Curse of the Flower escrita por Killer Queen


Capítulo 3
Capitulo 2




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O resto do dia seguiu de uma forma um tanto quanto monótona, Harriette passou à tarde em seu quarto descansando de sua viagem, enquanto sua irmã mais jovem aproveitou aqueles poucos momentos sozinha no jardim, simplesmente aproveitando aquele dia frívolo.

As três da tarde, Harriette deixara seu quarto e foi se encontrar com a família na sala de jantar. O cômodo era enorme e todas as janelas estavam com suas cortinas abertas, o que permitia que o sol brilhasse e criasse uma iluminação natural. Como de costume, Joseph estava sentando em sua cadeira a cabeceira da mesa e Kathryn ao seu lado comendo algum tipo de doce. Harriette fez questão de sentasse no seu antigo lugar, assim ficando de frente para irmã.

Joseph estava tão focado em seu jornal que acabou por não interagir com sua filha mais velha. O homem estava com um semblante tão serio que chegara a deixar suas filhas preocupadas, era raro o homem ficar tão focado no jornal, já que a maior parte do tempo pulava todas as noticias se importando apenas com a parte da economia. Pelo pouco que Harriette entendia do mercado sabia muito bem que todos estavam vivendo um momento bom, então não havia motivos. Harriette respirou fundo antes de se por a falar :

—Pai, está tudo bem com o senhor? –perguntava a mesma com um sorriso amigável nos lábios. –Parece preocupado com alguma coisa. Podemos ajudar?

Joseph foi retirado de seu transe a assim abaixou o jornal um tanto quanto confuso, balançou a cabeça e viu que suas filhas o olhavam com expressões preocupadas, de fato a noticia que havia acabado de ler era um tanto quanto impactante, mas ambas descobririam mais cedo ou mais tarde.

—Sinto muito por isso. –dizia o homem que dobrava seu jornal e deixava um longo suspiro deixar seus lábios. Ele olhou na direção das filhas e antes de começar a falar puxou sua xicara e tomou um gole de seu chá. –Meninas, a noticia que tenho não é de modo nenhum agradável.

As garotas se entreolharam confusas, mas suas expressões já tinham um semblante de preocupação. Harriette levou sua mão até a do pai e assim o mostrou o seu sorriso mais gentil.

Joseph viu a mão da filha sobre a sua e assim respirou fundo antes de dar a trágica noticia:

—Meninas, todos os operários de Anna Wilburn foram encontrados mortos essa manhã. –dizia o homem em um tom calmo.

—O que? –os olhos de Kathryn se arregalaram ao escutar tal noticia. –O tio Wilburn está bem?

Anna Wilburn não era de fato parente de sangue da família Halpine, mas ele passara tanto tempo com as meninas quando mais nova, que acabou adquirindo o titulo de tio, uma forma carinhosa de chama-lo.

—Sim, o jornal não deixou claro o estado que ele se encontra, mas informaram que todos foram atacados por algum animal. –continuava o homem que tomava mais um gole de seu chá e assim se colocava de pé. –Irei vê-lo em casa.

—Vamos com você. –disse Kathryn que também se colocou de pé.

—Não. Você e sua irmã vão continuar com a programação que tinham. Voltarei ao anoitecer com novas noticias do estado de Wilburn.

—Não! –exclamou a jovem que se aproximava mais do pai. –Eu irei com você, ele é tão importante para mim quanto para você, pai. Não ligo para um vestido idiota, irei vê...-antes que a jovem tivesse a chance de terminar sua frase Joseph virou-se para filha com uma expressão mais seria.

—Já disse que não! Kathryn uma dama deve saber quando se retirar e esse é o seu momento! Vá para cidade com sua irmã e aceitara o vestido que ela escolher! Diferente de você ela conhece seu lugar!

Ao escutar tais palavras a jovem deu um passo para trás, sentido seus olhos se umedecerem, sua respiração ficou mais pesada, além de estar completamente sem palavras, era a primeira vez que seu pai a tratava de uma forma um tanto quanto hostil. Harriette por sua vez simplesmente abaixou sua cabeça enquanto escutava tudo aquilo, no fundo ela queria defender sua irmã, mas sabia que a errada ali era Kathryn por tentar se colocar no lugar de um homem.

—Se me dão licença. –disse Joseph pondo um fim aquele clima pesado, em passos calmos foi se dirigindo até o cômodo ao lado.

—Kathryn... –chamou Harriette, ela esperou seu pai sair da sala para se colocar de pé. Foi em direção de sua irmã e ficou afagando sua face lentamente. –Você tem que aprender que mulheres não devem insistir.

Claro que a primeira reação da jovem foi sacudir sua cabeça, no intuito de afastar a mais velha. Ainda estava em choque com tudo que acontecera naquele curto período de tempo. No fundo ela sabia que o comportamento do pai se devia a preocupação, mas ainda não era um motivo aceitável para agir de tal forma.

—Me deixe em paz, Harriette. –ordenou a menor que dava passos em direção à janela.

—Minha irmã, terá de aprender seu lugar mais cedo ou mais tarde. Acredite em mim, tudo ficará melhor quando estiver casada. –aquelas palavras que saiam da boca da irmã eram tão desconfortáveis para se ouvir. Se casar não era algo que estava nos planos de Kathryn, na verdade a mesma nunca havia parado para pensar que teria de se casar com um completo estranho.

—Eu não pretendo me casar. –bravejo a menor que mantinha seus braços cruzados a frente do corpo.

A mais velha ao escutar tal afirmação não pode deixar de soltar uma risada baixa.

—E o que pretende fazer de sua vida? –questionava a mais velha. –Assumir os negócios do papai?

—Sim.

Outra risada veio da mais velha.

—Minha irmã, você não entende nada de financias ou economia, não faz a menor ideia de como administrar uma empresa e sem contar olhe para esse belo rosto. –em suas ultimas palavras Harriette vagava pelo cômodo a procura de alguma coisa que possuísse uma superfície reflexiva, em poucos segundos se deparou com um pequeno vaso de flores. Segurou o mesmo a frente da mais nova e sorria ao ver a irmã sendo refletida no mesmo. –Minha irmã, sabe tão bem quanto eu que essa sua beleza não será para sempre. Até os olhos mais belos e brilhantes acabam se apagando. Quando ficar velha... Sinto informa-la que não terá nenhum desses nossos mimos. Você nunca saiu da mansão, eu já. Acredite em mim, existem tantas pessoas que se matariam para estar onde você está.

Kathryn escutara aquele discurso quase todos os dias de sua vida, todos sempre faziam questão de informa-la de que sua beleza não seria para sempre, sempre queriam mostrar o quão errada estava à decisão de ficar sozinha.

—Olhe só a hora. –comentava Harriette que colocava a mão sobre o ombro de sua irmã. –Temos de sair antes que as lojas fechem, temos tanto a fazer ainda.

xXXXx

Londres, uma das cidades mais decadentes que pode existir, suas ruelas possuíam um cheiro particularmente desconfortável, era como andar dentro dos esgotos a única vantagem era que os ratos não gostavam muito de andar pelas ruas a luz do dia. Cada esquina era possível ver uma prostituta diferente, além de homens caídos na sarjeta com uma garrafa de whisky barata na mão. Essa era a verdadeira Londres, mas claro que os aristocratas viviam em uma Londres completamente diferente. Os bairros mais ricos eram tão cuidados, mas mesmo com policias a cada duas quadras ainda não se era um lugar seguro para duas damas andarem sozinhas.

—Marcellus, pode andar a frente. –dizia Harriette que olhava as vitrines com brilho no olhar. –Já faz tanto tempo que não me recordo dos caminhos.

—Sim, minha dama.

O mordomo sempre fora encaminhado a cuidar das garotas, podia não parecer, mas apenas pelo fato de ter um homem ao lado das jovens já era o suficiente para homens com segundas intensões se aproximarem.

—Oh! Não acredito! –exclarou Harriette que agarrava a mão da irmã e a puxava em direção de uma pequena boutique.

—O que está fazendo? –questionava a menor que deixava ser puxada.

—Essa boutique também existe em Paris! A dona me disse que a irmã dela morava em Londres e que tinha uma loja semelhante, nunca imaginei que encontraríamos.

Os olhos de Kathryn se reviravam, realmente não conseguia entender o porquê de tanta empolgação, para ela era só uma loja qualquer com alguns vestidos. Não existiam motivos para se empolgar com aquilo.

Claro que Harriette fez sua irmã adentrar a loja, enquanto a mais velha batia longos papos com a dona do local, Kathryn era obrigada a experimentar todos os modelos de vestido que havia ali. Passou-se quase uma hora quando finalmente Harriette sentiu que um vestido combinava com sua irmã. Não era um vestido tão simples, como Kathryn estava acostumada, era feito com um tecido azulado, talvez o que mais incomodasse fosse o espartilho da parte superior que acabava por apertar demais a garota, mas isso não era um problema, para ser bela precisava sentir dor.

—Definitivamente sua cor é a azul. –comentava Harriette que rodeava a irmã e dava pequenas mexidas no vestido para ajeita-lo. –Estará linda quando arrumar esse cabelo. –suas mãos chegaram a se aproximar das mechas castanhas da menor, mas foi afastada.

—Não gosto que toquem nele e eles estão ótimos.

—Não para uma festa. –comentava Marcellus que permanecia sentado em um banco ao canto esquerdo da sala. –Estão ótimos se você for uma selvagem que nunca viu ninguém e correr pelas florestas, para uma festa não está ótimo.

—Viu?

—Olha, a festa é só amanhã, não tenho de arrumar meus cabelos hoj...-antes que a jovem terminasse aquele pensamento pode escutar Marcellus a interrompendo.

—No Japão as gueixas tendem há arrumar dois dias antes do evento, assim nada ficará para cima da hora, além de dormirem em um travesseiro especial para não destruírem seus penteados, sempre ficando perfeitas.

—Pronto, vamos arrumar seu cabelo hoje!

xXXXx

—O senhor deseja que espere? –questionava o cocheiro que abria a porta da carruagem para Joseph.

O homem deixou sua canhota sobre o ombro do homem e fez um gesto positivo com a cabeça.

—Está tudo bem, não irei me demora. Apenas desejo ver se está tudo bem. Qualquer coisa o aviso.

—Certo.

Joseph colocou sua cartola de novo em sua cabeça e assim seguiu adentrando o prédio que Wilburn ficava quando estava em Londres. O local era um tanto quanto suspeito já que se tratava de um bairro de baixa renda, mas Wilburn quando questionava sempre justificava sua escolha com a vista, claro que a vista não era uma das melhores, mas pelo menos para ele era adorável ver a cidade dali, mesmo que a ''cidade'' fosse apena um raio de dez metros.

Os passos de Joseph eram cautelosos, sabia que suas roupas eram o suficiente para chamar a atenção de qualquer um daquelas ruas, mas ao mesmo tempo estava tão nervoso por seu velho amigo que mal prestava atenção nas coisas ao seu redor, apenas subiu as escadas até o quinto andar e seguiu até a porta no fundo do corredor. Levou sua canhota até a maçaneta e a girou com cuidado, forçou um pouco a porta para abri-la e estava dentro do apartamento. Um cheiro podre tomara conta das narinas de Joseph, era um cheiro de carne que chegava a queimar as narinas e criava a sensação de náusea. Ele não podia acreditar que alguém vivia ali, na verdade, ele só tinha essa certeza devido ao forte cheiro de álcool que se misturava a aquela podridão toda.

—Willbunr? –chamou Joseph que fechava a porta atrás de si.

As janelas estavam fechadas, criando um ambiente escuro e certo desconforto em Joseph que adentrava mais. Tirando aquele cheiro tudo parecia normal, os moveis estavam em seu devido lugar e o apartamento não se encontrava sujo, apenas uma mancha de whisky no carpete, nada de estranho.

Mesmo chamando pelo nome do amigo não havia nenhuma resposta. Pelo menos o silencio se manteve por um longo período de tempo até Willburn quebra-lo.

—Estou no quarto, Joseph. –respondia o homem.

Escutar a voz do amigo em um tom alto e forte era um alivio, mas ainda achava estranho todo aquele ambiente macabro. Seus passos eram lentos e em seu corpo havia uma mistura de empolgação e hesitação. Um calafrio correu todo seu corpo quando parou a frente do quarto de Willburn. O que tinha de errado naquele quarto?

Mesmo com aquela sensação estranha Josephe respirou fundo, juntou toda sua coragem e assim adentrou o quarto sem hesitar. O cheiro estava mais forte ali, era um pesadelo ficar dentro daquele cômodo, mas Willburn estava ali, estava aguentando aquele cheiro estranho e enjoativo. Joseph correu com seus olhos ao redor do quarto e acabou se deparando com Willburn, o homem parecia estar em perfeito estado físico, até um pouco mais jovem. Ele estava sentado no canto esquerdo do quarto, sobre uma velha poltrona feita de couro marrom, em sua mão esquerda um pequeno copo de whisky.

—Mas que cheiro é esse? –resmungava Joseph que se assustava ao perceber que o velho amigo parecia nem sentir o cheiro. –Cadê seu medico?

—Sinto muito, deveria deixar minha comida em outro lugar, mas sempre esqueço a sujeira. –comentava o homem em um tom arrastado. –Ele estava me irritando. Acho que foi embora.

Aquela frase havia sido estranha, por impulso Joseph se afastou um pouco e assim olhou ao redor. Seu corpo paralisou no momento que seus olhos se voltaram para cama, havia uma enorme poça de sangue sobre os lenços, embora uma poça de sangue já fosse algo um tanto quanto estranho à coisa mais bizarra de todas foi ver um braço caído ao lado da cama, haviam marcas de mordidas enormes por toda extensão do mesmo.

—Mas o que é aqui? –gritou Joseph que dava um passo para trás, completamente assustado com tal cena. Voltou seus olhos na direção do amigo, que parecia olha-lo confuso, mas quando voltou a olhar para cama. –C-como?

—Joseph... Está tudo bem? –questionava Willburn que se colocava de pé e assim caminhava na direção do vê-lo amigo.

—Eu...

A cama estava vazia, sem nenhuma mancha e nenhum corpo mastigado.
—Deve estar apenas estressando com o trabalho, meu velho. –dizia Willburn que ria um pouco mais. –E olha quem sofreu o acidente aqui fui eu. Vá descansar amigo.

Olhos de Joseph vagavam pelo quarto, como se estivesse à procura de algo suspeito. Mas realmente não havia nada, apenas aquele cheiro, mas agora que parava para pensar que aquele era um dos piores bairros de Londres, o mal cheiro era normal. Mesmo ainda atordoado o homem se virou para o velho amigo e tocou seu ombro, ainda havia receio de toca-lo ou olha-lo, mas se agisse de uma forma estranha, bem não era uma opção. Mesmo Willburn sendo amigo da família continuava sendo um mercenário.

—Espero vê-lo no aniversario de Harriette, meu velho.

—Estarei lá.


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