de perigo — rebateu o Sr. Winston. — Ainda não sabe onde está se metendo.

— Eu já tenho 16 anos, papai. Sou velho o suficiente para saber o que estou fazendo!

— Obedeça seus pais, rapaz — aconselhou Sirius. — Sei que quer ajudar, mas só vai atrapalhar se tivermos de ficar preocupados com você. Os agentes do Ministério não tem piedade de garotos como você.

— E o que eles podem fazer, hã? — retrucou Ronald, estufando o peito em tom de desafio.

— Podem começar arrancando suas unhas — Harry falou antes que Sirius pudesse responder.

O garoto ergueu a mão esquerda diante do rosto e agitou os dedos enfaixados. Ronald arregalou os olhos enquanto Eveline e Gina faziam uma careta de dor ao verem a marquinha de sangue nas pontas das faixas brancas.

Lílian avaliou os curativos quase chocada.

— Mas quem fez isso?

— Nosso amigo Statham, durante uma "agradável" conversa que tivemos. Ele não foi tão receptivo com a minha história quanto vocês. Achou que estava mentindo e tirou um alicate do bolso.

Ele fez isso?! — exclamou Lílian, e havia uma raiva mal contida em sua voz.

— Aquele desgraçado! Vou acabar com ele! — Sirius rosnou, com seu timbre rouco.

— Quem carrega alicates no bolso? — estranhou Gina, franzindo o cenho. — Que maluco!

— As coisas teriam ficado bem piores se Ryder não tivesse pedido para me ver — continuou Harry, sem entrar em mais detalhes, mas ainda acrescentou: — Eles tem uma recepção bem calorosa. Estou todo dolorido com a surra que levei.

— Bateram em você, querido? — perguntou a Sra. Winston, alarmada.

— Sim, senhora. Assim que cheguei na cela — contou Harry, e depois virou-se para Ronald e Gina: — Acho que vocês deviam escutar os seus pais.

Se fosse Rony e Hermione ali, Harry teria batido o pé e apoiado a iniciativa deles em querer ajudar na operação de resgate. Entretanto, aqueles eram Ronald e Gina Winston, e não os seus melhores amigos que já haviam enfrentado muitos riscos à seu lado.

Aquelas adolescentes eram trouxas, e mesmo vivendo em um mundo tomado pela guerra, nunca haviam feito algo ilegal ou realmente perigoso. Agora estavam ali falando em invadir um prédio do governo e enfrentar a polícia se necessário.

Não parecia certo envolvê-los. Além do mais, Harry se lembrou o quanto lamentara não ter escutado os Parker enquanto estava jogado no chão de sua cela, logo após levar um surra de um cara com um bastão. Era uma experiência que não queria que acontecesse com Ronald e as meninas.

— Mas você disse que iria participar! — ponderou Gina.

Harry iria responder quando Lílian o interrompeu:

— Ele não vai!

— Mas eu preciso — contrapôs o garoto — O Sr. Parker está preso por minha culpa.

— Não foi sua culpa, Harry.

— Foi sim. Tiago Parker comprou papéis forjados para mim. Ele mentiu para o Ministério por mim e foi preso enquanto tentava impedi-los de me levar. Isto tudo é minha culpa e preciso ajudar.

Aquilo era um fato. Era sua responsabilidade o que tinha ocorrido aos Parker e agora tinha de ajudá-los a qualquer custo, mesmo que a pouco tivesse vindo-lhe a mente como fora tolo por não obedecer os conselhos deles antes.

— Você não vai, Harry — insistiu Lílian, com convicção.

— Por favor, não pode me deixar de fora disso. Tenho de fazer alguma coisa também.

— E você vai fazer. Vai levar o livro que Dumberton lhe entregou até o Prof. Spriggs. Vou acompanhá-lo à casa dele.

A declaração pegou todos de surpresa.

— O que está dizendo, Lílian? — exclamou Sirius. — E quanto à Tiago?

— Não jamais abandonaria o Tiago, Sirius — ela explicou. — Mas precisaremos de tempo para planejar como entrar no prédio e como tirá-lo de lá. E pelo que ouvimos, Harry precisa ver Eugênio. Vou levá-lo para que possa traduzir o livro e depois voltaremos. Será tempo suficiente para que tudo esteja arranjado.

— Terei de fazer isso sozinho, então?

Havia um tom acusatório na voz de Grey, mesmo que ele se esforçasse para não demonstrar em gestos.

— Não estará sozinho, Sirius — retrucou Lílian. — Morgan chegará aqui em breve e ele sabe melhor que eu como organizar uma fuga. Brooks também virá e os Winston concordaram em ajudar. Levarei Harry até Eugênio e voltarei para resgatar Tiago.

Sirius fitou-a nos olhos. Em seguida, mirou Harry com um olhar quase triste.

— Está bem, Lílian, faça isso — disse ele, com um suspiro. — Vou esperar você voltar para agirmos. Tenho mesmo que entrar em contato com meu informante e localizar Tiago dentro do prédio. Será mesmo melhor assim.

Ao ouvir a última frase, Harry soube qual era a real intenção deles. Deixá-lo com Spriggs e sua tradução enquanto eles se executavam um plano para tirar Tiago da prisão. Em Sheffield, Harry estaria longe demais para interferir.

Aquela atitude deixou-o ao mesmo tempo irritado pela falta de confiança nele e agradecido pela consideração que tinham em mantê-lo seguro.

O que mais poderiam fazer? Não o conheciam. Não sabiam de tudo o que Harry já enfrentara, de todas as ocasiões em que escapara da morte eminente. Ele enfrentara o maior bruxo das trevas do mundo e ainda assim estava ali de pé diante deles.

E de que adiantaria dizer-lhes isso tudo? Mal acreditavam na história que acabara de contar e, ainda que acreditassem, ele estava sem varinha e não podia fazer magia. Era só mais um adolescente como Ronald e Eveline.

Sua varinha.

O oficial Adriel Campbell a guardara consigo quando o revistara no camburão. Harry sentia um vazio quando pensava nisso.

Gostava muito da varinha de azevinho, que continha uma pena da cauda de Fawkes, a fênix de Dumbledore. Seu núcleo não apenas o ligava ao diretor de Hogwarts, sua casa, como também a tornava capaz de subjulgar o núcleo da varinha de Lord Voldemort, o qual era gêmeo. Agora, parecia que tinha perdido-a para sempre, deixando quase uma sensação de que haviam cortado uma parte do corpo.

Ele deixou escapar um suspiro desanimado.

— Deve estar cansado — observou a Sra. Parker. — Porque não se deita um pouco?

— Estou ótimo!

No entanto, ao afirmar aquilo, Harry sentiu um cansaço súbito e irresistível e descobriu que estava exausto. Seus braços pesaram, suas pernas tremeram e sua vista ficou turva mais de uma vez. Ele tentou permanecer firme, mas Lílian notou que ele estava quase no limite.

— Venha — disse ela, fazendo-o se levantar e conduzindo-o para fora da sala — Há um quarto aqui.

— Tchau, Harry — disse Gina.

Olhou para trás e viu que a menina olhava-o preocupada. Ronald e Eveline acenara-lhe e ele tentou retribuir-lhes, mas descobriu que suas mãos não queriam obedecê-lo. Deu-lhes um meio sorriso e tentou dizer "Até mais", só que sua voz soou baixa e apenas o "Até"pode ser ouvido como um murmúrio.

Lílian o guiou até uma porta, que dava para um quarto pequeno com beliches.

Harry deitou-se no primeiro que viu e antes que Lílian pudesse acabar de cobri-lo, ele já tinha adormecido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então... Não sei se acharam estranho o comportamento da Sra. Winston. De fato, eu precisava de uma pessoa com os pés no chão para questionar Harry e a Sra. Weasley sempre me pareceu bastante centrada, muito mais que seu marido com estranhos costumes de colecionar objetos trouxas kkk
Eveline tem a lógica da Hermione, todavia, ela já tinha ouvido a história de Harry e conversado com Dumberton. O fato do Ministério ter levado-o atiçou suas suspeitas sobre o que era real ou não naquela história. E ela é realmente intuitiva sobre a verdade.
Sirius e Lílian tinham motivos para serem mais crentes, por conviverem com Henry e depois Harry. Ronald e Gina permaneceram mais descrentes e, mesmo assim, não são tão apegados a lógica quanto a mãe.
E você? Acreditaria na história de Harry sobre bruxaria e universos paralelos se estivesse diante dele naquele situação? Deixa aí nos comentários sua opinião!
Tchau!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Perdido em outro mundo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.